Fundo JGF - Januário Garcia

Área de identificação

Código de referência

BR SPAEL JGF

Título

Januário Garcia

Data(s)

  • [1971-2018] (Produção)

Nível de descrição

Fundo

Dimensão e suporte

114 caixas-arquivo de documentação textual, entre livros, fotografias, documentos pessoais e materiais multimídia, 15 pacotes de livros especiais e materiais em grande formato, e 2 caixas-arquivo de materiais tridimensionais.

Área de contextualização

Nome do produtor

(1943-2021)

Biografia

Januário Garcia Filho nasceu em Belo Horizonte no dia 16 de novembro de 1943. Januário foi um dos quatro filhos de uma família pobre, moradora da periferia da capital mineira. Seu pai morreu quando Januário tinha 4 anos, sendo então criado até os 12 anos pela mãe, quando ela faleceu ainda muito jovem, aos 36 anos, por volta de 1955. Januário Garcia chega ao Rio de Janeiro aos 13 anos, indo morar nas ruas e abrigos públicos da cidade. Levado ao Serviço de Amparo ao Menor (SAM) aos 16 anos, foi voluntário da Tropa de Paraquedista do Exército aos 17, onde fez curso de Infante Paraquedista e, completou o ensino fundamental e ensino médio. Foi nessa ocasião que comprou sua primeira câmera fotográfica, fazendo fotos dos colegas no quartel. Após sair do quartel e sobreviver de outras atividades, Januário retornou à fotografia na década de 1970, iniciando assim sua carreira profissional com o incentivo de Ana Maria Felippe, sua esposa, que o alavancou na profissionalização. Fotografou para jornais alternativos da época, prestando serviços como freelancer para a grande imprensa, começando pela Tribuna da Imprensa e, com o tempo, para outras redações: O Globo, Jornal do Brasil, O Dia, A Notícia, Revista JB e algumas publicações da Editora Bloch. Foi convidado para participar da fundação da Photo Galeria, organização voltada para a venda de fotografia de arte, onde conheceu George Racz que mais tarde o convidou para ser seu assistente. Montou um estúdio e foi trabalhar com publicidade, encontrando as travas raciais estruturais impostas à população negra ao tentar ocupar um espaço social não reservado à ela. Durante todo tempo que fotografou para publicidade, o único fotógrafo negro que encontrou, nessa área, foi Walter Firmo e, tinha, ainda, uma referência do fotógrafo negro, José Medeiros. Sua chegada ao Movimento Negro se deu na ocasião em que era assistente do Racz, pois ele havia implantado um curso de fotografia no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro onde o próprio ministrava aulas, sendo considerado um dos melhores cursos de fotografia da cidade do Rio de Janeiro. Em um determinado momento, Januário foi convidado a substituir Racz, como professor. Em 1975, havia um aluno negro no Curso, José Ricardo D´Almeida, que viu sobre sua mesa, uma revista negra americana Ebony, periódico que Januário comprava para desenvolver seu inglês e acompanhar as lutas pelos direitos civis nos Estados Unidos. Esse número da revista falava em Malcolm X. Ao ver a revista o aluno convidou Januário Garcia à uma reunião de um grupo de negros realizada aos sábados, no Centro de Estudos Afro-asiáticos na Universidade Cândido Mendes em Ipanema. Ao fim da reunião, Januário percebeu que ali estava sendo escrita uma nova história na sociedade brasileira. Voltou nas reuniões seguintes e começou a fotografar as reuniões do Movimento Negro. Essa documentação fotográfica passou a ser seu trabalho pessoal e ao mesmo tempo sua ferramenta de participação na luta e na história do Movimento Negro Brasileiro. Januário documentou brasileiros afro-descendentes nos mais diversos aspectos da vida: social, político, cultural e econômico, criando um monumental acervo fotográfico que relata a história contemporânea dos negros do Brasil demonstrada em belíssimas imagens, capturadas por sua sua lente. As imagens retratam a luta diária do negro para conseguir se inserir nessa sociedade, seu cotidiano, sua cultura, a alegria durante o carnaval entre tantos outros momentos. São registros que nos permitem adentrar suas casas e transitar pela história de lutas e conquistas do movimento negro no Brasil. Através destas imagens é possível serem encontradas, ainda nos dias de hoje, marcas e reflexos de um passado não superado. Januário estava internado no Hospital São Lucas, em Copacabana, na Zona Sul do Rio, e morreu na noite de 30 de junho de 2021, em decorrência da COVID-19.

Entidade custodiadora

História do arquivo

A documentação chegou em abril de 2023 no contexto do projeto Afro-Memória, uma parceria entre AEL e Cebrap-Afro, e intermediada pelo professor Mário Augusto Medeiros da Silva, então diretor adjunto do AEL. O AEL estabeleceu contato com Januário Garcia, Mariza Hawa Soares e Silvana Marcelino em julho de 2020 até o falecimento do titular, em junho de 2021. A partir de então, as tratativas se fizeram com os familiares de Januário e o Instituto Moreira Salles - IMS. O acervo foi dividido entre o IMS e o AEL. O material recebido pelo AEL consiste na coleção de periódicos, folhetos, materiais de divulgação, cartazes, livros, materiais audiovisuais, textuais e outros, totalizando 112 caixas de documentação. As fotos de Januário Garcia compõem o acervo do Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro.

Fonte imediata de aquisição ou transferência

Doação de Uirá Felippe Garcia em março de 2023.

Área de conteúdo e estrutura

Âmbito e conteúdo

O conjunto é constituído por documentos textuais, documentos pessoais, fotografias, livros, periódicos, cartazes, capas de CDs e discos de vinil, materiais tridimensionais e multimídia produzidos e colecionados pelo titular ao longo de sua vida, tanto profissional quanto pessoal, e em sua participação no Movimento Negro.

Avaliação, seleção e eliminação

Ingressos adicionais

Não são esperadas novas incorporações.

Sistema de arranjo

Documentação não organizada.

Área de condições de acesso e uso

Condições de acesso

Com restrição: em processamento técnico. Mais informações pelo e-mail: aeldigit@unicamp.br.

Condiçoes de reprodução

É permitida a reprodução (cópia parcial ou integral) dos documentos do acervo do AEL mediante a assinatura do termo de responsabilidade. No caso de uso de direitos autorais e de imagem consulte a LDA - n. 9.610/98 e outras legislações pertinentes.

Idioma do material

  • alemão
  • espanhol
  • francês
  • inglês
  • português do Brasil

Script do material

Notas ao idioma e script

Características físicas e requisitos técnicos

Instrumentos de descrição

Área de materiais associados

Existência e localização de originais

Existência e localização de cópias

Unidades de descrição relacionadas

Consulte também no AEL outros conjuntos documentais de organizações, ativistas e intelectuais negros brasileiros: José Correia Leite, King Nino Brown, Estevão Maya-Maya, Chico Piauí e Jacira da Silva, Azoilda Trindade, Geledés – Instituto da Mulher Negra, Quilombhoje Literatura, Milton Barbosa, Reginaldo Bispo e Margarida Barbosa e Soweto Organização Negra.

Descrições relacionadas

Área de notas

Nota

Para mais informações sobre o Januário Garcia, consulte: https://www.januariogarcia.com.br/

Nota

Para mais informações sobre o trabalho e militância de Januário Garcia, consulte: https://projetoafro.com/artista/januario-garcia/

Identificador(es) alternativos

Pontos de acesso

Pontos de acesso de assunto

Pontos de acesso local

Ponto de acesso nome

Pontos de acesso de gênero

Área de controle da descrição

Identificador da descrição

Identificador da entidade custodiadora

Regras ou convenções utilizadas

Descrição baseada em: Descrição baseada em: CONSELHO INTERNACIONAL DE ARQUIVOS (CIA). ISAD (G): Norma Geral Internacional de Descrição Arquivística. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2001.

Estado atual

Nível de detalhamento

Datas de criação, revisão, eliminação

01/06/2023 (criação)

Idioma(s)

Sistema(s) de escrita(s)

Fontes

Nota do arquivista

Descrição elaborada por Barbara Anesi Carmo, técnica da Seção de Tratamento da Informação e Apoio à Pesquisa do AEL, em 1 de junho de 2023.

Zona da incorporação

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