Área de identificação
Código de referência
Título
Data(s)
- 1923-1995 (Produção)
Nível de descrição
Fundo
Dimensão e suporte
1.500 livros, 1.414 fotografias, 710 folhetos, 240 títulos de periódicos, 71 fitas cassete, 21 cartazes, 19 fitas de vídeo, 9 objetos tridimensionais e 3 teses.
Área de contextualização
Nome do produtor
Biografia
Mário Carvalho de Jesus nasceu em Araguari, estado de Minas Gerais, em 1919. Filho de Augusto de Jesus e Antonia Izabel Carvalho de Jesus. Em 1932 a família mudou-se para Campinas, estado de São Paulo, onde cursou o Ginásio Estadual Culto à Ciência e a Escola de Comércio Pedro II. Ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo em 1943, concluindo o curso em 1947 e, por indicação do Padre Corbeil, coordenador da Juventude Universitária Católica, realizou estágio na França, em companhia dos ex-colegas de universidade, Nelson Abraão e Vicente Marotta Rangel. Lá permaneceu durante oito meses, trabalhando com a equipe do Padre Lebret, inclusive como operário, na comunidade de Boimendeau. Casou-se com Nair Betti Oliveira de Jesus em 28 de junho de 1949, com quem teve sete filhos. Em 1949, iniciou as atividades como advogado, associando-se inicialmente ao seu conterrâneo Antônio de Pádua Constant Pires e, depois, a Nelson Abraão, ambos colegas de curso e de moradia. Entre os anos de 1953 e 1955 atuou como advogado do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo ao lado de Vicente Marotta Rangel. Posteriormente, com Nelson Abraão, foi advogado da Cia. Seguradora Brasileira e chefe do departamento jurídico da mesma empresa. Ao deixar essa empresa constituiu, com seu colega Nelson Abraão, sua primeira sociedade de advocacia, que durou até 1960. Em 1955 patrocinou uma reclamação isolada contra a Companhia Brasileira de Cimento Portland Perus de propriedade da família Abdalla. Os bons resultados obtidos levaram o sindicato a convidá-lo para advogar no próximo dissídio coletivo, efetivando-o a seguir no cargo. Em 1958 os operários da Perus fizeram greve pacífica, da qual saíram vitoriosos, após 46 dias de paralisação. Este movimento contou com a presença de clérigos, como D. Vicente Marcheti Zioni, Bispo auxiliar de São Paulo, e com a participação de militantes comunistas. Em 1962 eclodiu uma grande greve na Perus, da qual Mário participou tornando-se advogado de cerca de 800 operários demitidos, dos quais 500, tiveram ganho de causa. Estes operários, com os direitos assegurados, reassumiram suas antigas funções em janeiro de 1969, com salários equivalentes a mais de seis anos de afastamento do emprego. Mário Carvalho participou, ainda no ano de 1959, da Greve dos trabalhadores da Rhodia, da Tecelagem e Fiação Santo André e da greve dos trabalhadores da Usina Miranda. No ano seguinte, esteve presente na greve dos trabalhadores da Fábrica de Biscoitos Aymoré. No ano de 1978 foi designado por D. Paulo Arns para intermediar a greve dos operários ceramistas de Itu. No ano de 1981, os funcionários do Hospital de São Paulo também contaram com seu auxílio. Em 1960 sugere a um grupo de operários a fundação da Frente Nacional do Trabalho (FNT), associação civil aberta a todos os trabalhadores, e que propunha-se a realizar a doutrina social cristã. Mário foi eleito o primeiro presidente da instituição. A partir da criação da FNT, Mário Carvalho de Jesus e seus colegas trabalhavam para dar assistência exclusiva aos operários, individualmente ou através de seus sindicatos. As principais instituições para as quais prestaram serviços até o início dos anos setenta foram: Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Papel, Celulose, Pasta de Madeira para Papel, Papelão e Cortiça de Caieiras; Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Jundiaí, Cajamar, Campo Limpo Paulista, Itupeva, Louveira, Várzea Paulista e Vinhedo; Sindicato dos Trabalhadores nas Indústria do Papel, Celulose, Pasta de Madeira para Papel, Papelão e Cortiça de Jundiaí; Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Trigo, Milho, Mandioca, Aveia, Arroz, Sal, Azeite e Óleos Alimentícios e de Rações Balanceadas de São Paulo, São Caetano do Sul, Santo André, São Bernardo do Campo e Osasco; Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Fiação e Tecelagem de Jundiaí; Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Pirajuí e Bauru e Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas de Osasco. Em 1968 a FNT assumiu um antigo problema rural envolvendo 80 famílias, na cidade de Santa Fé do Sul, que culminou no assentamento dos lavradores na cidade de Iguataí, Mato Grosso, pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). Em 21 de Abril de 1978, Mário Carvalho de Jesus participa da fundação do Secretariado Nacional Justiça e NãoViolência, sociedade civil e sem fins lucrativos que congrega pessoas e entidades numa linha evangélica ecumênica que optam pela ação não-violenta-ativa ou Firmeza Permanente, na construção de uma sociedade baseada na justiça e na fraternidade. Morreu em 1995 aos 76 anos de idade com câncer na próstata.
Entidade custodiadora
História do arquivo
O contato inicial com os doadores do fundo ocorreu em 18 de outubro de 1996, quando foi realizada uma visita à residência da família, em São Paulo. A documentação estava depositada em um escritório no piso inferior da residência e contava com uma organização prévia do titular e seus familiares. Posteriormente, também foi recolhida a documentação que se encontrava no seu escritório de advocacia. A transferência para o AEL iniciou-se em 18 de outubro de 1996 e foi concluída em 18 de novembro de 1997. O conjunto documental sofreu algumas pequenas interferências desde a sua chegada e, em 2001, a equipe técnica iniciou o trabalho de organização, que foi concluído somente no primeiro semestre de 2003.
Fonte imediata de aquisição ou transferência
Doação de Nair Betti Oliveira de Jesus em 14 de agosto de 1998.
Área de conteúdo e estrutura
Âmbito e conteúdo
O conjunto contém documentos relativos à sua vida pessoal, atividades profissionais e militância político-religiosa. A maior parte dos documentos se referem a sua atuação como advogado do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Cimento, Cal e Gesso de São Paulo, conhecido como Sindicato Perus, com destaque para os processos trabalhistas - inclusive a ação coletiva dos empregados da Cia. Brasileira de Cimento Portland Perus, demitidos por ocasião da greve de 1962; dossiês sobre as greves de 1958, 1959, 1962, 1967, 1984 e 1986; documentação administrativa e financeira do sindicato e dossiês sobre o Cartel do cimento e a desapropriação da Cia. Perus. O fundo possui ainda documentação da Frente Nacional do Trabalho.
Avaliação, seleção e eliminação
Ingressos adicionais
Não são esperadas novas incorporações.
Sistema de arranjo
O conjunto documental foi organizado em quatro grupos: 1) Advogado do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Cimento, Cal e Gesso de São Paulo, 2) Advocacia Trabalhista/Sindical e Militância Política, 3) Militância Político Religiosa Não-Violência e 4) Vida Privada, com seus respectivos subgrupos, séries e dossiês. O conjunto também agrega documentos anexos tais como cartazes, fitas de vídeo, folhetos, periódicos, fitas cassete e objetos tridimensionais.
Área de condições de acesso e uso
Condições de acesso
Consulta livre.
Condiçoes de reprodução
É permitida a reprodução (cópia parcial ou integral) dos documentos do acervo do AEL mediante a assinatura do termo de responsabilidade. No caso de uso de direitos autorais e de imagem consulte a LDA - n. 9.610/98 e outras legislações pertinentes.
Idioma do material
- português do Brasil
Script do material
Notas ao idioma e script
Características físicas e requisitos técnicos
Instrumentos de descrição
Inventário impresso disponível na Sala de Pesquisa do AEL e também na Base Acervus do Sistema de Bibliotecas da UNICAMP (SBU): https://acervus.unicamp.br/acervo/detalhe/379349.
Área de materiais associados
Existência e localização de originais
Acervo: Salas 1, 2 e 4
Existência e localização de cópias
Cópias das fotografias estão disponíveis para consulta no repositório digital do AEL.
Unidades de descrição relacionadas
Área de notas
Nota
Livros catalogados na Base Acervus - Sistema de Bibliotecas da Unicamp (SBU), disponível em: http://acervus.unicamp.br/.
Identificador(es) alternativos
Pontos de acesso
Pontos de acesso de assunto
Pontos de acesso local
Ponto de acesso nome
Pontos de acesso de gênero
Área de controle da descrição
Identificador da descrição
Identificador da entidade custodiadora
Regras ou convenções utilizadas
Descrição baseada em: CONSELHO INTERNACIONAL DE ARQUIVOS (CIA). ISAD (G): Norma Geral Internacional de Descrição Arquivística. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2001.
Estado atual
Nível de detalhamento
Datas de criação, revisão, eliminação
22/06/2005 (criação)
Idioma(s)
Sistema(s) de escrita(s)
Fontes
Nota do arquivista
Descrição elaborada por Vânia R. P. de Miranda, Maria D. Lima, Roberta M. Botelho, Maria C. dos Santos, Ligia A. Belém, técnicas da Seção de Processamento Técnico do AEL, e bolsistas SAE-Unicamp em 22 de junho de 2005.