Área de identificação
Código de referência
Título
Data(s)
- 1978-1987 (Produção)
Nível de descrição
Fundo
Dimensão e suporte
3.311 documentos textuais (101 títulos de periódicos, 24 folhetos, 1 livro), 114 documentos iconográficos (105 cartazes, 9 fotografias), 10 documentos sonoros (fitas cassete).
Área de contextualização
Nome do produtor
História administrativa
O início do que viria a ser o Grupo SOMOS, considerado o primeiro coletivo paulista de militância homossexual, remonta à maio de 1978 quando um pequeno grupo de homens homossexuais decidiu se reunir periodicamente a fim de discutir questões relacionadas à homossexualidade. A proposta era possibilitar o encontro desses indivíduos para além dos ambientes habituais de sociabilidade e proporcionar um espaço em pudessem relatar suas histórias, trocar experiências e desenvolver uma maior conscientização sobre a própria sexualidade. Os encontros foram denominados “reuniões de identificação” e aconteciam, na maioria das vezes, nas residências dos próprios integrantes. A primeira manifestação pública desse grupo ocorreu através da divulgação de uma carta de protesto dirigida ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, na qual reclamavam da forma sensacionalista e preconceituosa com que a imprensa retratava os homossexuais. Receosos de se exporem ao grande público, seus membros optaram por assinar o documento com o nome coletivo “Núcleo de Ação pelos Direitos dos Homossexuais”. Em fins de agosto de 1978, o grupo promoveu uma reunião ampliada para outros homossexuais no Teatro da Praça, no bairro paulistano de Santa Cecília. Como forma de acolher novos participantes, foi proposta a criação de vários subgrupos de identificação sendo que, periodicamente, haveria uma reunião geral com a participação de todos. Em dezembro do mesmo ano, foi rebatizado como Grupo SOMOS de Afirmação Homossexual, em alusão ao título da primeira revista homossexual da América Latina, publicada em 1973 pela Frente de Liberación Homosexual da Argentina. Em fevereiro de 1979, participou de um debate público sobre grupos sociais discriminados no Brasil (negros, mulheres, indígenas e homossexuais), realizado no campus da Universidade de São Paulo (USP). Sua atuação nas discussões sobre homossexualidade foi um grande marco na história do grupo, que nessa época estava próximo de completar um ano de existência. A partir desse evento, mais pessoas passaram a fazer parte do SOMOS, inclusive mulheres e, ao final do primeiro semestre daquele ano, suas reuniões juntavam quase uma centena de participantes. O grupo fazia ampla divulgação de suas atividades no jornal carioca “Lampião da Esquina”, criado um mês antes do SOMOS e que também contava entre seus editores com um membro fundador do grupo, o escritor João Silvério Trevisan. No entanto, o relacionamento de alguns integrantes do SOMOS com o periódico acabou se tornando um dos muitos focos de tensão que começaram a surgir dentro do grupo. Apesar de seu aspecto positivo, o crescimento do número de participantes tornava cada vez mais evidente a pluralidade de opiniões e posições políticas entre seus membros. Entravam em conflito duas visões de como deveria ser, de fato, a atuação do coletivo: se ater às questões exclusivamente relacionadas à experiência homossexual ou alinhar-se também às demais pautas do campo da esquerda junto de outras organizações políticas. Além disso, as mulheres, que já haviam organizado um subgrupo lésbico-feminista dentro do SOMOS, reclamavam da falta de representação de suas demandas específicas enquanto mulheres lésbicas e também do comportamento machista por parte de diversos homens do grupo. Logo após a realização do “I Encontro Brasileiro de Homossexuais” e do “I Encontro de Grupos Homossexuais Organizados” em abril de 1980, o SOMOS sofre um grande racha onde diversos integrantes comunicam a sua saída do grupo. Os dissidentes seriam responsáveis pela criação de dois novos coletivos: o Grupo Ação Lésbica Feminista (GALF) e o Grupo Outra Coisa – Ação Homossexualista. Após esse episódio e nova reestruturação interna, o SOMOS finalmente conseguiu estabelecer-se em uma sede na Rua Abolição, no bairro da Bela Vista, local onde promoveu inúmeras atividades como festas, debates e até um clube de cinema. Também passou a publicar o boletim “O Corpo” e participou de ações conjuntas do movimento homossexual como manifestações em repúdio à violência policial contra homossexuais e a campanha pela desclassificação da homossexualidade como “desvio e transtorno sexual”, adotada pelo Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS). Contudo, a falta de um rumo ideológico mais concreto, problemas financeiros e dificuldades em conseguir novos membros levaram o Grupo SOMOS a entregar sua sede e encerrar as atividades em meados de 1984.
Entidade custodiadora
História do arquivo
A documentação permaneceu sob a guarda de antigos militantes até a sua doação para o Arquivo Edgard Leuenroth no final da década de 1980. Já no AEL, o material foi separado e acondicionado conforme seu suporte e foi produzida uma listagem geral que serviu durante muitos anos como instrumento de pesquisa. Em 2017, foi realizado um trabalho de identificação e organização preliminar dos documentos com alunas da disciplina HH690/A – Estágio Supervisionado em História do IFCH/Unicamp. Colaboraram nesta atividade as estagiárias Alice Rosim Sundfeld Di Tella Ferreira, Gabriela Cassimiro da Silva, Lais Zaniboni e Thamires Paes dos Santos. No ano seguinte, os técnicos do AEL deram continuidade ao trabalho de organização do conjunto e, concomitante ao processamento da documentação arquivística, foi também realizada a catalogação do material bibliográfico (livros, folhetos e periódicos) na Base Acervus do Sistema de Bibliotecas da Unicamp. Em 2022, após interrupção decorrente da pandemia de Covid-19, o processamento técnico pôde enfim entrar em sua etapa de conclusão, com a numeração dos documentos, elaboração de inventário e descrição dos itens documentais em planilha, para futura inserção em sistema informatizado e digitalização.
Fonte imediata de aquisição ou transferência
Doação de membros do Grupo SOMOS no final da década de 1980.
Área de conteúdo e estrutura
Âmbito e conteúdo
O conjunto contém documentos de constituição, organização e funcionamento do Grupo SOMOS; textos, manifestos, cartas abertas e boletins publicados pelo grupo; correspondência, material de congressos e encontros, periódicos nacionais e estrangeiros, cartazes, além de dossiês temáticos relacionados ao movimento homossexual.
Avaliação, seleção e eliminação
Ingressos adicionais
Não são esperadas novas incorporações.
Sistema de arranjo
O conjunto documental foi organizado em seis grupos: 1) Coordenação geral, 2) Correspondência e Recepção, 3) Divulgação, 4) Sede e Finanças, 5) Pesquisa e Informação e 6) Participação em debates e encontros; com seus respectivos subgrupos, séries, subséries e dossiês; além de um dossiê intitulado Expressão artística, ligado diretamente ao fundo. O conjunto também agrega documentos anexos como livro, folhetos e periódicos.
Área de condições de acesso e uso
Condições de acesso
Consulta livre.
Condiçoes de reprodução
É permitida a reprodução (cópia parcial ou integral) dos documentos do acervo do AEL mediante a assinatura do termo de responsabilidade. No caso de uso de direitos autorais e de imagem consulte a LDA - n. 9.610/98 e outras legislações pertinentes.
Idioma do material
- alemão
- espanhol
- francês
- inglês
- italiano
- português do Brasil
- sueco
Script do material
Notas ao idioma e script
Características físicas e requisitos técnicos
Instrumentos de descrição
O upload do instrumento de pesquisa foi concluído
Área de materiais associados
Existência e localização de originais
SOMOS pastas 1-66; SOMOS pastas GF-1 e GF-2; SOMOS Mapoteca; FC/0196-FC-0202, FC/0218-FC/0223, FC/0234-FC/0235; SOMOS FT/00001-FT/00009 pasta 1
Existência e localização de cópias
Unidades de descrição relacionadas
Nota de publicação
MACRAE, Edward John Baptista das Neves. O militante homossexual no Brasil da abertura. 1985. 2v. Tese (doutorado) – Universidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, São Paulo, SP. 484 p.
Nota de publicação
MACRAE, Edward. A construção da igualdade política e identidade homossexual no Brasil da “abertura”. / Edward MacRae. – Salvador: EDUFBA, 2018. 377 p.: il. (Disponível em: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/27774).
Área de notas
Nota
Material bibliográfico (livros, folhetos e periódicos) catalogado na Base Acervus – Sistema de Bibliotecas da Unicamp (SBU), disponível em: https://acervus.unicamp.br/.
Nota
Documentos dos quais não foi possível identificar o contexto de produção e/ou acumulação foram agrupados em uma pasta ao final do conjunto.
Identificador(es) alternativos
Pontos de acesso
Pontos de acesso de assunto
Pontos de acesso local
Ponto de acesso nome
Pontos de acesso de gênero
Área de controle da descrição
Identificador da descrição
Identificador da entidade custodiadora
Regras ou convenções utilizadas
Descrição baseada em: CONSELHO INTERNACIONAL DE ARQUIVOS (CIA). ISAD (G): Norma Geral Internacional de Descrição Arquivística. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2001.
Estado atual
Nível de detalhamento
Datas de criação, revisão, eliminação
01/11/2003 (criação)
08/2022 (revisão)
Idioma(s)
Sistema(s) de escrita(s)
Fontes
Nota do arquivista
Conjunto documental organizado com a colaboração das estagiárias Alice Rosim Sundfeld Di Tella Ferreira, Gabriela Cassimiro da Silva, Lais Zaniboni e Thamires Paes dos Santos; e dos bolsistas de auxílio social (SAE) Amanda da Silva Marques e Anderson Martins Silva; sob orientação de Lívia Cristina Corrêa e Tainá Guimarães Paschoal, e supervisão de Silvia Rosana Modena Martini. Catalogação do material bibliográfico realizada por Danielle Dantas de Souza e Fernanda Ferreira Figueiredo. Descrição arquivística elaborada por Lívia Cristina Corrêa.