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Registro de autoridade
Pessoa

Roberto Cardoso de Oliveira

  • Pessoa
  • 1928-2006

Roberto Cardoso nasceu na cidade de São Paulo, em 1928 e morreu em julho de 2006. Bacharelou-se (1952) e licenciou-se (1953) em Filosofia na Universidade de São Paulo (USP), mas sua carreira voltou-se para a antropologia. Em 1954 começou a trabalhar no Museu do Índio, onde iniciou seus estudos junto aos índios Terena. Já em 1958, passou a trabalhar no Museu Nacional e ajudou a formar o Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social na instituição. Doutorou-se em Sociologia pela USP, sob a orientação de Florestan Fernandes, e aprofundou sua pesquisa sobre os índios Terena. Realizou estágio pós-doutoral no Departament of Social Relations da Universidade de Harvard, EUA (1971-1972). Participou ativamente na implementação de políticas voltadas para o desenvolvimento da antropologia no país. Criou cursos, fundou revistas, gerou programas de pesquisa importantes, sempre acompanhado de atividades de sala de aula e orientação. Sua trajetória no ensino da antropologia foi marcada por procedimentos que lançaram as bases do caminho a ser trilhado pelos novos antropólogos brasileiros. Sua ativa participação em agências de incentivo, de financiamento de pesquisa e associações científicas foi fundamental para a implementação de políticas voltadas para o desenvolvimento da antropologia no país. Também foi professor e pesquisador da Unicamp e da Universidade de Brasília. Dentre sua extensa produção acadêmica, destacam-se as obras: "O Índio e o Mundo dos Brancos" (1964), "A Sociologia do Brasil Indígena" (1972), "Sobre o Pensamento Antropológico" (1988) e "O Trabalho do Antropólogo" (1998).

Robert Auguste Edmond Mange

  • Pessoa
  • 1885-1955

Robert Auguste Edmond Mange, ou Roberto Mange, nasceu em La Tour-de-Peilz, Suíça, no dia 31 de dezembro de 1885. Formou-se em engenharia pela Escola Politécnica de Zurique em 1910. Em 1913, o então diretor da Escola Politécnica de São Paulo, Antônio Francisco de Paula Souza, solicitou professores à Escola Politécnica de Zurique para ministrar aulas no Brasil. Roberto Mange aceita a indicação de lecionar em São Paulo e assume a cátedra de Engenharia Mecânica aplicada às máquinas. Após ter sido convocado para servir durante a Primeira Guerra Mundial, retornou ao Brasil em 1915, indo residir em Ribeirão Pires, próximo à cidade de São Paulo. Com a legislação pertinente ao ensino profissional regulamentada, Roberto Mange tornou-se superintendente do recém criado Curso de Mecânica Prática, depois Escola Profissional de Mecânica do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. Defensor do ensino profissional, participou de várias comissões e, em 1929, viajou para Alemanha a fim de observar os cursos profissionais dirigidos aos operários das estradas de ferro. No ano seguinte, organizou o Serviço de Ensino e Seleção Profissional da Estrada de Ferro Sorocabana, do qual foi diretor até 1934. Em 1931, em colaboração com outros especialistas, fundou o Instituto de Organização Racional do Trabalho (Idort), com o qual contribuiria durante muitos anos. Participou de inúmeras comissões, tais como: Comissão de Especialistas para Redação do Código de Educação, em 1933; Comissão Organizadora do Plano de Ensino Profissional, em 1934; e outras ligadas à administração da cidade de São Paulo, relativas à saneamento, urbanização, trânsito e combustíveis. Colaborou com a Escola Técnica Nacional, com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), com a Escola Técnica Getúlio Vargas, com a Escola Livre de Sociologia e Política, com o Ministério da Educação e Saúde e com as administrações públicas municipal e estadual. De 1940 a 1942, organizou com líderes industriais como Roberto Simonsen e Euvaldo Lodi, a fundação do Serviço Nacional de Aprendizado Industrial (Senai) e foi seu primeiro diretor, tendo exercido o cargo até falecer. Em 1947, retornou à Europa buscando novidades para as escolas técnicas. De 1945 a 1955, colaborou na construção de escolas SENAI em Campo Grande (MS), Anápolis (GO) e Porto Velho (RO), e criou o Serviço de Adaptação Profissional de Cegos para a Indústria de São Paulo, em 1953. Foi condecorado com os títulos de Cavaleiro da Legião de Honra da França, Diretor de Honra do IDORT, Professor Emérito da Politécnica de São Paulo e Mérito no grau de pioneiro por serviços prestados à prevenção de acidentes do trabalho, pelo Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Faleceu no dia 31 de maio de 1955, em São Paulo, aos 69 anos.

Stanley Julian Stein

  • Pessoa
  • 1920-2019

Stanley Julian Stein nasceu em Nova York, Estados Unidos, no dia 08 de junho de 1920, filho de Joseph Louis Stein e Rose Epstein, judeus imigrantes da Polônia e Ucrânia. Graduou-se pelo City College de Nova York em 1941. Logo em seguida, deu início ao curso de pós-graduação pela Universidade de Harvard, inicialmente com interesse nas áreas de estudos da linguagem e literatura. Em 1942, com financiamento de uma bolsa do Programa Roosevelt, fez sua primeira viagem de pesquisa ao Brasil. Interrompeu temporariamente os estudos para servir na Marinha americana durante a Segunda Guerra Mundial. Antes de partir em missão para o Mediterrâneo, casou-se, em setembro de 1943, com a também historiadora e bibliógrafa de assuntos ibéricos e latino-americanos Barbara Ballou Hadley (1916-2005), a quem havia conhecido no Brasil. Terminado o conflito, Stanley Stein retornou à Harvard em 1946, dessa vez decidindo-se pelo campo da História, e tornou-se aluno de Clarence H. Haring (1885-1960), importante acadêmico de história latino-americana. Influenciado pelos estudos sobre os ciclos econômicos, delimitou o tema de sua tese: o desenvolvimento das fazendas de café no século XIX. Viajou para o Rio de Janeiro em junho de 1948, onde permaneceu até setembro de 1949. Escolheu como objeto de estudo o município de Vassouras que, na segunda metade do século XIX, havia sido o maior produtor mundial de café. Além disso, dispunha da farta documentação no Arquivo da Câmara Municipal e nos cartórios públicos para realizar sua pesquisa. Uma contribuição importante no repertório de fontes e na perspectiva do trabalho se deu após o contato com os antropólogos Melville Jean Herskovits (1895-1963) e Frances S. Herskovits (1897-1972), a quem Barbara havia conhecido anos antes durante suas pesquisas na região Nordeste do Brasil. Essa experiência fez com que Stanley Stein acrescentasse à sua análise documentos dos arquivos particulares das famílias locais, entrevistas com pessoas que viveram no período da escravidão, gravações de jongos entoados por habitantes da região de Vassouras, além do rico inventário fotográfico que realizou. Defendida em 1951, a tese foi publicada em 1957 com o título "Vassouras, a Brazilian Coffee Country, 1850-1900". O livro foi reimpresso e reeditado várias vezes nos Estados Unidos e no Brasil, sendo considerado um clássico dos estudos sociais e econômicos no que tange às origens, apogeu e declínio do café. A partir de 1970, Stanley J. Stein e Barbara H. Stein publicaram em conjunto uma série de trabalhos sobre a Espanha e sua relação com os territórios ultramarinos, e que trouxeram a ambos um alto reconhecimento acadêmico. O primeiro e mais conhecido deles, "The Colonial Heritage of Latin America". Em seguida, suas pesquisas resultaram em mais três importantes publicações: "Silver, trade, and war: Spain and America in the Making of Early Modern Europe" (2000), "Apogee of Empire: Spain and New Spain in the Age of Charles III, 1759–1789" (2003) e "Edge of Crisis: War and Trade in the Spanish Atlantic, 1789-1808" (2009). Os trabalhos significativos dos Steins renderam-lhes o maior prêmio da American Historical Association para acadêmicos seniores. Em 2018, a Universidade de Princeton, onde Stanley J. Stein lecionou até a sua aposentadoria, adquiriu uma valiosa coleção de manuscritos brasileiros, uma homenagem às contribuições de Stanley e Barbara Stein para as coleções latino-americanas da biblioteca e também para os estudos em Princeton.

Vanda Lacerda

  • Pessoa
  • 1923-2001

Vanda Lacerda nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 10 de setembro de 1923. Formou-se em piano pela Escola Nacional de Música. Em 1943, pisou pela primeira vez num palco fazendo teatro amador por intermédio de Jerusa Camões, diretora do Teatro Universitário, local que agregava alunos de todas as escolas e faculdades do Rio de Janeiro. Ainda no fim da década de 1940, estreou como atriz da Rádio Nacional, de onde seria demitida anos depois com o golpe militar de 1964. Junto do ator Mário Brasini, com quem se relacionava, e outros dois casais de atores (Alberto Pérez e Iris Del Mar, Mílton Carneiro e María Luisa), fez parte da companhia Os Artistas do Povo (1947-1948). O grupo inovou com turnês pelo país num tempo em que as grandes companhias apresentavam-se apenas nas capitais de São Paulo e Rio de Janeiro, costume talvez derivado do “rastro de desordem” que os grupos teatrais costumavam deixar nas cidades por onde passavam, atitude abominada pelos atores de Os Artistas do Povo. Apesar do sucesso, o grupo foi extinto, segundo a atriz, “por pura falta de administração financeira”. Em 1950, casou-se com Mário, com quem teve uma filha, Cláudia, falecida ainda criança. Vanda Lacerda construiu uma respeitada carreira no teatro, mas atuou também no cinema e na televisão. Passava de um papel dramático à comédia com naturalidade, numa época em que os atores eram estigmatizados e, também por isso, foi muito elogiada pela crítica. Entre as telenovelas teve destaque em Minha Doce Namorada (1971), O Espigão (1974), Anjo Mau (primeira versão 1976), Sinal de Alerta (1979), Tudo ou Nada (1987), entre muitas outras. No início da década de 1980, dirigiu o Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado do Rio de Janeiro (SATED-RJ), tendo assumido o cargo por temer uma intervenção do Ministério da Educação e Cultura, visto que o presidente anterior havia pedido demissão. Durante o período em que presidiu o sindicato (1981-1982), foi aprovada a lei que regulamentou a profissão de ator. Morreu em 14 de julho de 2001, aos 77 anos, vítima de edema pulmonar.

Zilco Ribeiro

  • Pessoa
  • 1921-1993

Zilco Ribeiro nasceu em Porto Alegre, onde viveu até os 18 anos. Aos 21 anos ingressou na Força Aérea Brasileira, onde conquistou a patente de Capitão Aviador e atuou como instrutor de voo até 1949. Iniciou sua carreira de produtor teatral com a Cia. Organizadora Teatral Cinematográfica Ltda., no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro. Seu primeiro espetáculo foi “Quero Ver-Te de Perto” (1949), com Dercy Gonçalves, Oscarito, Renata Fronzi e o coreógrafo e dançarino Norbert. Terminada a temporada no Teatro Carlos Gomes, transferiu-se para Copacabana, onde passou a residir e ocupar o Teatro Follies, a partir de 1951. Logo tornou-se produtor independente e seguiram-se inúmeros espetáculos. Seus roteiros evidenciavam um grandioso elenco de vedetes cuja produção cuidava pessoalmente, com requinte nos figurinos e adereços. Foi considerado criador de um novo estilo no teatro musicado em forma de revista, aliando ao show de vedetes esquetes inspiradas nas novidades políticas da capital federal com um certo “humor elegante”. Em 1956, trabalhou em São Paulo, no Teatro Natal, na Avenida São João. Após excursionar pelo Brasil, montou em 1960 “O Samba Nasce no Coração”, espetáculo de sua criação, que reuniu a velha guarda do samba: Pixinguinha, Donga, João da Baiana, Ataulfo Alves, Ismael Silva, entre outros. Encerrou sua carreira em 1962 e viveu em Parati, Rio de Janeiro, até o seu falecimento.

Clovis Alfredo Carvalho Casemiro

  • Pessoa
  • 1958-

Clovis Alfredo Carvalho Casemiro (1958- ) é profissional do turismo brasileiro desde 1979, tendo atuado como gerente de diversas redes de hotéis. Trouxe ao Brasil o primeiro encontro de Turismo Gay e Lésbico Internacional, em 1997. Foi diretor da Associação Internacional de Turismo Gay e Lésbico (IGLTA) entre os anos 1998 e 2002, embaixador da mesma organização entre os anos 2007 e 2009 e membro do comitê da Convenção da IGLTA de 2012, em Florianópolis. Desde 1997 atua na área de turismo LGBT e participa de vários encontros neste segmento.

Liborio Justo

  • Pessoa
  • 1902-2003

Liborio Agustín Justo nasceu em Buenos Aires, em 1902. Filho de Agustín P. Justo, cresceu vinculado à um meio social conservador e à tradição histórica de seu país. Acadêmico de Medicina, abandonou sua formação e seguiu pelo Paraguai, Europa e Estados Unidos para trabalhar e estudar. Filiou-se ao Partido Comunista em 1932 e, em 1935, fundou a Liga Obreira Revolucionária, ligada à IV Internacional, período em que seu pai foi Presidente da República Argentina (1932-1938). Foi editor do jornal Lucha Obrera. A partir de 1943, retirou-se da política e passou a viver nas Ilhas Ibicuy, na província argentina de Entre Ríos, próximo à natureza, como tinha vivido em sua infância e adolescência. Estudioso da história política latino-americana, literato e crítico das letras argentinas, publicou diversos livros, entre eles: Nuestra Patria Vassala: historia del coloniaje argentino (1968) Bolivia: la revolución derrotada: 1946-1954 (1971) e Río Abajo (1955); alguns sob os pseudônimos de Quebracho e Lobodón Garra.

Hélio Vianna

  • Pessoa
  • 1908-1972

Hélio Vianna nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, no dia 5 de novembro de 1908, filho do comendador Artur Vianna e de Querubina Martins Vianna. Chegou ao Rio de Janeiro no fim da década de 1920, onde se graduou pela Faculdade de Direito da então Universidade do Rio de Janeiro, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1932. Ainda como estudante participou, em 1931, da reunião convocada por Plínio Salgado para organizar uma corrente em defesa das ideias integralistas. Pouco tempo depois, em 1934, passou a integrar a chamada "ala intelectual" da Ação Integralista Brasileira (AIB), lecionando História do Brasil nos cursos promovidos pelo Departamento de Doutrina da Província da Guanabara da AIB, escrevendo nos veículos do movimento e publicando textos de história política e social do Brasil. Chegou a candidatar-se a um mandato parlamentar pela legenda da AIB ainda em 1934, mas não obteve êxito. Com a implantação do Estado Novo em novembro de 1937, e a dissolução da AIB e demais organizações políticas, afastou-se da atividade militante para dedicar-se à prática docente e à pesquisa histórica. Em 1939, tornou-se o primeiro catedrático de História do Brasil na Faculdade Nacional de Filosofia da então Universidade do Brasil (UB). Em 1941, assumiu a cátedra de História da América na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro. Foi também professor catedrático de História Moderna e Contemporânea da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Instituto Santa Úrsula, na mesma cidade. Durante a década de 1940, associou-se a diversas instituições de pesquisa histórica, aos institutos militares de formação e à academia diplomática brasileira. Foi membro da Comissão de Estudos dos Textos de História do Brasil do Ministério das Relações Exteriores e da Comissão Diretora de Publicações da Biblioteca do Exército. Pertenceu à Academia Portuguesa de História, à Sociedade Capistrano de Abreu, ao Instituto de Coimbra, em Portugal, à Academy of American Franciscan History, de Washington, ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, ao Instituto Histórico de Petrópolis, ao Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco e ao Instituto Histórico de Alagoas. Foi ainda sócio honorário do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe e sócio correspondente dos institutos históricos e geográficos do Amazonas, Pará, Rio Grande do Norte, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Goiás. Dentre as obras que publicou, destacam-se entre outras: "Formação brasileira"”(1935), "A contribuição de Portugal à formação americana" (1938), "A educação no Brasil colonial" (1938), "História do Brasil colonial" (1945), "História das fronteiras do Brasil" (1948), "Estudos de História Imperial" (1950), "História diplomática do Brasil" (1958) e "Vultos do Império" (1968). Morreu no dia 6 de janeiro de 1972 na cidade do Rio de Janeiro.

Milton Barbosa

  • Pessoa
  • 1948-

Milton Barbosa nasceu em 12/05/1948, na cidade de Ribeirão Preto (SP). Filho de Iná Barbosa e João Câncio Vieira, irmão de Maria de Lourdes Vieira. Aos três anos mudou-se com a mãe e a irmã para São Paulo, na vila Joaquim Antunes, bairro do Bixiga. Fez seus primeiros estudos na escola S. José, no mesmo bairro em que morava, depois ingressou na Escola Estadual Rodrigues Alves, na Avenida Paulista. Aos quatorze anos, em 1964, começou a trabalhar como auxiliar de escritório na empresa Publicidade Teatral Ribeiro Ltda, onde permaneceu até 1968, período em que interrompeu seus estudos. Nessa época, cursou datilografia e taquigrafia. Aos dezenove anos retomou os estudos e concluiu o ensino básico, sendo que na sequência ingressou no cursinho pré-vestibular. Nessa época trabalhou como calculista de balanços no Supermercado Pão de Açúcar, depois como auxiliar de escritório na Olivetti – Indústria de Máquinas S/A. Desde os dezesseis anos fazia parte da Escola de Samba Vai-Vai e, junto com um amigo, criou uma ala que chamaram de “Levanta que eles vêm chegando”, composta por aproximadamente 30 homens. Depois, já preocupado e refletindo sobre as questões raciais, criou a ala “Cala a Boca”, onde permaneceu até 1980. Desde o final dos anos 1960 e início dos 1970, fez parte do Grupo Decisão, que reunia alguns jovens no centro de São Paulo para discutir sobre as questões raciais. Alguns membros desse grupo se reencontraram na USP e, juntos, publicaram o jornal “Árvore das Palavras”, inspirado na revista “Bondinho” (1970-1972) e no jornal “EX” (1973-1975), que foram experiências de imprensa alternativa durante o período da ditadura militar. Os jovens desse grupo distribuíam os jornais em frente à extinta loja Mappin, no centro de São Paulo. Em 1973, Milton Barbosa foi aprovado para o curso de Economia na Universidade de São Paulo (USP), onde logo se envolveu com o movimento negro e o movimento estudantil, tornando-se diretor do Centro Acadêmico “Visconde de Cairu”, em 1974. Nesse mesmo ano começou a frequentar o Centro de Cultura e Arte Negra (CECAN), com sede na rua Maria José, 450, bairro Bela Vista, junto com Odacir de Matos, tendo sido por meio dessa entidade que Milton estabeleceu contato com outros centros culturais de São Paulo. Também em 1974, ingressou na Liga Operária, onde permaneceu até 1976. Em novembro de 1975, começou a trabalhar na Cia. do Metropolitano de São Paulo como Técnico de Métodos Operacionais, ministrando treinamento aos funcionários de operação. Foi eleito diretor da AEMESP (Associação dos Funcionários Metropolitanos de São Paulo), que mais tarde se tornaria o Sindicato dos Metroviários de São Paulo. Em 1977, foi eleito Vice-Presidente do CECAN e ali promoveu as reuniões para discutir questões raciais que culminaram na criação do Movimento Negro Contra a Discriminação Racial – MNCDR, que depois viria a ser denominado Movimento Negro Unificado. O Movimento foi deflagrado em 1979, após a morte por tortura policial, de Robson Silveira da Luz, primo de Rafael Pinto, integrante do CECAN e um dos criadores do MNU. A reunião que deu origem ao Movimento ocorreu no dia 18 de junho de 1978, e contou com a presença do Grupo Brasil Jovem, do Centro de Estudos Afro Brasileiro (irmãos Prudente e Clóvis Moura), do filho do deputado federal Adalberto Camargo, Adalberto Camargo Filho, representando a Câmara de Comércio Afro Brasileiro e do Núcleo Socialista Afro-Latino América. Foi produzida nesse encontro uma carta aberta, escrita por Milton Barbosa e Hamilton Cardoso, para ser distribuída no ato de lançamento do movimento, programado para acontecer nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo. Ainda como funcionário do Metrô, Milton criou nessa empresa o Núcleo de Negros Metroviários e, nesse mesmo ano, em 1979, foi demitido pelo governo de Paulo Maluf em função de sua atuação junto ao MNU. Entre os anos 1981 e 1982, trabalhou como autônomo na empresa Escala Pesquisa de Mercado SA e, como militante do Partido dos Trabalhadores (PT) e junto a Clóvis de Castro e Flávio Carranza, criou a 1ª. Comissão de Negros do PT. Em 1984 foi readmitido no Metrô, mas permaneceu como diretor nacional do MNU, o que lhe rendeu nova demissão do Metrô, em 1988. Em 1989, passou a atuar na Anhembi Turismo e Eventos da cidade de São Paulo como assessor da Presidência para eventos externos, permanecendo até 1990, quando então criou a Fundação da Associação dos Prestadores de Serviços. Nesse mesmo ano, foi eleito presidente do Centro de Defesa do Negro “Wanderley José Mário”. A partir de janeiro de 1991, passou a colaborar com projetos culturais e de lazer para comunidades carentes e da terceira idade no CMV – Corpo Municipal de Voluntários, onde assumiu o cargo de Assistente da Diretoria de Planejamento. Entre 2002 e 2007, aproximadamente, Milton Barbosa e Regina Lúcia dos Santos fundaram, administraram e ministraram aulas no Curso Pré Vestibular Comunitário “Tereza de Quariterê”, prestando assistência a estudantes que desejavam ingressar na universidade. Milton Barbosa acumulou importantes funções dentro do MNU, tendo sido Coordenador Nacional durante vários anos; Coordenador Estadual de São Paulo entre 1992/1993; Coordenador de Relações Internacionais entre 1994/1995; Coordenador de Formação Política e Organização entre 1995 e 2000; Coordenador Estadual de São Paulo entre 2003 e 2006; e novamente Coordenador de Relações Internacionais entre 2007 e 2010, quando fez um pedido de anistia política e reparação econômica por ter sido perseguido por atuar no Movimento Negro. Milton Barbosa foi casado pela primeira vez com Elenita, com teve uma filha chamada Kaluembi Barbosa. Casou-se pela segunda vez com Maria de Fátima Ferreira, com quem teve 5 filhos: Chindalena Ferreira Barbosa, Andalakituche F. Barbosa, Mutana F. Barbosa, Akinyele Kayode F. Barbosa e Samoury Nugabe F. Barbosa. Atualmente é casado com Regina Lúcia dos Santos, também membro do MNU, e não tiveram filhos. Milton Barbosa é hoje o presidente de honra do MNU.

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