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Registro de autoridade
Pessoa

Zilco Ribeiro

  • Pessoa
  • 1921-1993

Zilco Ribeiro nasceu em Porto Alegre, onde viveu até os 18 anos. Aos 21 anos ingressou na Força Aérea Brasileira, onde conquistou a patente de Capitão Aviador e atuou como instrutor de voo até 1949. Iniciou sua carreira de produtor teatral com a Cia. Organizadora Teatral Cinematográfica Ltda., no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro. Seu primeiro espetáculo foi “Quero Ver-Te de Perto” (1949), com Dercy Gonçalves, Oscarito, Renata Fronzi e o coreógrafo e dançarino Norbert. Terminada a temporada no Teatro Carlos Gomes, transferiu-se para Copacabana, onde passou a residir e ocupar o Teatro Follies, a partir de 1951. Logo tornou-se produtor independente e seguiram-se inúmeros espetáculos. Seus roteiros evidenciavam um grandioso elenco de vedetes cuja produção cuidava pessoalmente, com requinte nos figurinos e adereços. Foi considerado criador de um novo estilo no teatro musicado em forma de revista, aliando ao show de vedetes esquetes inspiradas nas novidades políticas da capital federal com um certo “humor elegante”. Em 1956, trabalhou em São Paulo, no Teatro Natal, na Avenida São João. Após excursionar pelo Brasil, montou em 1960 “O Samba Nasce no Coração”, espetáculo de sua criação, que reuniu a velha guarda do samba: Pixinguinha, Donga, João da Baiana, Ataulfo Alves, Ismael Silva, entre outros. Encerrou sua carreira em 1962 e viveu em Parati, Rio de Janeiro, até o seu falecimento.

Zainunnissa Gool

  • Pessoa
  • 1897-1963

Nascida na Cidade do Cabo com o nome Zainunnissa (Cissie) Abdurahman, estudou na Universidade de Londres (1918) e obteve o bacharelado em Artes pela Universidade do Cabo, o qual conseguiu concluir apenas em 1932 após diversas interrupções, entre as quais, o casamento com A. H. Gool. No ano seguinte, obteve o título de Mestra em Psicologia pela mesma instituição, fato inédito até então para uma mulher negra. Foi eleita presidente da National Liberation League (NLL), organização que combatia a segregação e o imperialismo. Em 1938, foi eleita presidente da Non-European United Front, que tinha a missão de coordenar a união de organizações congêneres. Nesse mesmo ano, foi a primeira mulher não europeia a ser eleita para o Conselho da Cidade do Cabo, cargo no qual permaneceu até sua morte, lutando pela igualdade dos não-europeus. Em 1943, tornou-se membro da Anti-CAD Organization e do Western Province Unity Movement. No mesmo ano, foi delegada do South African Indian Congress, realizado na região de Transvaal. Nos anos de 1940, participou do Cape Passive Resistance Council.

Walter Hugo de Andrade Cunha

  • Pessoa

Walter Hugo de Andrade Cunha nascido em 15 de novembro de 1929, no município de Santa Vitória, antigo distrito de Ituiutaba em Minas Gerais, sendo o sexto entre os sete filhos de José de Andrade Santos, professor de matemática, de quem aprendeu a lógica, o raciocínio, a capacidade de expressão e argumentação e Dona Euclides de Andrade Cunha, fazendeira.
Segundo o relato do próprio Walter Hugo de Andrade Cunha, ele viveu a infância até os 3 ou 4 anos, em uma fazenda em Minas Gerais, e, depois, até completar os 9 anos, na cidade de Uberlândia, Minas Gerais.
Em dezembro de 1938, depois de ter completado o primeiro ano primário em Uberlândia, mudou-se para a cidade de São Paulo, onde frequentaria praticamente uma escola diferente a cada ano. Experiência que parece ter sido responsável pela visão um tanto ácida adquirida por ele sobre a escola e o ensino formal, mostrado, por exemplo, no artigo “Contra a Escola”, publicado em 1951 no jornal acadêmico do Colégio Roosevelt da Rua Joaquim, em São Paulo, ou em certas inovações introduzidas em seu próprio ensino (por exemplo, um sistema de diálogo mediante relatórios de progresso entre o professor e cada aluno individual, adotado em seu curso de pós-graduação “Observação do Comportamento Animal”, na Universidade de São Paulo)”.
Do segundo ao quarto ano primário, cursou no Grupo Escolar Marechal Floriano, na Vila Mariana em São Paulo. Sua professora do segundo ano, segundo o biografado, esbravejava com os alunos à menor desatenção, a do terceiro tinha uma atitude burocrática e à do quarto ano, Dona Alzira, cujo sobrenome não lembra, além de gritar estridentemente com os alunos pelo menor motivo, agredia-os com reguadas, coques e puxões de orelha.
Um acontecimento logo no primeiro mês de aula no quarto ano primário o marcou: recebeu como castigo por alguma desatenção a incumbência de escrever, com letra desenhada em um caderno de caligrafia, quinhentas vezes uma enorme frase que expressava que o bom aluno deve ser atento às aulas e cumpridor de seus deveres. Como ele completou as quinhentas frases sem desenhar as letras, recebeu a incumbência de escrever outras mil, mas feitas com capricho. Seu pai, ao encontrá-lo de madrugada cumprindo o castigo, resolveu interromper a tarefa, escrevendo no caderno as razões por que mandara o seu filho parar com o castigo. Tal atitude custaria a este sermão estridente com recados para seu pai acerca de quem era a autoridade que mandava na sala de aula. Recado esse que veio acompanhado de uma boa dezena de coques e reguadas, para que ele o guardasse bem em sua cabeça.
No dia seguinte, seu pai, vestido com elegância: jaquetão preto, colete e chapéu, acompanhado de seu filho e da filha mais nova, foram à sala do Diretor do Grupo, por sobrenome Almeida, que ouviu atentamente a preleção de seu pai sobre as virtudes da boa pedagogia (justiça seja feita, seu pai sempre fora considerado um excelente professor e tinha ótimos cargos). O Diretor se desculpou, oferecendo mudá-los de classe e, por fim, acedeu em conceder transferência para o Grupo Escolar Pedro Voss, na Vila Clementino, bem menor, mas com a vantagem de ser próximo de sua casa.
Nessa nova escola teve a sorte de contar com uma professora afetuosa e inteligente, Dona Jandyra Moraes, que gostava do que fazia. Ao terminar o curso primário, foi o destaque da escola segundo o discurso do Diretor, e contemplado com uma medalha de cuja existência só viria, a saber, depois de adulto, pois, conforme sua mãe, seu pai a recebera por ele juntamente com o diploma, mas a escondera, segundo a mesma, por ciúme ou despeito, mas alegando que assim procedera para evitar que o filho ficasse "muito cheio de si".
As duas primeiras séries do curso ginasial cursou no Ginásio Anglo Latino onde segundo ele, a maioria de seus professores ali, pareciam burocráticos, prepotentes, irônicos para com os alunos e pouco interessados neles. Até o segundo ano ginasial, que fazia pela segunda vez, Walter Hugo pecava pelo descaso e pela traquinagem, até que, dos 14 para seus 15 anos, um novo acontecimento marcaria seu destino. Isso ocorreria durante nova mudança extemporânea e transitória da família para Uberlândia.
A transferência escolar foi feita fora de época, em setembro, para o Ginásio Estadual de Uberlândia, ficando ele e mais dois irmãos - o imediatamente mais velho e a mais nova, então na mesma série - numa mesma classe. A transferência foi conseguida por seu pai graças à mediação do jornalista David Nasser, repórter da revista "O Cruzeiro", o qual havia sido seu aluno nesse mesmo ginásio, onde lecionavam, aliás, vários ex-alunos e admiradores de seu pai.
Pressentindo a separação próxima e inevitável de seus pais, e, tomando consciência de seu despreparo para a vida e de sua pouca serventia para a sua mãe, caso precisasse valer-lhe, mudou sua atitude para com a escola e assumiu a responsabilidade por sua formação, que seria marcada pelo autodidatismo.
Daí por diante sempre teria, na escola, o mais alto desempenho, mas numa trajetória que continuou, até a faculdade, acidentada. De fato, de volta para São Paulo com a família em 1945, fez o 3o. ano ginasial numa escola particular à noite e, em 1946, o quarto ano no recém-inaugurado Ginásio da Mooca, havendo sido, como no final do curso primário, homenageado com medalha e destacado na fala oficial do Diretor. Em 1947, ingressou mediante exame classificatório, no primeiro ano do Curso Colegial Científico no Colégio Roosevelt da Rua São Joaquim, mas, insatisfeito com o curso, transferiu-se no ano seguinte, mediante exame de suficiência em latim e francês, para o curso colegial clássico. No colegial, os professores de maiores influências sobre o jovem Walter Hugo foram os de filosofia, os professores João Damasco Penna e Décio de Almeida Prado e de história geral, professora Dona Maria Simões.
Em 1949, a pedido de seu pai, deixou o colegial clássico para acompanhá-lo e a dois de seus irmãos numa tentativa de formar uma fazenda no sertão de Goiás. Em outubro desse ano rompeu com seu pai e voltou para São Paulo, trabalhando durante o dia em cargos técnicos de nível médio e cursando à noite, durante dois anos, a Escola Normal para poder ter uma profissão que lhe permitisse estudar. Depois, ao descobrir que o Curso Normal não dava direito a prestar vestibular para o Curso de Filosofia, em mais um ano, à noite, cursou a série que faltava para concluir o curso colegial clássico no Colégio Roosevelt da Rua São Joaquim.
Assíduo leitor, durante sua juventude, de Schopenhauer e de Will Durant, ingressou no curso de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, formando-se em Filosofia em 1956. Durante o curso interessou-se por Psicologia, principalmente em sua parte experimental. Nessa época, essa disciplina era vinculada ao curso de Filosofia.
Teve como professores Lívio Teixeira, João Cruz Costa, Lineu Schultzer, João Cunha Andrade, Florestan Fernandes, Antônio Cândido de Mello e Souza, Gilda de Mello de Souza, Ruy Coelho de Andrada Galvão, Annita de Castilho e Marcondes Cabral, Dante Moreira Leite, Carolina Martuscelli Bori, Arrigo Leonardo Angellini, Romeu de Morais Almeida, Maria da Penha Pompeu de Toledo, José Arthur Giannotti, Amelia Americano, Onofre Penteado e Joel Martins. Desses, considera terem sido mais importantes para sua formação os professores Lívio Teixeira, Carolina Martuscelli Bori e principalmente os professores Annita de Castilho e Marcondes Cabral.
Logo que se formou passou a trabalhar como professor na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, ministrando diversos cursos, aulas teóricas e práticas, bem como orientando alunos de mestrado e doutorado posteriormente. No início de sua carreira docente trabalhou sob a orientação da professora Annita de Castilho e Marcondes Cabral.
Lecionaram ao mesmo tempo na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP os professores Fernando Henrique Cardoso, Oswaldo Pereira Porchat, Rui Fausto, Isaias Pessoti, entre outros.
Paralelamente aos seus trabalhos acadêmicos, atuou de 1950 a 1960 junto à Divisão de Psicotécnica da extinta Companhia Municipal de Transportes Coletivos (CMTC), órgão ligado à Prefeitura Municipal de São Paulo, onde realizou uma pesquisa pioneira no país sobre a validade das provas psicotécnicas utilizadas na seleção profissional do motorista de ônibus segundo os critérios representados pelos tempos de treinamento e pelo número de acidentes de trânsito e de suspensões disciplinares apresentados pelos motoristas em seu desempenho profissional.
No período de setembro de 1960 até junho de 1961, Walter Hugo esteve na “University of Kansas”, Lawrence, Kansas, EUA, na qualidade de “Exchange Visitor”, onde cursou diversas disciplinas de pós-graduação ligadas à Psicologia Experimental com vistas a encarregar-se, em sua volta, conforme determinação dos professores Annita de Castilho e Marcondes Cabral, de quem era Assistente, da instalação de um Laboratório e do Ensino Teórico e Prático dessa disciplina no recém criado Curso de Psicologia da USP.
Após seu regresso dos EUA, dedicou-se à tarefa indicada acima e à elaboração de sua tese de doutorado sobre o comportamento de Paratrechina (Nylanderia) fulva Mayr, fato que o levaria a ser indicado pela Coordenação dos Professores do Curso de Psicologia para ministrar a disciplina Psicologia Comparada (posteriormente, Psicologia Comparativa e Animal), tendo sido o primeiro professor dessa matéria no Brasil. Sua pesquisa de doutorado mais tarde daria origem ao livro “Explorações no Mundo Psicológico das Formigas” (Ed. Ática).
Apesar de ter concluído sua tese em 1966, seu interesse pelas formigas data de anos antes, segundo o próprio professor Walter Hugo, e se deu de uma forma bastante singular. Lá por 1952 ou 1953, ele morava com seu irmão em uma pensão. Um dia, seu irmão estava deitado na cama, muito triste por ter sido expulso de um curso. Na parede que ficava próxima a essa cama, uma trilha de pequenas formigas ia do teto ao chão e de lá, por uma perna de mesa, subia até uma lata de doce. Enquanto conversavam, seu irmão ia esmagando algumas das formigas da trilha. A reação dessas formigas que chegavam às proximidades do local chamou a sua atenção por seu aspecto emocional, de pânico mesmo: estacavam, com estremecimento e agitação de antenas, retornavam em uma carreira desabalada e tortuosa, às vezes despencando ao solo. Julgando a emoção um fenômeno psicológico complexo, que de alguma forma a memória do passado é utilizada para conferir significação a eventos presentes e projetar o futuro imediato, e, dessa forma, não a julgando provável em um inseto, decidiu anos depois, quando as circunstâncias da vida o permitiram, dedicar-se ao esclarecimento do fenômeno em formigas e ao estudo do comportamento animal. Essa captação levou-o, no caso das formigas, a investigar a determinação do comportamento por fatores da experiência passada individual dos insetos, um tema praticamente intocado pela pesquisa biológica existente.
Apesar de seu antigo e profundo amor, fascínio e curiosidade em relação aos bichos, o projeto de vida acadêmica de Walter H. Cunha não visava ao estudo de animais, e, sim de filosofia, outra paixão, nascida quando aos 18 anos, leu na íntegra e em tradução francesa "O Mundo Como Vontade e Representação" de Schopenhauer. Ao projetar seu ingresso na Faculdade de filosofia, não pretendia trabalhar com bichos, até porque "nunca tive bons professores de Biologia, Zoologia no científico", e, convicto da direção de seus interesses, transferiu-se para o curso Clássico. O animal tinha entrado na vida acadêmica de Walter H. Cunha pesquisador sobre a origem das emoções; foi o papel de professor que o levou a integrar essa experiência em uma Psicologia Animal propriamente dita, o que gerou a criação do 1º laboratório de Psicologia Animal, destinado originalmente à ministração de aulas práticas de Psicologia comparativa, inclui, além desse background pessoal, a necessidade de prepara-se para ministrar essa disciplina, o que o colocou em contato com a literatura da Etologia; e algumas condições circunstanciais, a principal sendo o fato de que já existia, no Instituto Biológico de São Paulo, um formigueiro artificial de saúvas, instalado sob a direção de Mario Autuori, e que serviu de modelo e ponto de partida.
Iniciado no porão da Alameda Glete, onde compartilhava o espaço com as atividades práticas de outras disciplinas da Cadeira, o laboratório de Psicologia Animal passou por uma série de instabilidades na sua fase inicial. A instalação materialmente precária e ainda pouco elaborada do formigueiro artificial, nas instalações do laboratório, permitia fugas maciças das formigas, desfalcando o formigueiro, o que interferia nas atividades de outras disciplinas, já que os docentes e alunos engajados com as atividades referentes ao formigueiro vez ou outra se encontravam engatinhando pela sala atrás das formigas ‘fujonas’.
Houve também uma fase em que o laboratório foi deslocado por duas vezes, entre 1967 e 1969, na primeira para as novas instalações da Cadeira de Psicologia, e depois para os barracões da Cidade Universitária.
Em 1966, pressionado pela necessidade de manter vivo o laboratório, Walter H. A. Cunha teve a idéia – influenciada pelos relatos de Baerends sobre Amophila – que deu origem ao laboratório atual: ao invés de coletar a panela inicial e instalá-la em um recipiente, produzir o formigueiro desde seu início, coletando içás no dia da revoada, e colocando-as em frascos de vidros cheios de terra. Frascos de palmito foram usados na primeira experiência, realizado na casa do professor, e o sucesso obtido determinou o rumo das tentativas seguintes.
Na revoada de 1967, a experiência foi repetida, mas dessa vez com vidros de lampião, que podiam ser removidos de sua base. Cerca de 30 formigueiros foram obtidos com essa técnica.
Com a mudança para a Cidade Universitária, em 1968, foi possível o planejamento de um laboratório com condições mais propícias para a sobrevivência das colônias.
O laboratório de saúvas foi o berço da disciplina Observação do Comportamento Animal, ministrada pelo Prof. Cunha a partir de 1968 e cursada praticamente pela totalidade dos alunos do curso de pós-graduação durante os anos em que foi oferecida, por ser considerada uma disciplina básica de formação científica e metodológica. Ao longo de dez anos de ministração dessa disciplina Walter Cunha aperfeiçoou um método de ensino e orientação que marcou toda uma geração de alunos e sua atuação posterior em outros centros de ensino e pesquisa no Brasil.
A sua produção intelectual é bastante intensa, participando de congressos em nível nacional e internacional com apresentação e publicação de trabalhos. Seu artigo “Convite-Justificativa para o Estudo Naturalístico do Comportamento Animal”, publicado em 1965, pode ser considerado, o manifesto do pensamento etológico no Brasil e, provavelmente, na América Latina também.
Foi membro da Sociedade Brasileira para Progresso da Ciência, da Associação Brasileira de Psicólogos, da Sociedade de Psicologia de São Paulo e da Sociedade Latino-americana de Psicobiologia onde exerceu papel fundamental na organização do I Congresso Latino-americano de Psicobiologia realizado em São Paulo, no ano de 1973. É membro honorário da Sociedade Brasileira de Etologia. Foi o criador do primeiro Núcleo Universitário de Pesquisa e Ensino de Pós-Graduação de Etologia no Brasil e, talvez, da América Latina.
Lecionou, em nível pós-graduado, grande variedade de disciplinas etológicas (por exemplo, “Instinto”, “Sociedades Animais”, “Observação do Comportamento Animal”, “Investigação do Comportamento Animal”, “Evolução e Comportamento”, etc.) e psicológicas (por exemplo, “Cognição, Propósito e Umwelt em Animais”, “Teorias e Sistemas da Psicologia”, “O Arcabouço Conceitual da Psicologia”, etc.)”.
Seu trabalho trouxe importantes contribuições científicas, não apenas para a Psicologia, mas também para as áreas de Etologia e Psicobiologia. Entre elas citamos:
• Uma extensão da abordagem etológica a fenômenos e a problemas psicológicos;
• Novas descobertas na investigação do comportamento, como a relativa ao fenômeno da pré-calibração ao ambiente e seu papel na regulação do comportamento psicologicamente mediado (o comportamento não desencadeado por estímulos, mas com caráter de conduta, ou propositado).
• Reflexões sobre as relações entre a Psicologia e a Etologia, reflexões estas que estariam segundo certos autores, entre as mais importantes contribuições recentes a estas duas ciências;
• Uma análise original e proposições novas sobre a natureza do comportamento, seus modos de organização e seus mecanismos subjacentes, e suas implicações para uma reconsideração do antigo problema das relações mente-corpo e para uma Psicologia Comparada renovada.
• Um aprofundamento do estudo de processos cognitivos em animais e seu provável papel na evolução e adaptação do organismo.
Há muitos fatos interessantes na carreira acadêmica do professor Walter Hugo. Citaremos alguns deles. O professor Arthur José Giannotti foi seu colega no primeiro cientifico no Colégio Roosevelt da Rua São Joaquim e depois ele seria aluno de Giannotti numa disciplina de Lógica no Curso de Filosofia. Eles entretiveram alguma conversação, posteriormente, sobre Psicologia (pediu-lhe sua opinião sobre o artigo acerca da psicologia de Skinner que publicaria na Revista do CEBRAP), sobre política universitária e sobre auxílio financeiro a exilados políticos do regime militar.
Bento Prado Júnior foi seu aluno, como também a mulher de Bento, Lúcia Eneida Seixas Prado de Almeida Ferraz, e vários outros como Marilena Chauí, Leônidas Hegenberg, Vlado Herzog, Raduan Nassar, Emir Simão Sader no curso de Filosofia antes de 1960, quando viajou para os Estados Unidos. Participou com o professor Bento de vários encontros sobre psicologia e filosofia, e apreciava muito a sua companhia, seu humor, sua informação e sua cordialidade.
Vlado Herzog foi também seu aluno, eles voltavam sempre juntos após as aulas, às vezes acompanhados de algum outro colega; trocavam idéias sobre psicologia, filosofia, cultura brasileira, política (eram avessos ao anticomunismo e ao franco americanismo abraçado pela maioria dos militares), sobre costumes e o alegre temperamento de seus conterrâneos iugoslavos, etc., até que, geralmente lá para a meia-noite, na Rua da Consolação, chegasse o bonde que o levaria para o centro da cidade.
Segundo o professor Walter Hugo a sua influência sobre os seus alunos, foi maior após o seu retorno dos Estados Unidos, onde pensa ter aprendido a dar maior valor ao conteúdo do que à elegância no que expressava e foi quando se dedicou mais ao Curso de Psicologia do que ao de Filosofia.
Seus estudos e atividades em áreas de conhecimento bastante diversificadas e sua proposta científica inovadora e original permitiram que seus trabalhos despertassem grande interesse tanto no Brasil como no exterior, além de influenciar e orientar as atividades de muitos outros pesquisadores. Seu trabalho pioneiro abriu novos campos de atuação para a Psicologia, mas o mais importante, é que ele estruturou e ofereceu melhores condições para o desenvolvimento científico da Psicologia, da Etologia e da Psicobiologia no Brasil.
Faleceu em São Paulo no dia 29 de agosto de 2022.
Seu trabalho pioneiro abriu novos campos de atuação para a Psicologia, mas o mais importante, é que ele estruturou e ofereceu melhores condições para o desenvolvimento científico da Psicologia, da Etologia e da Psicobiologia no Brasil.

Verena Stolcke

  • Pessoa
  • 1938-

Verena Stolcke nasceu na cidade de Dessau, Alemanha, em 1938. Dez anos mais tarde, emigrou com a família para Buenos Aires, na Argentina, onde viveu em uma comunidade alemã até a sua juventude. Retornou ao país natal em 1958 para viver na cidade de Munique, onde trabalhou por alguns anos como secretária multilingue. Entre 1962 e 1964, atuou como assistente de pesquisa de um grupo de economistas e sociólogos da Universidade de Stanford, Estados Unidos, onde fez um curso noturno de Antropologia e conheceu o economista Juan Martinez-Alier, com quem se casou e teve duas filhas, Nuria (1966) e Isabel (1969). Concluiu os estudos em Antropologia Social pela Universidade de Oxford, Reino Unido, em 1966, e no ano seguinte, através de um intercâmbio com a Universidade de Havana, Verena Stolcke e Juan Martinez-Alier partiram para Cuba a fim de desenvolverem suas pesquisas de doutorado. Após descobrir e trabalhar com farta documentação no Arquivo Nacional de Havana, Verena apresentou sua tese de antropologia histórica na qual analisou as proibições de casamentos inter-raciais na Cuba colonial, sob a orientação de Peter Rivière, em 1970. Neste mesmo ano, a partir de um convite de Fausto Castilho (1929-2015), foi co-fundadora do atual Departamento de Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas, juntamente com Peter Fry e Antônio Augusto Arantes. Atuou como professora na Unicamp durante nove anos, ministrando disciplinas sobre teoria antropológica, família e parentesco. Nesse mesmo período (1973-79), desenvolveu uma pesquisa de campo com trabalhadoras eventuais nas plantações de café situadas nos arredores do atual distrito de Barão Geraldo, analisando como se davam as situações de exploração, desigualdades sociais e de gênero. Também no tempo que passou em Campinas, fez parte do grupo que organizou a “I Semana da Mulher da Unicamp”, em 1978, junto de Mariza Corrêa, a quem orientou os estudos de mestrado. Deixou o Brasil em 1979 para estabelecer-se na Espanha, onde integrou o Departamento de Antropologia Social e Cultural da Universidade Autônoma de Barcelona, sendo que, a partir de 1984, como professora titular. Durante sua trajetória acadêmica, foi professora visitante e pesquisadora em diversas universidades da Europa, Américas e África. Também fez parte de um grande número de instituições, tais como, Associação Europeia de Antropólogos Sociais e Instituto Catalão de Antropologia. Ao longo de sua carreira intelectual, se dedicou a questões relacionadas às conexões entre raça, gênero e classe, além de abordar temas como nacionalismo, racismo, cidadania e biotecnologias. Atualmente aposentada, é reconhecida como uma das principais antropólogas e feministas contemporâneas, especialmente nos países iberoamericanos.

Vanda Lacerda

  • Pessoa
  • 1923-2001

Vanda Lacerda nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 10 de setembro de 1923. Formou-se em piano pela Escola Nacional de Música. Em 1943, pisou pela primeira vez num palco fazendo teatro amador por intermédio de Jerusa Camões, diretora do Teatro Universitário, local que agregava alunos de todas as escolas e faculdades do Rio de Janeiro. Ainda no fim da década de 1940, estreou como atriz da Rádio Nacional, de onde seria demitida anos depois com o golpe militar de 1964. Junto do ator Mário Brasini, com quem se relacionava, e outros dois casais de atores (Alberto Pérez e Iris Del Mar, Mílton Carneiro e María Luisa), fez parte da companhia Os Artistas do Povo (1947-1948). O grupo inovou com turnês pelo país num tempo em que as grandes companhias apresentavam-se apenas nas capitais de São Paulo e Rio de Janeiro, costume talvez derivado do “rastro de desordem” que os grupos teatrais costumavam deixar nas cidades por onde passavam, atitude abominada pelos atores de Os Artistas do Povo. Apesar do sucesso, o grupo foi extinto, segundo a atriz, “por pura falta de administração financeira”. Em 1950, casou-se com Mário, com quem teve uma filha, Cláudia, falecida ainda criança. Vanda Lacerda construiu uma respeitada carreira no teatro, mas atuou também no cinema e na televisão. Passava de um papel dramático à comédia com naturalidade, numa época em que os atores eram estigmatizados e, também por isso, foi muito elogiada pela crítica. Entre as telenovelas teve destaque em Minha Doce Namorada (1971), O Espigão (1974), Anjo Mau (primeira versão 1976), Sinal de Alerta (1979), Tudo ou Nada (1987), entre muitas outras. No início da década de 1980, dirigiu o Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado do Rio de Janeiro (SATED-RJ), tendo assumido o cargo por temer uma intervenção do Ministério da Educação e Cultura, visto que o presidente anterior havia pedido demissão. Durante o período em que presidiu o sindicato (1981-1982), foi aprovada a lei que regulamentou a profissão de ator. Morreu em 14 de julho de 2001, aos 77 anos, vítima de edema pulmonar.

Stanley Julian Stein

  • Pessoa
  • 1920-2019

Stanley Julian Stein nasceu em Nova York, Estados Unidos, no dia 08 de junho de 1920, filho de Joseph Louis Stein e Rose Epstein, judeus imigrantes da Polônia e Ucrânia. Graduou-se pelo City College de Nova York em 1941. Logo em seguida, deu início ao curso de pós-graduação pela Universidade de Harvard, inicialmente com interesse nas áreas de estudos da linguagem e literatura. Em 1942, com financiamento de uma bolsa do Programa Roosevelt, fez sua primeira viagem de pesquisa ao Brasil. Interrompeu temporariamente os estudos para servir na Marinha americana durante a Segunda Guerra Mundial. Antes de partir em missão para o Mediterrâneo, casou-se, em setembro de 1943, com a também historiadora e bibliógrafa de assuntos ibéricos e latino-americanos Barbara Ballou Hadley (1916-2005), a quem havia conhecido no Brasil. Terminado o conflito, Stanley Stein retornou à Harvard em 1946, dessa vez decidindo-se pelo campo da História, e tornou-se aluno de Clarence H. Haring (1885-1960), importante acadêmico de história latino-americana. Influenciado pelos estudos sobre os ciclos econômicos, delimitou o tema de sua tese: o desenvolvimento das fazendas de café no século XIX. Viajou para o Rio de Janeiro em junho de 1948, onde permaneceu até setembro de 1949. Escolheu como objeto de estudo o município de Vassouras que, na segunda metade do século XIX, havia sido o maior produtor mundial de café. Além disso, dispunha da farta documentação no Arquivo da Câmara Municipal e nos cartórios públicos para realizar sua pesquisa. Uma contribuição importante no repertório de fontes e na perspectiva do trabalho se deu após o contato com os antropólogos Melville Jean Herskovits (1895-1963) e Frances S. Herskovits (1897-1972), a quem Barbara havia conhecido anos antes durante suas pesquisas na região Nordeste do Brasil. Essa experiência fez com que Stanley Stein acrescentasse à sua análise documentos dos arquivos particulares das famílias locais, entrevistas com pessoas que viveram no período da escravidão, gravações de jongos entoados por habitantes da região de Vassouras, além do rico inventário fotográfico que realizou. Defendida em 1951, a tese foi publicada em 1957 com o título "Vassouras, a Brazilian Coffee Country, 1850-1900". O livro foi reimpresso e reeditado várias vezes nos Estados Unidos e no Brasil, sendo considerado um clássico dos estudos sociais e econômicos no que tange às origens, apogeu e declínio do café. A partir de 1970, Stanley J. Stein e Barbara H. Stein publicaram em conjunto uma série de trabalhos sobre a Espanha e sua relação com os territórios ultramarinos, e que trouxeram a ambos um alto reconhecimento acadêmico. O primeiro e mais conhecido deles, "The Colonial Heritage of Latin America". Em seguida, suas pesquisas resultaram em mais três importantes publicações: "Silver, trade, and war: Spain and America in the Making of Early Modern Europe" (2000), "Apogee of Empire: Spain and New Spain in the Age of Charles III, 1759–1789" (2003) e "Edge of Crisis: War and Trade in the Spanish Atlantic, 1789-1808" (2009). Os trabalhos significativos dos Steins renderam-lhes o maior prêmio da American Historical Association para acadêmicos seniores. Em 2018, a Universidade de Princeton, onde Stanley J. Stein lecionou até a sua aposentadoria, adquiriu uma valiosa coleção de manuscritos brasileiros, uma homenagem às contribuições de Stanley e Barbara Stein para as coleções latino-americanas da biblioteca e também para os estudos em Princeton.

Sérgio Pereira da Silva Porto

  • Pessoa

Sérgio Pereira da Silva Porto nasceu em 19 de janeiro de 1926, em Niterói, Rio de Janeiro. Bacharelou-se em química no ano de 1946 e licenciou-se na mesma área no ano seguinte. Em 1954 obteve seu título de PhD na Johns Hopkins University, em Baltimore, com a tese “Infrared Spectrum of Molecular Hydrogen”. Entre 1954 e 1960 Sérgio Porto deu aula de física no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) até começar seus trabalhos com raio laser no Bell Laboratories, em New Jersey nos Estados Unidos no começo de 1960, sendo um dos pioneiros nos estudos do raio na medicina, e ainda lá, junto de seus colegas, um dos primeiros a fazer uso efetivo de lasers para a espectroscopia Raman (quando foi criada a Notação de Porto, uma forma de apontar a configuração de uma experiência que se utiliza do método Raman). Em 1967 deixou o laboratório para dar aulas de física e engenharia elétrica na University of Southern California, onde ficou até 1974, quando voltou para o Brasil e fundou o Departamento de Eletrônica Quântica (DEQ) na UNICAMP. Aqui realizou experiências com laser em cirurgias de oftalmologia, sendo as primeiras em Campinas para o tratamento de glaucoma. Sérgio Porto trabalhou, também, com oftalmologistas do Instituto Penido Burnier onde mais de 1 mil pacientes com retinopatias diabéticas foram tratados, segundo o Jornal do Brasil. Ainda segundo o periódico Sérgio Porto teria orientado 16 teses de doutoramento, apresentado 60 trabalhos científicos e acumulado 133 publicações científicas. Sérgio Porto era conhecido por sua risada e pelo entusiasmo em suas pesquisas e faleceu por um acidente cardíaco em 19 de junho de 1979 enquanto jogava uma partida de futebol no intervalo da 6ª Vavilov Conference on Coherent and non Lineas/optics, em Novisibirsk, na então União Soviética. Sua perda foi lamentada por diversos nomes da ciência brasileira, como César Lattes e Newton Bernardes. Zeferino Vaz, que convidou Sérgio Porto para voltar ao Brasil quando este ainda estava nos Estados Unidos, disse: “quando o convidei para a Unicamp, era chefe do Departamento de Eletrônica Quântica da Universidade de Southern California e participava na NASA na construção do laser que a Apolo 12 deixou na lua” (fala retirada da reportagem do Jornal do Brasil). Sérgio Porto apareceu em 15º lugar na lista O Brasileiro do Século da revista Istoé, junto com nomes como Oswaldo Cruz, Santos Dumont e Paulo Freire.

Roberto Cardoso de Oliveira

  • Pessoa
  • 1928-2006

Roberto Cardoso nasceu na cidade de São Paulo, em 1928 e morreu em julho de 2006. Bacharelou-se (1952) e licenciou-se (1953) em Filosofia na Universidade de São Paulo (USP), mas sua carreira voltou-se para a antropologia. Em 1954 começou a trabalhar no Museu do Índio, onde iniciou seus estudos junto aos índios Terena. Já em 1958, passou a trabalhar no Museu Nacional e ajudou a formar o Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social na instituição. Doutorou-se em Sociologia pela USP, sob a orientação de Florestan Fernandes, e aprofundou sua pesquisa sobre os índios Terena. Realizou estágio pós-doutoral no Departament of Social Relations da Universidade de Harvard, EUA (1971-1972). Participou ativamente na implementação de políticas voltadas para o desenvolvimento da antropologia no país. Criou cursos, fundou revistas, gerou programas de pesquisa importantes, sempre acompanhado de atividades de sala de aula e orientação. Sua trajetória no ensino da antropologia foi marcada por procedimentos que lançaram as bases do caminho a ser trilhado pelos novos antropólogos brasileiros. Sua ativa participação em agências de incentivo, de financiamento de pesquisa e associações científicas foi fundamental para a implementação de políticas voltadas para o desenvolvimento da antropologia no país. Também foi professor e pesquisador da Unicamp e da Universidade de Brasília. Dentre sua extensa produção acadêmica, destacam-se as obras: "O Índio e o Mundo dos Brancos" (1964), "A Sociologia do Brasil Indígena" (1972), "Sobre o Pensamento Antropológico" (1988) e "O Trabalho do Antropólogo" (1998).

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