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Pessoa

José Correia Leite

  • Pessoa
  • 1900-1989

José Benedito Correia Leite nasceu no dia 23 de agosto de 1900, em São Paulo. Teve origem pobre, trabalhando desde muito jovem como entregador de marmitas, lenheiro e cocheiro. Autodidata, teve incentivo de uma antiga patroa, professora, para que estudasse. Um dos mais importantes ativistas da imprensa negra do Brasil, aos 24 anos tornou-se um ativista, sendo co-fundador, com Jayme de Aguiar, do jornal “O Clarim”, que recebeu mais tarde o nome de “O Clarim d’Alvorada”, publicado de 1924 a 1932. Como idealizador do projeto, foi o diretor responsável, redator, repórter e gráfico do periódico que na época ficou conhecido como um jornal feito por negros para a comunidade negra. Correia Leite simpatizava com o ideal de um socialismo democrático e em seus artigos articulava história e política, relacionando a exclusão social experimentada pelos negros com o processo de implantação do trabalho assalariado e a aceleração do capitalismo e da industrialização no país. Participou das atividades do Centro Cívico Palmares, integrou o Conselho da fundação da Frente Negra Brasileira (FNB) em 1931, entidade com a qual rompeu mais tarde por divergências ideológicas, e em 1932 participou da idealização e fundação do Clube Negro de Cultura Social, tornando-se um dos secretários e orientadores. Em 1945, colaborou na fundação da Associação dos Negros Brasileiros (ANB) e foi editor do “Alvorada”, jornal da entidade. A ANB encerraria suas atividades em 1948. Em 1956, fundada a Associação Cultural do Negro (ACN), Correia Leite assume a função de presidente do Conselho Deliberativo por quase 10 anos. Em 1960 participou, ainda, da elaboração da revista “Niger”. Além de atuar nos jornais e associações citadas, José Correia Leite escreveu também para outros órgãos da Imprensa Negra. Além da militância, na qual foi uma referência, José Correia Leite tinha a preocupação de construir um diálogo com os pesquisadores que se debruçavam sobre a questão racial. Assim, ele colaborou com depoimentos e material bibliográfico para diversos trabalhos sociológicos. Foi entrevistado para a realização de documentários cinematográficos como “O Negro da Senzala ao Soul”, da RTC, “A Escravidão”, de Zózimo Bulbul, e outros. Depois de se aposentar, dedicou-se à pintura, fazendo uma exposição em 1978 e outra em agosto de 1983, na Galeria da Secretaria de Estado de Cultura de São Paulo. A biografia de José Correia Leite foi escrita por iniciativa do intelectual Luiz Silva Cuti, intitulada “E disse o velho militante José Correia Leite”. Correia Leite faleceu em 27 de fevereiro de 1989, em São Paulo, aos 88 anos de idade.

Alexandre De Maio

  • Pessoa
  • 1978-

Nascido em 1978, na cidade de São Paulo, Alexandre De Maio é uma figura ativa de milianos no movimento hip-hop e em causas e projetos sociais, nos quadrinhos, no jornalismo e na ilustração. Entre 1999 e 2009, editou a revista “RAP Brasil”, acompanhando de perto o período de amadurecimento do rap nacional. Em 2006 lançou sua primeira história em quadrinhos “Os inimigos não mandam flores”, com textos do escritor Ferréz. Desenvolveu diversos trabalhos como capas de discos, livros, sites e videoclipes. Em parceria com o Itaú Cultural e ao lado de Alessandro Buzo, lançou o jornal “Boletim do Kaos”. Ministrou oficinas de quadrinhos e de videorreportagem no Pontão de Cultura Preto Ghóez, executado pelo Movimento Enraizados. A partir de 2010 passou a desenvolver o jornalismo em quadrinhos em veículos como O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, Catraca Livre, Veja, Revista Fórum e, especialmente, a Agência Pública, onde ganhou o Prêmio Tim Lopes de Jornalismo Investigativo, em 2013, pela reportagem “Meninas em jogo” sobre exploração sexual infantil. No mesmo ano publicou o livro em quadrinhos “Desterro”, sobre a vida na periferia. Em 2014 teve sua primeira reportagem em quadrinhos republicada na França na revista “Courrier” e foi finalista em duas categorias no Prêmio Abril de Jornalismo. Em 2015 produziu uma série de quadrinhos especiais sobre as Olimpíadas para a Veja e o UOL, e foi finalista em 3 categorias no Prêmio Gabriel García Márquez de Jornalismo com a reportagem “Meninas em Jogo”, realizada em parceria com a jornalista Andrea Dip para a Agência Pública. No final de 2015 o quadrinho “Desterro” foi lançado na França com o título “Favela Chaos”. Em 2016 ilustrou o livro “Génération Favela” para a editora francesa Ateliers Henry Dougier e publicou uma reportagem no livro “Je Suis Rio”. Em 2017 ganhou o primeiro lugar na categoria desenho do prêmio Amico Rom na Itália. Em 2018 lançou seu primeiro livro solo de jornalismo em quadrinhos, intitulado “Raul”, além da HQ digital “Unaí nunca mais”, retratando a chacina de Unaí, Minas Gerais, que originou a data que reforça a luta contra o trabalho escravo no Brasil. Em maio de 2021, participou da série “Aprisionadas” do Jornal da Record, usando a linguagem do jornalismo em quadrinhos.

Estevão Maya-Maya

  • Pessoa
  • 1943-2021

Estevão Maya-Maya nasceu José Estevão Maya no povoado de Pano Grosso, em Viana, Maranhão, em 1943, criado por uma tia-avó. Maestro, cantor, compositor, escritor e professor, Estevão estudou música na Academia de Música do Maranhão e nos Seminários de Música da Universidade Federal da Bahia desenvolvendo trabalhos de Canto, Piano, Rítmica, Estruturação, Análise Musical e Composição. Viveu um tempo no Rio de Janeiro antes de se estabelecer em São Paulo nos anos 1970. Bolsista da Pró-Arte no Rio de Janeiro, estudou canto com Sonia Born e análise musical com Esther Scliar. Fez parte da equipe de pesquisas musicais da Fundação de Artes de São Caetano do Sul, tornando-se técnico do Laboratório Experimental de Desenvolvimento Auditivo. Estudou composição com H.J. Koellreutter, além de outros mestres como Margarita Schack e Eugênio Kusnet. Sua rara voz de baixo profundo oferecia três oitavas de extensão, característica que lhe aferiu grande versatilidade. Era musicólogo e compositor, sendo seu maior interesse voltado para pesquisas em torno da música africana e sua contribuição à estética musical brasileira. Maya-Maya também possuía bons conhecimentos em oito idiomas, incluindo russo e dois dialetos africanos. Sua experiência como cantor lírico inclui recitais e concertos como solista ao lado de grandes pianistas e de orquestras como a Sinfônica do Estado de São Paulo – OSESP, além da passagem por palcos como o do Theatro Municipal e o do Teatro Colón, em Buenos Aires. No teatro, emprestou seu talento ao personagem Caifás, na montagem brasileira da ópera-rock “Jesus Christ Superstar”. Além disso, trabalhou no espetáculo “Hair” e no show “Síntese da História do Jazz”. No campo da literatura, tem dois livros publicados, um em parceria com o poeta Vilmar Ribeiro e ocupou a cadeira número 23 da Academia Vianense de Letras. Em 1974, liderou a fundação da Cacupro - Casa da Cultura e do Progresso, entidade negra que funcionou no bairro do Ipiranga, zona sul da capital paulista. O legado de seu estudo distribui-se ao longo de suas obras, desde o musical “Ongira: Grito Africano”, até o coral Cantafro, criação sua – grupo que foi responsável pela trilha sonora do seriado “Abolição”, da Rede Globo e registra aparição num documentário da BBC londrina. Além do Cantafro, Maya-Maya já dirigiu vários outros corais, fundando o Coral Afro-braisleiro “Melodiafro” na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Maya-Maya faleceu em 17 de setembro de 2021 de Covid-19.

Elisabeth de Souza Lobo Garcia

  • Pessoa
  • 1943-1991

Elisabeth de Souza Lobo Garcia, ou Elisabeth Souza Lobo, como assinava seus textos, nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, no dia 30 de agosto de 1943. Graduou-se em Letras pela Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em 1965. Esteve em Paris entre os anos de 1967 e 1969, onde pode acompanhar os seminários de Lucien Goldmann (“Sociologie de la Philosophie et de la Littérature”), de Anouar Abdel-Malek (“Sociologie des mouvements sociaux”) e de Louis Althusser (“Philosophie spontanée des savants”). Após retornar ao Brasil, foi professora de literatura no ensino médio por um breve período antes de seguir para o Chile em 1970, onde vinculou-se como docente de metodologia das ciências sociais na Escola de Estudos Econômicos Latino-Americanos (ESCOLATINA) até o golpe de estado de 1973. Por essa época, integrou a Universidade de Paris VIII lecionando nos departamentos de Sociologia e Ciências Políticas, onde também defendeu a tese de doutorado em Sociologia sob a orientação do filósofo Jean-Marie Vincent, em 1979. Durante a década de 1980, trabalhou como docente na Universidade Metodista de Piracicaba (1980), na Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" – Marília (1981-1982), na Universidade de São Paulo (1982-1991), como professora visitante na Universidade de Québec – Canadá (1989) e na Universidade Estadual de Campinas (1989-1991). Em 1983, publicou seu primeiro livro, uma biografia da anarquista lituana Emma Goldman (1869-1940). Destaca-se ainda "A classe operária tem dois sexos", de 1991. Publicou também diversos artigos nos jornais "Em Tempo", "Mulherio", "Leia" e "O Estado de S. Paulo", e nas revistas "Desvios", "Teoria e Debate" e "Tempo e Presença". Projetou uma agenda de pesquisa feminista, marxista e heterodoxa. Sua produção intelectual está voltada para a questão da divisão sexual do trabalho, do trabalho feminino e das relações de gênero na sociedade capitalista. Morreu em 15 de março de 1991, vítima de um acidente automobilístico, quando dirigia-se para Campina Grande, Paraíba, em visita a trabalhadores rurais.

Zainunnissa Gool

  • Pessoa
  • 1897-1963

Nascida na Cidade do Cabo com o nome Zainunnissa (Cissie) Abdurahman, estudou na Universidade de Londres (1918) e obteve o bacharelado em Artes pela Universidade do Cabo, o qual conseguiu concluir apenas em 1932 após diversas interrupções, entre as quais, o casamento com A. H. Gool. No ano seguinte, obteve o título de Mestra em Psicologia pela mesma instituição, fato inédito até então para uma mulher negra. Foi eleita presidente da National Liberation League (NLL), organização que combatia a segregação e o imperialismo. Em 1938, foi eleita presidente da Non-European United Front, que tinha a missão de coordenar a união de organizações congêneres. Nesse mesmo ano, foi a primeira mulher não europeia a ser eleita para o Conselho da Cidade do Cabo, cargo no qual permaneceu até sua morte, lutando pela igualdade dos não-europeus. Em 1943, tornou-se membro da Anti-CAD Organization e do Western Province Unity Movement. No mesmo ano, foi delegada do South African Indian Congress, realizado na região de Transvaal. Nos anos de 1940, participou do Cape Passive Resistance Council.

Helen Abdurahman

  • Pessoa
  • 1872-1953

Helen Potter James, também conhecida como Nellie, nasceu em 2 de setembro de 1872 na cidade escocesa de Greenock, filha de Harriet James e John Cumming James, contador que desempenhou um importante papel político naquele país. Após casar-se com o médico Abdullah Abdurahman, mudou-se para a África do Sul onde participou de diversas organizações na Cidade do Cabo voltadas à luta por justiça social, igualdade na educação e emancipação feminina, entre as quais: a Wynberg General Board of Aid, The Ratepayer's Association, The Women's Municipal Association, African Political Organization, Women's Guild, Western Province Amateur Musical Society, Women's Enfranchisement League e National Liberation League Finance Committee. Faleceu em 23 de junho de 1953.

Allyrio Hugueney de Mattos

  • Pessoa

Allyrio Hugueney de Mattos nasceu em Cuiabá, Mato Groso e formou-se engenheiro em 1913. Concluído o curso foi nomeado Preparador da cadeira de Topografia, em 1915, tendo prestado concurso para Livre Docente da cadeira de Topografia e Legislação de Terras, em 1925. Em 1930, foi nomeado Professor Catedrático para a Cátedra de Astronomia e Geodésia na Escola Politécnica. Em 1938 foi chamado para preparar um grupo de Engenheiros do então Conselho Nacional de Geografia (hoje Instituto Brasileiro de Geografia), a fim de determinar as coordenadas geográficas dos Municípios do Brasil. Com este trabalho, muitos municípios tiveram suas coordenadas fixadas, com a eliminação, em muitos casos, de erros enormes nos mapas. O que destacou o professor Allyrio no conjunto da engenharia nacional foi sua atuação modernizadora no que diz respeito à Cartografia, nome genérico que hoje abrange todos os tipos de levantamento e determinações de posições absolutas ou relativas de porções da superfície da terra. Como astrônomo, é o único brasileiro a observar três eclipses totais do Sol visíveis no Brasil (em 1919, 1945 e 1969). Por ocasião do eclipse em Bocaiúva (1945), recebeu o Diploma de Comendador da Ordem da Rosa Branca da Finlândia. Foi Membro Titular da Academia de Ciências e Sócio Benemérito Fundador da Sociedade Brasileira de Cartografia. Recebeu, em 1967, pelos seus méritos, o Prêmio Ricardo Franco. Na década de vinte, seu interesse pela recente descoberta da radiotelefonia levou-o, juntamente com Roquete Pinto e outros entusiastas, a fundar a Radio Sociedade do Rio de Janeiro. O Professor Allyrio Hugueney de Mattos faleceu em 7 de janeiro de 1975, no Rio de Janeiro.

Arsênio Oswaldo Sevá Filho

  • Pessoa
  • 1948-2015

Arsênio Oswaldo Sevá Filho nasceu na cidade de Campinas, São Paulo, em 18 de agosto de 1948. Concluiu o antigo ensino ginasial no Colégio Culto à Ciência, época em que ingressou no movimento estudantil secundarista. Graduou-se em Engenharia Mecânica de Produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) em 1971, e obteve o mestrado na mesma especialidade na COPPE/UFRJ, em 1974. No ano seguinte e em parte de 1976, trabalhou comissionado no então Ministério de Educação e Cultura, no Departamento de Assuntos Universitários. Entre 1976 e 1986, atuou como professor do Centro de Tecnologia da UFPB, em João Pessoa. Obteve o doutorado em Letras e Ciências Humanas pela Universidade de Paris-I Panthéon-Sorbonne, em 1982, com pesquisa sobre os aspectos políticos e geográficos dos investimentos internacionais em eletricidade, mineração e metalurgia. Em 1988, obteve por concurso o título de Livre-Docente na área de Mudança Tecnológica e Transformações Sociais do Instituto de Geociências da Unicamp. Em 1991, foi admitido no quadro docente permanente da universidade, integrando o Departamento de Energia da Faculdade de Engenharia Mecânica, onde também fez parte, até 2007, do corpo docente pleno na área de pós-graduação em Planejamento Energético. Na mesma faculdade, criou a disciplina Energia, Sociedade e Meio Ambiente e a linha de pesquisa correspondente, na qual orientou várias teses de doutorado e dissertações de mestrado. Foi credenciado como docente colaborador em cursos de pós-graduação no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp: em 2007, no departamento de Antropologia, na área de concentração Processos Sociais e Territorialidades; e em 2008, no de Ciências Sociais, na área Processos Sociais, Identidades e Representações no Mundo Rural. A trajetória de Oswaldo Sevá foi marcada pela militância – cotidiana e institucional – na defesa dos direitos das pessoas e do meio ambiente frente aos abusos e devastação consequentes dos grandes empreendimentos de produção e distribuição de energia, principalmente no setor hidrelétrico. Nesse sentido, foi pesquisador de destaque no cenário nacional e internacional em questões relacionadas ao meio ambiente, realizou o mapeamento de riscos ambientais em diferentes regiões brasileiras e trabalhou junto a diversas entidades ligadas à causa ambiental. Também se tornou uma referência por assessorar movimentos sociais populares como o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), e de trabalhadores das grandes obras e empreendimentos dos setores energéticos. Atuou interdisciplinarmente nas áreas de saúde do trabalhador e de conflitos ambientais decorrentes de projetos e ações desenvolvimentistas. Junto às comunidades e povos atingidos, construiu formas de produção de conhecimento sobre seus territórios e os conflitos que os envolviam, instrumentalizando-as, dessa maneira, em suas lutas por direitos. Morreu em 28 de fevereiro de 2015.

João Apolinário Teixeira Pinto

  • Pessoa
  • 1924-1988

João Apolinário Teixeira Pinto nasceu na freguesia de Belas, concelho de Sintra, Portugal, em 18 de janeiro de 1924. Concluiu o ensino secundário em Lisboa, onde frequentou o Colégio Valsassina e o Liceu Camões. Apesar de ter se graduado em Direito pelas Universidades de Coimbra e Lisboa em 1945, optou por dedicar-se ao jornalismo e à poesia. Aos 21 anos foi para a França como correspondente da agência espanhola de informações Logos, onde teve a oportunidade de frequentar a universidade Sorbonne e conhecer intelectuais e artistas como Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Antonin Artaud, Jean Genet, Marcel Marceau e Édith Piaf. Após retornar a Portugal, casou-se com Maria Fernanda Gonçalves Talline Carneiro em março de 1949, com quem teve dois filhos, João Ricardo e Maria Gabriela. Ambos seguiram, posteriormente, carreiras profissionais no Brasil, o primeiro como compositor, cantor e fundador do grupo brasileiro Secos & Molhados, e a segunda como docente da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Em novembro de 1950, João Apolinário fez parte do grupo de intelectuais que, reunidos por Manuel Breda Simões, viria a ser responsável pela criação do Teatro Experimental do Porto (TEP). Em 1958, desempenhou o cargo de Secretário na delegação do Porto da Associação Portuguesa de Escritores. Perseguido e preso pela polícia política da ditadura portuguesa devido a uma produção engajada e apartidária, partiu para o exílio no Brasil em dezembro de 1963. Fixou-se na cidade de São Paulo, onde encontrou emprego no jornal “Última Hora”, do qual viria a ser redator, colunista, crítico de teatro e editor de variedades. Após o golpe militar de 1964, como forma de manter a liberdade de seus textos, fez questão de não receber pelas críticas publicadas naquele jornal e também em “O Globo”. Durante o regime de exceção, escreveu sobre um teatro brasileiro que buscava construir uma identidade nacional em meio aos conflitos sociais e políticos daquele período. Conviveu com uma reconhecida geração de diretores, dramaturgos e atores brasileiros, tais como Oduvaldo Viana Filho, Ademar Guerra, Gianfrancesco Guarnieri, José Celso Martinez Corrêa, Augusto Boal, Plínio Marcos, entre outros. Em sua crítica, Apolinário acompanhou e escreveu sobre o trabalho de importantes grupos teatrais do país, como o Teatro Brasileiro de Comédia, o Teatro de Arena e o Teatro Oficina. Em consonância com sua ideia de criação de uma política cultural para São Paulo, foi co-fundador da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) em 1972, ano em que foi eleito presidente da entidade. Retornou a Portugal em 1975, já com a sua segunda esposa, Maria Luiza Teixeira Vasconcelos, logo após a restauração da democracia no país. Morreu de câncer, aos 64 anos, em 22 de outubro de 1988, na vila portuguesa de Marvão.

Milton Barbosa

  • Pessoa
  • 1948-

Milton Barbosa nasceu em 12/05/1948, na cidade de Ribeirão Preto (SP). Filho de Iná Barbosa e João Câncio Vieira, irmão de Maria de Lourdes Vieira. Aos três anos mudou-se com a mãe e a irmã para São Paulo, na vila Joaquim Antunes, bairro do Bixiga. Fez seus primeiros estudos na escola S. José, no mesmo bairro em que morava, depois ingressou na Escola Estadual Rodrigues Alves, na Avenida Paulista. Aos quatorze anos, em 1964, começou a trabalhar como auxiliar de escritório na empresa Publicidade Teatral Ribeiro Ltda, onde permaneceu até 1968, período em que interrompeu seus estudos. Nessa época, cursou datilografia e taquigrafia. Aos dezenove anos retomou os estudos e concluiu o ensino básico, sendo que na sequência ingressou no cursinho pré-vestibular. Nessa época trabalhou como calculista de balanços no Supermercado Pão de Açúcar, depois como auxiliar de escritório na Olivetti – Indústria de Máquinas S/A. Desde os dezesseis anos fazia parte da Escola de Samba Vai-Vai e, junto com um amigo, criou uma ala que chamaram de “Levanta que eles vêm chegando”, composta por aproximadamente 30 homens. Depois, já preocupado e refletindo sobre as questões raciais, criou a ala “Cala a Boca”, onde permaneceu até 1980. Desde o final dos anos 1960 e início dos 1970, fez parte do Grupo Decisão, que reunia alguns jovens no centro de São Paulo para discutir sobre as questões raciais. Alguns membros desse grupo se reencontraram na USP e, juntos, publicaram o jornal “Árvore das Palavras”, inspirado na revista “Bondinho” (1970-1972) e no jornal “EX” (1973-1975), que foram experiências de imprensa alternativa durante o período da ditadura militar. Os jovens desse grupo distribuíam os jornais em frente à extinta loja Mappin, no centro de São Paulo. Em 1973, Milton Barbosa foi aprovado para o curso de Economia na Universidade de São Paulo (USP), onde logo se envolveu com o movimento negro e o movimento estudantil, tornando-se diretor do Centro Acadêmico “Visconde de Cairu”, em 1974. Nesse mesmo ano começou a frequentar o Centro de Cultura e Arte Negra (CECAN), com sede na rua Maria José, 450, bairro Bela Vista, junto com Odacir de Matos, tendo sido por meio dessa entidade que Milton estabeleceu contato com outros centros culturais de São Paulo. Também em 1974, ingressou na Liga Operária, onde permaneceu até 1976. Em novembro de 1975, começou a trabalhar na Cia. do Metropolitano de São Paulo como Técnico de Métodos Operacionais, ministrando treinamento aos funcionários de operação. Foi eleito diretor da AEMESP (Associação dos Funcionários Metropolitanos de São Paulo), que mais tarde se tornaria o Sindicato dos Metroviários de São Paulo. Em 1977, foi eleito Vice-Presidente do CECAN e ali promoveu as reuniões para discutir questões raciais que culminaram na criação do Movimento Negro Contra a Discriminação Racial – MNCDR, que depois viria a ser denominado Movimento Negro Unificado. O Movimento foi deflagrado em 1979, após a morte por tortura policial, de Robson Silveira da Luz, primo de Rafael Pinto, integrante do CECAN e um dos criadores do MNU. A reunião que deu origem ao Movimento ocorreu no dia 18 de junho de 1978, e contou com a presença do Grupo Brasil Jovem, do Centro de Estudos Afro Brasileiro (irmãos Prudente e Clóvis Moura), do filho do deputado federal Adalberto Camargo, Adalberto Camargo Filho, representando a Câmara de Comércio Afro Brasileiro e do Núcleo Socialista Afro-Latino América. Foi produzida nesse encontro uma carta aberta, escrita por Milton Barbosa e Hamilton Cardoso, para ser distribuída no ato de lançamento do movimento, programado para acontecer nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo. Ainda como funcionário do Metrô, Milton criou nessa empresa o Núcleo de Negros Metroviários e, nesse mesmo ano, em 1979, foi demitido pelo governo de Paulo Maluf em função de sua atuação junto ao MNU. Entre os anos 1981 e 1982, trabalhou como autônomo na empresa Escala Pesquisa de Mercado SA e, como militante do Partido dos Trabalhadores (PT) e junto a Clóvis de Castro e Flávio Carranza, criou a 1ª. Comissão de Negros do PT. Em 1984 foi readmitido no Metrô, mas permaneceu como diretor nacional do MNU, o que lhe rendeu nova demissão do Metrô, em 1988. Em 1989, passou a atuar na Anhembi Turismo e Eventos da cidade de São Paulo como assessor da Presidência para eventos externos, permanecendo até 1990, quando então criou a Fundação da Associação dos Prestadores de Serviços. Nesse mesmo ano, foi eleito presidente do Centro de Defesa do Negro “Wanderley José Mário”. A partir de janeiro de 1991, passou a colaborar com projetos culturais e de lazer para comunidades carentes e da terceira idade no CMV – Corpo Municipal de Voluntários, onde assumiu o cargo de Assistente da Diretoria de Planejamento. Entre 2002 e 2007, aproximadamente, Milton Barbosa e Regina Lúcia dos Santos fundaram, administraram e ministraram aulas no Curso Pré Vestibular Comunitário “Tereza de Quariterê”, prestando assistência a estudantes que desejavam ingressar na universidade. Milton Barbosa acumulou importantes funções dentro do MNU, tendo sido Coordenador Nacional durante vários anos; Coordenador Estadual de São Paulo entre 1992/1993; Coordenador de Relações Internacionais entre 1994/1995; Coordenador de Formação Política e Organização entre 1995 e 2000; Coordenador Estadual de São Paulo entre 2003 e 2006; e novamente Coordenador de Relações Internacionais entre 2007 e 2010, quando fez um pedido de anistia política e reparação econômica por ter sido perseguido por atuar no Movimento Negro. Milton Barbosa foi casado pela primeira vez com Elenita, com teve uma filha chamada Kaluembi Barbosa. Casou-se pela segunda vez com Maria de Fátima Ferreira, com quem teve 5 filhos: Chindalena Ferreira Barbosa, Andalakituche F. Barbosa, Mutana F. Barbosa, Akinyele Kayode F. Barbosa e Samoury Nugabe F. Barbosa. Atualmente é casado com Regina Lúcia dos Santos, também membro do MNU, e não tiveram filhos. Milton Barbosa é hoje o presidente de honra do MNU.

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