Fundo TO - Teatro Oficina

Área de identificação

Código de referência

BR SPAEL TO

Título

Teatro Oficina

Data(s)

  • 1937-1987 (com lacunas) (Produção)

Nível de descrição

Fundo

Dimensão e suporte

17.891 documentos textuais e iconográficos (196 GF), 3.508 fotografias (129 GF), 26 cartões-postais, 5.494 negativos fotográficos, 662 slides, 11.372 contatos fotográficos, 269 películas cinematográficas, 170 fitas de vídeo U-Matic, 13 fitas VHS, 2 fitas de vídeo Betacam, 154 fitas de áudio em rolo, 77 fitas cassete, 164 cartazes, 15 plantas de arquitetura, 23 livros, 45 folhetos e 44 títulos de periódicos.

Área de contextualização

Nome do produtor

(1958-)

História administrativa

Considerada a maior e mais longeva companhia de teatro em atividade permanente do Brasil, o Teatro Oficina teve sua origem em 1958, a partir do encontro de artistas no Centro Acadêmico 11 de Agosto, da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo. Entre seus fundadores estavam José Celso Martinez Corrêa, Renato Borghi, Carlos Queiroz Telles, Etty Fraser, Amir Haddad, Fauzi Arap e Ronaldo Daniel. Durante sua fase amadora, que durou de 1958 a 1961, faziam “teatro a domicílio” nas casas da elite paulistana, ao passo que encenavam peças fundamentalmente autobiográficas. Logo, no entanto, o grupo proporia a criação de um teatro novo, que estabelecesse um diálogo mais verdadeiro entre público e espetáculo. Partindo de uma postura antropofágica, passariam a fazer a leitura e encenação de grandes autores europeus e norte-americanos, mas sempre buscando estabelecer um diálogo com a realidade nacional. Desde 1961, ano de sua profissionalização, tem como sede um antigo prédio no tradicional bairro paulistano do Bixiga. Antes da inauguração com a estreia da peça A Vida Impressa em Dólar, de Clifford Odets, foi realizada uma primeira reforma do edifício a partir do projeto arquitetônico de Joaquim Guedes, o que configurou o teatro com duas plateias frente a frente, separadas pelo palco central. Entre 1962 e 1966, foram levados à cena os espetáculos José, do Parto à Sepultura, de Augusto Boal, Todo Anjo é Terrível, de Ketti Frings, Uma Rua Chamada Pecado (adaptação de Um Bonde Chamado Desejo, de Tennessee Williams), Quatro Num Quarto, de Valentin Kataev, Pequenos Burgueses e Os Inimigos, de Máximo Gorki, além de Andorra, de Max Frisch. No entanto, em 1966, o prédio da companhia é destruído por um incêndio provocado por grupos paramilitares. São feitas remontagens de antigos sucessos a fim de levantar fundos e reconstruir o teatro, o qual teve seu espaço cênico transformado. A partir de 1967, com o aumento da repressão no contexto da ditadura brasileira, o Teatro Oficina passa a desenvolver-se através do espetáculo-manifesto, o que levou à censura de suas peças em mais de uma ocasião. Com a montagem de O Rei da Vela (posteriormente videografado), texto de Oswald de Andrade, o grupo alcança grande notoriedade e se coloca na vanguarda do movimento tropicalista. A partir daí, fica cada vez mais evidente sua busca por uma estética de interpretação brasileira, baseada, principalmente, na chanchada e no circo, com elementos da contracultura. Em 1968, o musical Roda Viva, escrito por Chico Buarque, também marca a história do Oficina quando promove o encontro entre linguagem teatral e performance. Desse momento até 1974, destacam-se as montagens das peças Galileu Galilei e Na Selva das Cidades, ambas de Bertolt Brecht, Gracias, Señor, obra de criação coletiva, e As Três Irmãs, de Anton Tchekhov. Também foi lançado o filme Prata Palomares, em 1971, período em que uma crise interna fez com que a companhia se desfizesse e ressurgisse, posteriormente, com nova equipe, mas ainda sob a liderança de José Celso e Renato Borghi. Em 1973, passa a denominar-se Comunidade Oficina Samba e, no ano seguinte, José Celso Martinez Corrêa é preso e torturado juntamente com o cineasta Celso Lucas. Durante o período de exílio em Portugal, entre os anos de 1974 e 1978, além da montagem de peças, foram produzidos os filmes O Parto e 25, que tratam da Revolução Portuguesa de 25 de Abril e da independência de Moçambique, respectivamente. De retorno ao Brasil, o grupo passa a ministrar oficinas, realizar leituras e eventos de curta duração, além de aprofundar pesquisas cênicas e arquitetônicas fundamentais para sua concepção de teatro em constante movimento e atualização. Em 1983, o prédio do Oficina é tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico de São Paulo (Condephaat), devido a sua importância histórica ao teatro brasileiro. No ano seguinte, o grupo estabelece novo estatuto e passa a denominar-se Associação Teatro Oficina Uzyna Uzona. Sua sede recebe nova reforma com base em um projeto criado pela arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi, em parceria com Edson Elito, o qual seria finalizado em 1994, inaugurando o espaço denominado pelo grupo como “Terreiro Eletrônico”. Em 2015, o jornal britânico The Guardian considerou o projeto arquitetônico do teatro como o "melhor do mundo" em sua categoria. Entre 1991 e 1998, são levadas à cena adaptações coletivas de As Boas, de Jean Genet, Hamlet, de William Shakespeare, As Bacantes, de Eurípides, e Cacilda!, do próprio José Celso. Além disso, entre 2002 e 2006, é feita a montagem na íntegra da obra Os Sertões, de Euclides da Cunha, com direção de José Celso e da atriz Camila Mota. Contando ainda com intensa atividade, o Teatro Oficina, ao longo de sua história, sempre se caracterizou pela busca incessante do novo, da criação e do rompimento com a tradição. Revolucionou a linguagem e a estética da cena teatral brasileira, bem como a relação entre palco e plateia, retirando o espectador da passividade. Por esses motivos, constituiu-se em um dos mais importantes movimentos culturais de vanguarda da década de 1960 no Brasil.

Entidade custodiadora

História do arquivo

A documentação do Teatro Oficina chegou a ser retirada do país após a invasão de sua sede pela Polícia Federal em 1974, só retornando em 1979, com o processo de abertura política. Foi inicialmente organizada por Ana Helena Du Staal e equipe, atividade que resultou na compilação do texto Arkivo Oficina, presente na documentação. Em 1985, foram feitos os primeiros contatos entre Marco Aurélio Garcia, então diretor do Arquivo Edgard Leuenroth, e José Celso Martinez Corrêa, com vistas a uma possível transferência do acervo para a Unicamp. Reconhecendo o trabalho social, político e cultural desenvolvido pelo Teatro Oficina ao longo dos anos, cuja importância histórica e intelectual está assentada na sua potente leitura de relevantes acontecimentos da vida política do Brasil e do teatro brasileiro, a Unicamp, através do AEL, adquire o arquivo em 1987. Com a chegada da documentação, ainda no fim da década de 1980 e início dos anos 1990, foi realizado um tratamento inicial do material. Uma parte da documentação textual, caracterizada em sua maioria por documentos administrativos, foi armazenada na Reserva Técnica. Aqueles documentos relativos à produção dos espetáculos, os denominados “cadernos de direção”, cartazes, recortes de jornais, fotografias, negativos, contatos, slides e fitas magnéticas de áudio e vídeo, foram higienizados e acondicionados no Acervo climatizado, sendo que, em alguns casos, listados e catalogados em sistema eletrônico. Em 2011, com a aprovação de projeto submetido à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) que objetivava a digitalização de alguns dos conjuntos com maior demanda de pesquisa no AEL, foi retomado o processamento técnico da documentação do Teatro Oficina. Todo o conjunto foi reunido fisicamente a fim de que se realizasse o trabalho de identificação e classificação dos documentos seguindo as normas de descrição arquivística. Devido a grande dimensão do acervo, a atividade contou com a participação de quase toda a equipe do processamento técnico, além do apoio imprescindível do setor de preservação. Toda a documentação textual e iconográfica foi higienizada, restaurada, organizada e inventariada, sendo que as fotografias tiveram sua catalogação revisada e atualizada na base de dados Pesquisarqh. O material bibliográfico (teses, livros, folhetos e periódicos) foi separado e catalogado nas bases Pesquisarqh e Acervus. Somente o material audiovisual ainda aguarda tratamento técnico. As películas cinematográficas foram enviadas sob custódia para a Cinemateca Brasileira, em São Paulo, por motivos de preservação. O trabalho estendeu-se até o ano de 2015, visto que, após todo o processo de organização e descrição, foi realizada a digitalização dos documentos.

Procedência

Adquirido por compra da Associação de Energias e Trabalho de Comunicação Sem Fronteiras Uzyna Uzona, sociedade civil mantenedora do Teatro Oficina, em 1987.

Área de conteúdo e estrutura

Âmbito e conteúdo

Na história do moderno teatro brasileiro, como da própria cultura do país, o desempenho artístico, social e político do Teatro Oficina constituem um dos momentos mais relevantes, sobre o qual esse acervo representa um testemunho inestimável. Os documentos registram a trajetória do grupo e permitem conhecer suas montagens e produções, ao mesmo tempo em que servem como testemunho de momentos importantes da vida político-cultural brasileira. O conjunto reúne documentos administrativos, roteiros, fotografias, escritos diversos, diários de direção, textos de teatro, convites, cartazes, agendas, recortes de jornais, material audiovisual, entre outros.

Avaliação, selecção e eliminação

Ingressos adicionais

Não são esperadas novas incorporações.

Sistema de arranjo

O conjunto documental foi organizado em cinco grupos: 1) Produção intelectual, 2) Produção artística, 3) Produção de eventos e manifestações culturais, 4) Organização administrativa e 5) Correspondência, com seus respectivos subgrupos, séries, subséries e dossiês; além dos dossiês Censura, Espaço Oficina e Imprensa, ligados diretamente ao fundo. Também agrega documentos anexos como material audiovisual, fotografias, cartões-postais, cartazes, plantas de arquitetura, livros, folhetos e periódicos.

Área de condições de acesso e uso

Condições de acesso

Consulta livre.

Condiçoes de reprodução

Documentação protegida por direitos autorais. Para maiores informações sobre a reprodução dos documentos, entre em contato através do e-mail: aeldigit@unicamp.br.

Idioma do material

  • alemão
  • catalão
  • espanhol
  • francês
  • inglês
  • italiano
  • português do Brasil
  • russo
  • sueco

Script do material

Notas ao idioma e script

Características físicas e requisitos técnicos

Instrumentos de descrição

Inventário e listagem impressa do material audiovisual.

Área de documentação associada

Existência e localização de originais

Acervo: Sala 1 (Audiovisuais e Fotografias), Sala 4 (TO p. 001-511)

Existência e localização de cópias

Reproduções dessa documentação estão disponíveis no repositório digital do AEL (consulta local).

Unidades de descrição relacionadas

Consulte também no AEL outros conjuntos documentais relacionados ao teatro brasileiro: João Apolinário, Vanda Lacerda e Zilco Ribeiro.

Descrições relacionadas

Nota de publicação

CORRÊA, José Celso Martinez. Primeiro ato: cadernos, depoimentos, entrevistas (1958-1974). Coautoria de Ana Helena Camargo de Staal. São Paulo, SP: Editora 34, 1998. 335p.

Nota de publicação

DIONYSOS. Rio de Janeiro: MEC/SEC/SNT, janeiro/1982, n. 26. (Especial Teatro Oficina); LOPES, Karina; COHN, Sergio (Orgs.). Zé Celso Martinez Corrêa. Rio de Janeiro: Beco do Azougue Editorial, 2008.

Nota de publicação

OFICINA 50+: labirinto da criação. Organização de Mariano Mattos Martins. São Paulo, SP: Pancrom, 2013. 267p.

Nota de publicação

SILVA, Armando Sérgio da. Oficina: do teatro ao te-ato. São Paulo, SP: Perspectiva, 1981. 255p., il. (Debates. Teatro, 175).

Área de notas

Nota

Consulte também a página oficial do Teatro Oficina na internet, disponível em: https://teatroficina.com/, além do seu canal na plataforma YouTube, https://www.youtube.com/channel/UCadViR3gaHOUdGMoFYxfJAw, onde é possível encontrar vídeos de entrevistas, gravações de peças e filmes produzidos pelo grupo.

Identificador(es) alternativos

Pontos de acesso

Pontos de acesso de assunto

Pontos de acesso local

Ponto de acesso nome

Pontos de acesso de gênero

Área de controle da descrição

Identificador da descrição

Identificador da instituição

Regras ou convenções utilizadas

Descrição baseada em: CONSELHO INTERNACIONAL DE ARQUIVOS (CIA). ISAD (G): Norma Geral Internacional de Descrição Arquivística. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2001.

Status

Nível de detalhamento

Datas de criação, revisão, eliminação

01/01/2001 (criação)

Idioma(s)

Sistema(s) de escrita(s)

Fontes

Nota do arquivista

Conjunto documental organizado por Fernanda Ferreira Figueiredo, Lívia Cristina Corrêa, Maria Dutra de Lima, Neiva Gonçalves de Oliveira e Tainá Guimarães Paschoal, técnicas da Seção de Processamento Técnico e Atendimento do AEL, e Priscila Dressano (Bolsista SAE/Unicamp). Descrição arquivística elaborada por Lívia Cristina Corrêa, Maria Dutra de Lima e Neiva Gonçalves de Oliveira.

Zona da incorporação

Assuntos relacionados

Pessoas e organizações relacionadas

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