O projeto 'Discurso, Significação, Brasilidade', foi um projeto coletivo desenvolvido no Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp com o grupo de análise do discurso coordenado pela professora Eni Orlandi. Ele incluía, como uma de suas linhas de trabalho, a questão da língua e da brasilidade na qual desenvolveram estudos sobre a história da língua portuguesa no Brasil, na sua relação com as línguas indígenas, assim como estudos sobre língua de imigração. Os interesses ligados a esta linha de pesquisa levaram a um convênio firmado entre a Unicamp e a Universidade de Paris VII, cooperação esta que levou a constituição de um projeto conjunto franco-brasileiro intitulado 'História das Idéias Linguísticas: Construção do Saber Metalinguístico e a Constituição da Língua Nacional', coordenado por Eni Orlandi no Brasil e Sylvain Aurox na França e que teve apoio CAPES/COFECUB.
Bruno Lúcio de Carvalho Tolentino nasce no Rio de Janeiro em 12 de novembro de 1940, filho de Heitor Jorge de Carvalho Tolentino e de Odila de Souza Lima Tolentino. Faz os estudos primários no Colégio Batista. Em 1957, trabalha como revisor do 'Suplemento Literário' do 'Jornal do Brasil'. Em 1958, conclui o curso clássico no Colégio Anglo-americano. No ano seguinte, matricula-se na Escola de Teatro da Universidade da Bahia. Nesse período, inicia uma longa correspondência com o poeta francês Yves Bonnefoy. Em 1960, com a coletânea 'Seteclaves' recebe o Prêmio 'Revelação de Autor', do Sindicato de Editores e da Câmara Brasileira do Livro. Desse conjunto, sairá, três anos depois, seu livro 'Anulação & Outros reparos'. Em 1964, parte para Europa, onde conhece o poeta inglês W. H. Auden e o italiano Giuseppe Ungaretti. No ano seguinte, junto com João Guimarães Rosa, Murilo Mendes e Antonio Candido integra a delegação brasileira que participou do congresso 'Nuovo Mondo Colunbianum', realizado em Gênova. Em 1966, gradua-se como tradutor-intérprete na École Interprète de Genebra e passa a fazer parte dos quadros da AIT (Agence Internationale desTraducteurs). Depois de uma viagem de trabalho como intérprete estagiário (Tóquio, Bangcoc e Hong Kong), torna-se tradutor-intérprete junto ao Mercado Comum Europeu. Nasce, em Varsóvia, Witold Andjei, seu filho com a polonesa Danuta Klossowska. Em 1968, fixa residência em Londres e passa a lecionar na Faculdade de Artes da Universidade de Bristol. Dois anos depois, casa-se na Igreja Anglicana de Battersea com a brasileira Márcia Martins de Brito. Em 1971, publica em Paris 'Le Vrai Le Vain' e, como 'visiting professor', dá aulas na Universidade de Essex. Sai a tradução que fez em conjunto com Robert Quemserat da segunda edição de 'Ostinato rigore' de Eugénio de Andrade, em versão bilíngue português-francês. Em 1972, aceita o convite de Auden e se torna 'deputy diretor' da 'Oxford Poetry Now' (OPN). No ano seguinte, com a morte do poeta inglês, assume a direção da revista e passa a residir em Oxford. Depois de renunciar ao cargo, é eleito para um mandato de 5 anos como 'executive diretor'. Em 1978 participa do volume de traduções da poesia de Eugénio de Andrade para vários idiomas, publicado como 'Changer de rose: poèmes'. Em 1979 lança 'About the hunt' pela OPN e é reeleito para o cargo que exercia ali. Por esta razão, renuncia as suas funções na Universidade de Bristol. Em 1982, divorcia-se. Em 1984, deixa o cargo da OPN e, no ano seguinte, retorna ao Brasil. Em 1986, nasce, em Oxford, Raphaël Phillippe Bruno, seu filho com Martine Pappalardo. No ano seguinte, acusado de tráfico de drogas, é condenado a 11 anos de prisão. Fica preso por 22 meses em Dartmoor. Ao final desse período, a pena é suspensa. Em 1991, muda-se para Marselha, França, e dois anos depois retorna ao Brasil com a família. Em 1994 publica 'As horas de Katharina', com o qual recebe o Prêmio Jabuti de Poesia. No ano seguinte, sai 'Os deuses de hoje'. No outro, 'Os sapos de ontem' e 'A balada do cárcere', que recebe o Prêmio Cruz e Souza, outorgado pela Fundação Catarinense de Cultura. Em 1997, recebe o Prêmio Abgar Renault, da Academia Brasileira de Letras. Em 1998, sai a 'edição definitiva' de 'Anulação & Outros reparos' e assume a função de editor nas revistas 'Bravo!' e 'República'. Em 2002, publica 'O mundo como ideia', ganhador do Prêmio Jabuti de Poesia. Em 2006, lança 'A imitação do amanhecer'. Falece em São Paulo no dia 27 de junho de 2007. Fontes disponível em: http://brtolentino.wordpress.com/2012/11/06/cronologia/
Modesto Carone Netto nasceu em Sorocaba, interior de São Paulo, no dia 9 de fevereiro de 1937. Filho de João Carone e Lázara Carone. Cursa Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade de Direito da USP entre 1956 e 1960. Pouco tempo depois, entre 1963 e 65, faz Letras Anglo-Germânicas na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da mesma universidade. Assim que se forma, torna-se Leitor Brasileiro na Universidade de Viena, onde participa, até 1967, do curso Língua e Literatura Alemã para Estrangeiros. No retorno ao país inicia o doutorado e passa a ser instrutor da cadeira de Língua e Literatura Alemã da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Em 1969 sai a sua tradução de 'Kafka: Pró e Contra' de Günther Anders. Durante o ano de 1970, regressa ao exterior para fazer um aperfeiçoamento de professores de língua e literatura alemã no Goethe-Institut de Munique. Em 1973, doutora em Letras pela USP com a tese 'Metáfora e montagem em Georg Trakl', passando ao cargo de Professor Assistente Doutor do Departamento de Letras Modernas. No ano seguinte edita sua tese pela editora Perspectiva com o título 'Metáfora e montagem: Um estudo sobre a poesia de Georg Trakl'. Em 1975, fez-se Livre-Docente em Teoria Literária e Literatura Comparada na USP com a tese 'Convergências e divergências: um estudo comparado sobre João Cabral de Melo Netto e Paul Celan'. Dois anos depois, torna-se Professor Visitante do Programa de Pós-graduação do Departamento de Teoria Literária do IEL/Unicamp e, em 1978, no mesmo departamento, Professor Livre-Docente. Em 1979, publica seu segundo livro de ensaios, 'A poética do silêncio: João Cabral de Melo Netto e Paul Celan', e estreia na ficção com o volume de contos 'As marcas do real', com o qual conquista o Prêmio Jabuti. No ano seguinte, surge 'Aos pés de Matilda' (contos). Em 1983, começa a tradução da obra de ficção de Franz Kafka para a editora Brasiliense. É primeira vez que esse autor é traduzido diretamente do alemão. No ano seguinte lança 'Dias melhores' (contos). Em 1990 recebe o Prêmio Jabuti de 'Melhor Tradução' com 'O Processo' de Kafka. Em 1997, a editora Companhia das Letras inicia o relançamento das suas traduções de Kafka e edita as que, até então, permaneciam inéditas: 'O Castelo' (2000) e 'Narrativas do Espólio' (2002). Em 1998, vem a lume 'Resumo de Ana', com o qual consegue o Prêmio Jabuti de 'Melhor Romance'. Em 2009, ganha o prêmio APCA de melhor livro de ensaio/crítica por 'Lição de Kafka'. Além do trabalho com Kafka, publicou traduções de Bertolt Brecht, Walter Benjamin, Theodor Adorno, Paul de Celan e Georg Trakl em livros, revistas especializadas e jornais. Escreveu também artigos críticos em revistas especializadas e em jornais de grande circulação, além de prefácios e posfácios. Foi casado com Marilene Medina Carone (1942-1987) com quem teve dois filhos: Silvia Medina Carone e André Medina Carone. Recentemente, Carone trabalhou na edição da tradução realizada por sua esposa de 'Luto e melancolia' de Freud.
Faleceu em São Paulo no dia 16 de dezembro de 2019.
Aída Costa nasceu em 09 de março de 1911 na cidade de Capivari, SP. Filha de Aurea Guerra Costa e Fernando Costa. Fez o curso secundário no Colégio Universitário, anexo à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), no período entre 1939 e 1940. Em 1942, apresenta a tese “Guerra Junqueiro” para a cadeira de Literatura Portuguesa, regida pelo Prof. Dr. Marques da Cruz, na FFLCH-USP. No ano de 1943, apresenta ao concurso Temas Brasileiro, instituído pelo Grêmio da mesma faculdade, a tese de filologia portuguesa “A Língua portuguesa no Brasil: as tendências do Romantismo” e, no mesmo ano, conclui o bacharelado em Letras Clássicas na FFLCH-USP. Licenciou-se pela mesma faculdade em 1944 e nos anos de 1947 e 1948 especializou-se nas cadeiras de Língua e Literatura Latina, Filologia Portuguesa e Filologia Românica.
Iniciou sua carreira no magistério em 1934 no Ginásio Normal (1934-1944). Posteriormente foi professora de latim do Colégio Paulistano (1944-1948) e do Colégio Estadual Presidente Roosevelt da capital (1948 e 1955). Em 1948, foi contratada para prestar serviços técnicos junto à cadeira de Didática Geral e Especial da FFLCH-USP e no ano de 1952, foi contratada como Auxiliar de Ensino, cargo no qual atuou até 1957, quando assumiu o cargo de Assistente e passou a substituir o Prof. Armando Tonioli na cadeira de Língua e Literatura Latina. Exerceu também o cargo de professora de Português na Faculdade de Filosofia da Universidade Mackenzie em 1953. Assume, em 1956, o cargo de Professora Catedrática Efetiva da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade de Minas Gerais (hoje, Fafich-UFMG) e no ano de 1958, participa do concurso de Literatura Latina da Faculdade de Filosofia da Universidade de Minas Gerais (hoje, Fafich-UFMG) com a tese “Influências helênicas no teatro de Plauto: a Aulularia”. Em 1960, tornou-se professora colaboradora junto à cadeira de Língua e Literatura Latina da FFCL-USP e em 1970, passa a trabalhar como professora titular de Língua e Literatura Latina, onde ensinava sintaxe da Língua Latina.
Aída Costa, era irmã de um dos sócios fundadores da Editora do Brasil, Carlos Costa, e, foi autora, responsável pelo programa de português, do livro “Admissão ao Ginásio”, publicado a partir de 1943 e que contou com mais de 550 edições até 1970. Além desse livro, ela foi autora de vários livros relacionados à língua portuguesa e ao latim, publicados pela mesma editora. Publicou também: “Elementos Populares em Catulo” (Ed. Cruzeiro do Sul, 1952); Série Didática do Brasil (Ed. do Brasil, 1956); “Temas Clássico” (Ed. Cultrix, 1978) dentre outros títulos.
Faleceu no dia 12 de setembro de 1996.
Filho de João Tarallo e Ida Cavalli Tarallo, Fernando Luiz Tarallo nasceu em 22 de Abril de 1951 em Louveira, na época distrito de Vinhedo. Entre 1966 e 1968, frequentou o curso Clássico do Colégio Estadual Prof. José Romeiro Pereira em Jundiaí, onde conheceu como professor de Latim, Carlos Franchi, que mais tarde veio a ser seu colega de departamento no IEL. Graduou-se em Licenciatura em Letras (Português, Alemão e Latim) na Universidade de São Paulo em 1974. Durante a graduação, para se sustentar em São Paulo, deu aulas em cursos supletivos e de segundo grau, além de aulas particulares. Integrou ainda como aluno da graduação, a primeira equipe de documentadores do Projeto de Estudo da Norma Urbana Linguística Culta da Cidade de São Paulo, constituída por Ada Natal Rodrigues, na qual atuou até 1973. Terminada a graduação, ministrou cursos de Língua alemã na Faculdade Ibero-Americana de Letras e Ciências Humanas em São Paulo entre 1975 e 1976. Lecionou também na UNESP, campus de Araraquara em 1976. Entre 1976 e 1977 cursou especialização em Germanística na Universidade Albert-Ludwigs, em Freiburg im Breigau, Alemanha. Em 1978 foi aprovado com distinção no mestrado em Língua e Literatura Alemãs pela Universidade de São Paulo, de onde seguiu para a Universidade da Pensilvânia, Estados Unidos, aproximando-se de Gillian Sankoff, William Labov e Anthony Kroch, que orientaram seu doutorado em Linguística, obtido em 1983 com a tese Relativization strategies in brazilian portuguese. De volta ao Brasil, lecionou Sociolinguística na PUC de São Paulo entre 1983 e 1987. Ingressa como professor no Departamento de Linguística da Universidade Estadual de Campinas em 1983. Nesse Departamento, desenvolveu com plenitude sua carreira de professor (Sociolinguística, Linguística Histórica, Sintaxe) e de pesquisador. Entre 1986 e 1989 realizou estágios de pós - doutorado na Universidade da Cidade de Nova Iorque, no Seminário de Romanística da Universidade de Hamburgo e na Universidade de Ottawa. A partir de 1988, passou a integrar o 'Projeto de Gramática do Português Falado', como coordenador do grupo de trabalho de Sintaxe II, juntamente com a professora Mary Kato. Durante sua docência, orientou dezessete dissertações de mestrado e três teses de doutorado, escreveu três livros, sua tese de doutorado, A Pesquisa Sociolinguística, 1985, Falares Crioulos. Línguas em Contato, em coautoria com Tânia Alkmin, 1987, Vozes e Contrastes. Discursos no Campo e na Cidade, em coautoria com Eni Orlandi e Eduardo Guimarães, 1989. Esse último trata-se da publicação dos resultados do projeto de pesquisa 'Produtividade e/ou Criatividade: um estudo da linguagem cotidiana da zona rural em situação de contato', um projeto interdisciplinar e de integração entre a Unicamp e a Comunidade proposto pela professora Eni Orlandi, no âmbito de um Projeto Global do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação _ NEPA, na Unicamp. Organizou ainda os livros Fotografias Sociolinguísticas, 1989 e Sociolinguística. Em 1990 publicou também o livro 'Tempos Linguísticos'. No mesmo ano tornou-se Livre-Docente na Universidade Estadual de Campinas, com a média dez. Em 1991 foi contemplado com uma Bolsa de Reconhecimento Acadêmico 'Zeferino Vaz'. Escreveu 23 ensaios para revistas nacionais e estrangeiras, e participou ativamente de inúmeros congressos no país e no exterior. Faleceu em 1992. Fontes: CASTILHO, Ataliba T. de. Prefácio do Livro Tempos Linguísticos de Fernando Tarallo. Processo de Vida Funcional de Fernando Luiz Tarallo, Universidade Estadual de Campinas, Sistema de Protocolo, Arquivo Central da Unicamp.