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Registo de autoridade
Reitoria
Milton Barbosa
Pessoa singular · 1948-

Milton Barbosa nasceu em 12/05/1948, na cidade de Ribeirão Preto (SP). Filho de Iná Barbosa e João Câncio Vieira, irmão de Maria de Lourdes Vieira. Aos três anos mudou-se com a mãe e a irmã para São Paulo, na vila Joaquim Antunes, bairro do Bixiga. Fez seus primeiros estudos na escola S. José, no mesmo bairro em que morava, depois ingressou na Escola Estadual Rodrigues Alves, na Avenida Paulista. Aos quatorze anos, em 1964, começou a trabalhar como auxiliar de escritório na empresa Publicidade Teatral Ribeiro Ltda, onde permaneceu até 1968, período em que interrompeu seus estudos. Nessa época, cursou datilografia e taquigrafia. Aos dezenove anos retomou os estudos e concluiu o ensino básico, sendo que na sequência ingressou no cursinho pré-vestibular. Nessa época trabalhou como calculista de balanços no Supermercado Pão de Açúcar, depois como auxiliar de escritório na Olivetti – Indústria de Máquinas S/A. Desde os dezesseis anos fazia parte da Escola de Samba Vai-Vai e, junto com um amigo, criou uma ala que chamaram de “Levanta que eles vêm chegando”, composta por aproximadamente 30 homens. Depois, já preocupado e refletindo sobre as questões raciais, criou a ala “Cala a Boca”, onde permaneceu até 1980. Desde o final dos anos 1960 e início dos 1970, fez parte do Grupo Decisão, que reunia alguns jovens no centro de São Paulo para discutir sobre as questões raciais. Alguns membros desse grupo se reencontraram na USP e, juntos, publicaram o jornal “Árvore das Palavras”, inspirado na revista “Bondinho” (1970-1972) e no jornal “EX” (1973-1975), que foram experiências de imprensa alternativa durante o período da ditadura militar. Os jovens desse grupo distribuíam os jornais em frente à extinta loja Mappin, no centro de São Paulo. Em 1973, Milton Barbosa foi aprovado para o curso de Economia na Universidade de São Paulo (USP), onde logo se envolveu com o movimento negro e o movimento estudantil, tornando-se diretor do Centro Acadêmico “Visconde de Cairu”, em 1974. Nesse mesmo ano começou a frequentar o Centro de Cultura e Arte Negra (CECAN), com sede na rua Maria José, 450, bairro Bela Vista, junto com Odacir de Matos, tendo sido por meio dessa entidade que Milton estabeleceu contato com outros centros culturais de São Paulo. Também em 1974, ingressou na Liga Operária, onde permaneceu até 1976. Em novembro de 1975, começou a trabalhar na Cia. do Metropolitano de São Paulo como Técnico de Métodos Operacionais, ministrando treinamento aos funcionários de operação. Foi eleito diretor da AEMESP (Associação dos Funcionários Metropolitanos de São Paulo), que mais tarde se tornaria o Sindicato dos Metroviários de São Paulo. Em 1977, foi eleito Vice-Presidente do CECAN e ali promoveu as reuniões para discutir questões raciais que culminaram na criação do Movimento Negro Contra a Discriminação Racial – MNCDR, que depois viria a ser denominado Movimento Negro Unificado. O Movimento foi deflagrado em 1979, após a morte por tortura policial, de Robson Silveira da Luz, primo de Rafael Pinto, integrante do CECAN e um dos criadores do MNU. A reunião que deu origem ao Movimento ocorreu no dia 18 de junho de 1978, e contou com a presença do Grupo Brasil Jovem, do Centro de Estudos Afro Brasileiro (irmãos Prudente e Clóvis Moura), do filho do deputado federal Adalberto Camargo, Adalberto Camargo Filho, representando a Câmara de Comércio Afro Brasileiro e do Núcleo Socialista Afro-Latino América. Foi produzida nesse encontro uma carta aberta, escrita por Milton Barbosa e Hamilton Cardoso, para ser distribuída no ato de lançamento do movimento, programado para acontecer nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo. Ainda como funcionário do Metrô, Milton criou nessa empresa o Núcleo de Negros Metroviários e, nesse mesmo ano, em 1979, foi demitido pelo governo de Paulo Maluf em função de sua atuação junto ao MNU. Entre os anos 1981 e 1982, trabalhou como autônomo na empresa Escala Pesquisa de Mercado SA e, como militante do Partido dos Trabalhadores (PT) e junto a Clóvis de Castro e Flávio Carranza, criou a 1ª. Comissão de Negros do PT. Em 1984 foi readmitido no Metrô, mas permaneceu como diretor nacional do MNU, o que lhe rendeu nova demissão do Metrô, em 1988. Em 1989, passou a atuar na Anhembi Turismo e Eventos da cidade de São Paulo como assessor da Presidência para eventos externos, permanecendo até 1990, quando então criou a Fundação da Associação dos Prestadores de Serviços. Nesse mesmo ano, foi eleito presidente do Centro de Defesa do Negro “Wanderley José Mário”. A partir de janeiro de 1991, passou a colaborar com projetos culturais e de lazer para comunidades carentes e da terceira idade no CMV – Corpo Municipal de Voluntários, onde assumiu o cargo de Assistente da Diretoria de Planejamento. Entre 2002 e 2007, aproximadamente, Milton Barbosa e Regina Lúcia dos Santos fundaram, administraram e ministraram aulas no Curso Pré Vestibular Comunitário “Tereza de Quariterê”, prestando assistência a estudantes que desejavam ingressar na universidade. Milton Barbosa acumulou importantes funções dentro do MNU, tendo sido Coordenador Nacional durante vários anos; Coordenador Estadual de São Paulo entre 1992/1993; Coordenador de Relações Internacionais entre 1994/1995; Coordenador de Formação Política e Organização entre 1995 e 2000; Coordenador Estadual de São Paulo entre 2003 e 2006; e novamente Coordenador de Relações Internacionais entre 2007 e 2010, quando fez um pedido de anistia política e reparação econômica por ter sido perseguido por atuar no Movimento Negro. Milton Barbosa foi casado pela primeira vez com Elenita, com teve uma filha chamada Kaluembi Barbosa. Casou-se pela segunda vez com Maria de Fátima Ferreira, com quem teve 5 filhos: Chindalena Ferreira Barbosa, Andalakituche F. Barbosa, Mutana F. Barbosa, Akinyele Kayode F. Barbosa e Samoury Nugabe F. Barbosa. Atualmente é casado com Regina Lúcia dos Santos, também membro do MNU, e não tiveram filhos. Milton Barbosa é hoje o presidente de honra do MNU.

João Apolinário Teixeira Pinto
Pessoa singular · 1924-1988

João Apolinário Teixeira Pinto nasceu na freguesia de Belas, concelho de Sintra, Portugal, em 18 de janeiro de 1924. Concluiu o ensino secundário em Lisboa, onde frequentou o Colégio Valsassina e o Liceu Camões. Apesar de ter se graduado em Direito pelas Universidades de Coimbra e Lisboa em 1945, optou por dedicar-se ao jornalismo e à poesia. Aos 21 anos foi para a França como correspondente da agência espanhola de informações Logos, onde teve a oportunidade de frequentar a universidade Sorbonne e conhecer intelectuais e artistas como Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Antonin Artaud, Jean Genet, Marcel Marceau e Édith Piaf. Após retornar a Portugal, casou-se com Maria Fernanda Gonçalves Talline Carneiro em março de 1949, com quem teve dois filhos, João Ricardo e Maria Gabriela. Ambos seguiram, posteriormente, carreiras profissionais no Brasil, o primeiro como compositor, cantor e fundador do grupo brasileiro Secos & Molhados, e a segunda como docente da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Em novembro de 1950, João Apolinário fez parte do grupo de intelectuais que, reunidos por Manuel Breda Simões, viria a ser responsável pela criação do Teatro Experimental do Porto (TEP). Em 1958, desempenhou o cargo de Secretário na delegação do Porto da Associação Portuguesa de Escritores. Perseguido e preso pela polícia política da ditadura portuguesa devido a uma produção engajada e apartidária, partiu para o exílio no Brasil em dezembro de 1963. Fixou-se na cidade de São Paulo, onde encontrou emprego no jornal “Última Hora”, do qual viria a ser redator, colunista, crítico de teatro e editor de variedades. Após o golpe militar de 1964, como forma de manter a liberdade de seus textos, fez questão de não receber pelas críticas publicadas naquele jornal e também em “O Globo”. Durante o regime de exceção, escreveu sobre um teatro brasileiro que buscava construir uma identidade nacional em meio aos conflitos sociais e políticos daquele período. Conviveu com uma reconhecida geração de diretores, dramaturgos e atores brasileiros, tais como Oduvaldo Viana Filho, Ademar Guerra, Gianfrancesco Guarnieri, José Celso Martinez Corrêa, Augusto Boal, Plínio Marcos, entre outros. Em sua crítica, Apolinário acompanhou e escreveu sobre o trabalho de importantes grupos teatrais do país, como o Teatro Brasileiro de Comédia, o Teatro de Arena e o Teatro Oficina. Em consonância com sua ideia de criação de uma política cultural para São Paulo, foi co-fundador da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) em 1972, ano em que foi eleito presidente da entidade. Retornou a Portugal em 1975, já com a sua segunda esposa, Maria Luiza Teixeira Vasconcelos, logo após a restauração da democracia no país. Morreu de câncer, aos 64 anos, em 22 de outubro de 1988, na vila portuguesa de Marvão.

Antonio Arantes
Pessoa singular · 1943-

Antonio Augusto Arantes Neto nasceu em 1943 na cidade de São Paulo. Graduou-se em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP), em 1965. Tornou-se mestre em Antropologia Social pela mesma universidade, sob a orientação de Eunice Ribeiro Durham, em 1967, com dissertação sobre o compadrio no Brasil rural. Em 1978, concluiu seu doutorado em Antropologia Social pelo King’s College, da Universidade de Cambridge (Reino Unido), sob a orientação de Sir Edmund Leach. Foi um dos fundadores do Departamento de Antropologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), instituição a que está vinculado desde 1968. Além de sua ampla e produtiva trajetória acadêmica, presidiu o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo (CONDEPHAAT), entre os anos de 1983 e 1984, o Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (CONDEPACC), a Associação Brasileira de Antropologia (ABA), entre 1988 e 1990, e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), de 2004 a 2006. Entre 1990 e 1993, foi Secretário-geral da Associação Latino Americana de Antropologia (ALA) e Vice-Presidente do Comitê Científico do ICOMOS sobre Patrimônio Cultural Intangível, entre 2017 e 2020. Colaborou com a Unesco na elaboração e implementação da Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Intangível entre os anos de 2000 e 2014. Recebeu a medalha Roquette Pinto (ABA, 2003) por sua contribuição à antropologia brasileira, além da medalha Mário de Andrade (IPHAN, 2017) e homenagens do Centro Cultural Cartola (2005) e da Assembleia Legislativa de São Paulo (2019), por suas contribuições e dedicação em defesa do patrimônio cultural.