Michel Debrun nasceu na França. Cursou a "École Normale Supérieure" de Paris, na área de Filosofia, licenciando-se em Filosofia pela Sorbonne, em 1944. Formou-se pela "École Libre de Sciences Politiques" (hoje "Institut d’Études Politiques" de Paris), nas áreas de finanças públicas e ciência política. Tornou-se professor concursado (Agrégé) de Filosofia, pela Universidade de Paris, em 1946. Em 1982 obteve o título de livre-docente em Filosofia Política, na UNICAMP, apresentando o trabalho sobre o tema "A partir de Gramsci: Filosofia, Política e Bom Senso". Lecionou de 1946 a 1956 na Universidade de Toulouse, como professor de Filosofia Social e Política da "Faculté des Lettres et Sciences Humaines" e como professor de Filosofia do curso de seleção de graduados para ingresso na "École Normale Supérieure", de Paris. Radicado no Brasil desde 1956, ministrou cursos de Política no Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), durante o ano de 1958 e foi convidado como professor visitante de Sociologia e Ciência Política, em missão do Governo Francês, na Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas (EBAP/FGV), até 1960. Trouxe para essa Escola a cultura sólida e bem estruturada, que é tradicional entre os mestres franceses, e nela, em contato diário com professores e alunos, assimilou a alma brasileira e a nossa língua. No último ano de sua permanência na EBAP/FGV e, por solicitação dessa instituição, escreveu o livro O Fato Político, onde "pretende facilitar uma tomada de consciência da dimensão política e das relações entre a vida política e a vida social total". De 1960 a 1965, lecionou como professor visitante de Ciência Política e Ética no Departamento de Filosofia do Instituto de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. O professor Debrun foi destacado pela UNESCO entre: 1966 e 1968 para, em missão junto ao Ministério da Educação do Brasil, assessorar e elaborar projetos de reestruturação administrativa das Secretarias Estaduais de Educação e Cultura; 1968 e 1970, junto ao Governo do Irã, para a elaboração de projetos de formação e reciclagem de planejadores e administradores educacionais, e para a montagem dos órgãos de planejamento educacional daquele país; 1966 e 1970, para participar de vários seminários e conferências sobre planejamento educacional, realizados pelo Instituto Internacional de Planificação da Educação, ligado à UNESCO, em particular: a "Conférence Internationale sur la Planification de l’Éducation", UNESCO, Paris, 1968. A partir de 1970, passou a lecionar no Departamento de Filosofia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da UNICAMP. Assumiu em 1972 o cargo de Coordenador do Departamento de Ciências Sociais e Coordenador de Ensino Superior do Curso de Bacharelado de Ciências Sociais, dos quais foi exonerado, a seu pedido, em 1973, para se dedicar prioritariamente à docência e pesquisa. Em 1974 assumiu a coordenação da Pós-Graduação em Ciência Política do IFCH. Entre os anos de 1974 e 1976 atuou como membro da Comissão de Pós-Graduação do IFCH. A partir de 1976 integrou a Comissão de Pós-Graduação em Filosofia e tornou-se professor Titular de Filosofia. Participou de várias bancas examinadoras de teses e concursos na USP, UNICAMP e outras universidades brasileiras. Em 1971 foi nomeado Conselheiro de Cooperação Cultural, Científica e Técnica, junto à Embaixada da França em Montevidéo, cargo ao qual renunciou para atender suas atividades docentes na UNICAMP. Michel Debrun é membro fundador do Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência (CLE), órgão da UNICAMP fundado oficialmente em 1977. Neste mesmo ano coordenou no CLE o Seminário de Epistemologia das Ciências Humanas. Além disso realizou pesquisar no CLE sobre os conceitos de "ocultação ideológica" e "dissociação ideológica"Desde 1986, o professor Michel Debrun passou a coordenar um grupo de pesquisadores da UNICAMP e de outras instituições, os quais estudavam problemas relacionados com as noções de "ordem", "desordem", "crise", "caos", "informações", "autopoiese", "auto-referência" etc. A partir de 1992, o debate dos seminários centralizou-se em torno da auto-organização e informação e das suas inter-relações. Em 1987 coordenou o colóquio "CLE 10 anos – Ordem e Desordem", e em julho do mesmo ano o simpósio: "Modelos de Ordem e Desordem: possibilidades e limitações da sua transposição de uma área de conhecimento para outra", organizado pelo CLE e apresentado na 39a Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada em Brasília. Em 1990 o Conselho Universitário da Universidade Estadual de Campinas outorga-lhe o título de Professor Emérito da Unicamp.
Walter Hugo de Andrade Cunha nascido em 15 de novembro de 1929, no município de Santa Vitória, antigo distrito de Ituiutaba em Minas Gerais, sendo o sexto entre os sete filhos de José de Andrade Santos, professor de matemática, de quem aprendeu a lógica, o raciocínio, a capacidade de expressão e argumentação e Dona Euclides de Andrade Cunha, fazendeira.
Segundo o relato do próprio Walter Hugo de Andrade Cunha, ele viveu a infância até os 3 ou 4 anos, em uma fazenda em Minas Gerais, e, depois, até completar os 9 anos, na cidade de Uberlândia, Minas Gerais.
Em dezembro de 1938, depois de ter completado o primeiro ano primário em Uberlândia, mudou-se para a cidade de São Paulo, onde frequentaria praticamente uma escola diferente a cada ano. Experiência que parece ter sido responsável pela visão um tanto ácida adquirida por ele sobre a escola e o ensino formal, mostrado, por exemplo, no artigo “Contra a Escola”, publicado em 1951 no jornal acadêmico do Colégio Roosevelt da Rua Joaquim, em São Paulo, ou em certas inovações introduzidas em seu próprio ensino (por exemplo, um sistema de diálogo mediante relatórios de progresso entre o professor e cada aluno individual, adotado em seu curso de pós-graduação “Observação do Comportamento Animal”, na Universidade de São Paulo)”.
Do segundo ao quarto ano primário, cursou no Grupo Escolar Marechal Floriano, na Vila Mariana em São Paulo. Sua professora do segundo ano, segundo o biografado, esbravejava com os alunos à menor desatenção, a do terceiro tinha uma atitude burocrática e à do quarto ano, Dona Alzira, cujo sobrenome não lembra, além de gritar estridentemente com os alunos pelo menor motivo, agredia-os com reguadas, coques e puxões de orelha.
Um acontecimento logo no primeiro mês de aula no quarto ano primário o marcou: recebeu como castigo por alguma desatenção a incumbência de escrever, com letra desenhada em um caderno de caligrafia, quinhentas vezes uma enorme frase que expressava que o bom aluno deve ser atento às aulas e cumpridor de seus deveres. Como ele completou as quinhentas frases sem desenhar as letras, recebeu a incumbência de escrever outras mil, mas feitas com capricho. Seu pai, ao encontrá-lo de madrugada cumprindo o castigo, resolveu interromper a tarefa, escrevendo no caderno as razões por que mandara o seu filho parar com o castigo. Tal atitude custaria a este sermão estridente com recados para seu pai acerca de quem era a autoridade que mandava na sala de aula. Recado esse que veio acompanhado de uma boa dezena de coques e reguadas, para que ele o guardasse bem em sua cabeça.
No dia seguinte, seu pai, vestido com elegância: jaquetão preto, colete e chapéu, acompanhado de seu filho e da filha mais nova, foram à sala do Diretor do Grupo, por sobrenome Almeida, que ouviu atentamente a preleção de seu pai sobre as virtudes da boa pedagogia (justiça seja feita, seu pai sempre fora considerado um excelente professor e tinha ótimos cargos). O Diretor se desculpou, oferecendo mudá-los de classe e, por fim, acedeu em conceder transferência para o Grupo Escolar Pedro Voss, na Vila Clementino, bem menor, mas com a vantagem de ser próximo de sua casa.
Nessa nova escola teve a sorte de contar com uma professora afetuosa e inteligente, Dona Jandyra Moraes, que gostava do que fazia. Ao terminar o curso primário, foi o destaque da escola segundo o discurso do Diretor, e contemplado com uma medalha de cuja existência só viria, a saber, depois de adulto, pois, conforme sua mãe, seu pai a recebera por ele juntamente com o diploma, mas a escondera, segundo a mesma, por ciúme ou despeito, mas alegando que assim procedera para evitar que o filho ficasse "muito cheio de si".
As duas primeiras séries do curso ginasial cursou no Ginásio Anglo Latino onde segundo ele, a maioria de seus professores ali, pareciam burocráticos, prepotentes, irônicos para com os alunos e pouco interessados neles. Até o segundo ano ginasial, que fazia pela segunda vez, Walter Hugo pecava pelo descaso e pela traquinagem, até que, dos 14 para seus 15 anos, um novo acontecimento marcaria seu destino. Isso ocorreria durante nova mudança extemporânea e transitória da família para Uberlândia.
A transferência escolar foi feita fora de época, em setembro, para o Ginásio Estadual de Uberlândia, ficando ele e mais dois irmãos - o imediatamente mais velho e a mais nova, então na mesma série - numa mesma classe. A transferência foi conseguida por seu pai graças à mediação do jornalista David Nasser, repórter da revista "O Cruzeiro", o qual havia sido seu aluno nesse mesmo ginásio, onde lecionavam, aliás, vários ex-alunos e admiradores de seu pai.
Pressentindo a separação próxima e inevitável de seus pais, e, tomando consciência de seu despreparo para a vida e de sua pouca serventia para a sua mãe, caso precisasse valer-lhe, mudou sua atitude para com a escola e assumiu a responsabilidade por sua formação, que seria marcada pelo autodidatismo.
Daí por diante sempre teria, na escola, o mais alto desempenho, mas numa trajetória que continuou, até a faculdade, acidentada. De fato, de volta para São Paulo com a família em 1945, fez o 3o. ano ginasial numa escola particular à noite e, em 1946, o quarto ano no recém-inaugurado Ginásio da Mooca, havendo sido, como no final do curso primário, homenageado com medalha e destacado na fala oficial do Diretor. Em 1947, ingressou mediante exame classificatório, no primeiro ano do Curso Colegial Científico no Colégio Roosevelt da Rua São Joaquim, mas, insatisfeito com o curso, transferiu-se no ano seguinte, mediante exame de suficiência em latim e francês, para o curso colegial clássico. No colegial, os professores de maiores influências sobre o jovem Walter Hugo foram os de filosofia, os professores João Damasco Penna e Décio de Almeida Prado e de história geral, professora Dona Maria Simões.
Em 1949, a pedido de seu pai, deixou o colegial clássico para acompanhá-lo e a dois de seus irmãos numa tentativa de formar uma fazenda no sertão de Goiás. Em outubro desse ano rompeu com seu pai e voltou para São Paulo, trabalhando durante o dia em cargos técnicos de nível médio e cursando à noite, durante dois anos, a Escola Normal para poder ter uma profissão que lhe permitisse estudar. Depois, ao descobrir que o Curso Normal não dava direito a prestar vestibular para o Curso de Filosofia, em mais um ano, à noite, cursou a série que faltava para concluir o curso colegial clássico no Colégio Roosevelt da Rua São Joaquim.
Assíduo leitor, durante sua juventude, de Schopenhauer e de Will Durant, ingressou no curso de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, formando-se em Filosofia em 1956. Durante o curso interessou-se por Psicologia, principalmente em sua parte experimental. Nessa época, essa disciplina era vinculada ao curso de Filosofia.
Teve como professores Lívio Teixeira, João Cruz Costa, Lineu Schultzer, João Cunha Andrade, Florestan Fernandes, Antônio Cândido de Mello e Souza, Gilda de Mello de Souza, Ruy Coelho de Andrada Galvão, Annita de Castilho e Marcondes Cabral, Dante Moreira Leite, Carolina Martuscelli Bori, Arrigo Leonardo Angellini, Romeu de Morais Almeida, Maria da Penha Pompeu de Toledo, José Arthur Giannotti, Amelia Americano, Onofre Penteado e Joel Martins. Desses, considera terem sido mais importantes para sua formação os professores Lívio Teixeira, Carolina Martuscelli Bori e principalmente os professores Annita de Castilho e Marcondes Cabral.
Logo que se formou passou a trabalhar como professor na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, ministrando diversos cursos, aulas teóricas e práticas, bem como orientando alunos de mestrado e doutorado posteriormente. No início de sua carreira docente trabalhou sob a orientação da professora Annita de Castilho e Marcondes Cabral.
Lecionaram ao mesmo tempo na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP os professores Fernando Henrique Cardoso, Oswaldo Pereira Porchat, Rui Fausto, Isaias Pessoti, entre outros.
Paralelamente aos seus trabalhos acadêmicos, atuou de 1950 a 1960 junto à Divisão de Psicotécnica da extinta Companhia Municipal de Transportes Coletivos (CMTC), órgão ligado à Prefeitura Municipal de São Paulo, onde realizou uma pesquisa pioneira no país sobre a validade das provas psicotécnicas utilizadas na seleção profissional do motorista de ônibus segundo os critérios representados pelos tempos de treinamento e pelo número de acidentes de trânsito e de suspensões disciplinares apresentados pelos motoristas em seu desempenho profissional.
No período de setembro de 1960 até junho de 1961, Walter Hugo esteve na “University of Kansas”, Lawrence, Kansas, EUA, na qualidade de “Exchange Visitor”, onde cursou diversas disciplinas de pós-graduação ligadas à Psicologia Experimental com vistas a encarregar-se, em sua volta, conforme determinação dos professores Annita de Castilho e Marcondes Cabral, de quem era Assistente, da instalação de um Laboratório e do Ensino Teórico e Prático dessa disciplina no recém criado Curso de Psicologia da USP.
Após seu regresso dos EUA, dedicou-se à tarefa indicada acima e à elaboração de sua tese de doutorado sobre o comportamento de Paratrechina (Nylanderia) fulva Mayr, fato que o levaria a ser indicado pela Coordenação dos Professores do Curso de Psicologia para ministrar a disciplina Psicologia Comparada (posteriormente, Psicologia Comparativa e Animal), tendo sido o primeiro professor dessa matéria no Brasil. Sua pesquisa de doutorado mais tarde daria origem ao livro “Explorações no Mundo Psicológico das Formigas” (Ed. Ática).
Apesar de ter concluído sua tese em 1966, seu interesse pelas formigas data de anos antes, segundo o próprio professor Walter Hugo, e se deu de uma forma bastante singular. Lá por 1952 ou 1953, ele morava com seu irmão em uma pensão. Um dia, seu irmão estava deitado na cama, muito triste por ter sido expulso de um curso. Na parede que ficava próxima a essa cama, uma trilha de pequenas formigas ia do teto ao chão e de lá, por uma perna de mesa, subia até uma lata de doce. Enquanto conversavam, seu irmão ia esmagando algumas das formigas da trilha. A reação dessas formigas que chegavam às proximidades do local chamou a sua atenção por seu aspecto emocional, de pânico mesmo: estacavam, com estremecimento e agitação de antenas, retornavam em uma carreira desabalada e tortuosa, às vezes despencando ao solo. Julgando a emoção um fenômeno psicológico complexo, que de alguma forma a memória do passado é utilizada para conferir significação a eventos presentes e projetar o futuro imediato, e, dessa forma, não a julgando provável em um inseto, decidiu anos depois, quando as circunstâncias da vida o permitiram, dedicar-se ao esclarecimento do fenômeno em formigas e ao estudo do comportamento animal. Essa captação levou-o, no caso das formigas, a investigar a determinação do comportamento por fatores da experiência passada individual dos insetos, um tema praticamente intocado pela pesquisa biológica existente.
Apesar de seu antigo e profundo amor, fascínio e curiosidade em relação aos bichos, o projeto de vida acadêmica de Walter H. Cunha não visava ao estudo de animais, e, sim de filosofia, outra paixão, nascida quando aos 18 anos, leu na íntegra e em tradução francesa "O Mundo Como Vontade e Representação" de Schopenhauer. Ao projetar seu ingresso na Faculdade de filosofia, não pretendia trabalhar com bichos, até porque "nunca tive bons professores de Biologia, Zoologia no científico", e, convicto da direção de seus interesses, transferiu-se para o curso Clássico. O animal tinha entrado na vida acadêmica de Walter H. Cunha pesquisador sobre a origem das emoções; foi o papel de professor que o levou a integrar essa experiência em uma Psicologia Animal propriamente dita, o que gerou a criação do 1º laboratório de Psicologia Animal, destinado originalmente à ministração de aulas práticas de Psicologia comparativa, inclui, além desse background pessoal, a necessidade de prepara-se para ministrar essa disciplina, o que o colocou em contato com a literatura da Etologia; e algumas condições circunstanciais, a principal sendo o fato de que já existia, no Instituto Biológico de São Paulo, um formigueiro artificial de saúvas, instalado sob a direção de Mario Autuori, e que serviu de modelo e ponto de partida.
Iniciado no porão da Alameda Glete, onde compartilhava o espaço com as atividades práticas de outras disciplinas da Cadeira, o laboratório de Psicologia Animal passou por uma série de instabilidades na sua fase inicial. A instalação materialmente precária e ainda pouco elaborada do formigueiro artificial, nas instalações do laboratório, permitia fugas maciças das formigas, desfalcando o formigueiro, o que interferia nas atividades de outras disciplinas, já que os docentes e alunos engajados com as atividades referentes ao formigueiro vez ou outra se encontravam engatinhando pela sala atrás das formigas ‘fujonas’.
Houve também uma fase em que o laboratório foi deslocado por duas vezes, entre 1967 e 1969, na primeira para as novas instalações da Cadeira de Psicologia, e depois para os barracões da Cidade Universitária.
Em 1966, pressionado pela necessidade de manter vivo o laboratório, Walter H. A. Cunha teve a idéia – influenciada pelos relatos de Baerends sobre Amophila – que deu origem ao laboratório atual: ao invés de coletar a panela inicial e instalá-la em um recipiente, produzir o formigueiro desde seu início, coletando içás no dia da revoada, e colocando-as em frascos de vidros cheios de terra. Frascos de palmito foram usados na primeira experiência, realizado na casa do professor, e o sucesso obtido determinou o rumo das tentativas seguintes.
Na revoada de 1967, a experiência foi repetida, mas dessa vez com vidros de lampião, que podiam ser removidos de sua base. Cerca de 30 formigueiros foram obtidos com essa técnica.
Com a mudança para a Cidade Universitária, em 1968, foi possível o planejamento de um laboratório com condições mais propícias para a sobrevivência das colônias.
O laboratório de saúvas foi o berço da disciplina Observação do Comportamento Animal, ministrada pelo Prof. Cunha a partir de 1968 e cursada praticamente pela totalidade dos alunos do curso de pós-graduação durante os anos em que foi oferecida, por ser considerada uma disciplina básica de formação científica e metodológica. Ao longo de dez anos de ministração dessa disciplina Walter Cunha aperfeiçoou um método de ensino e orientação que marcou toda uma geração de alunos e sua atuação posterior em outros centros de ensino e pesquisa no Brasil.
A sua produção intelectual é bastante intensa, participando de congressos em nível nacional e internacional com apresentação e publicação de trabalhos. Seu artigo “Convite-Justificativa para o Estudo Naturalístico do Comportamento Animal”, publicado em 1965, pode ser considerado, o manifesto do pensamento etológico no Brasil e, provavelmente, na América Latina também.
Foi membro da Sociedade Brasileira para Progresso da Ciência, da Associação Brasileira de Psicólogos, da Sociedade de Psicologia de São Paulo e da Sociedade Latino-americana de Psicobiologia onde exerceu papel fundamental na organização do I Congresso Latino-americano de Psicobiologia realizado em São Paulo, no ano de 1973. É membro honorário da Sociedade Brasileira de Etologia. Foi o criador do primeiro Núcleo Universitário de Pesquisa e Ensino de Pós-Graduação de Etologia no Brasil e, talvez, da América Latina.
Lecionou, em nível pós-graduado, grande variedade de disciplinas etológicas (por exemplo, “Instinto”, “Sociedades Animais”, “Observação do Comportamento Animal”, “Investigação do Comportamento Animal”, “Evolução e Comportamento”, etc.) e psicológicas (por exemplo, “Cognição, Propósito e Umwelt em Animais”, “Teorias e Sistemas da Psicologia”, “O Arcabouço Conceitual da Psicologia”, etc.)”.
Seu trabalho trouxe importantes contribuições científicas, não apenas para a Psicologia, mas também para as áreas de Etologia e Psicobiologia. Entre elas citamos:
• Uma extensão da abordagem etológica a fenômenos e a problemas psicológicos;
• Novas descobertas na investigação do comportamento, como a relativa ao fenômeno da pré-calibração ao ambiente e seu papel na regulação do comportamento psicologicamente mediado (o comportamento não desencadeado por estímulos, mas com caráter de conduta, ou propositado).
• Reflexões sobre as relações entre a Psicologia e a Etologia, reflexões estas que estariam segundo certos autores, entre as mais importantes contribuições recentes a estas duas ciências;
• Uma análise original e proposições novas sobre a natureza do comportamento, seus modos de organização e seus mecanismos subjacentes, e suas implicações para uma reconsideração do antigo problema das relações mente-corpo e para uma Psicologia Comparada renovada.
• Um aprofundamento do estudo de processos cognitivos em animais e seu provável papel na evolução e adaptação do organismo.
Há muitos fatos interessantes na carreira acadêmica do professor Walter Hugo. Citaremos alguns deles. O professor Arthur José Giannotti foi seu colega no primeiro cientifico no Colégio Roosevelt da Rua São Joaquim e depois ele seria aluno de Giannotti numa disciplina de Lógica no Curso de Filosofia. Eles entretiveram alguma conversação, posteriormente, sobre Psicologia (pediu-lhe sua opinião sobre o artigo acerca da psicologia de Skinner que publicaria na Revista do CEBRAP), sobre política universitária e sobre auxílio financeiro a exilados políticos do regime militar.
Bento Prado Júnior foi seu aluno, como também a mulher de Bento, Lúcia Eneida Seixas Prado de Almeida Ferraz, e vários outros como Marilena Chauí, Leônidas Hegenberg, Vlado Herzog, Raduan Nassar, Emir Simão Sader no curso de Filosofia antes de 1960, quando viajou para os Estados Unidos. Participou com o professor Bento de vários encontros sobre psicologia e filosofia, e apreciava muito a sua companhia, seu humor, sua informação e sua cordialidade.
Vlado Herzog foi também seu aluno, eles voltavam sempre juntos após as aulas, às vezes acompanhados de algum outro colega; trocavam idéias sobre psicologia, filosofia, cultura brasileira, política (eram avessos ao anticomunismo e ao franco americanismo abraçado pela maioria dos militares), sobre costumes e o alegre temperamento de seus conterrâneos iugoslavos, etc., até que, geralmente lá para a meia-noite, na Rua da Consolação, chegasse o bonde que o levaria para o centro da cidade.
Segundo o professor Walter Hugo a sua influência sobre os seus alunos, foi maior após o seu retorno dos Estados Unidos, onde pensa ter aprendido a dar maior valor ao conteúdo do que à elegância no que expressava e foi quando se dedicou mais ao Curso de Psicologia do que ao de Filosofia.
Seus estudos e atividades em áreas de conhecimento bastante diversificadas e sua proposta científica inovadora e original permitiram que seus trabalhos despertassem grande interesse tanto no Brasil como no exterior, além de influenciar e orientar as atividades de muitos outros pesquisadores. Seu trabalho pioneiro abriu novos campos de atuação para a Psicologia, mas o mais importante, é que ele estruturou e ofereceu melhores condições para o desenvolvimento científico da Psicologia, da Etologia e da Psicobiologia no Brasil.
Faleceu em São Paulo no dia 29 de agosto de 2022.
Seu trabalho pioneiro abriu novos campos de atuação para a Psicologia, mas o mais importante, é que ele estruturou e ofereceu melhores condições para o desenvolvimento científico da Psicologia, da Etologia e da Psicobiologia no Brasil.
Mario Tourasse Teixeira nasceu em Recife, Pernambuco, a 11 de setembro de 1925. Licenciou-se em Matemática pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, em 1954, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro. Especializou-se em Fundamentos da Matemática e Lógica Simbólica, sob a orientação de Edson Farah, na Universidade de São Paulo (USP), com apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e incentivo do professor Leopoldo Nachbin. Durante os anos de 1955 e 1956 foi professor auxiliar de Ensino, sem proventos, da Cadeira de Análise Matemática e Análise Superior, da Seção de Álgebra Moderna da Universidade do Brasil. Ainda em 1956, foi professor assistente da cadeira de Análise Matemática da Faculdade Fluminense de Filosofia. De 1957 a 1958, Mario Tourasse obteve bolsa do CNPq e realizou estágio de aperfeiçoamento em Lógica Matemática e Teoria dos Conjuntos, no Departamento de Matemática da Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo, sob orientação de Edson Farah. Nessa época constitui-se um grupo pioneiro de estudiosos da Lógica no qual participavam Benedito Castrucci, Newton Affonso Carneiro da Costa, Leônidas Hegenberg e Mario Tourasse Teixeira sob a coordenação do professor Edson Faranh. Tourasse foi contratado em 1959 para ocupar a Cadeira de Geometria Analítica, Projetiva e Descritiva, convidado pelo professor Nelson Onuchic. A partir de 1964 assumiu a cadeira de Álgebra Moderna do curso de Matemática. Ele e Nelson Onuchic foram responsáveis pela criação do curso e o do Departamento de Matemática nessa Instituição. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e o CNPq apoiaram financeiramente Mario Tourasse para especializar-se em Álgebra da Lógica e Funções Recursivas, de agosto de 1960 a fevereiro de 1961, sob a orientação de Antônio Monteiro e de Jean Porte, na Universidad Nacional del Sur (Bahía Blanca) e no Centro Atômico de Bariloche, Argentina. Em 22 de dezembro de 1965, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP em São Paulo, sob a orientação de Antônio Monteiro defendeu a tese M-Álgebras e obteve o seu doutorado. Em janeiro de 1967 através da lei Estadual 9.715, a FFCL de Rio Claro é incorporada a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e em outubro o professor Tourasse foi indicado para ser coordenador associado do Instituto de Matemática. Em janeiro de 1976, foi criada a Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, UNESP (Lei Estadual 952), que incorporou a FFCL/Rio Claro. Mario Tourasse tornou-se Professor Titular na FFCL/Rio Claro, em 1971. De julho de 1988 a abril de 1989, Tourasse foi vice-coordenador da Pós-graduação em Educação Matemática e aposentou-se em maio de 1991, pela UNESP de Rio Claro. Em 1974, por iniciativa sua, foi criado o Serviço Ativador em Pedagogia e Orientação (SAPO), no Departamento de Matemática da FFCL/Rio Claro, que refletia seu pensamento, e de outros professores, acerca dos métodos de ensino e aprendizagem. Os temas de estudo de Mario Tourasse Teixeira são: operador de conseqüência de Tarski; estruturas algébricas associadas ao cálculo proposicional; modelos sentenciais; lógica proposicional, baseada em uma noção geral de complemento; endomorfismos duais em reticulados distributivos (estes são resultado do período em que o professor Tourasse esteve sob a orientação do professor Antonio Monteiro, em Bahía Blanca); funções recursivas; fundamentos da geometria e topologia algébrica (sob orientação do professor Gilberto Loibel, da Escola de Engenharia de São Carlos); estruturas matemáticas relacionadas com a lógica (trabalho publicado no Boletim da Sociedade de Matemática de São Paulo e apresentado e no II Colóquio Brasileiro de Matemática); estudo sobre os fundamentos da Geometria, baseando a Geometria Projetiva num operador de complemento (estudo apresentado na Universidade do Paraná); métodos de decisão em Lógica e Matemática; sistemas formais para a Matemática; universos ordenados e teoria dos conjuntos (em colaboração com Euclides Alves de Oliveira); operadores de fecho generalizados (em colaboração com Itala M. L. D’Ottaviano); fundamentos da Matemática (estudo realizado em colaboração com o Departamento de Ciências Sociais/ UNESP/Rio Claro). Ele foi homenageado na II Reunião Regional da Sociedade Brasileira de Matemática e Encontro de Lógica, realizado em Rio Claro, em 1991, no Seminário de Análise (Rio Claro, 1993), nas “Jornadas Unespianas de História da Matemática”, no “XI Encontro Brasileiro de Lógica” realizado em Salvador-BA, em 2003, quando se completou dez anos de seu falecimento. Mario Tourasse Teixeira é considerado um dos lógicos mais importantes da sua época e “um educador de corpo inteiro”, segundo palavras de Irineu Bicudo. O professor Tourasse faleceu devido a um infarto, no dia 12 de junho de 1993, em Rio Claro, São Paulo.
Mário Schenberg nasceu a 02 de julho de 1914, em Recife. Formou-se engenheiro eletricista em 1935 pela Escola Politécnica de São Paulo. Passou ainda pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São Paulo, recebendo em 1936 o título de bacharel em matemática, sendo que esta foi a primeira turma da faculdade. Trabalhou na USP desde 1936, ocupando os cargos de preparador na cadeira de Física geral e Experimental na Escola Politécnica e assistente de Física teórica na FFCL, ocupando em 1944 a cadeira de Mecânica Celeste e Superior do Departamento de Física dessa faculdade através de concurso público. Em 1939, Mário Schenberg trabalhou no Instituto de Física da Universidade de Roma, transferindo-se mais tarde para Zurique e depois em Paris. Voltou ao Brasil em 1940, porém por um curto período, tendo ido a Washington com bolsa da Fundação Guggenhein, onde trabalhou com o Professor G. Gamow, na área de Astrofísica. Foi membro do Institute for Advanced Studies de Princeton e trabalhou no Observatório Astronômico de Yerkes com o Professor Chandraseck. Ficou no Brasil de 1944 a 1948, quando voltou para a Europa, em Bruxelas, desenvolvendo pesquisas com raios cósmicos e mecânica estatística. Tornou-se diretor do departamento de Física da USP em 1953, criando o Laboratório de Estado Sólido e sendo o pioneiro na criação dos cursos de computação dessa universidade. Sua produção intelectual e técnico-científica é volumosa, abrangendo áreas como física teórica, física experimental, astrofísica, mecânica estatística, mecânica quântica, relatividade, fundamentos de física e diversos trabalhos em matemática. Iniciou em São Paulo, a campanha “O Petróleo é Nosso”. Assim mesmo, nas palavras de Amélia Império Hamburger, “Suas pesquisas como físico dão contribuições cuja originalidade e importância são reconhecidas internacionalmente. Abordando vasta gama de temas onde estão imbricadas as matemáticas, a física e seus próprios fundamentos, o alcance e significado de sua obra aguardam por uma avaliação mais profunda e global e muitas de suas ideias ainda não exauriram toda a potencialidade de sugestões para captar a realidade”.(SCHENBERG, Mário. Pensando a Física, coordenação geral: Amélia Império Hamburger e José Luís Goldfarb, Ed. Brasiliense, São Paulo, 1984).
Ítala Maria Loffredo D’Ottaviano nasceu em São Paulo. Fez graduação e aperfeiçoamento em Música pelo Conservatório Musical Carlos Gomes em Campinas. Graduação e licenciatura em Matemática pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, em 1966. O mestrado em Matemática com a Dissertação: Fechos Caracterizados por Interpretações foi orientado pelo professor Mario Tourasse Teixeira, junto ao Departamento de Matemática, da Universidade Estadual de Campinas, em 1974. E seu doutorado, também na Unicamp, em 1982, no mesmo Departamento de Matemática: Sobre uma Teoria de Modelos Trivalente, com orientação do professor Newton Carneiro Affonso da Costa. Foi membro fundadora do Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência e Diretora deste Centro de 1986 a 1992. Atualmente é professora titular de Lógica do Departamento de Filosofia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), Unicamp e Diretora do CLE desde 2004. Fez pós-doutoramento na University of Califórnia - Berkeley, Stanford University nos Estados Unidos, 1984-1985 e University of Oxford, Inglaterra, 1988. Na sua trajetória profissional ocupou outros cargos tais como: Presidente da Sociedade Brasileira de Lógica, do Committee on Logic in Latin America – Association for Symbolic Logic e da Comissão de Atividades Interdisciplinares (CAI) do Conselho Universitário da Unicamp; Coordenadora da Coordenadoria de Centros e Núcleos Interdisciplinares de Pesquisa (COCEN) da Unicamp; Secretária de Educação do Município de Campinas; Criadora e Editora da Coleção CLE, coleção de livros publicados pelo Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência, nas áreas de lógica, epistemologia e história da ciência; Editora do Boletim da Sociedade Brasileira de Lógica; Assessora "ad-hoc" da FAPESP, CNPq, CAPES, FAEP/Unicamp, FAP/DF, FONDICYT/Chile e IVIC/Venezuela, Argentina; Membro do Grupo de Lógica Teórica e Aplicada (GLTA) do CLE/IFCH – Unicamp; Líder dos Grupos de Pesquisa "Auto-Organização" e "Lógica e Epistemologia" do CLE e IFCH/Unicamp, cadastrados no Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil – CNPq, Plataforma Lattes; "Reviewer" ad Zentralbatt für Mathematik, Mathematical Reviews e Journal of Symbolic Logic. Atua como refererencia de importantes revistas científicas nacionais e do exterior (Ciência e Cultura, Manuscrito, Boletim da Sociedade Paranaense de Matemática, The Journal of Applied Non-Classical Logics e Studia Lógica). É membro do corpo editorial das seguintes publicações: Coleção CLE; The Journal of Applied Non-Classical Logics e Ludus Vitalis - Journal of Philosophy of Life Sciences; Revista Vivência Episteme. Possui inúmeras publicações, dentre as mais relevantes destacam-se: On NCGw: a paraconsistent sequent calculus. Lecture Notes in Pure and Applied Mathematics. Ed. Marcel Dekker, New York, USA, v.228, p.227-240, 2002; Em colaboração com José Eduardo Moura; Conservative Translations. Annals of Pure and Applied Logic, Ed: North Holland, Amsterdam, Holland, v.108, p.205-227, and 2001; Em colaboração com H. A. Feitosa; Natural deduction for paraconsistent logic, Logica Trianguli, v.4, p.3-24, 2000; Em colaboração com Milton A. de Castro; Algebraic Foundations of Many-Valued Reasoning. Ed: Kluwer Acad. Publ., Dorderecht, Holanda, Trends in Logic, v.2, 223p, 2000; Em colaboração com Roberto L.O. Cignoli e Daniele Mundici; Paraconsistent Logics and Translations. Synthese – an International Journal for Epistemology, Methodology and Philosophy of Science, Ed: Kluwer Acad. Publ., Dorderecht, Holanda, v.125, n.12, p.77-95, and 2000; Em colaboração com Hércules A. Feitosa; Translations between Logics. Lecture Notes in Pure and Applied Mathematics, Models, Algebras and Proofs, v.203, p.435-448, 1999; Em colaboração com Jairo J. Silva e Antonio M. Sette. Many-Valued Logics and Translations. The Journal of Applied Non-Classical Logics, Ed: Editions Hermes, Paris, France, v.9, n.1, p.121-140, and 1999; Em colaboração com Hércules A. Feitosa; Definability and Quantifier Elimination for J3-Theories. Studia Logica, Ed: Kluwer Acad. Publ., Dorderecht, Holanda, v.46, n.1, p.37-54, 1987; The Model Extension Theorems for J3-Theories. Lecture Notes in Mathematics, Methods in Mathematical Logic, Ed: Springer & Verlag, Berlin, Alemanha, v.1130, p.157-173, 1985; The Conditional and Paraconsistent Logics. Lecture Notes in Pure and Applied Mathematics, v.94, Mathematical Logic and Formal Systems, New York: Marcel Dekker, p.141-160, 1985. Em colaboração com E.G.K. López-Escobar.
Newton Carneiro Affonso da Costa nasceu no Paraná, em 16 de setembro de 1929. Aos quinze anos se interessou por questões de Lógica e pelos Fundamentos da Matemática. Com o apoio de um de seus tios, Milton Carneiro, então professor de História da Filosofia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade Federal do Paraná, iniciou-se em filosofia por meio de diálogos de Platão e de vários textos de Aristóteles, ambos em traduções francesas. Encantado com a filosofia debruçou-se sobre as obras de autores como Descartes, Poincaré, Lalande e outros. Mas foi Bertrand Russell que exerceu forte impacto sobre o jovem Newton. Newton da Costa obteve três graduações pela Universidade Federal do Paraná: em 1952, Engenharia Civil pela Escola de Engenharia, no ano de 1955 o Bacharelado em Matemática e em 1956 a Licenciatura em Matemática ambos pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Ainda na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade Federal do Paraná, no ano de 1961, Newton da Costa recebe o título de Doutor em Matemática e se torna Livre Docente de Análise Matemática e Análise Superior. Em 1964, torna-se Professor Catedrático na mesma área de sua livre-docência. O Professor Newton da Costa lecionou 14 anos na Universidade Federal do Paraná. Newton da Costa foi: Professor Titular do Instituto de Matemática, Estatística e Ciências da Computação da Unicamp de 1968-1969; Professor Titular do Instituto de Matemática e Estatística da USP de 1970-1981; Professor Titular do Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP de 1982-1999; Pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da USP desde 1985. Newton da Costa atualmente leciona na Universidade Federal de Santa Catarina. Foi um dos criadores das Lógicas Paraconsistentes, laureando-o com diversos títulos nacionais e internacionais, dentre eles citamos: Membro Honorário do Instituto de Filosofia do Peru, em 1975; Membro Honorário do Instituto de Investigações Filosóficas da Universidade de Lima, em 1980Membro Correspondente da Academia de Ciência do Chile, em 1982; Membro da Academia de Ciências do Estado de São Paulo, Brasil em 1978; Membro do Centro de Lógica Epistemologia e História da Ciência da Universidade Estadual de Campinas, em 1979; Membro Titular do Instutut International de Philosophie, de Paris, em 1989. O Professor da Costa se tornou o primeiro brasileiro a pertencer a essa Instituição.
A magnitude e a repercussão dos trabalhos de da Costa tornou-o um dos cientistas brasileiros mais citados e homenageados em nível internacional. Sendo citado por exemplo em: World Congress on Paraconsistency, Ghent, Bélgica, 1997; Stanislaw Jaskowski Memorial Symposium, Torun, Polônia, 1998; II World Congress on Paraconsistency, Juquehy, Brasil, 2000, dedicado aos seus 70 anos; Workshop on "Inconsistency in Data and Knowledge", Seattle, EUA, 2001;I International Workshop on Computational Models of Scientific Reasoning and Applications, Las Vegas, EUA, 2001; 1st, 2nd, 3rd and 4th Flemish-Polish Workshops on the Ontological Foundations of Paraconsistency, Bélgica e Polônia,1st and 2nd International Workshops on Living With Inconsistency, EUA / Canadá, 1997 e 2001; Second International Workshop on Computational Models of Scientific Reasoning and Applications (II CMSRA) Las Vegas, Nevada, EUA, 24-27 de junho de 2002; Paraconsistent Computational Logic, PCL 2002, Copenhagen, Dinamarca, Julho de 2002; ESSLLI-2002 14th European Summer School in Logic, Language and Information Workshop on Paraconsistent, 5-16 de agosto, 2002, Trento, Itália. Durante sua carreira Da Costa tem recebido diversos prêmios, dentre eles: Prêmio Moinho Santista em Ciências Exatas, em 1994; Prêmio Jabuti em Ciências Exatas, em 1995;
Medalha da Ordem do Pinheiro do Governo do Estado do Paraná, por mérito científico, em 1996; Medalha do Mérito Científico "Nicolau Copérnico", outorgado pela Universidade de Torun, na Polônia em 1998; Medalha do Mérito Científico da Universidade Federal do Paraná e da Associação dos Ex-Alunos em 1998; Título de Cidadão Emérito do Paraná, conferido pela Assembléia Legislativa do Estado do Paraná, também por mérito científico, em 1999.
Newton da Costa é membro do Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência da Unicamp, desde 1979.
Djalma Campos de Pádua nasceu em Campinas, em 9 de fevereiro de 1892, onde atuou como compositor, escritor, maestro, músico e professor, tendo iniciado seus estudos com o pai, o músico Luiz de Pádua. Especializou-se em interpretação com o maestro italiano Luigi Chiaffarelli e estudou harmonia, composição e contraponto com o compositor brasileiro João Gomes de Araújo. Mudou-se para Buenos Aires em meados da década de 1910 e lá completou o curso de virtuosidade e regência em 1920, no Conservatório Nacional de Música Santa Cecília. Foi regente em várias companhias de operetas, zarzuelas e revistas, dirigindo conjuntos musicais a bordo da Monson Line Comp. De volta a Campinas, trabalhou como professor no Colégio Progresso Campineiro, tendo sido diretor e professor do Instituto Musical “Dr. Gomes Cardim”. Em 1933, presidiu por curto espaço de tempo a Sociedade Sinfônica Campineira (hoje Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas) e, em 1948, fundou a Orquestra Filarmônica Campineira com destacado apoio da imprensa local. Prestou colaboração valiosa à Banda Musical “Carlos Gomes”. Escreveu e publicou, enquanto compositor e estudioso da arte musical, em torno de 400 trabalhos de diversos gêneros: poemas sinfônicos, músicas de estilo regional (como as populares músicas carnavalescas), fantasias e peças para concerto, além de trabalhos didáticos e analíticos sobre música. Por outro lado, é também lembrado como um dos pioneiros da aviação civil em Campinas. Constituiu família em Campinas ao casar-se com Maria Antonia Marchezini Pádua tendo dois filhos: José Roberto e Pedro Luiz. Djalma faleceu em Campinas, em 5 de dezembro de 1956, no hospital Beneficência Portuguesa.
Filho do português Antônio José da Silva Gordo e de Ana Blandina de Barros, Adolpho Gordo formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de São Paulo, em 1875, local importante em sua trajetória, sobretudo pelo forte viés ideológico liberalista em circulação no meio acadêmico. Depois de formado, passou a atuar como advogado em Capivari-SP, onde também foi eleito vereador. Mudou-se para São Paulo em 1887, associando-se ao advogado, político e republicano Antônio Mercado e passando a advogar em inúmeras causas, inclusive de impacto internacional, como o caso da Northern, referente à desapropriação da antiga Estrada de Ferro de Araraquara. Sua atuação junto ao movimento republicano foi intensa, tendo colaborado, já desde aluno, na fundação do Clube Republicano Acadêmico e do jornal “A República”, além de ter sido eleito membro da Comissão Permanente do Partido Republicano Paulista (PRP) no ano de 1887, e secretário do Partido no congresso de 1889. Acompanhou também Francisco Glicério na preparação dos eventos da Proclamação da República. Em 1899, Adolpho Gordo assumiu a presidência da Província do Rio Grande do Norte, tornando-se o primeiro governador deste estado após o advento da República. Em 1901, durante o governo Campos Sales (1898-1902), integrou a dissidência do PRP. Foi eleito, em mandatos sucessivos, como deputado federal por São Paulo. Em 1913, com a morte de Campos Sales, foi eleito Senador Federal e reeleito em 1921. A ação política da personagem é grande, tendo ele atuado em diversos projetos, sendo os aprovados conhecidos como “Leis Adolpho Gordo”. Entre elas, encontram-se as leis de Expulsão de Estrangeiros (1907 e 1921), a Lei de Acidentes no Trabalho (1919) e a Lei de Imprensa (1923). Além disso, apoiou projetos como o de isenção de impostos a lavoura, de instituição do divórcio e a favor da luta pela concessão do sufrágio feminino - destacado por sua intensa correspondência com Bertha Lutz. Como jurista, participou da Comissão de Justiça e Legislação na Câmara e Senado Federal e das comissões responsáveis pela elaboração do Código Civil, do Código Comercial e da que levou à Reforma da Constituição em 1926, na qual foi relator. No dia 29 de junho de 1929, o Senador Adolpho Gordo faleceu na cidade do Rio de Janeiro, atropelado por um caminhão enquanto se dirigia ao féretro do senador fluminense Joaquim Francisco Moreira.