Lourenço Moreira Lima nasceu em Itambé, Pernambuco. Formou-se bacharel em Direito pela Faculdade de Direito de Fortaleza e exerceu a advocacia por dez anos no Acre. A partir da década de 1920, participou do movimento tenentista e, em 1925, tornou-se membro da Coluna Prestes. Exerceu as funções de secretário e de comandante do 4º Destacamento. Nesta época, dirigiu o jornal “O Combate”, periódico revolucionário que divulgava os objetivos do movimento. Com a dissolução da Coluna Prestes, permaneceu em Santa Vitória do Palmar, no Rio Grande do Sul, de 1928 a 1930, de onde saiu em marcha com as tropas em direção ao Rio de Janeiro a fim de participar da Revolução de Outubro de 1930. Após a vitória de Getúlio Vargas, retornou ao Rio Grande do Sul. Em 1935 foi acusado de participar do levante organizado pelo Partido Comunista do Brasil (PCB) e desligado do cargo que ocupava no Ministério do Trabalho. Depois, viveu clandestinamente em São Paulo, onde faleceu no ano de 1940. Publicou “A Coluna Prestes: marchas e combates da coluna invicta e A Revolução de Outubro de 1930” (1934) e “A Coluna Prestes (marchas e combates)” (1945).
Abdullah Abdurahman nasceu em Wellington, África do Sul, no dia 18 de dezembro de 1972. Após frequentar o Marist Brothers College e o South African College (atual Universidade da Cidade do Cabo), viajou para a Escócia em 1888, onde se graduou em Medicina pela Universidade de Glasgow, em 1893. Retornou à África do Sul em 1895 com sua primeira esposa, Helen Potter James, com quem teve 3 filhos, entre os quais Zainunnisa "Cissie" Gool. Entrou para a vida pública em 1904, quando foi o primeiro cidadão "coloured" eleito para o Conselho da Cidade do Cabo. Como conselheiro, trabalhou para melhorar as condições da comunidade Cape Colored, especialmente na área da educação, criando as primeiras escolas secundárias voltadas para essa população. Em 1903, ingressou na African Political Organization, posteriormente African People's Organization (APO), primeira organização política significativa dos "coloured", fundada na Cidade do Cabo em 1902. Foi como presidente da APO (a partir de 1905 até sua morte) que Abdurahman deu sua contribuição política mais importante. Sob sua liderança, a APO cresceu substancialmente em número de membros, dominando a política de protesto e coordenando amplos esforços para garantir direitos políticos e melhorar as condições socioeconômicas da comunidade Cape Colored. Abdurahman também foi o primeiro cidadão "coloured" a ser eleito para o Conselho da Província do Cabo em 1914, outro cargo que ocupou até sua morte. Nessa esfera de atuação, também procurou influenciar políticas públicas de saúde e educação, embora sua influência tenha sido menor. Em 1925, casou-se novamente com Margaret May Stansfield, com quem teve mais um filho e duas filhas. Participou do South African Indian Congress, em 1925. Foi membro da Coloured Peoples’s Fact-finding Commission e da Cape Coloured Commission, em 1937. Morreu em 02 de fevereiro de 1940.
Clovis Alfredo Carvalho Casemiro (1958- ) é profissional do turismo brasileiro desde 1979, tendo atuado como gerente de diversas redes de hotéis. Trouxe ao Brasil o primeiro encontro de Turismo Gay e Lésbico Internacional, em 1997. Foi diretor da Associação Internacional de Turismo Gay e Lésbico (IGLTA) entre os anos 1998 e 2002, embaixador da mesma organização entre os anos 2007 e 2009 e membro do comitê da Convenção da IGLTA de 2012, em Florianópolis. Desde 1997 atua na área de turismo LGBT e participa de vários encontros neste segmento.
Paulo Sergio de Moraes Sarmento Pinheiro foi idealizador e um dos fundadores do Arquivo Edgard Leuenroth. É cientista político e diplomata. Foi professor do IFCH/Unicamp até 1985, ocasião em que se transferiu para São Paulo como docente da USP; dois anos mais tarde, nesta mesma universidade, assume a coordenação de pesquisa do programa CEPID/FAPESP/Núcleo de Estudos da Violência. Lecionou em diversas universidades estrangeiras, publicou artigos, ensaios e livros sobre história social, democracia, violência e direitos humanos. Fundou, em 1983, com Severo Gomes, José Gregori, Fernando Millan, Fernando Gabeira e o padre Agostinho a Comissão Teotônio Vilela, grupo que promovia visitas a presídios e manicômios. Em 2003, foi indicado pelo então Secretário Geral da ONU, Kofi Annan, para elaborar um estudo minucioso da violência contra crianças no planeta. Ocupou o cargo de Secretário Especial dos Direitos Humanos na presidência de Fernando Henrique Cardoso, foi relator das diversas versões do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH) em 1996, 2002, 2009 e nomeado em janeiro de 2010 pelo Presidente Lula para representar a sociedade civil no Grupo de Trabalho Comissão da Verdade.
Filho de Eliziário Pimenta da Cunha e de Maria Natália Eulalio de Sousa Pimenta da Cunha, Alexandre Magitot Pimenta da Cunha nasce em dezoito de junho de 1932, no Rio de Janeiro.
Alexandre Eulalio tem seus estudos realizados na terra natal: Scuola Principe di Piemonte (1937-1941), Colégio São Bento (1942-1948) e Colégio Andrews (1949-1951). Frequenta a Faculdade Nacional de Filosofia (1952-1955), que, no entanto, não chega a concluir. Nessa mesma instituição, Eulalio participa de um curso com Augusto Meyer - com quem trabalharia, logo em seguida, no Instituto Nacional do Livro, onde se torna, ao lado de Brito Broca, redator da "Revista do Livro" (1956-1965).
A partir de 1952, Alexandre Eulalio começa a escrever para jornais de grande circulação, a exemplo do "Estado de Minas", "O Diário" (Belo Horizonte), "Jornal de Letras", "Correio da Manhã", "Diário Carioca", "O Globo", "Folha de São Paulo", entre outros. Em 1963, recebe o Prêmio Brito Broca ("Correio da Manhã") com "O ensaio literário no Brasil". De meados dos anos 1960 em diante, diminui sua contribuição para jornais diários, passando a escrever para revistas especializadas.
Em dezembro de 1961, Alexandre Magitot Pimenta da Cunha efetiva a alteração oficial de seu nome para Alexandre Eulalio Pimenta da Cunha.
Comissionado pelo Governo Federal, Alexandre Eulalio viaja para a Itália em 1966 como leitor brasileiro junto ao Instituto Universitàrio di Venezia, onde permanece até 1972. Concomitantemente a esse projeto, é conferencista-visitante na Universidade de Harvard, entre setembro de 1966 e fevereiro de 1967.
Ao longo de sua atividade profissional, Alexandre Eulalio publica uma quantidade expressiva de prefácios, introduções, apresentações e posfácios. Em formato de livro, lança em 1978 a obra "A aventura brasileira de Blaise Cendrars", que obtém o Prêmio Pen Club do Brasil. Dedica-se, em suas atividades de pesquisa, a diversos temas e perfis biográficos, a exemplo da elaboração da biografia de Dom Luís, neto de Dom Pedro II. Eulalio não chega a concluir o perfil biográfico dessa personalidade, deixando, porém, um vasto material iconográfico e documental, incluindo esboços, notas e discursos sobre membros da família imperial brasileira.
Ao longo dos anos, Alexandre Eulalio traduz diversas obras para o português. São exemplos dessa sua atividade as obras: "O Belo Antonio", de Vitaliano Brancati (1962); "Nathanael West", de Stanley Edgar Hyman (1964); "Isadora", de Alberto Savinio (1985); e textos de Jorge Luis Borges que foram publicados no "Jornal de Letras", na revista "Senhor" e na "Leitura".
No decorrer do decênio de 1980, dirige a coleção "Tempo reencontrado" (parceria da editora Nova Fronteira com a Fundação Casa de Rui Barbosa), também colocando em circulação dois textos raros: "Mattos, Malta ou Matta?", de Aluísio Azevedo; e "O Tribofe", de Arthur Azevedo. Entre 1972 e 1975, enquanto Assessor Superior do Departamento de Assuntos Culturais do Ministério da Educação (MEC), é roteirista e orientador da mostra itinerante "Tempo de Dom Pedro II", escrevendo o roteiro e dirigindo os documentários "Memória da Independência" e "Arte Tradicional da Costa do Marfim". Nesse campo, também escreve o roteiro e dirige o curta-metragem "Murilo Mendes: a poesia em pânico" e colabora com Joaquim Pedro de Andrade no roteiro do longa "O homem do pau-brasil" (1981).
Na condição de Chefe de Gabinete do Secretário Municipal de Cultura de São Paulo (1975-1979), Alexandre Eulalio monta as exposições "José de Alencar e seu Mundo" e "Dom Pedro II", também editando vários números especiais do "Boletim Bibliográfico da Biblioteca Municipal Mário de Andrade". Entre 1984 e 1985, atua como Comissário brasileiro junto ao Ministério das Relações Exteriores, dentro do programa França-Brasil. Participa do Conselho do Museu de Arte de São Paulo "Assis Chateaubriand" (MASP) e do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), estando ligado, ainda, a inúmeras atividades culturais no Rio de Janeiro e em São Paulo (palestras, cursos, exposições etc.), particularmente na Casa Rui Barbosa e no Museu Nacional de Belas Artes. É desse período a exposição sobre o autor de "Menina Morta", organizada pelo amigo Marco Paulo Alvim, cujo catálogo estampou o conhecido ensaio "Os Dois Mundos de Cornélio Pena" (1979) e o ensaio "Henrique Alvim Corrêa: Guerra & Paz" (1981), também concebido para apresentar os trabalhos do artista reunidos na Casa Rui Barbosa. Nesse universo, destaca-se ainda a exposição "Século XIX", da qual Eulalio é um dos responsáveis, dentro da mostra "Tradição e Ruptura", patrocinada pela Fundação Bienal de São Paulo, em 1984.
Em 1979, Alexandre Eulalio torna a atuar em uma universidade nacional, na qualidade de docente notório saber no Departamento de Teoria Literária, do Instituto de Estudos da Linguagem, da Universidade Estadual de Campinas (IEL-UNICAMP). Nessa Instituição, Eulalio leciona entre 1980 e 1988, tendo a oportunidade de retomar diversos pontos de interesse e atuar em diferentes projetos. Entre eles, destaca-se "Literatura e Pintura: simpatia, diferenças, interações" (1979), em que valoriza a perspectiva comparativa, outrora presente em artigos e textos. Nessa fase, também planeja a organização dos volumes da obra de Brito Broca, dos quais três são efetivamente publicados.
Alexandre Eulalio falece no dia dois de junho de 1988, na cidade de São Paulo.
Ficcionista, ensaísta, poeta, crítico literário, jornalista, tradutor, artista plástico e estudioso de problemáticas africanas, Alfredo Augusto Margarido nasce em cinco de fevereiro de 1928, na freguesia de Moimenta, região de Vinhais em Portugal.
Alfredo Margarido inicia sua formação acadêmica na Escola de Belas Artes do Porto, onde realiza algumas exposições. Paralelamente, realiza exposições também em Lisboa, antes de seguir, a serviço do governo português, para o continente africano, no início dos anos 1950. Durante a estada nesse continente, viaja primeiramente para São Tomé e Príncipe e, em seguida, para Angola, onde é responsável pelo Fundo das Casas Econômicas.
Em 1953, inicia a sua obra literária com a publicação de "Poemas com Rosas". Em 1957, é expulso do território angolano devido a denúncias feitas e publicadas, no "Diário Popular" de Lisboa, sobre as situações de discriminação racial que ocorriam no país. No período em que ficou na África, colaborou com várias publicações, a exemplo do "Boletim de Cabo Verde" e do "Boletim da Guiné".
Alfredo Margarido então regressa para Portugal e se dedica ao jornalismo. Dirige o suplemento literário do "Diário Ilustrado" e desenvolve as atividades de crítica literária e crítica sobre artes plásticas. Em 1958, publica "Poema Para Uma Bailarina Negra", de inspiração surrealista. Na ficção, integra-se na tendência do "noveau roman" com as obras "No Fundo Deste Canal" (1960) e "A Centopeia" (1961). Em 1961 publica o ensaio "Teixeira de Pascoais" e, no ano seguinte, lança - em parceria com Artur Portela Filho - "O Novo Romance", livro que divulga o "nouveau roman", em Portugal. Em 1963, edita, nessa mesma linha literária, o romance "As Portas Ausentes". Em 1964, publica, em Lisboa, o ensaio "Negritude e humanismo". No mesmo ano, instala-se em Paris, onde se formará em Ciências Socias, na "École des Haute Études en Sciences Sociales".
Por combater ativamente o colonialismo durante o período da ditadura, seu regresso a Portugal lhe era vetado. Nesse período, cria e co-dirige a revista "Cadernos de Circunstância" ao lado de um grupo de exilados portugueses: Manuel Villaverde Cabral, Jorge Valadas (conhecido também pelo pseudônimo de Charles Reeve), Fernando Medeiros, Alberto Melo, João Freire e José Maria Carvalho Ferreira.
Enquanto professor, leciona em várias universidades francesas (Paris, Vincennes e Amiens) e, após 25 de abril de 1974, retorna para Portugal e leciona em Lisboa. No Brasil, passará pela Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Da vasta obra de Alfredo Margarido, muita da qual dispersa por jornais e revistas, destaque-se, além das citadas, os ensaios "Jean Paul Sartre" (1965), "A Introdução ao Marxismo em Portugal" (1975), "Ensaio Sobre a Literatura das Nações Africanas" (1980), "Fernando Pessoa/Santo Antônio, São João, São Pedro - introdução crítica e notas" (1986), "Plantas e Conhecimento do Mundo nos Séculos XV e XVI" (1989) em colaboração com Isabel Castro Henriques, "As Surpresas da Flora no Tempo dos Descobrimentos" (1994) e "A Lusofonia e os Lusófonos: novos mitos portugueses" (2000).
Alfredo Margarido também se notabiliza na área da tradução, vertendo obras de Anouilh, Faulkner, James Joyce, Steinbeck, Dylan Thomas, Nietzsche, Saint-John Perse, Kafka, entre outros.
Deixa uma vasta obra, muita da qual dispersa por obras coletivas - capítulos, introduções, prefácios, posfácios -, e por estudos espalhados em jornais e revistas culturais e científicas, nacionais e estrangeiras. Uma parte dessa obra plástica foi reunida em "33+9 Leituras Plásticas de Fernando Pessoa" (1988) e em "Obra Plástica de Alfredo Margarido" (2007).
Em 2009, o espólio de Alfredo Margarido passa a integrar o acervo da Biblioteca Nacional de Portugal, em decorrência de doação realizada pelo próprio titular.
Alfredo Augusto Margarido falece em Lisboa, no dia doze de outubro de 2010.
Carlos Franchi nasce em quinze de agosto de 1932, em Jundiaí, interior de São Paulo.
Ao longo da vida, diploma-se com duas formações acadêmicas: bacharel e licenciado em Letras Neolatinas pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), em 1954; e bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), em 1968. Por certo tempo, Carlos Franchi exerce as duas profissões. Entre 1951 e 1955, é professor concursado de Português e Latim em Jundiaí e, entre 1955 e 1957, em Itatiba. Entre os anos de 1957 e 1971, é professor concursado do Colégio de Aplicação da USP, e, entre 1960 e 1961, professor instrutor de didática especial do português na Faculdade de Educação da USP. Já entre 1968 e 1969, Franchi ministra aulas de Literatura e Teoria da Literatura na Universidade Nossa Senhora da Medianeira (Jesuítica) de São Paulo. Entre 1967 e 1969, coordena a área de Português nos Ginásios Pluricurriculares do Estado de São Paulo. Nos mesmos anos, cursa a pós-graduação em Teoria Literária na USP, sob orientação de Antonio Candido.
Tendo desde 1964 problemas por advogar para presos políticos em Jundiaí, a partir de 1968 a situação começa a piorar. Aconselhado por Antonio Candido, Carlos Franchi deixa a Teoria Literária e segue para Besançon como bolsista ao lado de Haquira Osakabe, Rodolfo Ilari e Carlos Vogt. Juntos, esses integrantes compõem um grupo formado para estudar na França, seguindo um projeto idealizado pelo filósofo Fausto Castilho, que visava organizar a área de Ciências Humanas na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), o que englobava também um projeto para a formação de um Departamento de Linguística na Instituição.
Depois de um período na Université de Franche Comté, em Besançon, onde estuda com Jean Peytard e Yves Gentilhomme, licencia-se em Linguística no ano de 1970. Em seguida, tomando um rumo diverso dos outros integrantes do grupo, segue para a Université d'Aix Marseille em Aix-en-Provence, onde estava o amigo Michel Lahud, e estuda com Claire Blanche Benveniste e Gilles-Gaston Granger. Nesse período, através de Jean Stéfanini, entra em contato com os trabalhos de Noam Chomsky. Em 1971, defende sua dissertação de mestrado nessa instituição, sob a orientação de Blanche Benveniste, intitulada "Hypothèses pour une recherche em Syntaxe".
No retorno ao Brasil, Carlos Franchi tem atuação decisiva na implantação do Departamento de Linguística da UNICAMP, tornando-se assistente-mestre e chefe do departamento, cargos que ocupa entre 1971 e 1975. Nessas funções, coordena a Comissão Organizadora dos Cursos de Pós-Graduação em Linguística e dirige a primeira expansão do corpo docente em 1973, momento em que são contratados professores vindos do Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Em 1976, após realizar na Universidade de Tel-Aviv um estágio para pesquisas em Lógica e Linguagem, sob orientação de Marcelo Dascal, Carlos Franchi defende sua tese de doutorado na UNICAMP, intitulada "Teoria Funcional da Linguagem". No ano seguinte, o Departamento de Linguística da UNICAMP desmembra-se do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH - UNICAMP), instalando-se no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL - UNICAMP). Franchi exerce as funções de Diretor Associado do IEL entre 1977 e 1978, durante o mandato do Prof. Antonio Candido. Em 1979, torna-se o Diretor do IEL, exercendo o cargo até 1982, e assume o cargo de Professor Titular até a sua aposentadoria, em 1989.
Nesse período, é presidente da Associação Brasileira de Linguística (ABRALIN), entre 1977 e 1979, ano em que solicita afastamento temporário de suas funções de Diretor do IEL. Com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), realiza a atividade de "visiting scholar" junto ao Departamento de Línguas Hispânicas da State University of New York, em Albany (EUA). Entre 1980 e 1981, faz um estágio de pós-doutoramento na Universidade da Califórnia, em Berkeley (EUA).
Posteriormente à aposentadoria na UNICAMP, é pesquisador visitante no Departamento de Linguística da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH - USP) entre 1989 e 2000, e professor convidado na UNICAMP, a partir de 1992. Atua também como professor visitante em várias universidades brasileiras: Universidade Estadual Paulista (UNESP), Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Universidade de São Paulo (USP).
Segundo Rodolfo Ilari (2002, p. 85), "A produção científica do Prof. Franchi é altamente informal, tendo preferido a exposição em seminário ao impresso, e o 'working paper' ao livro, mas é ampla e influente. Trata de temas à primeira vista disparatados, como a sintaxe gerativa-transformacional, o ensino de língua materna e a lógica que subjaz às operações linguísticas, mas tem, a unificá-la, as características da densidade crítica e da riqueza da informação bibliográfica, assim como o retorno sempre enriquecedor a motivos que se revelaram profícuos em vários campos da investigação linguística, como a tese da indeterminação das línguas naturais, a tese de sua historicidade e a de que sua construção depende de um trabalho coletivo que compromete com a história as competências simbólicas mais fundamentais do ser humano".
Carlos Franchi falece em 25 de agosto de 2001 na cidade de Campinas, 22 dias após receber o título de Professor Emérito da UNICAMP.
José Genésio Fernandes nasce numa região de roça chamada Barra, pertencente ao município de Maria da Fé, Minas Gerais, em 25 de agosto de 1946. É filho de Joaquim Fernandes Filho e de Julia de Souza Fernandes.
Como de costume na época, Genésio Fernandes passa a trabalhar na lavoura a partir dos seis anos de idade, ajudando os pais no plantio de itens para consumo da família. Na época, também os ajudava no trabalho que faziam para fazendeiros da região, com o objetivo de poderem comprar aquilo que não produziam.
Genésio Fernandes cursa seus estudos iniciais na escola rural Luiz Francisco Ribeiro. No final dos anos 50, missionários do Sagrado Coração passam férias na região da Barra, com um grupo de alunos. Genésio, a princípio, nega o convite para ir estudar com o grupo, mas, numa segunda visita, dois anos depois, muda de ideia e, em 1960, vai para Itajubá, Minas Gerais, estudar no Instituto Padre Nicolau. Nesse período, trabalha em teatro e faz pintura de cenário.
Em 1967, ainda sob a tutela dos missionários, segue para Pirassununga, São Paulo, para dar sequência aos estudos. É nesse ano que inicia sua trajetória nas Artes Plásticas, pintando pequenos cartões a guache, prosseguindo também no teatro.
Em 1969, termina o Curso Clássico. Em sequência, iria para Campinas, São Paulo, estudar Filosofia na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), mas é dispensado pelos missionários por ter um "gosto artístico muito acentuado" e por ter "dificuldade de cumprir regras e horários". Volta, então, para Itajubá, trabalhando como ajudante em uma churrascaria, como vigia em um colégio, e pintando paisagens para ajudar nas despesas. Nesse período, recebe ajuda de alguns clientes da churrascaria para pagar a taxa do vestibular e ingressa no curso de Letras da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Itajubá.
Em 1970, ganha uma viagem e a matrícula no Festival de Inverno de Ouro Preto, onde participa do curso Pintura-iniciação, obtendo, ao final do Festival, o primeiro prêmio. É contratado pelo estado de Minas Gerais para dar aulas no primeiro e segundo grau no município de Piranguinho, vizinho de Itajubá, onde permanece por quatro anos.
Em 1972, Genésio Fernandes conclui a graduação. Em 1974, passa em concurso e começa a trabalhar nas Escolas Polivalentes, em Minas Gerais. Entretanto, três anos depois, insatisfeito com o salário e com os atrasos no pagamento, decide - convidado por um amigo - ir para o Acre, a fim de trabalhar como gerente em uma empresa de eletricidade e de construção de estradas, permanecendo ali por dois anos. Começa, então, a trabalhar com Francisco Gregório Filho, no Departamento de Assuntos Culturais de Rio Branco, fundando com ele a primeira escolinha de arte do estado.
Em 1978, começa a ministrar aulas de Literatura Brasileira e Teoria Literária, na Universidade Federal do Acre (UFAC). Nessa época, participa ativamente da vida cultural de Rio Branco, escrevendo sobre pintores e organizando exposições. Em 1979, leva a primeira exposição de artistas do Acre para Brasília. Entre 1979 e 1982, muda-se para Recife, para fazer mestrado em Teoria Literária na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), escrevendo sobre Osman Lins. Nesse período, expõe no Centro de Artes da UFPE e na Galeria Três Galeras.
Em 1983, retorna ao Acre para dirigir o Campus Avançado de Xapuri, da UFAC. Envolve-se com questões sociais e com a luta do seringueiro, sindicalista e ativista ambiental Chico Mendes. Passa a sofrer perseguições políticas e, temendo as ameaças que vinha sofrendo, deixa a cidade. Retorna a Rio Branco para lecionar na UFAC, onde permanece até 1990. No ano seguinte, muda-se para Campo Grande, Mato Grosso do Sul, e começa a ministrar aulas no curso de Letras e de Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Ali, cria e edita a revista "Rabiscos de Primeira", destinada a publicações de trabalhos acadêmicos de alunos.
Em 1996, inicia o doutorado em Semiótica e Linguística Geral na Universidade de São Paulo (USP). Obtém, em concurso, uma bolsa para passar um ano em Paris. Entre setembro de 1998 e setembro de 1999, faz cursos na Ecole des Hautes Études en Sciences Sociales, Université de Paris VIII (Vincennes-Saint-Denis) e Université de Paris X (Nanterre). Em 2000, conclui o doutorado com a tese "Leitoras de Sabrina: usuárias ou consumidoras? (Um estudo da prática leitora dos romances sentimentais de massa)". Passa a ministrar aulas e realiza orientações na pós-graduação da UFMS até 2009, ano em que se aposenta e volta a morar na Barra, sua terra natal. Nessa região, atualmente ajuda a preservar uma floresta e continua pintando e desenhando.
Genésio Fernandes recebe, ao longo dos anos, os seguintes prêmios na área da Pintura: Primeiro Prêmio no Salão de Artes do Diretório Acadêmico da Escola de Engenharia de Itajubá - MG (1972); Terceiro Prêmio "Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul - FIEMS" no X Salão de Artes Plásticas de Mato Grosso do Sul (1997) e Segundo Prêmio "Governo do Estado de MS" no XI Salão de Artes Plásticas de MS (1998). Participa, também, de diversas coletivas, destacando-se: Pintores Acreanos em Brasília (1978); XII Salão de Artes Plásticas da UFPE, Recife (1981): Mestres e Contemporâneos; Galeria Rodrigues, Recife (1980); Galeria 3 Galeras, Olinda - PE; Galeria Sol, São José dos Campos - SP (1984); Galeria de Arte da UFAC, Rio Branco (1986) e XII Salão de Artes Plásticas de MS, Campo Grande (2001).
Individualmente, Genésio Fernandes expôs na Galeria do Hotel Chuí, Rio Branco (1977); Centro de Artes e Comunicação da UFPE; Galeria Rodrigues, Recife (1980); na Universidade da Flórida - EUA, em Miami, Gainesville e Telahasse (todas em 1987); Galeria de Arte da UFAC, Rio Branco (1991 e 1994). Em Campo Grande - MS, expôs: na Galeria do Banco do Brasil (1993); no Museu de Arte Contemporânea - MARCO (1995, 2003, 2004, 2007, 2009); na Morada dos Bais (1996); no Centro Cultural José Octávio Guizzo (2001); e Galeria do SESC - Horto (2002). Atualmente, Genésio Fernandes conta com mais de 130 obras no acervo do Museu de Arte Contemporânea do Mato Grosso do Sul - MARCO.
Francisco Foot Hardman nasce na capital paulista, em 23 de fevereiro de 1952, filho de Eloy Hardman Cavalcante de Albuquerque e Diva Foot Hardman.
Francisco Foot Hardman divide o ensino fundamental entre a Escola Conselheiro Lafayette (1959-1962) e o Colégio Santa Cruz (1964-1967), onde também cursa o ensino médio (1968-1970). Entre 1971 e 1974, bacharela-se em Ciências Sociais, na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e, na mesma Instituição, torna-se mestre em Ciência Política, cursando o mestrado entre os anos de 1975 e 1980. Faz também a licenciatura em Ciências Sociais, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), entre 1977-1979.
Inicia sua carreira profissional ainda na época da graduação, atuando como monitor no Colégio Santa Cruz e como professor em "O curso" - Cursos Vestibulares. Já no período da pós-graduação, passa a lecionar nos colégios Palmares e Industrial IADÊ e nas Faculdades Integradas Alcântara Machado, além de fazer parte da Coordenação Editorial da Kairós Livraria e Editora.
Em 1980, ingressa na carreira docente na qualidade de professor adjunto no Departamento de Ciências Sociais do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). No ano seguinte, ingressa no doutorado em Filosofia na Universidade de São Paulo (USP), defendendo a tese "Trem Fantasma: Espetáculos do maquinismo na transição à modernidade", sob a orientação da Profa. Dra. Maria Sylvia Carvalho Franco, em 1986. A tese é publicada dois anos depois.
Em 1982, em parceria com Victor Leonardi, lança "História da Indústria e do Trabalho no Brasil: das Origens aos Anos Vinte" e, no ano seguinte, "Nem Pátria, Nem Patrão: Vida Operária e Cultura Anarquista no Brasil". Em 1985, publica com Antonio Arnoni Prado "Contos Anarquistas: Antologia da Prosa Libertária no Brasil (1901-1935)".
Em 1987, deixa a UFPB e ingressa na UNICAMP como professor do Departamento de Teoria Literária do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL - UNICAMP). Uma de suas primeiras atividades na nova Instituição é coordenar a Comissão de Elaboração do Regulamento Geral do Centro de Documentação Cultural "Alexandre Eulalio" (CEDAE). No período entre 1989 e 1991, ocupa o cargo de coordenador do CEDAE, faz pós-doutorado no College International de Philosophie (França) e atua como professor visitante na Università di Roma La Sapienza.
Em 1994, obtém o título de livre-docência, com a tese "Brutalidade antiga e outras passagens". Entre 1991 e 1995, ocupa o cargo de Diretor Associado do IEL, ao lado do Prof. Dr. Rodolfo Ilari. Em 1995, é professor visitante na Freie Universität Berlin, onde ministra aulas na graduação e pós-graduação, desenvolvendo o projeto "La Présence de la Poétique des Ruines dans la Conception d'Histoire des Écrivains Brésiliens Fin-de-Siècle (1880-1920)" junto à Maison des Sciences de L'Homme (França). Nos anos 2000, atua em universidades estadunidenses, sendo professor visitante da University of California at Berkeley (2000) e da University of Texas at Austin (2003 e 2006), onde desenvolve pesquisa sobre a obra poética de Euclides da Cunha. Entre 2013 e 2014, faz pós-doutorado na Università di Bologna.
Entre suas publicações mais recentes, estão: "A Vingança da Hileia: Euclides da Cunha, a Amazônia e a Literatura Moderna" (2009), "Contos anarquistas: temas e textos da prosa libertária no Brasil - 1890-1935" (2011) e "Escritas da Violência", este último organizado com Marcio Seligmann e Jaime Ginzburg (2012).
Além de sua atuação como orientador e supervisor de trabalhos acadêmicos nas áreas de Letras, Ciências Sociais e História, o titular também é membro do conselho editorial das revistas "Journal of Latin American Cultural Studies" (Londres), "Rivista di Studi Portughesi e Brasiliani" (Pisa-Roma), "O Olho da História" (Salvador) e "Crítica Marxista" (Campinas). Junto à imprensa, atua como editorialista do jornal "Folha de S. Paulo" (1983-1985), tendo também colaborado como ensaísta no caderno "Aliás" do jornal "O Estado de S. Paulo" (2004-2012).
