O Projeto 'Gramática do Português Culto Falado no Brasil', foi criado em 1988 pelo Departamento de Linguística da Unicamp, tendo como coordenador, o Prof. Ataliba Teixeira de Castilho. O projeto tinha como objetivo descrever minuciosamente o português culto falado no Brasil, tal como documentado pelo Projeto NURC, considerando-os em seus aspectos textuais, sintáticos, morfológicos e fonológicos. Os resultados desse projeto estão representados nos oito volumes da publicação 'Gramática do Português Falado', organizado por Ataliba T. de Castilho e editado pela Editora da Unicamp em 1990.
O projeto Memória de Leitura (MLe) foi inicialmente apresentado como projeto individual pela Profa. Dra. Marisa Lajolo em 1992. Foi transformado em projeto integrado com o ingresso da Profa. Dra. Márcia Abreu, em 1994, e da Profa. Dra. Leila Mezan Algranti, em 1995. Desenvolvido junto ao Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp, o MLe teve como objetivo o resgate, a construção e o registro de uma história da leitura enquanto prática social, do livro brasileiro e do português (ao lado de outros materiais impressos) enquanto materialidades em torno às quais tal prática se construiu e se desenvolveu no Brasil. Até 1996, a estrutura do projeto dividiu-se em seis vertentes temáticas: 'Memória do Livro Escolar', 'Leitores nas Entrelinhas', 'Imagens de Leitura', 'Memória de Letras' (as pesquisas desenvolvidas no interior destas vertentes ficaram sob a responsabilidade da Profa. Dra. Marisa Lajolo), 'Leituras Populares' (sob a responsabilidade da Profa. Dra. Márcia Abreu) e 'Leituras de Devoção' (sob a responsabilidade da Profa. Dra. Leila Mezan Algranti). Esse primeiro mapeamento de áreas temáticas possibilitou a geração de ensaios, o levantamento e a sistematização de dados relativos à história da leitura, disponibilizados no 'site' do MLe desde abril de 1997: www.unicamp.br/iel/memoria A partir de 1996, os pesquisadores trabalharam os vários campos e objetivos do projeto não mais sob a forma de diferentes vertentes isoladas, com o objetivo de entrecruzar os dados e textos levantados, de forma que a análise de cada tipo iluminasse as demais. A presença do projeto MLe na vida acadêmica manifesta-se através das várias teses, livros e artigos que ele gerou, e dos inúmeros cursos, palestras e comunicações feitas em congressos por docentes e discentes que dele participaram em diferentes graus.
Radha Antonia Pinto Abramo nasceu em São Paulo no dia 4 de dezembro de 1928. Filha de Maria de Lourdes de Almeida Pinto e do jornalista e poeta paulista Decio Abramo. Foi casada com o jornalista Cláudio Abramo (1923-1987), com quem teve duas filhas: Barbara e Berenice. Cursou o Clássico no Colégio São Paulo, formando-se em 1948. Em 1951, cursa História da Arte na École du Louvre (Sorbonne), sob orientação de Jean Cassou. Período em que estagia no Museu, sob orientação de Bernard Dorival, cargo que ocupa até 1952. De volta ao Brasil, trabalha na produção, direção e apresentação do programa da TV Record 'Por um mundo melhor', entre 1954 e 1955. Ainda nesse meio de comunicação, produz e apresenta, entre 1957 e 1964, o programa da TV Tupi 'Arte e Forma', destinado à divulgação das artes plásticas. Nessa mesma época, entre 1958 e 1964, foi Diretora Artística da Galeria Ambiente (SP) e, entre 1965 e 1967, Diretora artística do Centro de Artes Visuais da Folha de São Paulo. Paralelamente, em 1967, foi Diretora Artística da 9ª Bienal Internacional de São Paulo. Ainda nos anos 1960, enquanto historiadora e crítica de arte, colaborou com os jornais 'Diário de São Paulo', 'O Estado de São Paulo', 'O Tempo' e 'Tribuna da Imprensa' (RJ). Entre 1970 e 1971, formou-se em Artes Plásticas, cursou aulas de Pós-graduação na Escola de Sociologia e Política de São Paulo e viajou para Paris, onde, sob orientação de Lucien Goldman, estuda estética e história da arte na École de Hautes Études en Sciences Sociales. Em 1974, foi Diretora artística da 2ª (e última) Bienal Nacional de São Paulo. No ano seguinte, é presa, junto com o marido, pelo DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna), acusados de subversão. Ainda nos anos 1970, foi Diretora do Centro de Pesquisas/IDART - Prefeitura de São Paulo, escreveu críticas de arte na 'Folha de São Paulo' e, com a psicóloga Maria Margarida de Carvalho, desenvolveu estudos de arterapia no Hospital das Clínicas de São Paulo e no Centro de Psicologia de São Paulo e fez ensaios de psicologia e da aplicação de métodos de 'Terapias Expressivas' em institutos terapêuticos, universidades e, em especial, nos presídios do estado de São Paulo. Na primeira metade dos anos de 1980 volta a residir na Europa, ficando entre Paris e Londres. Nesse período, participa de pesquisas no norte da África, na França e na Itália. Em 1985, retorna ao Brasil e, convidada pelo governador Franco Montoro, monta, instala e é nomeada Curadora do Acervo Artístico Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo, cargo que ocuparia até aposentar-se em 1998. Entre 1984 e 1987, é responsável pela mostra internacional 'Da Cor e do desenho do Brasil', projeto que percorreu inúmeros países europeus mostrando a qualidade das obras dos brasileiros. Em 1986, é curadora da Bienal de Veneza/Brasil. Radha Abramo participou da elaboração e construção de vários projetos de Arte Pública: 'Museu da Praça da Sé', 'Arte no Metrô de São Paulo', 'Praça da memória' - Arquivo do Estado, Campus da Cidade Universitária' e Projeto 'Eu Vi o Mundo... Ele Começava no Recife', com Cícero Dias e Francisco Brennand, e, em Lisboa, com um grande mural de Luiz Ventura, na Estação Restauradores, quando da 'Comemoração dos 500 Anos do Brasil'. Professora, museóloga, historiadora e crítica de arte, publicou estudos e comentários históricos/críticos de artes plásticas da Europa e da América Latina em diversos jornais, revistas e como capítulos de livros. Como crítica de arte, realizou diversas apresentações de artistas plásticos brasileiros, em catálogos para mostras nacionais e estrangeiras em galerias de arte. Fez parte de comissões culturais e executou diversos projetos de pesquisa na área da cultura e da educação e fez inúmeras mostras e participou de salões de arte no Brasil e no exterior. Foi membro da Associação Brasileira de Críticos de Arte - ABCA, da Associação Internacional de Críticos de Arte - AICA, da Internacional Council of Monuments and Sites - ICOMOS/Brasil, do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, e, em 1983, participou da fundação da ONG Comissão Teotônio Vilela de Defesa da Pessoa Humana. Dentre os muitos prêmios recebidos, ganha em 2003 o prêmio Mario de Andrade da ABCA. Em 2004, é curadora da exposição 'Uma Viagem de 450 anos' no SESC Pompéia, São Paulo, em comemoração do aniversário da cidade. Em 2005, é curadora da 'Exposição Caderno de Notas - Vlado, 30 anos', exposição que acontece nas antigas celas do DEOPS (Departamento Estadual da Ordem Política e Social), atualmente integradas à Estação Pinacoteca, organizada pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo em memória do jornalista Vladimir Herzog, no 30º aniversário de seu assassinato. Radha falece em São Paulo no dia 24 de julho de 2013.
José Genésio Fernandes nasceu numa região de roça chamada Barra, pertencente ao município de Maria da Fé, Minas Gerais, em 25 de agosto de 1946. Filho de Joaquim Fernandes Filho e de Julia de Souza Fernandes. Faz seus estudos iniciais na escola rural Luiz Francisco Ribeiro. No final dos anos 50, Missionários do Sagrado Coração passam férias na Barra - com um grupo de alunos. Genésio, a princípio, nega o convite para ir estudar com eles, mas, numa segunda visita, dois anos depois, muda de ideia e, em 1960, vai para Itajubá, Minas Gerais, estudar no Instituto Padre Nicolau. Em 1967, ainda sob a tutela dos missionários, segue para Pirassununga, São Paulo, para dar sequência aos estudos. Em 1969, termina o Curso Clássico. Iria para Campinas, São Paulo, estudar filosofia na Unicamp, mas, é dispensado pelos missionários por ter um 'gosto artístico muito acentuado' e por ter 'dificuldade de cumprir regras e horários'. Volta para Itajubá e trabalha como ajudante em uma churrascaria, como vigia de um colégio e pinta paisagens para ajudar nas despesas. Ingressa no curso de letras da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Itajubá. Em 1970, ganha uma viagem e a matrícula no Festival de Inverno de Ouro Preto, onde participa do curso Pintura-iniciação, obtendo, no final, o 1º prêmio. É contratado pelo estado de Minas Gerais para dar aulas no primeiro e segundo grau no município de Piranguinho, vizinho de Itajubá; onde permanece por quatro anos. Em 1972 conclui a graduação. Em 1974, passa num concurso e começa a trabalhar nas Escolas Polivalentes em Minas Gerais. Entretanto, três anos depois, insatisfeito com o salário e com os atrasos no pagamento, decide - convidado por um amigo - ir para o Acre para trabalhar como gerente em uma empresa de eletricidade e de construção de estradas, mas permanece ali apenas dois anos. Começa a trabalhar com Francisco Gregório Filho, no Departamento de Assuntos Culturais de Rio Branco, e funda com ele a primeira escolinha de arte do estado e, em 1978, começa a ministrar aulas de literatura brasileira e teoria literária na Universidade Federal do Acre (UFAC). Nessa época, participa ativamente da vida cultural de Rio Branco, escrevendo sobre pintores e organizando exposições. Em 1979, leva a primeira exposição de artistas do Acre para Brasília. Entre 1979 e 1982, muda-se para Recife, para fazer mestrado em teoria literária na Universidade Federal de Pernambuco, escrevendo sobre Osman Lins. Nesse período, expõe no Centro de Artes da UFPE e na Galeria Três Galeras. Em 1983, retorna ao Acre para dirigir o Campus Avançado de Xapuri, da UFAC. Envolve-se com questões sociais e com a luta do seringueiro, sindicalista e ativista ambiental Chico Mendes. Passa a sofrer perseguições políticas e, temendo as ameaças que vinha sofrendo, deixa a cidade. Retorna a Rio Branco para lecionar na UFAC, onde permanece até 1990. No ano seguinte, se muda para Campo Grande, Mato Grosso do Sul, e começa a ministrar aulas no curso de Letras e de Jornalismo da Universidade Federal (UFMS). Ali, cria e edita a revista 'Rabiscos de Primeira', destinada a publicações de trabalhos acadêmicos de alunos. Em 1996, começa o doutorado em Semiótica e Linguística Geral na Universidade de São Paulo. Ganha, em concurso, uma bolsa para passar um ano em Paris. Entre setembro de 1998 a setembro de 1999, faz cursos na Ecole des Hautes Études en Sciences Sociales, Université de Paris VIII (Vincennes-Saint-Denis) e Université de Paris X (Nanterre). Em 2000, conclui o doutorado com a tese 'Leitoras de Sabrina: usuárias ou consumidoras? (Um estudo da prática leitora dos romances sentimentais de massa)'. Passa a ministrar aulas e faz orientações na pós-graduação da UFMS até 2009, quando se aposenta e volta a morar na Barra, sua terra natal, onde, atualmente, ajuda a preservar uma floresta e continua pintando e desenhando. Recebeu os seguintes prêmios em pintura: Primeiro Prêmio no Salão de Artes do Diretório Acadêmico da Escola de Engenharia de Itajubá-MG (1972); Terceiro Prêmio 'Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul-FIEMS' no X Salão de Artes Plásticas de Mato Grosso do Sul (1997) e Segundo Prêmio 'Governo do Estado de MS' no XI Salão de Artes Plásticas de MS (1998). Participou de diversas coletivas e tem mais de 130 obras no acervo do Museu de Arte Contemporânea do Mato Grosso do Sul - MARCO.
Francisco Foot Hardman nasce na capital paulista em 23 de fevereiro de 1952, filho de Eloy Hardman Cavalcante de Albuquerque e Diva Foot Hardman. Divide o ensino fundamental entre a Escola Conselheiro Lafayette (1959-1962) e o Colégio Santa Cruz (1964-1967), onde também faz o ensino médio (1968-1970). Bacharela-se em Ciências Sociais na UNICAMP (1971-1974) e, na mesma instituição, torna-se mestre em Ciência Política (1975-1980). Faz também a licenciatura em Ciências Sociais na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1977-1979). Inicia sua carreira profissional ainda na época da graduação, atuando como monitor no Colégio Santa Cruz e como professor no 'O curso' - Curso Vestibulares. Já na época da pós-graduação passa a ensinar nos colégios Palmares e Industrial IADÊ e nas Faculdades Integradas Alcântara Machado; além de fazer parte da Coordenação Editorial da Kairós Livraria e Editora. Em 1980 se torna professor adjunto no Departamento de Ciências Sociais do Centro de Ciências Humanas Letras e Artes da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). No ano seguinte, ingressa no doutorado em Filosofia na Universidade de São Paulo (USP), defendendo a tese 'Trem Fantasma: Espetáculos do maquinismo na transição à modernidade', sob a orientação da Profa. Dra. Maria Sylvia Carvalho Franco, em 1986. A tese é publicada dois anos depois. Em 1982, em parceria com Victor Leonardi, lança 'História da Indústria e do Trabalho no Brasil: das Origens aos Anos Vinte' e, no ano seguinte, 'Nem Pátria, Nem Patrão: Vida Operária e Cultura Anarquista No Brasil'. Em 1985 publica com Antonio Arnoni Prado 'Contos Anarquistas: Antologia da Prosa Libertária no Brasil (1901-1935)'. Em 1987, deixa a UFPB e ingressa na UNICAMP como professor do Departamento de Teoria Literária do Instituto de Estudos da Linguagem. Uma de suas primeiras atividades na nova instituição foi coordenar a Comissão de Elaboração do Regulamento Geral do CEDAE. No período entre 1989 e 1991 ocupa o cargo de coordenador do CEDAE, faz pós-doutorado no College International de Philosophie (França) e atua como professor visitante na Università di Roma La Sapienza. Em 1994, obtém o título de livre-docência com a tese 'Brutalidade antiga e outras passagens'. Entre 1991 e 1995, ocupa o cargo de Diretor Associado do IEL, ao lado do Prof. Dr. Rodolfo Ilari. Em 1995, é professor visitante na Freie Universität Berlin, onde ministra aulas na graduação e pós-graduação e desenvolve o projeto 'La Présence de la Poétique des Ruines dans la Conception d´Histoire des Écrivains Brésiliens Fin-de-Siècle (1880-1920)' junto à Maison des Sciences de L´Homme (França). Nos anos 2000 atua em universidades norte-americanas, sendo professor visitante da University of California at Berkeley (2000) e da University of Texas at Austin (2003 e 2006), onde desenvolve pesquisa sobre a obra poética de Euclides da Cunha. Entre suas publicações mais recentes estão: 'A Vingança da Hileia: Euclides da Cunha, a Amazônia e a Literatura Moderna' (2009), 'Contos anarquistas: temas e textos da prosa libertária no Brasil - 1890-1935' (2011) e 'Escritas da Violência', este último organizado com Marcio Seligman e Jaime Ginzburg (2012). Entre 2013 e 2014 faz pós-doutorado na Università di Bologna. Além de sua atuação como orientador e supervisor de trabalhos acadêmicos nas áreas de Letras, Ciências Sociais e História, o titular também é membro do conselho editorial das revistas 'Journal of Latin American Cultural Studies´ (Londres), 'Rivista di Studi Portughesi e Brasiliani´ (Pisa-Roma), 'O Olho da Historia´ (Salvador) e 'Crítica Marxista´ (Campinas). Junto à imprensa, atuou como editorialista do jornal 'Folha de S. Paulo´ (1983-85), tendo também colaborado como ensaísta no caderno 'Aliás´ de 'O Estado de S. Paulo´ (2004-12).