2014-02-13
Alfredo Augusto Margarido nasceu em 5 de fevereiro de 1928, na freguesia de Moimenta, região de Vinhais em Portugal. Ficcionista, ensaísta, poeta, crítico literário, jornalista, tradutor, artista plástico e estudioso de problemáticas africanas.Iniciou sua formação acadêmica na Escola de Belas Artes do Porto, onde realizou algumas exposições, ao lado das que fez em Lisboa, antes de seguir, a serviço do governo português, para o continente africano no início dos anos 50. Primeiro foi para São Tomé e Príncipe e, em seguida, para Angola, onde foi responsável pelo Fundo das Casas Econômicas.Em 1953, inicia a sua obra literária com a publicação de "Poemas com Rosas". Em 1957 é expulso do território angolano devido a denúncias que fez - publicadas no "Diário Popular" de Lisboa - sobre as situações de descriminação racial que ocorriam no país. No período que ficou na África colaborou com várias publicações; entre elas, o "Boletim de Cabo Verde" e o "Boletim da Guiné".Regressa para Portugal e se dedica ao jornalismo, dirigindo o suplemento literário do "Diário Ilustrado", fazendo crítica literária e críticas sobre artes plásticas. Em 1958, publica "Poema Para Uma Bailarina Negra", de inspiração surrealista. Na ficção, integra-se na tendência do noveau roman com "No Fundo Deste Canal" (1960) e "A Centopeia" (1961). Em 1961 publica o ensaio "Teixeira de Pascoais" e, no ano seguinte, lança - em parceria com Artur Portela Filho - "O Novo Romance", livro que divulga o noveau roman em Portugal. Em 1963 edita, nessa mesma linha literária, o romance "As Portas Ausentes". Em 1964 publica em Lisboa o ensaio "Negritude e humanismo" e se instala em Paris, onde se formaria em Ciências Socias na École des Haute Études en Sciences Sociales.Por combater ativamente o colonialismo durante o período da ditadura, seu regresso a Portugal lhe era vetado. Nesse período, criou e co-dirigiu a revista "Cadernos de Circunstância" ao lado de um grupo de exilados portugueses: Manuel Villaverde Cabral, Jorge Valadas (conhecido também pelo pseudônimo de Charles Reeve), Fernando Medeiros, Alberto Melo, João Freire e José Maria Carvalho Ferreira.Enquanto professor lecionou em várias universidades francesas (Paris, Vincennes e Amiens) e, após o 25 de Abril de 1974, retorna para Portugal e leciona em Lisboa. No Brasil, passará pela USP, Unicamp, UFRJ e UFPB.Da vasta obra de Alfredo Margarido, muita da qual dispersa por jornais e revistas, destaque-se, além das citadas, os ensaios "Jean Paul Sartre" (1965), "A Introdução ao Marxismo em Portugal" (1975), "Ensaio Sobre a Literatura das Nações Africanas" (1980), "Fernando Pessoa/Santo Antônio, São João, São Pedro - introdução crítica e notas" (1986), "Plantas e Conhecimento do Mundo nos Séculos XV e XVI" (1989) em colaboração com Isabel Castro Henriques, "As Surpresas da Flora no Tempo dos Descobrimentos" (1994) e "A Lusofonia e os Lusófonos: novos mitos portugueses" (2000).Também se notabilizou na tradução: Anouilh, Faulkner, James Joyce, Steinbeck, Dylan Thomas, Nietzsche, Saint-John Perse, Kafka, entre outros, fizeram parte de seu trabalho nesse campo.Deixou uma vasta obra, muita da qual dispersa por obras coletivas - capítulos, introduções, prefácios, posfácios -, e por estudos espalhados em jornais e revistas culturais e científicas, nacionais e estrangeiras.Uma parte da sua obra plástica foi reunida em "33+9 Leituras Plásticas de Fernando Pessoa" (1988) e em "Obra Plástica de Alfredo Margarido" (2007).O espólio de Alfredo Margarido passou a integrar o acervo da Biblioteca Nacional de Portugal por doação do próprio em 2009.Faleceu em Lisboa no dia 12 de outubro de 2010.
Henrique Maximiano Coelho Neto nasceu em Caxias, MA, em 21 de fevereiro de 1864, filho de Antônio da Fonseca Coelho e Ana Silvestre Coelho.Aos seis anos se muda com os pais para o Rio de Janeiro. Inicia-se nas leituras com um tio e faz os estudos primários e secundários no Colégio São Bento e no Colégio Pedro II. Começa um curso de medicina, mas logo desiste e, em 1883, se matricula na Faculdade de Direito de São Paulo. Ali, envolve-se num movimento dos estudantes contra um professor e, prevendo represálias, transfere-se para Recife, onde faz apenas o primeiro ano de direito. Não conclui o curso de direito.Regressa a São Paulo e se entrega as ideias abolicionistas e republicanas. De volta ao Rio de Janeiro, passa a se dedicar ao jornalismo, trabalhando na campanha das ideias que abraçou na época.Em 1890, casa-se com Maria Gabriela Brandão, com quem teve 14 filhos, e é nomeado para o cargo de secretário do Governo do Estado do Rio de Janeiro. No ano seguinte, torna-se Diretor dos Negócios do Estado. Em 1892, é professor de História da Arte da Escola Nacional de Belas Artes e, mais tarde, professor de Literatura do Colégio Pedro II. Em 1910, é nomeado professor de História do Teatro e Literatura Dramática da Escola de Arte Dramática, sendo logo depois diretor do estabelecimento. Foi também professor de literatura em Campinas, SP.Eleito deputado federal pelo Maranhão, em 1909, foi reeleito em 1917. Foi também secretário-geral da Liga de Defesa Nacional e membro do Conselho Consultivo do Teatro Municipal.Além de exercer vários cargos, Coelho Neto multiplicava a sua atividade em revistas e jornais, no Rio de Janeiro e em outras cidades.Fez vida literária frequentando as rodas literárias. Formou um grupo com Olavo Bilac, Luís Murat, Guimarães Passos e Paula Ney. A história dessa geração foi romanceada por ele em "A conquista" (1899).Cultivou praticamente todos os gêneros literários, deixando uma obra extensa entre poesia, romances, contos, narrativas históricas e bíblicas, lendas, memórias, conferências, antologias, crônicas, livros didáticos, teatro, além de volumes inéditos. Destacando-se entre ela os livros de contos "Sertão" (1896), "Treva" (1906) e "Banzo" (1913); os romances "Turbilhão" (1906), "Miragem" (1895), "Inverno em flor" (1897); as memórias romanceadas "A capital federal" (1893), "A conquista" (1899), "Fogo fátuo" (1929) e "Mano" (1924); as peças teatrais "Neve ao sol", "A muralha", "Quebranto" e "O dinheiro".Em 1928, foi eleito "Príncipe dos Prosadores Brasileiros", num concurso público realizado pelo periódico "O Malho".Fundador da Cadeira 2 da Academia Brasileira de Letras, recebeu os acadêmicos Osório Duque-Estrada, Mário de Alencar e Paulo Barreto.Faleceu no Rio de Janeiro em 28 de novembro de 1934.
