Professor Doutor do Departamento de Ciência Política da Universidade Estadual de Campinas e Diretor do Arquivo Edgard Leuenroth Centro de Pesquisa e documentação Social. Concluiu o doutorado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas em 2004. É membro do comitê científico do Centro Studi Trasformazioni Economico Sociali (Roma, Itália), secretario de redação de Outubro, editor responsável dos Cadernos AEL. Atua na área de Ciência Política, com ênfase na Historia da Ciência Política na Itália e nos Estados Unidos e pensamento político latino-americano. No âmbito do Grupo de Pesquisa Marxismo e Pensamento Político coordena pesquisa sobre o pensamento político italiano e dos séculos XIX e XX e marxismo latinoamericano.
Filho de Estevão de Araújo Almeida, jurista e professor de Direito, e Angelina de Andrade Almeida, Guilherme de Andrade e Almeida nasce em 24 de julho de 1890, na cidade de Campinas, SP.
Guilherme de Almeida divide os primeiros anos da infância entre a cidade natal, Limeira, Araras e Rio Claro, onde realiza os estudos primários. Em 1903, muda-se com a família para São Paulo. Ali, estuda no Colégio de São Bento e no Ginásio Nossa Senhora do Carmo, dos Irmãos Maristas, antes de ingressar na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, formando-se em 1912. Na esfera profissional, atua como promotor público em Apiaíe, em Mogi-Mirim, durante um breve período. Em 1914, retorna à capital paulista para trabalhar com o pai, dedicando-se a essa tarefa até o ano de 1923.
Em 1916, Guilherme de Almeida estreia na literatura com as peças "Mon Coeur Balance" e "Leur Âme", escritas em parceria com Oswald de Andrade. Nesse mesmo ano, começa a escrever para jornais de São Paulo e do Rio de Janeiro e, no ano seguinte, publica seu primeiro livro de poemas: "Nós". Até 1922 - ano em que participa da realização da Semana de Arte Moderna, ao lado de Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Di Cavalcanti e Menotti del Picchia, entre outros - publica mais sete trabalhos: "A Dança das horas" (poesia, 1919); "Messidor" (poesia, 1919); "Livro de horas de Sóror Dolorosa" (poesia, 1920); "Natalika" (prosa, 1921); "Scheherazada" (ato em versos, 1921); "Narciso - a flor que foi um homem" (poesia, 1921) e "Era uma Vez..." (poesia, 1922). Foi um dos fundadores da revista "Klaxon" (porta-voz do movimento inaugurado com a Semana), integrando a equipe de editores e criando a capa do periódico.
Em 1923, Guilherme de Almeida casa-se com Belkis Barroso do Amaral (Baby) e se muda para o Rio de Janeiro, onde permanece até 1925. Nesse ano, publica quatro livros de poemas: "Narciso"; "Encantamento"; "Raça"; e "Meu". Também em 1925, viaja para o Rio Grande do Sul, Pernambuco e Ceará, divulgando os ideais estéticos do movimento modernista através de artigos e conferências, a exemplo da "Revelação do Brasil pela poesia moderna".
Em 1926, ano de falecimento do seu pai, Guilherme de Almeida publica os livros de ensaio "Do Sentimento nacionalista na poesia brasileira" e "Ritmo, elemento de expressão". Dois anos depois, é eleito para a Academia Paulista de Letras, sucedendo seu pai na cadeira de nº 22. Em 1929, publica um novo livro de poesia, "Simplicidade". No ano seguinte, é eleito para a cadeira de nº 15 da Academia Brasileira de Letras, na vaga de Amadeu Amaral, sendo recebido por Olegário Mariano.
Em 1931, publica "Você" (poesia) e "Poemas escolhidos". No mesmo ano, torna-se co-proprietário dos jornais paulistas "Folha da Noite" e "Folha da Manhã", onde mantém a coluna "Sombra Amiga" até a mudança de propriedade do jornal, em 1945. Em 1932, lança "Cartas que eu não mandei" (poesia, 1932) e "Nova bandeira" (1932). Participa da Revolução Constitucionalista, lutando na cidade de Cunha, SP, mas é preso e exilado em Portugal, onde permanece até o ano seguinte. Esse período dá origem às crônicas reunidas no livro "O meu Portugal", publicado em 1933.
Ainda nos anos de 1930, publica mais um livro de poesia, "Acaso" (1938). Na década seguinte, são editadas as obras: "Cartas do meu amor" (poesia, 1941); "Estudante poeta" (teatro, em parceria com C. J. Barcelos, 1943); "Tempo" (poesia, 1944); "Poesia varia" (poesia, 1947); "Gonçalves Dias e o Romantismo" (conferência, 1948); "Joca" (poesia, 1948); e "Histórias talvez" (crônicas, 1949). Nos anos de 1950, publica "O anjo de sal" (poesia, 1951), "Toda poesia" (1952, em seis volumes), "Acalanto de Bartira" (poesia, 1954), "Camoniana" (poesia, 1956) e "Pequeno Romanceiro" (poesia, 1957).
Em 1959, Guilherme de Almeida é eleito "Príncipe dos Poetas Brasileiros", um concurso patrocinado pelo jornal "Correio da Manhã", por meio da seção "Escritores e livros", sendo escolhido por um "colégio eleitoral" de cerca de mil componentes. Em sua última década, lança: "A rua" (poesia, 1961); "Cosmópolis" (poesia, 1962); "Rosamor" (poesia, 1966); e "Os sonetos de G. A." (poesia, 1968).
Guilherme de Almeida distingue-se também nas atividades de heráldica e tradução. Na primeira, é criador dos brasões-de-armas de São Paulo (SP), Petrópolis (RJ), Volta Redonda (RJ), Londrina (PR), Brasília (DF), Guaxupé (MG), Caconde, Iacanga e Embu (SP). Na segunda, destaca-se a tradução dos poetas Paul Géraldy, Rabindranath Tagore, Charles Baudelaire, Paul Verlaine e da obra "Huisclos"("Entre Quatro paredes"), de Jean Paul Sartre. Além das produções citadas, destacam-se ainda um extenso trabalho jornalístico, a exemplo: da redação de "O Estado de São Paulo"; direção da "Folha da Manhã" e da "Folha da Noite"; fundação do "Jornal de São Paulo"; e redação do "Diário de São Paulo". Entre seus escritos nesse gênero, salienta-se também a coluna "Cinematographos", pioneira da crítica cinematográfica no Brasil, mantida no jornal "O Estado de S. Paulo", entre as décadas de 1920 e 1940.
Guilherme de Almeida falece em onze de julho de 1969, em sua casa, conhecida como a "Casa da Colina", onde residia desde 1946. Na década de 1970, a residência foi adquirida pelo Governo do Estado de São Paulo, que a transformou no museu biográfico e literário Casa Guilherme de Almeida, inaugurado em 1979. Hoje, a Instituição abriga também um Centro de Estudos de Tradução Literária.
Abílio Pereira de Almeida nasce em 26 de fevereiro de 1906, na cidade de São Paulo, filho de Olegário Pereira de Almeida e de Maria de C. Pereira de Almeida.
Realiza seus primeiros estudos na cidade natal - Colégio Stafford, Escola Modelo Caetano de Campos e Colégio São Luiz - e, em 1925, ingressa na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Dois anos depois, interrompe o curso devido ao seu alistamento voluntário no Segundo Batalhão do 5º Regimento de Infantaria.
Em 1928, ingressa na Escola de Aviação Militar, diplomando-se como sargento aviador da aeronáutica um ano depois. Retoma, então, seus estudos, concluindo o curso de Direito em 1932.
Abílio Pereira de Almeida casa-se em 25 de janeiro de 1933, com Lúcia Gama Wright, com quem tem dois filhos.
Dois anos depois de formado, torna-se catedrático de Prática Jurídico-Administrativa da Escola de Comércio Álvares Penteado e publica "Práticas Jurídico Comercial", livro que escreve junto com José de Queiroz Mattoso. No ano seguinte, funda com dois outros professores a "Revista Judiciária de São Paulo", periódico editado até fevereiro de 1939. Assume o cargo de juiz do Tribunal de Impostos e Taxas entre 1938 e 1939.
No início da década seguinte, ingressa no Grupo de Teatro Experimental de São Paulo (GTE), fundado por Alfredo Mesquita, em 1943. Em 1946, escreve sua primeira peça, "Pif-Paf", levada a público pelo GTE no Teatro Municipal de São Paulo, sob sua direção e também com uma participação sua como ator.
Dois anos depois, toma parte na fundação do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), inaugurado com a apresentação de sua segunda peça: "A Mulher do Próximo". Nessa peça, Abílio Pereira de Almeida toma parte como diretor e também ator. No ano de 1949, a mesma peça também é apresentada na inauguração do Teatro Copacabana, no Rio de Janeiro.
Além de dramaturgo, Abílio Pereira de Almeida também exerce a atividade de diretor artístico do TBC (1957), onde permanece por cerca de dez anos como primeiro secretário. Ao longo dos anos, diversas outras peças de sua autoria são montadas no TBC: "Paiol Velho" (1950), "Santa Marta Fabril S.A." (1955), "Rua São Luís 27, 8º" (1957) e "A dama de copas" (1958).
Fora do TBC, Abílio monta, entre outras, as seguintes peças: "Moral em Concordata" (1956), "O Comício" (1957) e "Dona Violante Miranda" (1958).
Participa da criação da Companhia Cinematográfica Vera Cruz (1949), onde desenvolve trabalhos como ator, diretor e produtor. Como ator, participa, em 1950, da primeira produção da Vera Cruz, "Caiçara", filme dirigido por Adolfo Celi. No ano seguinte, é encarregado da adaptação de sua peça "Paiol Velho" para o cinema, o que se transformaria no próximo filme da companhia, "Terra é Sempre Terra", sob a direção de Tom Payne. Em 1952, dirige e atua no filme "Ângela", redigindo também o roteiro da comédia "Sai da Frente", primeiro filme do comediante Mazzaropi no cinema. Nos dois próximos anos, ainda com Mazzaropi, dirige "Nadando em Dinheiro" (1953) e "Candinho" (1954).
Em 1955, estrutura a Cinematográfica Brasil Filme Ltda., empresa na qual é diretor ao longo de quatro anos. A Brasil Filme realiza oito filmes, entre os quais "Ravina", de Rubem Biáfora, "Rebelião em Vila Rica", dos irmãos Santos Pereira, e "Estranho Encontro", de Walter Hugo Khouri.
No mesmo ano, Abílio é eleito presidente da Associação Profissional da Indústria Cinematográfica de São Paulo (APICESP).
Com o intuito de ajudar na co-produção franco-brasileira "Copacabana Palace" (1962), funda o Consórcio Paulista.
É também membro da Comissão Estadual de Cinema e empresário no ramo do teatro, do cinema, da indústria e do setor imobiliário, além de produtor rural. Também atua como roteirista e argumentista de televisão, escrevendo vários programas como, por exemplo, "Ritinha Salário Mínimo". No início dos anos 70, é colunista nos jornais "Última Hora" e "Aqui São Paulo".
Escreve o livro "Contos Maiores e Menores à Moda Paulista", ainda inédito.
Abílio Pereira de Almeida falece em onze de maio de 1977, no município de São Paulo.
Allyrio Hugueney de Mattos nasceu em Cuiabá, Mato Groso e formou-se engenheiro em 1913. Concluído o curso foi nomeado Preparador da cadeira de Topografia, em 1915, tendo prestado concurso para Livre Docente da cadeira de Topografia e Legislação de Terras, em 1925. Em 1930, foi nomeado Professor Catedrático para a Cátedra de Astronomia e Geodésia na Escola Politécnica. Em 1938 foi chamado para preparar um grupo de Engenheiros do então Conselho Nacional de Geografia (hoje Instituto Brasileiro de Geografia), a fim de determinar as coordenadas geográficas dos Municípios do Brasil. Com este trabalho, muitos municípios tiveram suas coordenadas fixadas, com a eliminação, em muitos casos, de erros enormes nos mapas. O que destacou o professor Allyrio no conjunto da engenharia nacional foi sua atuação modernizadora no que diz respeito à Cartografia, nome genérico que hoje abrange todos os tipos de levantamento e determinações de posições absolutas ou relativas de porções da superfície da terra. Como astrônomo, é o único brasileiro a observar três eclipses totais do Sol visíveis no Brasil (em 1919, 1945 e 1969). Por ocasião do eclipse em Bocaiúva (1945), recebeu o Diploma de Comendador da Ordem da Rosa Branca da Finlândia. Foi Membro Titular da Academia de Ciências e Sócio Benemérito Fundador da Sociedade Brasileira de Cartografia. Recebeu, em 1967, pelos seus méritos, o Prêmio Ricardo Franco. Na década de vinte, seu interesse pela recente descoberta da radiotelefonia levou-o, juntamente com Roquete Pinto e outros entusiastas, a fundar a Radio Sociedade do Rio de Janeiro. O Professor Allyrio Hugueney de Mattos faleceu em 7 de janeiro de 1975, no Rio de Janeiro.
