Miguel Costa nasceu em Buenos Aires, Argentina, em 1885, e imigrou para o Brasil em 1892 com sua família. Inicialmente, moraram na Fazenda Pau d'Alho, em Piracicaba e, após cinco anos, foram para a cidade de São Paulo. Aos 15 anos, Miguel Costa ingressou no Corpo de Cavalaria da Força Pública. Em 1910, foi promovido a oficial e, em 1922, chegou à patente de major após sucessivas promoções. Participou dos levantes de 1924 e integrou a Coluna Miguel Costa-Prestes a partir de 1925, ano em que também foi expulso da Força Pública. Posteriormente, exilou-se na Argentina, onde iniciaram-se as articulações para o movimento de 1930 para o qual Miguel Costa foi convidado a chefiar as forças vindas do Sul e que tomariam São Paulo - o Destacamento Miguel Costa com doze mil homens do Exército e das Brigadas do Rio Grande do Sul e do Paraná. Após a vitória do movimento em outubro, Miguel Costa foi nomeado Secretário da Segurança Pública em São Paulo. Ainda no final de 1930, ajudou a fundar a Legião Revolucionária de São Paulo que, posteriormente, se transformou no Partido Popular Paulista, no ano de 1932. Em 1931, pediu sua exoneração dos cargos públicos que ocupava. Já em julho de 1935, partidário da Aliança Nacional Libertadora, foi preso e ficou sob custódia durante um ano e oito meses. Foi casado três vezes: Benedita Laura de Campos, com quem teve três filhos; Felícia Perfecto e Euridina de Moraes, com quem teve mais dois filhos. Faleceu em São Paulo em 2 de setembro de 1959 com 74 anos.
Maurício Paiva de Lacerda nasceu em Vassouras, Rio de Janeiro, no ano de 1888. Filho de Sebastião Eurico Gonçalves de Lacerda (Ministro da Indústria, Viação e Obras do governo Prudente de Morais e Ministro do Supremo Tribunal Federal), foi advogado e jornalista. Em 1910 tornou-se oficial do Gabinete da Presidência de Hermes da Fonseca. Elegeu-se deputado federal pelo Rio de Janeiro em 1912, tendo sido reeleito em 1915. Envolvido com a causa tenentista, participou dos levantes de 1922 e 1924, períodos nos quais também esteve preso. Fundou a Liga Socialista do Estado do Rio de Janeiro e em 1930 elegeu-se novamente deputado federal, agora pela Aliança Nacional Libertadora (ANL). Com a extinção da ANL, em 1935, fundou a Aliança Popular por Pão, Terra e Liberdade. Em 1939 tornou-se advogado-chefe da Caixa Econômica do Distrito Federal. No ano de 1945 aderiu a UDN, cuja seção carioca presidiu até 1946. Aposentou-se no serviço público, no qual trabalhou de 1939 a 1958. Colaborou em jornais e escreveu livros, destaque para: “História de uma Covardia”, “Entre duas Revoluções”, “Política Profissional”, “A Evolução Legislativa do Direito Social Brasileiro” etc. Morreu em 1959, no Rio de Janeiro.
Mário Carvalho de Jesus nasceu em Araguari, estado de Minas Gerais, em 1919. Filho de Augusto de Jesus e Antonia Izabel Carvalho de Jesus. Em 1932 a família mudou-se para Campinas, estado de São Paulo, onde cursou o Ginásio Estadual Culto à Ciência e a Escola de Comércio Pedro II. Ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo em 1943, concluindo o curso em 1947 e, por indicação do Padre Corbeil, coordenador da Juventude Universitária Católica, realizou estágio na França, em companhia dos ex-colegas de universidade, Nelson Abraão e Vicente Marotta Rangel. Lá permaneceu durante oito meses, trabalhando com a equipe do Padre Lebret, inclusive como operário, na comunidade de Boimendeau. Casou-se com Nair Betti Oliveira de Jesus em 28 de junho de 1949, com quem teve sete filhos. Em 1949, iniciou as atividades como advogado, associando-se inicialmente ao seu conterrâneo Antônio de Pádua Constant Pires e, depois, a Nelson Abraão, ambos colegas de curso e de moradia. Entre os anos de 1953 e 1955 atuou como advogado do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo ao lado de Vicente Marotta Rangel. Posteriormente, com Nelson Abraão, foi advogado da Cia. Seguradora Brasileira e chefe do departamento jurídico da mesma empresa. Ao deixar essa empresa constituiu, com seu colega Nelson Abraão, sua primeira sociedade de advocacia, que durou até 1960. Em 1955 patrocinou uma reclamação isolada contra a Companhia Brasileira de Cimento Portland Perus de propriedade da família Abdalla. Os bons resultados obtidos levaram o sindicato a convidá-lo para advogar no próximo dissídio coletivo, efetivando-o a seguir no cargo. Em 1958 os operários da Perus fizeram greve pacífica, da qual saíram vitoriosos, após 46 dias de paralisação. Este movimento contou com a presença de clérigos, como D. Vicente Marcheti Zioni, Bispo auxiliar de São Paulo, e com a participação de militantes comunistas. Em 1962 eclodiu uma grande greve na Perus, da qual Mário participou tornando-se advogado de cerca de 800 operários demitidos, dos quais 500, tiveram ganho de causa. Estes operários, com os direitos assegurados, reassumiram suas antigas funções em janeiro de 1969, com salários equivalentes a mais de seis anos de afastamento do emprego. Mário Carvalho participou, ainda no ano de 1959, da Greve dos trabalhadores da Rhodia, da Tecelagem e Fiação Santo André e da greve dos trabalhadores da Usina Miranda. No ano seguinte, esteve presente na greve dos trabalhadores da Fábrica de Biscoitos Aymoré. No ano de 1978 foi designado por D. Paulo Arns para intermediar a greve dos operários ceramistas de Itu. No ano de 1981, os funcionários do Hospital de São Paulo também contaram com seu auxílio. Em 1960 sugere a um grupo de operários a fundação da Frente Nacional do Trabalho (FNT), associação civil aberta a todos os trabalhadores, e que propunha-se a realizar a doutrina social cristã. Mário foi eleito o primeiro presidente da instituição. A partir da criação da FNT, Mário Carvalho de Jesus e seus colegas trabalhavam para dar assistência exclusiva aos operários, individualmente ou através de seus sindicatos. As principais instituições para as quais prestaram serviços até o início dos anos setenta foram: Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Papel, Celulose, Pasta de Madeira para Papel, Papelão e Cortiça de Caieiras; Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Jundiaí, Cajamar, Campo Limpo Paulista, Itupeva, Louveira, Várzea Paulista e Vinhedo; Sindicato dos Trabalhadores nas Indústria do Papel, Celulose, Pasta de Madeira para Papel, Papelão e Cortiça de Jundiaí; Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Trigo, Milho, Mandioca, Aveia, Arroz, Sal, Azeite e Óleos Alimentícios e de Rações Balanceadas de São Paulo, São Caetano do Sul, Santo André, São Bernardo do Campo e Osasco; Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Fiação e Tecelagem de Jundiaí; Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Pirajuí e Bauru e Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas de Osasco. Em 1968 a FNT assumiu um antigo problema rural envolvendo 80 famílias, na cidade de Santa Fé do Sul, que culminou no assentamento dos lavradores na cidade de Iguataí, Mato Grosso, pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). Em 21 de Abril de 1978, Mário Carvalho de Jesus participa da fundação do Secretariado Nacional Justiça e NãoViolência, sociedade civil e sem fins lucrativos que congrega pessoas e entidades numa linha evangélica ecumênica que optam pela ação não-violenta-ativa ou Firmeza Permanente, na construção de uma sociedade baseada na justiça e na fraternidade. Morreu em 1995 aos 76 anos de idade com câncer na próstata.
Marco Morel nasceu em 1960 e, no fim dos anos 1970 e meados dos anos 1980, tinha uma atividade mista de pesquisa e militância na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), em movimentos de educação popular e alfabetização de adultos e em movimentos na favela, próximos da Igreja ou de associações de moradores. De gravador em punho, registrou alguns comícios, palestras, debates e programas eleitorais que surgiam no processo de crise do regime militar. Segundo Marco Morel, era uma perspectiva intelectual de retomar e repensar, na prática política, os movimentos que haviam sido interrompidos pelo golpe de 1964. Em 1981 organizou, na ABI, o Seminário "Repensando o Centro Popular de Cultura", do qual os depoimentos sobre o tema geraram também gravações ou entrevistas. Às vésperas dos 40 anos da Revolução Cubana (1989) realizou entrevistas sobre o tema. Graduou-se em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1985) e fez Mestrado e Doutorado em História na UFRJ e Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne, respectivamente. É professor Associado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e atua na área de História do Brasil Império, com ênfase nos temas da história política, cultural e da imprensa.
Mário Morel nasceu em Santos, São Paulo, no ano de 1937. Jornalista, ficou conhecido por uma série de reportagens que denunciavam a corrupção na polícia do Rio de Janeiro e que foram publicadas em 1958. Trabalhou nos jornais "Última Hora" e "Diário da Noite". Durante três décadas acompanhou a vida familiar, social e política de Luiz Inácio Lula da Silva para publicar, em 1981, um ano após a fundação do PT, o livro Lula o metalúrgico: anatomia de uma liderança.
Luiz Carlos Prestes nasceu em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, em 1898. Formou-se em engenharia na Escola Militar do Realengo. Era capitão do Exército quando participou do levante dos tenentistas no Rio de Janeiro, em 1922. Em 1924, licenciou-se do Exército e, em 1925, aliou-se aos dissidentes em Foz do Iguaçu com Miguel Costa e deram início à Coluna Miguel Costa-Prestes. Em 1927, com o final da Coluna, permaneceu em Puerto Suarez, na Bolívia, e recebeu o convite de Astrojildo Pereira para o ingresso no Partido Comunista Brasileiro (PCB), o qual foi recusado por Prestes. No ano seguinte, mudou-se para a Argentina e fundou a Liga de Ação Revolucionária (LAR), que acabou extinta alguns meses depois. Ainda em 1930, precisou mudar para o Uruguai. Em 1931, foi para a União Soviética e, em 1934, ingressou no PCB. No ano seguinte, retornou clandestinamente ao Brasil acompanhado da esposa, Olga Benário, a fim de promover uma revolta armada no país. Em 1936, o casal foi preso e Olga enviada para a Alemanha nazista. No campo de concentração deu à luz sua filha Anita e faleceu alguns anos depois. Luiz Carlos Prestes permaneceu preso, no Brasil, até 1945. No ano de 1943 foi eleito secretário-geral do Comitê Central do PCB e, em 1945, foi eleito senador, tendo seu mandato cassado em 1947, juntamente com o cancelamento do registro do partido. Passou a viver novamente na clandestinidade até 1958. Com o golpe militar de 1964 foi obrigado a voltar para a clandestinidade e, em 1971, exilou-se em Moscou com seus filhos e sua segunda esposa, Maria do Carmo Ribeiro. Só retornou ao Brasil em 1979, com a Lei de Anistia. Em 1980, desligou-se do PCB e registrou seus motivos na Carta aos Comunistas. Faleceu aos 92 anos de idade no Rio de Janeiro.
Luiz Araújo foi um estudante de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP) que atuou na liderança do movimento estudantil ligado às correntes trotskistas. Foi um dos responsáveis pela estruturação do Movimento Estudantil 1º de Maio (ME1M) como organização política, em 1969. Em novembro de 1970, o ME1M passou a adotar o nome de Organização Comunista 1º de Maio (OC1M). Em 1976, após um longo processo de negociação, ocorre a unificação desta com a Fração Bolchevique Trotskista (FBT), do Rio Grande do Sul, dando origem à Organização Socialista Internacionalista (OSI). Expulso da OSI em 1978, foi professor do instituto que viria a ser o campus da Unesp-Marília.
Lourenço Moreira Lima nasceu em Itambé, Pernambuco. Formou-se bacharel em Direito pela Faculdade de Direito de Fortaleza e exerceu a advocacia por dez anos no Acre. A partir da década de 1920, participou do movimento tenentista e, em 1925, tornou-se membro da Coluna Prestes. Exerceu as funções de secretário e de comandante do 4º Destacamento. Nesta época, dirigiu o jornal “O Combate”, periódico revolucionário que divulgava os objetivos do movimento. Com a dissolução da Coluna Prestes, permaneceu em Santa Vitória do Palmar, no Rio Grande do Sul, de 1928 a 1930, de onde saiu em marcha com as tropas em direção ao Rio de Janeiro a fim de participar da Revolução de Outubro de 1930. Após a vitória de Getúlio Vargas, retornou ao Rio Grande do Sul. Em 1935 foi acusado de participar do levante organizado pelo Partido Comunista do Brasil (PCB) e desligado do cargo que ocupava no Ministério do Trabalho. Depois, viveu clandestinamente em São Paulo, onde faleceu no ano de 1940. Publicou “A Coluna Prestes: marchas e combates da coluna invicta e A Revolução de Outubro de 1930” (1934) e “A Coluna Prestes (marchas e combates)” (1945).
O Liceu de Artes e Ofícios de Pernambuco (LAOP) foi inaugurado em 1880 como sede da Escola de Ofícios e mantido pela Sociedade dos Artistas Mecânicos e Liberais de Pernambuco. A instituição ministrava aulas de desenho, arquitetura, aritmética e primeiras letras. A partir de 1961, a Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP) assumiu a direção e o patrimônio do LAOP, com a condição de manter o ensino e criar novos cursos profissionais. A instituição foi renomeada para Liceu Nóbrega de Artes e Ofícios e passou a funcionar em outro prédio. Atualmente, existe um projeto de restauro e requalificação do antigo complexo arquitetônico, localizado na Praça da República em Recife.
Leon Hirszman nasceu no Rio de Janeiro em 1937, filho de Chaim Jaime Hirszman e Sarah Rebecca, imigrantes judaico-poloneses. Engenheiro de formação, foi diretor e produtor cinematográfico e figura expressiva no grupo de cineastas que concebeu o Cinema Novo movimento preocupado com a renovação temática e estética do cinema brasileiro, ocorrido a partir dos anos de 1960. Leon associou-se ao Partido Comunista Brasileiro e a um expressivo grupo de artistas e poetas: Caetano Veloso, Edu Lobo, Ferreira Gullar, Gianfrancesco Guarnieri, Jards Macalé, Paulinho da Viola, entre outros. Sua filmografia foi permeada pelos documentários sobre a vida cotidiana brasileira. Iniciou sua carreira praticamente como diretor, tendo apenas uma produção (Juventude sem Amanhã, 1958) como assistente de direção. Seguiram-se então mais de duas dezenas de obras de ficção e documentários. Ficou conhecido do grande público em três importantes momentos de sua carreira: São Bernardo (1972), Eles não Usam Black-Tie (1981) e ABC da Greve (1979). Seus últimos trabalhos foram em parceria com a dra. Nise da Silveira, com quem realizou A Emoção do Lidar (1985) - incompleto - e Imagens do Inconsciente (1983-1987), a partir da produção artística de três internos do Centro Psiquiátrico Pedro II, em Engenho de Dentro, Rio de Janeiro.