Heinz Ostrower nasceu na Alemanha em 29 de maio de 1912. Ainda jovem ingressou no Partido Comunista de Oposição (KPO). Lutou contra a ascensão do nazismo e contra a política stalinista imposta ao Partido Comunista Alemão. Estudava medicina quando foi preso em 1934 em função de sua militância política. Depois de passar 3 anos na prisão foi deportado, vindo parar no Rio de Janeiro onde já morava seu irmão, Kurt. Para sobreviver, trabalhou no comércio local e retomou a atividade política ministrando cursos de formação marxista e conferências sobre as grandes questões da história contemporânea. Após casar-se com a artista plástica Fayga Perla Krakowski em 1941, ambos naturalizaram-se brasileiros. No final da década de 1970, centrou suas atividades no Centro de Estudos e Ação Comunitária (CEAC), entidade sediada em Nova Iguaçu e voltada para o apoio aos movimentos sociais das populações carentes da Baixada Fluminense e Jacarepaguá. Foi presidente do centro no período entre 1983 e 1989. Morreu em 30 de abril de 1992
Elisabeth de Souza Lobo Garcia, ou Elisabeth Souza Lobo, como assinava seus textos, nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, no dia 30 de agosto de 1943. Graduou-se em Letras pela Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em 1965. Esteve em Paris entre os anos de 1967 e 1969, onde pode acompanhar os seminários de Lucien Goldmann (“Sociologie de la Philosophie et de la Littérature”), de Anouar Abdel-Malek (“Sociologie des mouvements sociaux”) e de Louis Althusser (“Philosophie spontanée des savants”). Após retornar ao Brasil, foi professora de literatura no ensino médio por um breve período antes de seguir para o Chile em 1970, onde vinculou-se como docente de metodologia das ciências sociais na Escola de Estudos Econômicos Latino-Americanos (ESCOLATINA) até o golpe de estado de 1973. Por essa época, integrou a Universidade de Paris VIII lecionando nos departamentos de Sociologia e Ciências Políticas, onde também defendeu a tese de doutorado em Sociologia sob a orientação do filósofo Jean-Marie Vincent, em 1979. Durante a década de 1980, trabalhou como docente na Universidade Metodista de Piracicaba (1980), na Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" – Marília (1981-1982), na Universidade de São Paulo (1982-1991), como professora visitante na Universidade de Québec – Canadá (1989) e na Universidade Estadual de Campinas (1989-1991). Em 1983, publicou seu primeiro livro, uma biografia da anarquista lituana Emma Goldman (1869-1940). Destaca-se ainda "A classe operária tem dois sexos", de 1991. Publicou também diversos artigos nos jornais "Em Tempo", "Mulherio", "Leia" e "O Estado de S. Paulo", e nas revistas "Desvios", "Teoria e Debate" e "Tempo e Presença". Projetou uma agenda de pesquisa feminista, marxista e heterodoxa. Sua produção intelectual está voltada para a questão da divisão sexual do trabalho, do trabalho feminino e das relações de gênero na sociedade capitalista. Morreu em 15 de março de 1991, vítima de um acidente automobilístico, quando dirigia-se para Campina Grande, Paraíba, em visita a trabalhadores rurais.
Antônio Batista Ribas nasceu em 18 de dezembro de 1904, na Fazenda Estância Nova, município de Palmas, estado do Paraná, filho de Rutílio de Sá Ribas e Julia Baptista Ribas. Iniciou seus estudos na escola pública da cidade, indo posteriormente para o Seminário Ginásio Diocesano, em Curitiba, e depois para o Ginásio Paranaense. Graduou-se pela Escola de Engenharia do Paraná em 1928, ano em que iniciou sua carreira no serviço público do Estado. Ao longo de quatro décadas, trabalhou no governo estadual como engenheiro e administrador. Sua atuação mais evidente foi no Departamento de Geografia, Terras e Colonização, onde chefiou a abertura de estradas, reorganizou os serviços de povoamento das terras públicas, elaborou novos mapas para o estado do Paraná e seus municípios e estabeleceu a nova divisão administrativa do Estado com estudos para a divisão dos municípios da faixa de fronteira. Pecuarista e empresário, dedicou-se às melhorias do rebanho bovino em seu estado e foi um dos criadores e primeiro presidente da Associação Paranaense de Criadores de Bovinos. Na mesma época, organizou a Cooperativa dos Criadores do Paraná Ltda., tendo cooperado com a Prefeitura Municipal de Curitiba no abastecimento de carne na capital. Em 1958, foi agraciado com o grau de Comendador pelo Governo da República do Paraguai, por serviços executados na Construção da Estrada de Porto Franco a Assunção, como Diretor da Firma Th. Marinho de Andrade Construtora Paraná S/A. Recebeu ainda dois títulos de Benemerência Pública, um por serviços prestados ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), e outro do IBGE.
O Partido Comunista Brasileiro, cujo nome de fundação é Partido Comunista do Brasil, foi fundado em Niterói a 25 de março de 1922. De âmbito nacional teve como objetivo principal promover no Brasil uma revolução proletária que substituísse a sociedade capitalista pela sociedade socialista. Em junho daquele mesmo ano foi colocado na ilegalidade, condição em que passaria a maior parte de sua existência. Na década de 1930, o PCB conseguiu ampliar seus apoiadores, realizou sua I Conferência Nacional e contou com a filiação de Luiz Carlos Prestes no ano de 1934. No ano seguinte, o PCB formou a Aliança Nacional Libertadora (ANL) - uma ampla frente antifascista que tinha a participação de socialistas, comunistas, católicos e democratas, responsável pela publicação do jornal “A Manhã”. Após a derrota da revolta armada de 1935 - também chamada de Intentona Comunista - os partidos de oposição passaram a sofrer forte repressão, o que só melhorou com a redemocratização em 1945. Dois depois, o partido voltou a atuar na ilegalidade e, em 1950, lançou o Manifesto de agosto, que foi assinado por Prestes e propunha a formação de uma frente democrática de libertação nacional. Depois de problemas internos, o partido passou por uma reestruturação e procurou ampliar sua atuação, principalmente no movimento sindical e estudantil. Com a instalação da ditadura militar a partir de 1964, líderes e dirigentes do PCB foram presos: Gregório Bezerra, Carlos Marighella, Mário Alves, Ivan Ribeiro, Leivas Otero, entre outros. Prestes também passou a sofrer duras críticas e instituiu-se uma tendência contrária à sua atuação como secretário-geral, que culminou na expulsão e formação de várias dissidências, tais como: Ação Libertadora Nacional (ALN), Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), Partido Operário Comunista (POC) e Movimento Revolucionário 8 de outubro (MR-8). O PCB sofreu dura repressão durante a ditadura, precisou parar de publicar seu jornal “A voz operária”, além de ter vários militantes presos ou mortos. Somente em 1979, com a Lei de Anistia, é que foi possível o retorno de dirigentes e militantes ao Brasil. Em 1980, Prestes foi destituído do cargo de secretário-geral, que passou para Giocondo Dias e lançou um novo jornal, “Voz da Unidade”. Na década de 1980, o partido também perdeu importantes intelectuais para o Partido dos Trabalhadores (PT), Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e Partido Democrático Trabalhista (PDT). No VIII Congresso do PCB, Salomão Malina e Roberto Freire foram eleitos respectivamente presidente e vice-presidente. Em 1992, após novas crises internas, surgiu o Partido Popular Socialista (PPS), que deveria ser um herdeiro do PCB. Alguns militantes se organizaram e mantiveram o PCB atuando até os dias de hoje.
Fundado em 1931 como Leprosário Pirapitingui, depois denominado Asilo Colônia Pirapitingui, foi criado para abrigar vítimas da hanseníase quando a doença ainda era vista com preconceito e os procedimentos de saúde pública impunham o isolamento. Os pacientes viviam no Asilo Colônia, constituindo ali família e recriando seu mundo sociocultural (Rádio Colônia Pirapitingui), sendo muitas vezes ali mesmo enterrados (Cemitério São José) em função da perda de contato com os familiares. Hoje, o antigo complexo abriga o Hospital Dr. Francisco Ribeiro Arantes.
Autos Crimes é o nome genérico dado a parte dos documentos cartoriais e judiciais sob a guarda do Arquivo Público do Estado de São Paulo recolhidos durante as primeiras décadas do século XX. Esses processos passavam por diversas instâncias, tais como o juízo municipal, o juízo de direito, a secretaria de polícia e as delegacias de diversas localidades. Hoje estão acondicionados em 219 caixas-arquivo, totalizando cerca de 17 mil processos, com datas-limite de 1717 a 1913. Em 1998, um projeto financiado pelo Fundo Nacional de Cultura - Ministério da Cultura - fez com que 190 mil documentos referentes aos "Autos Crimes da Capital" passassem por intervenções técnicas de higienização, restauro, organização e microfilmagem, resultando desse trabalho um instrumento de pesquisa intitulado Catálogo de fundos dos Juízos da Capital existentes no Arquivo do Estado de São Paulo. Entre 2005 e 2006, o conjunto restante denominado Autos Crimes do Interior, corresponde a 99 caixas-arquivo referentes aos Autos Crimes nas diversas comarcas das cidades de Campinas, Jundiaí e Sorocaba, sob o patrocínio da Caixa Econômica Federal, sofreu processamento técnico semelhante.
O Curtume Brasil, também conhecido como Curtume Firmino Costa, foi fundado em 1915 na cidade de Campinas, estado de São Paulo. Localizava-se na Vila Industrial, primeiro bairro operário da cidade, próximo aos curtumes Cantúsio e Companhia Curtidora Campineira de Calçados, bem como das Companhias de Estradas de Ferro Paulista e Mogiana.
Filho de imigrantes libaneses, Azis Simão nasceu em Bragança Paulista, São Paulo, no dia 1 de maio de 1912. Na adolescência, perdeu a vista esquerda. Por recomendação médica, deixou os estudos e dedicou-se ao mercado de café e atacadista, porém sem sucesso. Seus primeiros contatos com o jornalismo ocorreram entre 1928 e 1929 com o movimento operário, via Federação Operária de São Paulo (FOSP) e União dos Trabalhadores Gráficos (UTG). No ano de 1934, fundou a Escola Proletária Noturna, gratuita e aberta a todo trabalhador sindicalizado, onde foi professor. No ano de 1932, formou-se pela Escola de Farmácia. No ano seguinte, ingressou no Partido Socialista. Em fins de 1935, sofreu outro descolamento de retina, perdendo posteriormente a visão direita. Em 1939, ingressou na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da USP como aluno ouvinte, vindo a completar o curso de Sociologia como aluno regular em 1950. Em 1951, foi convidado para integrar a FFLCH-USP como Auxiliar de Ensino e Pesquisa. Devido à deficiência visual, foi contratado somente em 1953, por lei especial do Governo do Estado aprovada pela Assembléia Legislativa. Tornou-se Livre-Docente pela FFLCH-USP em 1964 e professor titular, pela mesma faculdade, em 1973. De 1969 a 1982, ano de sua aposentadoria, desempenhou diversas funções administrativas na FFLCH-USP. Faleceu em 19 de julho de 1990, na cidade de São Paulo.