Área de identificação
Código de referência
Título
Data(s)
- 1928-2012 (com lacunas), s.d. (Produção)
Nível de descrição
Fundo
Dimensão e suporte
366 documentos: 340 iconográficos, 13 audiovisuais e 13 textuais.
Área de contextualização
Nome do produtor
História administrativa
O Grêmio Recreativo Familiar Flor de Maio foi fundado em 4 de maio de 1928, na cidade de São Carlos, interior do estado de São Paulo, por um grupo de trabalhadores da antiga Companhia Paulista de Estradas de Ferro (posteriormente, Fepasa). Idealizado por Alfredo Gonçalves, negro e ferroviário, sua criação veio atender às necessidades dos cidadãos negros por ambientes de lazer e sociabilidade, já que eram impedidos de frequentar os demais clubes recreativos da cidade. Seu primeiro estatuto foi aprovado em 4 de maio de 1932, pontuando, entre seus artigos, ser um clube composto por pessoas negras, voltado para o engrandecimento da raça negra no Brasil, com vistas a promover sua educação moral, social e intelectual. Apesar disso, o ingresso de brancos era eventualmente permitido durante grandes festividades como bailes de carnaval, por exemplo. Esse preceito mudaria somente em 1974, quando houve a reformulação do estatuto e a não mais distinção de raça entre seus associados. Como muitos dos clubes negros surgidos no início do século XX, houve também por parte do Grêmio Flor de Maio uma forte preocupação com atividades socioeducativas e a busca por uma efetiva integração da população negra à sociedade. Nesse sentido, em 1937, articulou a criação de uma escola de ensino primário que funcionava com professores cedidos pela prefeitura de São Carlos, inclusive com aulas noturnas. Teve diversas sedes, sempre alugadas, e somente no final da década de 1940, o então prefeito Luiz Augusto de Oliveira fez a doação de um terreno para a construção de seu prédio atual, tombado pelo Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Ambiental de São Carlos (COMDEPHAASC), em 17 de novembro de 2011. Além dos tradicionais bailes e eventos sociais que promovia em sua sede, o Grêmio Flor de Maio esteve intimamente ligado à história do carnaval de São Carlos. A sambista Odette dos Santos, filha dos sócios fundadores José e Nair Balthazar dos Santos, criou com a diretoria do clube a primeira escola de dança de salão de São Carlos, além de ter sido responsável pela fundação da primeira escola de samba da cidade, “Odette e sua Escola de Samba”, passando a ser reconhecida como a principal carnavalesca são-carlense. O Flor de Maio também se voltou ao combate à discriminação racial participando de protestos locais e elaborando eventos culturais ao longo dos anos. Em julho de 1973, promoveu um ciclo de conferências sobre a situação do negro na sociedade brasileira, colocando em pauta a transição da condição de escravizado a cidadão, a marginalização do negro no mercado de trabalho e as problemáticas que atingem especificamente as mulheres negras. Já em 1995, organizou uma passeata em protesto contra a discriminação sofrida por uma menina impedida de frequentar a escola por ser negra. Ainda em atividade, o Grêmio Recreativo Familiar Flor de Maio vem desempenhando importante papel na formação e desenvolvimento cultural da cidade de São Carlos, realizando e apoiando atividades de teatro, grupos de maracatu, a semana da consciência negra, exposições de livros e trabalhos de artistas plásticos, orquestra sinfônica, campeonatos de futebol, bailes, entre outros.
Entidade custodiadora
História do arquivo
Os representantes digitais da documentação foram adquiridos no âmbito do projeto FAPESP “As Cores da Cidadania: os clubes negros do estado de São Paulo (1897-1952)”, desenvolvido pelo Cecult/IFCH/UNICAMP entre setembro de 2017 e janeiro de 2020. O projeto teve como objetivos investigar aspectos do associativismo negro, bem como as formas de atuação e organização autônoma de homens e mulheres daquele grupo social frente ao preconceito e discriminação raciais enfrentados em diferentes contextos. Nesse sentido, foi feito contato com as seguintes associações do interior do estado de São Paulo: Sociedade Beneficente Treze de Maio (Piracicaba), Grêmio Recreativo Familiar Flor de Maio (São Carlos), Sociedade Cultural e Beneficente 28 de Setembro (Sorocaba), Sociedade Beneficente Recreativa Princesa Isabel (Batatais) e Corporação Musical Campineira dos Homens de Cor (Campinas). As associações que concordaram em integrar o projeto assinaram um Termo de Empréstimo Temporário de seu acervo, para que seus documentos pudessem ser transferidos ao AEL, onde foram higienizados, restaurados, organizados arquivisticamente, digitalizados e embalados para serem, então, devolvidos às respectivas instituições. Complementando o projeto, foi também recebido como guarda definitiva parte do acervo reunido por Benedito Evangelista (1902-2000), um dos membros fundadores da Federação Paulista dos Homens de Cor, da cidade de Campinas.
Fonte imediata de aquisição ou transferência
Doação do Centro de Pesquisa em História Social da Cultura (Cecult) em 2019.
Área de conteúdo e estrutura
Âmbito e conteúdo
O conjunto reúne alguns documentos textuais, audiovisuais e iconográficos referentes ao registro de reuniões, controle de sócios, bem como à realização de eventos por parte do Grêmio Recreativo Familiar Flor de Maio, de São Carlos.
Avaliação, seleção e eliminação
Ingressos adicionais
Não são esperadas novas incorporações.
Sistema de arranjo
O conjunto documental foi organizado em dois grupos: 1) Diretoria Executiva e 2) Eventos, com suas respectivas séries e subséries.
Área de condições de acesso e uso
Condições de acesso
Consulta livre.
Condiçoes de reprodução
É permitida a reprodução (cópia parcial ou integral) dos documentos do acervo do AEL mediante a assinatura do termo de responsabilidade. No caso de uso de direitos autorais e de imagem consulte a LDA - n. 9.610/98 e outras legislações pertinentes.
Idioma do material
- português do Brasil
Script do material
Notas ao idioma e script
Características físicas e requisitos técnicos
Instrumentos de descrição
O upload do instrumento de pesquisa foi concluído
Área de materiais associados
Existência e localização de originais
Existência e localização de cópias
Cópias dessa documentação estão disponíveis para consulta no repositório digital do AEL.
Unidades de descrição relacionadas
Nota de publicação
AGUIAR, Márcio Mucedula. Os clubes negros e seu papel na constituição da identidade e movimento negro: a história do Grêmio Recreativo e Familiar Flor de Maio. Interações, v. 2, n. 2, p. 91-105, 2007. Disponível em: http://periodicos.pucminas.br/index.php/interacoes/article/view/6737. Acesso em: 21 out. 2019.
Nota de publicação
AGUIAR, Márcio Mucedula. As organizações negras em São Carlos: política e identidade cultural. 1998. 120 p. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Centro de Educação e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 1998.
Área de notas
Nota
Veja também o documentário produzido pela Fundação Pró-Memória de São Carlos, com o título: FLORES de Maio: histórias da comunidade negra de São Carlos. São Carlos: Imago Produtora, 2008. 1 vídeo (36 min). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=yfiAZfW65_E. Acesso em: 10 fev. 2023.
Identificador(es) alternativos
Pontos de acesso
Pontos de acesso de assunto
Pontos de acesso local
Ponto de acesso nome
Pontos de acesso de gênero
Área de controle da descrição
Identificador da descrição
Identificador da entidade custodiadora
Regras ou convenções utilizadas
Descrição baseada em: CONSELHO INTERNACIONAL DE ARQUIVOS (CIA). ISAD (G): Norma Geral Internacional de Descrição Arquivística. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2001.
Estado atual
Nível de detalhamento
Datas de criação, revisão, eliminação
02/2023 (criação)
Idioma(s)
Sistema(s) de escrita(s)
Fontes
Nota do arquivista
Conjunto documental organizado pelos bolsistas Gabriel Antonio Bonfim Seghetto e Ana Vitória Cavalcante Santos, sob orientação de Lívia Cristina Corrêa e Tainá Guimarães Paschoal, e supervisão de Sílvia Rosana Modena Martini, técnicas da Seção de Tratamento da Informação e Apoio à Pesquisa do AEL. Descrição arquivística elaborada por Lívia Cristina Corrêa.