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Pessoa

Alexandre De Maio

  • Pessoa
  • 1978-

Nascido em 1978, na cidade de São Paulo, Alexandre De Maio é uma figura ativa de milianos no movimento hip-hop e em causas e projetos sociais, nos quadrinhos, no jornalismo e na ilustração. Entre 1999 e 2009, editou a revista “RAP Brasil”, acompanhando de perto o período de amadurecimento do rap nacional. Em 2006 lançou sua primeira história em quadrinhos “Os inimigos não mandam flores”, com textos do escritor Ferréz. Desenvolveu diversos trabalhos como capas de discos, livros, sites e videoclipes. Em parceria com o Itaú Cultural e ao lado de Alessandro Buzo, lançou o jornal “Boletim do Kaos”. Ministrou oficinas de quadrinhos e de videorreportagem no Pontão de Cultura Preto Ghóez, executado pelo Movimento Enraizados. A partir de 2010 passou a desenvolver o jornalismo em quadrinhos em veículos como O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, Catraca Livre, Veja, Revista Fórum e, especialmente, a Agência Pública, onde ganhou o Prêmio Tim Lopes de Jornalismo Investigativo, em 2013, pela reportagem “Meninas em jogo” sobre exploração sexual infantil. No mesmo ano publicou o livro em quadrinhos “Desterro”, sobre a vida na periferia. Em 2014 teve sua primeira reportagem em quadrinhos republicada na França na revista “Courrier” e foi finalista em duas categorias no Prêmio Abril de Jornalismo. Em 2015 produziu uma série de quadrinhos especiais sobre as Olimpíadas para a Veja e o UOL, e foi finalista em 3 categorias no Prêmio Gabriel García Márquez de Jornalismo com a reportagem “Meninas em Jogo”, realizada em parceria com a jornalista Andrea Dip para a Agência Pública. No final de 2015 o quadrinho “Desterro” foi lançado na França com o título “Favela Chaos”. Em 2016 ilustrou o livro “Génération Favela” para a editora francesa Ateliers Henry Dougier e publicou uma reportagem no livro “Je Suis Rio”. Em 2017 ganhou o primeiro lugar na categoria desenho do prêmio Amico Rom na Itália. Em 2018 lançou seu primeiro livro solo de jornalismo em quadrinhos, intitulado “Raul”, além da HQ digital “Unaí nunca mais”, retratando a chacina de Unaí, Minas Gerais, que originou a data que reforça a luta contra o trabalho escravo no Brasil. Em maio de 2021, participou da série “Aprisionadas” do Jornal da Record, usando a linguagem do jornalismo em quadrinhos.

Arthur Nazareno Pereira Villagelin

  • Pessoa
  • 1929-2000

O jornalista Arthur Nazareno Pereira Villagelin (1929-2000) nasceu e faleceu em Campinas, SP. Seu pai, José Villagelin Netto, foi professor da Escola Normal Carlos Gomes e também jornalista. Arthur Villagelin formou-se em Jornalismo pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade Católica de Campinas, atual Pontifícia Universidade Católica (PUC-CAMP). Trabalhou em diversos órgãos da imprensa campineira, como a revista “Palmeiras”, os jornais “Correio Popular”, “Diário do Povo”, “A Defesa” e “Jornal de Campinas”. Foi diretor de redação do jornal “City News”, auxiliar da sucursal do “Diário da Noite” e “Diário de São Paulo”, e diretor da sucursal do jornal “Última Hora”. Trabalhou, também, no Serviço de Sericultura da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, na Secretaria dos Negócios da Fazenda, na Singer do Brasil S/A, na União dos Viajantes e Representações Comerciais e na Prefeitura Municipal de Campinas. Foi conselheiro e diretor da Associação Campineira de Imprensa (ACI) e sócio-fundador da Associação de Cronistas Esportivos de Campinas (ACEC). Iniciou sua pesquisa sobre a origem dos nomes dos logradouros da cidade de Campinas (ruas, avenidas, travessas e praças) durante o seu trabalho na Prefeitura Municipal.

Edgard Leuenroth

  • Pessoa
  • 1881-1968

Edgard Frederico Leuenroth nasceu em Mogi Mirim, São Paulo, no dia 31 de outubro de 1881, filho de Waldemar Eugênio Leuenroth e Amélia de Oliveira Brito. Após o falecimento do pai em 1885, mudou-se no ano seguinte para a cidade de São Paulo com a mãe e os irmãos Etelvina, Waldemar, João e Eugênio, passando a residir no bairro operário do Brás. Em decorrência de dificuldades financeiras, abandonou o estudo regular e começou a trabalhar com apenas dez anos de idade. A partir de 1895, passou a exercer o ofício de tipógrafo quando ingressou nas oficinas da Companhia Industrial de São Paulo. Dois anos mais tarde, inseriu-se no fazer jornalístico como tirador de provas e depois tipógrafo do jornal O Commercio de São Paulo, onde permaneceu por 12 anos. Ainda em 1897, fundou seu primeiro jornal, O Boi, voltado à crítica literária, o qual seria sucedido em 1898 pela Folha do Braz, órgão defensor dos direitos dos moradores daquele bairro. Por volta de 1900, interessou-se pelo socialismo e frequentou por um tempo as reuniões do Círculo Socialista Primeiro de Maio, até que em 1904 foi apresentado à filosofia anarquista e passou a envolver-se com o movimento libertário. Em 1903, participou da fundação do Centro Tipográfico de São Paulo, que logo transformou-se em União dos Trabalhadores Gráficos (UTG), e colaborou na criação do jornal O Trabalhador Gráfico, veículo oficial da nova organização. Em 1905, transferiu-se para o Rio de Janeiro e trabalhou como tipógrafo nos periódicos A Imprensa e Portugal Moderno. No fim desse mesmo ano, participou da fundação da Federação Operária de São Paulo (FOSP) e do jornal A Terra Livre, onde conheceu o anarquista português Neno Vasco. A partir de então, sob seu próprio nome ou pseudônimos – Demócrito, Frederico Brito, Palmyro Leal, Len, Leão Vermelho, Routh, Siffleur, entre outros – Edgard Leuenroth esteve ligado à imprensa operária de maneira intensa, integrando-a totalmente à sua trajetória de militância. Em 1906, tornou-se redator do jornal A Lucta Proletaria (órgão da FOSP), participou do I Congresso Operário Brasileiro (também dos que viriam acontecer em 1913 e 1920) e casou-se com Aurora da Costa Reis, com quem viveria por toda sua vida. Voltando a residir em São Paulo, fundou o jornal Folha do Povo em 1908 e, no ano seguinte, passou a dirigir o jornal anticlerical A Lanterna, fundado por Benjamin Motta em 1901. Em 1911, colaborou na fundação do jornal A Guerra Social e foi preso pela primeira vez após participar de um comício em protesto ao desaparecimento e provável assassinato da menina Idalina Stamato, caso que gerou bastante comoção na imprensa libertária da época. Em 1912, participou da criação do Comitê de Agitação Contra a Carestia de Vida e da Escola Moderna de São Paulo, cuja proposta pedagógica guiava-se por um ensino laico, racionalista e libertário. Entre 1915 e 1917, colaborou nos jornais independentes O Combate e A Capital, ambos de São Paulo. Em seguida lançou A Plebe, que se tornaria um dos mais importantes periódicos anarquistas publicados no Brasil. O jornal sofreu recorrentes perseguições e foi fechado algumas vezes, tendo sido publicado, com interrupções, até 1951. Edgard também desempenhou papel de destaque nas mobilizações da greve geral de 1917, motivo pelo qual foi injustamente acusado pelas autoridades de ter liderado a pilhagem ao Moinho Santista, e permaneceu preso durante seis meses até seu julgamento e absolvição. Durante o ano de 1919, participou da criação dos Partidos Comunistas do Rio de Janeiro e de São Paulo (ambos de tendência libertária), colaborou na redação do jornal Spartacus e publicou, em parceria com Hélio Negro (pseudônimo de Antônio Candeias Duarte), o livreto O que é marxismo ou bolchevismo: programa comunista, distribuído durante a Primeira Conferência Comunista do Brasil em junho daquele ano. Entre 1917 e 1920, o movimento operário anarquista encontrava-se em pleno auge e Edgard Leuenroth, um de seus principais líderes, participava ativamente dos movimentos grevistas através da imprensa e também nas ruas, com discursos inflamados e liderando protestos. Colaborou ainda no jornal A Voz do Povo, extinto no final de 1920. Nesse mesmo ano, passou a trabalhar na agência de publicidade A Eclectica, da qual seu irmão Eugênio Leuenroth foi um dos primeiros proprietários, onde permaneceria até 1940. Pela agência, atuou na redação de alguns de seus periódicos (Eclectica, Romance Jornal, Ecla - Serviço de Notícias e Jornal dos Jornais) e compareceu ao I Congresso Pan-Americano de Imprensa, realizado no ano de 1926 em Washington, Estados Unidos, ocasião em que organizou uma exposição sobre a imprensa brasileira. Colaborou ainda na fundação do jornal A Vanguarda, em 1921, e do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Gráficas de São Paulo (STIG), em 1923. Na década seguinte, participou da criação do Centro de Cultura Social (CCS), importante entidade cultural vinculada ao movimento anarquista que tinha entre seus objetivos estimular, apoiar e promover entre as camadas populares o estudo dos problemas relacionados à questão social. Edgard Leuenroth também participou da fundação da Associação Paulista de Imprensa (API), em 1933, e do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo e da Associação Paulista de Propaganda, em 1937. Entre as décadas de 1940 e 1950, organizou e dirigiu os arquivos de A Noite (edição paulista), Jornal de São Paulo, A Época, Jornal do Comércio (Recife) e trabalhou na renovação dos arquivos da Folha da Manhã e de O Globo (Rio de Janeiro). Também compareceu por diversas vezes ao Congresso Nacional de Jornalistas, entre as quais, a quarta edição realizada em Recife, em 1951, onde apresentou o texto A organização dos jornalistas brasileiros, o qual foi publicado em livro postumamente. Participou de vários congressos e encontros anarquistas, entre os quais, o Encontro Libertário, realizado no Rio de Janeiro em 1958, ocasião em que aceitou assumir a direção do jornal Ação Direta, após o falecimento de seu fundador José Oiticica. Em 1963, publicou o livro Anarquismo - Roteiro da Libertação Social, uma antologia de textos que abordam diversos aspectos da teoria e prática anarquista. Durante os últimos anos de sua vida, trabalhou como arquivista na sede paulista da agência Standard Propaganda, fundada por seu sobrinho Cícero Leuenroth, e colaborou no jornal O Libertário, de São Paulo. Morreu em 28 de setembro de 1968 em decorrência de um câncer hepático.

Benedito Evangelista

  • Pessoa
  • 1902-2000

Benedito Evangelista nasceu em 28 de fevereiro de 1902 na fazenda Rio das Cabras, distrito de Sousas, em Campinas, São Paulo, onde seu pai fora escravo. Estudou no Colégio São Benedito, tendo como colegas Lix da Cunha e Moisés Lucarelli, tornando-se, depois, professor e diretor na mesma instituição. Ingressou no Corpo de Bombeiros, onde permaneceu por sete anos, até 1947, chegando ao posto de sargento. Trabalhou, ainda, na Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, como mecânico de máquina. Foi membro ativo das entidades negras fundadas na cidade, entre as quais a Corporação Musical Campineira dos Homens de Cor, a Liga Humanitária dos Homens de Cor e a Federação Paulista dos Homens de Cor, da qual foi presidente. Casado com Risoleta de Lima, teve dois filhos, José Benedito Evangelista e Maria José Evangelista Antualpa. Benedito Evangelista faleceu em Campinas no ano 2000.

José Vieira Pontes

  • Pessoa
  • 1880-1952

Nascido em Portugal, José Vieira Pontes veio ainda jovem para o Brasil. Tendo se instalado em São Paulo, foi atuante no teatro amador e autor de peças teatrais. Além disso, foi proprietário da Livraria Teixeira e da Vieira Pontes Editores & Cia. Ltda, localizadas no centro da cidade. Seu interesse pelo assunto fez com que reunisse uma rica coleção de textos da dramaturgia de língua portuguesa. Em 1904, iniciou a edição da série Biblioteca Dramática Popular, dedicada à dramaturgia de representação popular e operária. Também publicou sua coleção particular de textos dramáticos em língua portuguesa.

Peter Henry Fry

  • Pessoa
  • 1941-

Peter Henry Fry nasceu na cidade de Leeds, Inglaterra, em 1941. Graduou-se em Antropologia Social pela Universidade de Cambridge, em 1963. Defendeu sua tese de doutorado na Universidade de Londres em 1969, estudo no qual analisou as práticas religiosas e políticas de povos da antiga colônia britânica da Rodésia do Sul, atual Zimbábue. Em 1970, veio para o Brasil e colaborou na fundação do atual Departamento de Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas, juntamente com os antropólogos Verena Stolcke e Antônio Augusto Arantes. Permaneceu na UNICAMP até 1983, período em que lecionou, foi chefe do então denominado Conjunto de Antropologia (entre 1975 e 1977) e ajudou a criar o programa de mestrado em Antropologia Social da universidade. Também durante esse tempo, desenvolveu pesquisas sobre a Umbanda e o Cafundó, esta última uma comunidade de negros ex-escravizados, localizada próxima a São Paulo, que lhe permitiu o estudo sobre línguas africanas no Brasil. Por essa época, se engajou na militância do incipiente movimento homossexual brasileiro no fim dos anos de 1970 e início da década de 1980, tendo sido um dos fundadores do jornal Lampião da Esquina. Foi professor visitante do programa de pós-graduação em Antropologia Social do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, de 1983 a 1985. Trabalhou também como representante e diretor do escritório da Fundação Ford no Rio de Janeiro (1985-1993), atividade que o levou para Harare, no Zimbábue, em 1989. De volta ao Brasil em 1993, passou a lecionar no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, onde permaneceu como professor titular até sua aposentadoria, em 2009. Na Associação Brasileira de Antropologia (ABA), ocupou os cargos de tesoureiro (1980-1982), vice-presidente (2004-2006) e editor do jornal da entidade, Vibrant – Virtual Brazilian Anthropology. Desenvolveu diversas pesquisas sobre política e religião africanas, homossexualidade, religiões afro-brasileiras e relações raciais no Brasil.

Celeste Fon

  • Pessoa
  • 1944 -

Fundado em 12 de maio de 1978, em São Paulo, o Comitê Brasileiro pela Anistia (CBA-SP) foi constituído por representantes de entidades, sobretudo sindicais, que formavam núcleos profissionais dentro da organização. Em julho de 1978, divulgou uma carta de princípios e seu programa mínimo de ação. Em setembro do mesmo ano, diversos CBAs participaram do “I Encontro Nacional de Movimentos pela Anistia”, aprovando a Carta de Salvador, a qual explicitava os objetivos da anistia ampla, geral e irrestrita, e reivindicava liberdades democráticas e reformas políticas. O encontro também deliberou pela realização, no mês seguinte, do “I Congresso Nacional pela Anistia”, em São Paulo. Celeste Fon atuou na Comissão de Familiares de Presos Políticos do Comitê Brasileiro pela Anistia (CBA-SP), envolvida na luta de seus familiares, os prisioneiros políticos Antonio Antonio Carlos Fon e Aton Fon Filho. Aton Fon Filho foi, no final de 1969, preso e torturado por sua atuação na Ação Libertadora Nacional (ALN), organização comandada por Carlos Marighella. Após permanecer por quase uma década em cárcere, formou-se em Direito e passou a advogar em favor de causas e movimentos sociais, tais como o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), especializando-se em conflitos agrários e direitos de populações tradicionais. Também foi membro da Rede de Advogados Populares, atuando como advogado de militantes e presos políticos. Mesmo tendo sido libertado ainda durante o período militar, Aton Fon só foi legalmente anistiado em outubro de 2013, pela Caravana da Anistia.

Walter Hugo de Andrade Cunha

  • Pessoa

Walter Hugo de Andrade Cunha nascido em 15 de novembro de 1929, no município de Santa Vitória, antigo distrito de Ituiutaba em Minas Gerais, sendo o sexto entre os sete filhos de José de Andrade Santos, professor de matemática, de quem aprendeu a lógica, o raciocínio, a capacidade de expressão e argumentação e Dona Euclides de Andrade Cunha, fazendeira.
Segundo o relato do próprio Walter Hugo de Andrade Cunha, ele viveu a infância até os 3 ou 4 anos, em uma fazenda em Minas Gerais, e, depois, até completar os 9 anos, na cidade de Uberlândia, Minas Gerais.
Em dezembro de 1938, depois de ter completado o primeiro ano primário em Uberlândia, mudou-se para a cidade de São Paulo, onde frequentaria praticamente uma escola diferente a cada ano. Experiência que parece ter sido responsável pela visão um tanto ácida adquirida por ele sobre a escola e o ensino formal, mostrado, por exemplo, no artigo “Contra a Escola”, publicado em 1951 no jornal acadêmico do Colégio Roosevelt da Rua Joaquim, em São Paulo, ou em certas inovações introduzidas em seu próprio ensino (por exemplo, um sistema de diálogo mediante relatórios de progresso entre o professor e cada aluno individual, adotado em seu curso de pós-graduação “Observação do Comportamento Animal”, na Universidade de São Paulo)”.
Do segundo ao quarto ano primário, cursou no Grupo Escolar Marechal Floriano, na Vila Mariana em São Paulo. Sua professora do segundo ano, segundo o biografado, esbravejava com os alunos à menor desatenção, a do terceiro tinha uma atitude burocrática e à do quarto ano, Dona Alzira, cujo sobrenome não lembra, além de gritar estridentemente com os alunos pelo menor motivo, agredia-os com reguadas, coques e puxões de orelha.
Um acontecimento logo no primeiro mês de aula no quarto ano primário o marcou: recebeu como castigo por alguma desatenção a incumbência de escrever, com letra desenhada em um caderno de caligrafia, quinhentas vezes uma enorme frase que expressava que o bom aluno deve ser atento às aulas e cumpridor de seus deveres. Como ele completou as quinhentas frases sem desenhar as letras, recebeu a incumbência de escrever outras mil, mas feitas com capricho. Seu pai, ao encontrá-lo de madrugada cumprindo o castigo, resolveu interromper a tarefa, escrevendo no caderno as razões por que mandara o seu filho parar com o castigo. Tal atitude custaria a este sermão estridente com recados para seu pai acerca de quem era a autoridade que mandava na sala de aula. Recado esse que veio acompanhado de uma boa dezena de coques e reguadas, para que ele o guardasse bem em sua cabeça.
No dia seguinte, seu pai, vestido com elegância: jaquetão preto, colete e chapéu, acompanhado de seu filho e da filha mais nova, foram à sala do Diretor do Grupo, por sobrenome Almeida, que ouviu atentamente a preleção de seu pai sobre as virtudes da boa pedagogia (justiça seja feita, seu pai sempre fora considerado um excelente professor e tinha ótimos cargos). O Diretor se desculpou, oferecendo mudá-los de classe e, por fim, acedeu em conceder transferência para o Grupo Escolar Pedro Voss, na Vila Clementino, bem menor, mas com a vantagem de ser próximo de sua casa.
Nessa nova escola teve a sorte de contar com uma professora afetuosa e inteligente, Dona Jandyra Moraes, que gostava do que fazia. Ao terminar o curso primário, foi o destaque da escola segundo o discurso do Diretor, e contemplado com uma medalha de cuja existência só viria, a saber, depois de adulto, pois, conforme sua mãe, seu pai a recebera por ele juntamente com o diploma, mas a escondera, segundo a mesma, por ciúme ou despeito, mas alegando que assim procedera para evitar que o filho ficasse "muito cheio de si".
As duas primeiras séries do curso ginasial cursou no Ginásio Anglo Latino onde segundo ele, a maioria de seus professores ali, pareciam burocráticos, prepotentes, irônicos para com os alunos e pouco interessados neles. Até o segundo ano ginasial, que fazia pela segunda vez, Walter Hugo pecava pelo descaso e pela traquinagem, até que, dos 14 para seus 15 anos, um novo acontecimento marcaria seu destino. Isso ocorreria durante nova mudança extemporânea e transitória da família para Uberlândia.
A transferência escolar foi feita fora de época, em setembro, para o Ginásio Estadual de Uberlândia, ficando ele e mais dois irmãos - o imediatamente mais velho e a mais nova, então na mesma série - numa mesma classe. A transferência foi conseguida por seu pai graças à mediação do jornalista David Nasser, repórter da revista "O Cruzeiro", o qual havia sido seu aluno nesse mesmo ginásio, onde lecionavam, aliás, vários ex-alunos e admiradores de seu pai.
Pressentindo a separação próxima e inevitável de seus pais, e, tomando consciência de seu despreparo para a vida e de sua pouca serventia para a sua mãe, caso precisasse valer-lhe, mudou sua atitude para com a escola e assumiu a responsabilidade por sua formação, que seria marcada pelo autodidatismo.
Daí por diante sempre teria, na escola, o mais alto desempenho, mas numa trajetória que continuou, até a faculdade, acidentada. De fato, de volta para São Paulo com a família em 1945, fez o 3o. ano ginasial numa escola particular à noite e, em 1946, o quarto ano no recém-inaugurado Ginásio da Mooca, havendo sido, como no final do curso primário, homenageado com medalha e destacado na fala oficial do Diretor. Em 1947, ingressou mediante exame classificatório, no primeiro ano do Curso Colegial Científico no Colégio Roosevelt da Rua São Joaquim, mas, insatisfeito com o curso, transferiu-se no ano seguinte, mediante exame de suficiência em latim e francês, para o curso colegial clássico. No colegial, os professores de maiores influências sobre o jovem Walter Hugo foram os de filosofia, os professores João Damasco Penna e Décio de Almeida Prado e de história geral, professora Dona Maria Simões.
Em 1949, a pedido de seu pai, deixou o colegial clássico para acompanhá-lo e a dois de seus irmãos numa tentativa de formar uma fazenda no sertão de Goiás. Em outubro desse ano rompeu com seu pai e voltou para São Paulo, trabalhando durante o dia em cargos técnicos de nível médio e cursando à noite, durante dois anos, a Escola Normal para poder ter uma profissão que lhe permitisse estudar. Depois, ao descobrir que o Curso Normal não dava direito a prestar vestibular para o Curso de Filosofia, em mais um ano, à noite, cursou a série que faltava para concluir o curso colegial clássico no Colégio Roosevelt da Rua São Joaquim.
Assíduo leitor, durante sua juventude, de Schopenhauer e de Will Durant, ingressou no curso de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, formando-se em Filosofia em 1956. Durante o curso interessou-se por Psicologia, principalmente em sua parte experimental. Nessa época, essa disciplina era vinculada ao curso de Filosofia.
Teve como professores Lívio Teixeira, João Cruz Costa, Lineu Schultzer, João Cunha Andrade, Florestan Fernandes, Antônio Cândido de Mello e Souza, Gilda de Mello de Souza, Ruy Coelho de Andrada Galvão, Annita de Castilho e Marcondes Cabral, Dante Moreira Leite, Carolina Martuscelli Bori, Arrigo Leonardo Angellini, Romeu de Morais Almeida, Maria da Penha Pompeu de Toledo, José Arthur Giannotti, Amelia Americano, Onofre Penteado e Joel Martins. Desses, considera terem sido mais importantes para sua formação os professores Lívio Teixeira, Carolina Martuscelli Bori e principalmente os professores Annita de Castilho e Marcondes Cabral.
Logo que se formou passou a trabalhar como professor na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, ministrando diversos cursos, aulas teóricas e práticas, bem como orientando alunos de mestrado e doutorado posteriormente. No início de sua carreira docente trabalhou sob a orientação da professora Annita de Castilho e Marcondes Cabral.
Lecionaram ao mesmo tempo na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP os professores Fernando Henrique Cardoso, Oswaldo Pereira Porchat, Rui Fausto, Isaias Pessoti, entre outros.
Paralelamente aos seus trabalhos acadêmicos, atuou de 1950 a 1960 junto à Divisão de Psicotécnica da extinta Companhia Municipal de Transportes Coletivos (CMTC), órgão ligado à Prefeitura Municipal de São Paulo, onde realizou uma pesquisa pioneira no país sobre a validade das provas psicotécnicas utilizadas na seleção profissional do motorista de ônibus segundo os critérios representados pelos tempos de treinamento e pelo número de acidentes de trânsito e de suspensões disciplinares apresentados pelos motoristas em seu desempenho profissional.
No período de setembro de 1960 até junho de 1961, Walter Hugo esteve na “University of Kansas”, Lawrence, Kansas, EUA, na qualidade de “Exchange Visitor”, onde cursou diversas disciplinas de pós-graduação ligadas à Psicologia Experimental com vistas a encarregar-se, em sua volta, conforme determinação dos professores Annita de Castilho e Marcondes Cabral, de quem era Assistente, da instalação de um Laboratório e do Ensino Teórico e Prático dessa disciplina no recém criado Curso de Psicologia da USP.
Após seu regresso dos EUA, dedicou-se à tarefa indicada acima e à elaboração de sua tese de doutorado sobre o comportamento de Paratrechina (Nylanderia) fulva Mayr, fato que o levaria a ser indicado pela Coordenação dos Professores do Curso de Psicologia para ministrar a disciplina Psicologia Comparada (posteriormente, Psicologia Comparativa e Animal), tendo sido o primeiro professor dessa matéria no Brasil. Sua pesquisa de doutorado mais tarde daria origem ao livro “Explorações no Mundo Psicológico das Formigas” (Ed. Ática).
Apesar de ter concluído sua tese em 1966, seu interesse pelas formigas data de anos antes, segundo o próprio professor Walter Hugo, e se deu de uma forma bastante singular. Lá por 1952 ou 1953, ele morava com seu irmão em uma pensão. Um dia, seu irmão estava deitado na cama, muito triste por ter sido expulso de um curso. Na parede que ficava próxima a essa cama, uma trilha de pequenas formigas ia do teto ao chão e de lá, por uma perna de mesa, subia até uma lata de doce. Enquanto conversavam, seu irmão ia esmagando algumas das formigas da trilha. A reação dessas formigas que chegavam às proximidades do local chamou a sua atenção por seu aspecto emocional, de pânico mesmo: estacavam, com estremecimento e agitação de antenas, retornavam em uma carreira desabalada e tortuosa, às vezes despencando ao solo. Julgando a emoção um fenômeno psicológico complexo, que de alguma forma a memória do passado é utilizada para conferir significação a eventos presentes e projetar o futuro imediato, e, dessa forma, não a julgando provável em um inseto, decidiu anos depois, quando as circunstâncias da vida o permitiram, dedicar-se ao esclarecimento do fenômeno em formigas e ao estudo do comportamento animal. Essa captação levou-o, no caso das formigas, a investigar a determinação do comportamento por fatores da experiência passada individual dos insetos, um tema praticamente intocado pela pesquisa biológica existente.
Apesar de seu antigo e profundo amor, fascínio e curiosidade em relação aos bichos, o projeto de vida acadêmica de Walter H. Cunha não visava ao estudo de animais, e, sim de filosofia, outra paixão, nascida quando aos 18 anos, leu na íntegra e em tradução francesa "O Mundo Como Vontade e Representação" de Schopenhauer. Ao projetar seu ingresso na Faculdade de filosofia, não pretendia trabalhar com bichos, até porque "nunca tive bons professores de Biologia, Zoologia no científico", e, convicto da direção de seus interesses, transferiu-se para o curso Clássico. O animal tinha entrado na vida acadêmica de Walter H. Cunha pesquisador sobre a origem das emoções; foi o papel de professor que o levou a integrar essa experiência em uma Psicologia Animal propriamente dita, o que gerou a criação do 1º laboratório de Psicologia Animal, destinado originalmente à ministração de aulas práticas de Psicologia comparativa, inclui, além desse background pessoal, a necessidade de prepara-se para ministrar essa disciplina, o que o colocou em contato com a literatura da Etologia; e algumas condições circunstanciais, a principal sendo o fato de que já existia, no Instituto Biológico de São Paulo, um formigueiro artificial de saúvas, instalado sob a direção de Mario Autuori, e que serviu de modelo e ponto de partida.
Iniciado no porão da Alameda Glete, onde compartilhava o espaço com as atividades práticas de outras disciplinas da Cadeira, o laboratório de Psicologia Animal passou por uma série de instabilidades na sua fase inicial. A instalação materialmente precária e ainda pouco elaborada do formigueiro artificial, nas instalações do laboratório, permitia fugas maciças das formigas, desfalcando o formigueiro, o que interferia nas atividades de outras disciplinas, já que os docentes e alunos engajados com as atividades referentes ao formigueiro vez ou outra se encontravam engatinhando pela sala atrás das formigas ‘fujonas’.
Houve também uma fase em que o laboratório foi deslocado por duas vezes, entre 1967 e 1969, na primeira para as novas instalações da Cadeira de Psicologia, e depois para os barracões da Cidade Universitária.
Em 1966, pressionado pela necessidade de manter vivo o laboratório, Walter H. A. Cunha teve a idéia – influenciada pelos relatos de Baerends sobre Amophila – que deu origem ao laboratório atual: ao invés de coletar a panela inicial e instalá-la em um recipiente, produzir o formigueiro desde seu início, coletando içás no dia da revoada, e colocando-as em frascos de vidros cheios de terra. Frascos de palmito foram usados na primeira experiência, realizado na casa do professor, e o sucesso obtido determinou o rumo das tentativas seguintes.
Na revoada de 1967, a experiência foi repetida, mas dessa vez com vidros de lampião, que podiam ser removidos de sua base. Cerca de 30 formigueiros foram obtidos com essa técnica.
Com a mudança para a Cidade Universitária, em 1968, foi possível o planejamento de um laboratório com condições mais propícias para a sobrevivência das colônias.
O laboratório de saúvas foi o berço da disciplina Observação do Comportamento Animal, ministrada pelo Prof. Cunha a partir de 1968 e cursada praticamente pela totalidade dos alunos do curso de pós-graduação durante os anos em que foi oferecida, por ser considerada uma disciplina básica de formação científica e metodológica. Ao longo de dez anos de ministração dessa disciplina Walter Cunha aperfeiçoou um método de ensino e orientação que marcou toda uma geração de alunos e sua atuação posterior em outros centros de ensino e pesquisa no Brasil.
A sua produção intelectual é bastante intensa, participando de congressos em nível nacional e internacional com apresentação e publicação de trabalhos. Seu artigo “Convite-Justificativa para o Estudo Naturalístico do Comportamento Animal”, publicado em 1965, pode ser considerado, o manifesto do pensamento etológico no Brasil e, provavelmente, na América Latina também.
Foi membro da Sociedade Brasileira para Progresso da Ciência, da Associação Brasileira de Psicólogos, da Sociedade de Psicologia de São Paulo e da Sociedade Latino-americana de Psicobiologia onde exerceu papel fundamental na organização do I Congresso Latino-americano de Psicobiologia realizado em São Paulo, no ano de 1973. É membro honorário da Sociedade Brasileira de Etologia. Foi o criador do primeiro Núcleo Universitário de Pesquisa e Ensino de Pós-Graduação de Etologia no Brasil e, talvez, da América Latina.
Lecionou, em nível pós-graduado, grande variedade de disciplinas etológicas (por exemplo, “Instinto”, “Sociedades Animais”, “Observação do Comportamento Animal”, “Investigação do Comportamento Animal”, “Evolução e Comportamento”, etc.) e psicológicas (por exemplo, “Cognição, Propósito e Umwelt em Animais”, “Teorias e Sistemas da Psicologia”, “O Arcabouço Conceitual da Psicologia”, etc.)”.
Seu trabalho trouxe importantes contribuições científicas, não apenas para a Psicologia, mas também para as áreas de Etologia e Psicobiologia. Entre elas citamos:
• Uma extensão da abordagem etológica a fenômenos e a problemas psicológicos;
• Novas descobertas na investigação do comportamento, como a relativa ao fenômeno da pré-calibração ao ambiente e seu papel na regulação do comportamento psicologicamente mediado (o comportamento não desencadeado por estímulos, mas com caráter de conduta, ou propositado).
• Reflexões sobre as relações entre a Psicologia e a Etologia, reflexões estas que estariam segundo certos autores, entre as mais importantes contribuições recentes a estas duas ciências;
• Uma análise original e proposições novas sobre a natureza do comportamento, seus modos de organização e seus mecanismos subjacentes, e suas implicações para uma reconsideração do antigo problema das relações mente-corpo e para uma Psicologia Comparada renovada.
• Um aprofundamento do estudo de processos cognitivos em animais e seu provável papel na evolução e adaptação do organismo.
Há muitos fatos interessantes na carreira acadêmica do professor Walter Hugo. Citaremos alguns deles. O professor Arthur José Giannotti foi seu colega no primeiro cientifico no Colégio Roosevelt da Rua São Joaquim e depois ele seria aluno de Giannotti numa disciplina de Lógica no Curso de Filosofia. Eles entretiveram alguma conversação, posteriormente, sobre Psicologia (pediu-lhe sua opinião sobre o artigo acerca da psicologia de Skinner que publicaria na Revista do CEBRAP), sobre política universitária e sobre auxílio financeiro a exilados políticos do regime militar.
Bento Prado Júnior foi seu aluno, como também a mulher de Bento, Lúcia Eneida Seixas Prado de Almeida Ferraz, e vários outros como Marilena Chauí, Leônidas Hegenberg, Vlado Herzog, Raduan Nassar, Emir Simão Sader no curso de Filosofia antes de 1960, quando viajou para os Estados Unidos. Participou com o professor Bento de vários encontros sobre psicologia e filosofia, e apreciava muito a sua companhia, seu humor, sua informação e sua cordialidade.
Vlado Herzog foi também seu aluno, eles voltavam sempre juntos após as aulas, às vezes acompanhados de algum outro colega; trocavam idéias sobre psicologia, filosofia, cultura brasileira, política (eram avessos ao anticomunismo e ao franco americanismo abraçado pela maioria dos militares), sobre costumes e o alegre temperamento de seus conterrâneos iugoslavos, etc., até que, geralmente lá para a meia-noite, na Rua da Consolação, chegasse o bonde que o levaria para o centro da cidade.
Segundo o professor Walter Hugo a sua influência sobre os seus alunos, foi maior após o seu retorno dos Estados Unidos, onde pensa ter aprendido a dar maior valor ao conteúdo do que à elegância no que expressava e foi quando se dedicou mais ao Curso de Psicologia do que ao de Filosofia.
Seus estudos e atividades em áreas de conhecimento bastante diversificadas e sua proposta científica inovadora e original permitiram que seus trabalhos despertassem grande interesse tanto no Brasil como no exterior, além de influenciar e orientar as atividades de muitos outros pesquisadores. Seu trabalho pioneiro abriu novos campos de atuação para a Psicologia, mas o mais importante, é que ele estruturou e ofereceu melhores condições para o desenvolvimento científico da Psicologia, da Etologia e da Psicobiologia no Brasil.
Faleceu em São Paulo no dia 29 de agosto de 2022.
Seu trabalho pioneiro abriu novos campos de atuação para a Psicologia, mas o mais importante, é que ele estruturou e ofereceu melhores condições para o desenvolvimento científico da Psicologia, da Etologia e da Psicobiologia no Brasil.

Monteiro Lobato

  • Pessoa
  • 1882-1948

Nasce José Renato Monteiro Lobato em 18 de abril de 1882, na cidade de Taubaté, SP, filho de José Bento Marcondes Lobato e Olympia Monteiro Lobato. Em 1893 muda seu nome para José Bento. Com o falecimento de seus pais, em 1899 o avô materno José Francisco Monteiro, visconde de Tremembé, assume a tutela de Lobato e de suas duas irmãs, Esther e Judith. Lobato realiza os estudos primários e secundários na cidade natal e em 1900 ingressa na vida acadêmica, cursa direito na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Escreve regularmente para o jornal da faculdade e preside a revista "Arcádia", uma sociedade literária dos alunos desta instituição. Em 1903, funda-se o Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito, e Lobato figura, desde o primeiro número, na comissão de redatores do seu jornal, "O Onze de Agosto". Diploma-se bacharel em 1904. Em 1907, assume a promotoria de Areias, seu primeiro cargo de relevância. No ano seguinte se casa com Maria da Pureza Natividade, em Taubaté, com quem tem quatro filhos: Martha (1909), Edgard (1910), Guilherme (1912) e Ruth (1916). Lobato permanece em Areias até 1911, quando recebe como herança a fazenda do Buquira, para onde se muda com a família. Transfere-se, em 1917, para São Paulo, onde organiza, neste período, a pedido do jornal "O Estado de São Paulo", um estudo sobre o mito do Saci. No ano seguinte, compra a "Revista do Brasil" e lança uma coletânea de contos intitulada "Urupês". Em 1920 publica "A menina do narizinho arrebitado", ingressando assim no universo da literatura infantil, gênero que renderia outras 16 obras ao longo de sua vida. Funda neste mesmo ano a editora Monteiro Lobato & Cia, empresa que em 1924 se transformaria na Companhia Gráfico-Editora Monteiro Lobato, um ano depois, ainda no ramo editorial, participa da constituição da Companhia Editora Nacional e em 1946 torna-se sócio da Editora Brasiliense e, mais tarde, durante sua estada na Argentina, da Editorial Acteon. Entre 1925 e 1946 publica dezenas de traduções e adaptações de conhecidas obras da literatura universal. Paralelamente à sua produção literária, produz ao longo de toda sua vida inúmeras aquarelas e desenhos: caricaturas, ilustrações, esboços para personagens de sua obra e ainda deixa registrada sua impressão dos lugares onde viveu ou visitou, inclusive ilustrou a primeira edição de "Urupês", seu livro de estreia. Uma temporada de quatro anos, 1927 a 1931, em Nova Iorque, como adido comercial, estimulou o seu lado progressista, levando-o a publicar um livro intitulado "América" (1932), onde relata suas impressões sobre o desenvolvimento e a eficiência dos Estados Unidos em contraposição à situação do Brasil. Acredita firmemente que pode levar o Brasil ao desenvolvimento, assim como vira nos Estados Unidos. Inicia a Campanha do Petróleo, alimentando debates pela imprensa e realizando palestras sobre a importância dos empreendimentos petrolíferos nacionais, participa da fundação de diversas companhias e realiza a prospecção de petróleo em alguns estados brasileiros. Lança, em 1936, o livro "O escândalo do petróleo". Mesmo ano em que é eleito para a Academia Paulista de Letras. Sua atuação na Campanha do Petróleo o leva a entrar em choque com o governo de Getúlio Vargas e mais tarde (1941) tem sua prisão decretada, onde permanece durante alguns meses. Em 1938 perde seu filho Guilherme e em 1943, Edgard. Após passar por alguns problemas de saúde, sofre um derrame e falece, em São Paulo, na madrugada de 4 de julho de 1948.

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