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Repositório Digital de Documentos Arquivísticos Permanentes e Sistema Informatizado de Acervos Permanentes da Unicamp
A coleção é composta por cópias datilografadas da correspondência trocada entre Jessie Jane Vieira de Souza e seu marido Colombo Vieira de Souza Júnior, no período em que ambos estiveram na prisão.
Carta de Jessie Jane a Colombo Vieira. Lamenta a chegada do final do ano, o que significa que seu pai está há 1 ano preso, que há 1 ano casou-se com Colombo e que há seis meses ambos estão presos. Diz passar o tempo relendo cartas pensando muito no passado. Denuncia o sadismo do Cabo Brito e o cinismo do “coronel”. Compara o presídio civil e o militar e diz que há vantagens no primeiro.
Carta de Colombo Vieira à Jessie Jane. Fala da boa relação entre Jessie e sua família, do carinho que ela tem por Ivan e da boa discoteca disponível no presídio. Diz não se arrepender do casamento pois havia necessidade dele para “se documentar” e “cumprir formalidades”. Faz chacota com a jocosa proposta de desquite de Jane. Fala do reaproveitamento da comida no presídio onde todos participam como em um “rancho com comida do rancho”. Mais uma vez lamenta a morosidade no tratamento de Jessie.
Carta de Jessie Jane a Colombo Vieira em que faz alusão aos eletrochoques e suas consequências. Fala de seus problemas hormonais, cita autores e livros que leu e está lendo, além de sua pesquisa sobre América Latina.
Carta de Jessie Jane a Colombo Vieira falando de suas aulas de datilografia e dos doces e molhos que anda preparando, os quais serão enviados como “presente de preso para preso”. Comenta suas leituras de Oswald de Andrade e de Filosofia. Fala da visita de Ivan e sobre a situação política que daria sinais de mudança com a suposta saída de Delfim Neto.
Carta de Colombo Vieira à Jessie Jane comentando uma das cartas recebidas e sobre as leituras realizadas. Refere-se a Jessie de forma carinhosa e recorda o tempo em que estavam juntos e em liberdade.
Carta de Jessie Jane a Colombo Vieira. Fala sobre a chegada de companheiras da vila Militar, submetidas a isolamento por 10 dias. Comenta a possibilidade da ida de companheiros ao presídio de Ilha Grande. Fala sobre o longo tempo de espera até o julgamento e a distância entre ambos.
Carta de Colombo Vieira à Jessie Jane falando da alegria que sentiu ao receber boas notícias da família de Jessie no Chile. Fala de seu crescimento pessoal nos últimos três anos de cárcere.
Carta de Colombo Vieira à Jessie Jane comentando sobre a guerra no Vietnã (“rendição incondicional das tropas americanistas”) e sobre carta enviada por Jessie anteriormente. Diz que tem escrito toda semana, mas suspeita de que suas cartas não estejam sendo entregues. Fala da estrutura de exceção dos presídios, da reclamação de familiares de um preso no DESIPE que resultou na visita do Secretário de Justiça e do Diretor da DESIPE ao presídio de Ilha Grande. Em consequência, deram garantia de melhorias mas continuam dificultando as transferências. O presídio tem apenas um clínico geral, sem nenhuma aparelhagem, o que impossibilita o tratamento médico e dentário dos presos, além de problemas como superlotação e má alimentação. Como a maioria dos presos têm penas altas, Colombo fala da inexorabilidade de uma “morte, lenta, segura e gradativa”.
Carta de Colombo Vieira à Jessie Jane falando de sua vontade em conversar pessoalmente e da sensação de frustração e impotência que a atual circunstância impõe. Fala da complicada situação no presídio de Ilha Grande, a proximidade dos presos comuns, a dificuldade para a locomoção das famílias até a ilha. Faz comentários e dá sugestões sobre o tratamento de Jane. Faz considerações sobre a “arte intelectualizada”.