Carta de Colombo Vieira à Jessie Jane falando do clima de tensão na prisão, da reunião de rotina para distribuição de tarefas, da chegada de outros 9 companheiros e o sentimento de alegria e preocupação com os problemas gerados pelas más condições estruturais do presídio. Apesar das notícias de jornais sobre transferências de presos e envio de comissões de Constituintes, na prática nada ocorre. Persistem os problemas de superlotação e falta de cuidados com os presos doentes. Fala do aniversário da esposa e sobre carta recebida de Jessie em 30/03. Diz ser solidário ao “furacão Fifi” (Norma) e que o aumento populacional no presídio da esposa serve para “aumentar a descontração”. Colombo está febril e com garganta inflamada. Despede-se carinhosamente.
Carta de Jessie Jane a Colombo Vieira falando do julgamento de Norma, que ocorrerá no dia seguinte. A situação em Bangu está boa, mas continua na expectativa quanto à situação dos presos em Ilha Grande. Diz que a SUSIPE permite correspondência mas teme que a falta de notícias de Colombo (3 semanas) seja problema da censura. Dirige palavras de apoio e coragem ao marido.
Carta de Jessie Jane a Colombo Vieira falando das visitas que recebeu, da falta de notícias de Colombo e de sua sensação de impotência frente aos problemas do marido no presídio de Ilha Grande. Diz que a mãe de Colombo falou com o Diretor Geral e de nada adiantou. Comenta sobre a chegada de nova companheira, Maria Guedes (57 anos, processo PCB).
Carta de Jessie Jane a Colombo Vieira em que comenta uma notícia sobre o presídio de Ilha Grande e a visita do Secretário da Justiça. Diz estar esperançosa com a situação no presídio e curiosa sobre Jefferson Cardim. Recorda o aniversário, os comentários da família e fala da relação entre crianças no presídio. Encoraja Colombo.
Carta de Colombo Vieira à Jessie Jane comentando sobre a guerra no Vietnã (“rendição incondicional das tropas americanistas”) e sobre carta enviada por Jessie anteriormente. Diz que tem escrito toda semana, mas suspeita de que suas cartas não estejam sendo entregues. Fala da estrutura de exceção dos presídios, da reclamação de familiares de um preso no DESIPE que resultou na visita do Secretário de Justiça e do Diretor da DESIPE ao presídio de Ilha Grande. Em consequência, deram garantia de melhorias mas continuam dificultando as transferências. O presídio tem apenas um clínico geral, sem nenhuma aparelhagem, o que impossibilita o tratamento médico e dentário dos presos, além de problemas como superlotação e má alimentação. Como a maioria dos presos têm penas altas, Colombo fala da inexorabilidade de uma “morte, lenta, segura e gradativa”.
Carta de Jessie Jane a Colombo Vieira agradecendo os presentes de aniversário e falando do clima de festas devido às visitas constantes. Fala de sua preocupação com a situação na prisão de Colombo, agravada pela falta de notícias. Comenta a soltura de Lourdes, diz ter conhecido o pai de Selma e que todas estão solidárias com os prisioneiros de Ilha Grande.
Carta de Jessie Jane a Colombo Vieira contando sobre a soltura de Lourdes e que tal acontecimento não mais a emociona como antes. Recebeu cartas de Colombo de 21 e 23 de abril de 1975, de aniversário e de 17 de abril de 1975. Fala do vestido que está fazendo e que sente muito sono ultimamente, comenta brevemente sobre a queda de Saigon.
Carta de Colombo Vieira à Jessie Jane lamentando não ter estado com ela na Auditoria. Fala de seus sobrinhos e de sua ida ao P.P. para fazer exame oftalmológico. Carta interrompida com a chegada de três advogados no presídio e de autoridades da SUSIPE e DESIPE. Fala das adversidades no presídio, da chegada de médicos e do fato de estarem há dias sem comer. Diz estar 7kg mais magro e comemora a leitura do documento de reivindicações do presídio pelos deputados no Congresso.
Carta de Jessie Jane a Colombo Vieira em que diz sentir-se vitoriosa por constatar que a relação de ambos fora construída com sucesso, apesar dos “desencontros próprios da prisão”. Diz que o mais importante é o filho de ambos que Jessie já sente mexer: “vida nascida da gente”. Final otimista quanto ao futuro.
Carta de Jessie Jane a Colombo Vieira falando da tristeza com sua transferência da aeronáutica e de estar longe de Colombo que encontra-se em um alojamento coletivo que, no entanto, segundo Jessie, é preferível à Ilha Grande. Diz que apesar da bagunça, Colombo deixou muito de si nos objetos da cela e que todas gostaram da presença dos colegas no presídio e dos objetos que deixaram. Jessie diz ter recebido livros e roupas que Colombo deixou.