O fundo Milton Barbosa reúne documentos produzidos e acumulados pelo titular do conjunto a partir do final dos anos 1960 e início de 1970. Conta com um grupo de documentos que se relacionam com a criação do Movimento Negro Unificado (MNU), em 1978, e uns poucos documentos dos anos subseqüentes, incluindo nesse conjunto o 1º. Congresso Nacional do MNU. A documentação ganha mais representatividade a partir de 1993, período em que Milton Barbosa assumiu a Coordenadoria Estadual do MNU – São Paulo, e segue até 2010 quando ocupou o cargo de Coordenador de Relações Internacionais. Paralelamente à documentação produzida pelo MNU, Milton Barbosa acumulou documentos do Movimento Negro como um todo, sobretudo do movimento paulista, com destaque para os 140 documentos jornalísticos que tratam das questões raciais, da ocupação no Haiti, entre outros temas. Sobre sua vida privada os documentos acumulados referem-se, essencialmente, ao âmbito profissional e político-partidário, não incluindo documentos pessoais oficiais e nem de familiares.
Os documentos reunidos na série “Boletim”, referem-se ao “Árvore das Palavras”, publicação criada por um grupo de estudantes da USP que, no final dos anos 1970, discutia sobre a questão racial no espaço universitário, do qual Milton Barbosa fez parte como estudante de economia da USP.
A série reúne certificados de participação em eventos, tal como a palestra proferida por Milton Barbosa no Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná, bem como sua participação, como ouvinte, nos seguintes eventos: “Seminário Internacional de Políticas Afirmativas”; “XXI Encontro Ibero-Americano do Ano Internacional dos Afrodescendentes” e o “I Encontro Nacional dos Conselhos da Comunidade”.
A série “Correspondência” traz documentos de cunho pessoal e individual de Milton Barbosa, como a carta numerológica sobre sua personalidade; carta recebida dos filhos Kaluembi e Akinyele, tanto as analógicas quanto as eletrônicas (e-mail); carta recebida de seu amigo Neninho de Obaluaê referente ao período em que esteve preso em Piraquara (PR); carta ao Presidente Lula do coletivo de pais de estudantes de medicina em Cuba solicitando transporte para viagem de seus filhos de volta ao Brasil e, por fim, um dos documentos mais antigos do conjunto, que é uma carta endereçada ao músico Germano Mathias, membro de um grupo musical da Bahia solicitando a retirada da palavra “macaquinha da letra da música que seria apresentada no show. Assina esse documento o titular do conjunto Milton Barbosa, na época membro do Grupo Decisão. A série traz ainda cartas, cartão-postal, bilhetes e e-mails que comunicam aspectos da vida pessoal e familiar de Milton Barbosa.
A série reúne documentos manuscritos produzidos por Milton Barbosa, tal como as anotações de cursos, de congressos, resumos de livros, artigos e textos em geral. Possui anotações esparsas sobre temas ligados à questão racial, listas de contatos e de despesas.
Os currículos da série refletem a trajetória de Milton Barbosa desde suas primeiras ocupações profissionais, tal como o trabalho na Cia. do Metropolitano de São Paulo, entre 1975 e 1979; sua formação escolar técnica no curso de datilografia, realizado em 1966 e, por fim, suas atividades sociais e políticas.
A série “Diversos” é composta por documentos independentes entre si e que guardam alguma relação com as atividades de Milton Barbosa, tais como as reportagens; programas; contratos; atas; documentos jurídicos; cartão de apresentação; fotografia impressa de Zezé Mota; cópia de documentos gerais; santinhos e as seguintes crônicas: do ativista e rapper Pedro Ghoez sobre a morte de jovens negros envolvidos com o crime; de Rafael Pinto sobre inclusão social no município de São Paulo e, por fim, a crônica de Marília KriKer Borges sobre homicídio de moradores de rua. O conjunto conta ainda com documentos que se interconectam pelo propósito estético, variando entre os gêneros, literário, pictórico e sonoro, constituídos por desenho, pintura, poemas, contos e música (Samba Rock).
Além da tradução para o português dos textos ligados ao Exército Zapatista e à Revolução Nacional Democrática na África, a série reúne documentos textuais produzidos por Milton Barbosa abordando temas ligados às divindades africanas; ao psiquiatra e filósofo da Martinica Franz Fanon e à conquista pelo Dia Nacional da Consciência Negra no Brasil.
A série agrupa documentos informativos sobre viagens a diferentes países, geralmente locais que sediaram eventos sobre a questão racial, como Panamá e Argélia. Reúne material de divulgação de interesse pessoal de Milton Barbosa, como a oferta de cursos técnicos e o Projeto Revalidação, destinado aos médicos brasileiros formados em Cuba, como foi o caso de Akinyele Kayode F. Barbosa, filho de Milton Barbosa, formado em medicina na Escuela Latinoamericana de Medicina (ELAM), cidade de Havana, Cuba.
Regina Lúcia dos Santos nasceu na cidade de Fortaleza (CE), em 7/11/1954, tendo se mudado para São Paulo ainda criança. Desde a infância dedicou-se à literatura e aos estudos. Nos anos 1970 fez parte do movimento “Liberdade e Luta – Libelu”. Em 1980, ingressou no curso de Geografia da USP, tendo sido diretora do Centro Acadêmico no período entre 1982 e 1983. Foi uma das primeiras filiadas ao Partido dos Trabalhadores (PT). Foi professora da Rede Estadual de Ensino de São Paulo até 2001. Atua no MNU desde 1996 onde ocupou diversas funções, inclusive de Coordenadora Estadual. Os documentos do dossiê refletem alguns episódios da sua vida pessoal, profissional e como militante do Movimento Negro. Há correspondências e outros documentos que remetem à sua relação com seus alunos no ensino público. Seus apontamentos registram os compromissos e preparativos para a luta dentro do Movimento Negro e do PT. Alguns documentos isolados e inconclusivos reportam a questão da dislexia.
