Affichage de 17128 résultats

Notice d'autorité
---

Preocupados com o processo de redução do contingente linguístico dos povos indígenas, principalmente, em território brasileiro, o Departamento de Linguística do Instituto de Estudos da Linguagem, que contava, em meados dos anos 1970, com quatro especialistas em documentação e análise de línguas indígenas, os professores Aryon Dall´Igna Rodrigues, Lucy Seki, Maurizio Gnerre e Márcio Silva, criaram o Arquivo de Línguas Indígenas. O propósito da criação foi o de preservar, em centro brasileiro de estudos linguísticos, a maior quantidade e variedade de dados sobre línguas indígenas, mantendo-os organizados e classificados à disposição dos pesquisadores - linguistas, antropólogos, folcloristas, psicólogos, etc. -, à disposição de instituições educacionais e indigenistas e, também, à disposição das próprias comunidades indígenas e também com o propósito de assegurar a incorporação a um arquivo brasileiro de cópias de dados e documentos obtidos ou produzidos por pesquisadores estrangeiros. Logo em seguida, por iniciativa do professor Aryon, foi realizado o Convênio Unicamp-SIL (Summer Institute of Linguistics), possibilitando o depósito de publicações (ou de cópias) e de pesquisas dessa instituição no Arquivo de Línguas Indígenas do Departamento de Linguística do IEL/Unicamp, aumentando o acervo constituído por material produzido ou doado pelos professores e pesquisadores do instituto.

DUARTE, Paulo Alfeu Junqueira Monteiro.

Paulo Alfeu Junqueira Duarte nasceu na cidade de São Paulo, em 17 de novembro de 1899, filho de Hermínio de Monteiro Duarte e de Jovina Junqueira Duarte. Estudou no instituto Champagnat, no Ginásio de São Paulo e São Bento, no Externato Pereira Barreto e no Externato Alfredo Paulino. Diplomou-se em Direito pela Faculdade de Direito de São Paulo. Desenvolveu, ao longo de sua vida, as atividades de cronista, memorialista, ensaísta e tradutor, utilizando-se em suas obras de inúmeros pseudônimos, tais como Alfeu Caniço, Caniço Filho, Gabica Diniz e Tietê Borda. Ele foi um dos fundadores do Departamento Cultural da Cidade de São Paulo, da Universidade de São Paulo, e foi fundador da revista Anhembi, foi também político, professor, diretor de diversos jornais e revistas e membro da Sociedade Paulista de Escritores. Iniciou sua carreira no jornal 'O Estado de São Paulo' (1919), como revisor, foi repórter responsável pelas notícias sobre o governo e chegou ao cargo de editor-chefe, no final dos anos 40, além disso, participou de importantes episódios da vida política e cultural paulista, atuou na revolução constitucionalista e, por isso, permaneceu exilado por cerca de um ano, ajudou a articular a oposição ao Partido Republicano Paulista, engajando-se, junto com industriais emergentes, no Partido Democrático, exerceu também a função de consultor jurídico do prefeito de São Paulo e conseguiu-se eleger-se deputado estadual pelo Partido Constitucionalista. Em 1938, foi exilado pelo Estado Novo, condição que permaneceu até 1945, vivendo a maior parte do tempo na França. Em 1950, deixou o jornal e fundou a revista Anhembi, nesta revista abriu-se espaço para que intelectuais brasileiros e estrangeiros publicassem suas pesquisas acadêmicas, até 1962, quando ele foi obrigado a fechar a revista por razões econômicas. Durante a existência da revista, ele foi palco de embates com personalidades da política da época, como Adhemar de Barros e Getulio Vargas, ao mesmo tempo em que o jornalista causava polêmica devido a uma incompreendida amizade com Jânio Quadros. Ele desenvolveu ao longo de sua vida um grande paixão pela antropologia, paixão que foi despertada pelo professor Hermann von Hering, foi, também, discípulo de Paul Rivet, criador do Museu de l´Homme e quem estimulou Paulo Duarte a criar o Instituto de Pré-História. Entre suas amizades no campo das letras, foi amigo, entre outros importantes nomes, de Mário de Andrade, Érico Veríssimo e de Monteiro Lobato. Apesar de, ao que tudo indica, ter tido participação efetiva na criação da USP, não foi reconhecido como um dos fundadores da Instituição. Fundou, em 1962, o Instituto de Pré-História, que depois foi absorvido pela USP. Desenvolve também a atividade de professor universitário e, devido a suas aulas, foi responsável por muitas polêmicas, principalmente devido as criticas que fazia à situação interna do país no período da ditadura. Sua obra é composta por: 'Sob as arcadas' (crônicas), 1927; 'Agora Nós' (crônicas), 1927; 'Que é que há?' (pequena história de uma grande pirataria), 1931; 'Um conluio moral'(ensaio), 1934; 'Variações sobre a gastronomia' (ensaio), 1944; 'Prisão, exílio, luta' (política), 1946; 'Departamento de Cultura, vida e morte de Mário de Andrade', 1946; 'Palmares pelo avesso' (crônicas), 1947; 'Versos de Trilussa' (tradução), 1954; 'O espírito das catedrais' (memória), 1958; 'Paul Rivet por ele mesmo' (tradução), 1960; 'O resto não é silêncio...', 1965; 'O processo dos rinocerontes', 1969; 'Mário de Andrade por ele mesmo' (cartas, prefácio de Antônio Cândido), 1971; 'Memórias', 1974, 'Raízes profundas (2ª ed.)', memórias, 1975; 'Memórias: vou-me embora pra Pasárgada', 1979; 'Memórias n. 9: e vai começar uma era nova', [s.d.].

---

O projeto de Aquisição da Linguagem Oral foi criado na década de 1970, por iniciativa conjunta das professoras Cláudia Thereza G. de Lemos (coordenadora do projeto), Maria Fausta C. P. de Castro, Maria Cecília Perroni, Rosa Attié Figueira e Éster Mirian Scarpa. O objetivo foi o de analisar e discutir questões teórico-metodológicas concernentes aos processos de aquisição da linguagem oral. Como resultante das atividades do projeto, as pesquisadoras produziram um corpus constituído por gravações sistemáticas da fala de crianças de 0 a 5 anos, isto é, por registros em áudio do processo de aquisição da linguagem oral.

---

O projeto 'Discurso, Significação, Brasilidade', foi um projeto coletivo desenvolvido no Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp com o grupo de análise do discurso coordenado pela professora Eni Orlandi. Ele incluía, como uma de suas linhas de trabalho, a questão da língua e da brasilidade na qual desenvolveram estudos sobre a história da língua portuguesa no Brasil, na sua relação com as línguas indígenas, assim como estudos sobre língua de imigração. Os interesses ligados a esta linha de pesquisa levaram a um convênio firmado entre a Unicamp e a Universidade de Paris VII, cooperação esta que levou a constituição de um projeto conjunto franco-brasileiro intitulado 'História das Idéias Linguísticas: Construção do Saber Metalinguístico e a Constituição da Língua Nacional', coordenado por Eni Orlandi no Brasil e Sylvain Aurox na França e que teve apoio CAPES/COFECUB.

---

No dia 16 de março de 1978, o jornalista Sérgio Coelho, correspondente em Sorocaba do jornal 'O Estado de S. Paulo', procura o Prof. Zeferino Vaz, Magnífico Reitor da Unicamp, para comunicar a existência de uma comunidade negra no bairro do Cafundó, município de Salto de Pirapora, interior de São Paulo, que teria, entre outras, a característica de falar uma língua aparentemente de origem africana. Encaminhada a notificação ao Departamento de Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, o Prof. Peter Fry houve por bem procurar os professores Maurizio Gnerre e Carlos Vogt do Departamento de Linguística do Instituto de Estudos da Linguagem, com o intuito de criar uma equipe interdisciplinar que pudesse esclarecer a situação, nos seus aspectos tanto sociais quanto linguísticos. Logo na primeira visita da equipe na comunidade, gravaram uma conversa que serviu como análise preliminar e, logo em seguida, encaminharam um projeto de pesquisa intitulado 'Os Negros do Cafundó: Linguagem e Comunidade' para a FAPESP que aceitou financiá-lo. Entre Cafundó, na região de Sorocaba, Patrocínio em Minas Gerais, Mogi das Cruzes, Itapetininga, Conceição da Barra (ES) realizaram durante o desenvolvimento da pesquisa um total de 65 visitas. Na maior parte destas visitas, foram realizadas gravações de entrevistas, onde se registraram histórias de vida, histórias das comunidades, incidentes de relevância, tais como brigas por terras, violência e morte, a significação social das linguagens, seus léxicos e estruturas. As demais visitas foram dedicadas à reconstrução da história documental das comunidades de Cafundó e Caxambú e, para tanto, foram realizadas pesquisas nos cartórios de Itapetininga, Sorocaba e Sarapuí, na Cúria de Sorocaba e no arquivo do Estado de São Paulo na cidade de São Paulo. Para o enfoque histórico contaram com a ajuda constante do historiador Robert Slenes, professor da Universidade Federal Fluminense. Os objetivos fundamentais da pesquisa foram, ao mesmo tempo, investigar as relações entre linguagem, cultura e organização social no contexto específico do Cafundó e procurar levantar elementos que pudessem contribuir para o estudo da história da população negra no Estado de São Paulo. Os resultados foram publicados parcialmente em diversos artigos e comunicações durante o desenvolvimento da pesquisa e, posteriormente, de forma mais ampla, no livro 'Cafundó: a África no Brasil - linguagem e sociedade'. Fonte: Documentos do Fundo - Cf. 01 e Cf. 13.

Del Picchia, Paulo Menotti

Paulo Menotti Del Picchia nasceu na capital paulista no dia 20 de março de 1892. Filho de Luiz Del Picchia e de Corina Del Corso Del Picchia. Em 1897, muda-se com a família para Itapira, SP, onde se matricula, três anos depois, no Grupo Escolar 'Dr. Júlio Mesquita'. Em 1904 inicia o curso ginasial no 'Culto à Ciência', em Campinas, SP, concluindo-o no Ginásio Diocesano 'São José', em Pouso Alegre, MG. Retorna à São Paulo, em 1909, e ingressa na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. No início de 1912, casa-se com Francisca da Cunha Rocha Sales. No ano seguinte, se forma em Direito e estreia na literatura com o livro 'Poemas do Vício e da Virtude'. Em 1914, passa a residir em Itapira, onde trabalha como advogado e dirige o jornal 'Diário de Itapira'. No ano seguinte, funda o jornal 'O Grito!' que passaria a se chamar 'Tribuna Itapirense'. Em 1917 publica os poemas 'Moisés' e 'Juca Mulato'. No ano que segue, muda-se para São Paulo, mas, ao não conseguir a vaga que lhe prometeram no 'Correio Paulistano', se transfere para Santos, onde trabalha como redator-chefe de 'A Tribuna'. Em 1919, conhece Oswald de Andrade e Mário de Andrade. No ano seguinte, retorna à capital paulista, assumindo a direção do jornal 'A Gazeta' e se torna redator do 'Correio Paulistano'. Com seu irmão José, monta a Independência Filme, empresa cinematográfica que produziu os primeiros filmes falados no Brasil e funda, com Oswald de Andrade, a revista literária 'Papel e Tinta', publica o terceiro livro de poesia, 'Máscaras', e também seu primeiro romance: 'Flama e Argila' (Na 2ª edição, mudaria o título para 'A Tragédia de Zilda', posteriormente, reeditaria o romance com o primeiro título). Em 1921, sua peça 'Suprema Conquista' é encenada no Teatro Municipal de São Paulo e publica os romances 'Laís' e 'A Suprema Façanha', além de 'O Pão de Moloch' (crônicas). Menotti foi um dos articuladores da Semana de Arte Moderna, coordenando a segunda noite do evento. Em 1924, com Cassiano Ricardo e Plínio Salgado, cria o 'Grupo Verde-amarelo', agremiação política-literária de tendência nacionalista que se opunha ao movimento Pau-brasil de Oswald de Andrade. Em 1926, é eleito deputado estadual. No ano seguinte, publica 'Poemas de Amor', 'Por amor ao Brasil' e, em parceria com Cassiano Ricardo e Plínio Salgado, 'O Curupira e o Carão'. Consegue se reeleger no cargo de deputado, em 1928. No ano seguinte, é eleito para a Academia Paulista de Letras e publica, no 'Correio Paulistano', o 'Manifesto do Verde-Amarelismo', com Plínio Salgado e Cassiano Ricardo. Em 1930, perde seu mandato de deputado e, em 1932, é secretário do governador Pedro de Toledo e participa da revolução Constitucionalista. Nesse mesmo ano, convidado por Assis Chateaubriand, trabalha nos jornais 'Diário de São Paulo' e 'Diário da Noite', além de dirigir a revista 'A Cigarra' e publicar as revistas 'São Paulo' e 'Nossa Revista'. No ano seguinte, é preso com Chateaubriand pela polícia política de Getúlio Vargas. Em 1937, funda, com Cassiano Ricardo e Cândido Mota Filho, o movimento Bandeira e dirige, ao lado deles, o jornal 'Anhanguera', órgão do movimento. No ano que segue, publica 'Kummunká' e, em 1940, 'Salomé', romance com o qual receberia, dois anos depois, o Grande Prêmio da Academia Brasileira de Letras (ABL), onde, pouco tempo depois (1943), tomaria posse. Em 1950, ingressa no Partido Trabalhista Brasileiro e é eleito deputado federal por São Paulo. Na eleição seguinte, quatro anos depois, é reeleito. Sua peça 'A Fronteira' é encenada no Rio de Janeiro por Eva Todor e sua companhia em 1955. Nos próximos três anos, a Livraria Martins Fontes publica as suas 'Obras Completas'. Em 1958, torna-se Primeiro Suplente de Deputado Federal e, dois anos depois, assumiria o cargo. na eleição seguinte, em 1962, concorreria às eleições, mas não se reelegeu, encerrando sua carreira política. Recebe homenagens no Rio e em São Paulo, em 1959, pela comemoração de seu jubileu literário e publica 'Sob o Signo de Polimnia'. Em 1967, morre sua esposa e, no ano seguinte, casa-se com Antonieta Rudge Miller, com quem viverá até a morte dela em 1974. Ainda em 1968, publica 'O Deus sem rosto' e é eleito 'Intelectual do Ano' (Prêmio Juca Pato). Publica, entre 1970 e 1972, a primeira e segunda etapa de 'A Longa Viagem' (memórias). Lança 'Entardecer, antologia de prosa e verso', em 1978. Quatro anos mais tarde, é eleito Príncipe dos Poetas Brasileiros, o quarto e último deste título que pertenceu antes a Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Olegário Mariano e, em 1984, recebe o Prêmio Moinho Santista, na categoria Poesia. Em 1987, é inaugurada em Itapira, SP, a Casa de Menotti Del Picchia. No ano seguinte, Picchia falece em São Paulo, no dia 23 de agosto.

O GEL - Grupo de Estudos Linguísticos do Estado de São Paulo - é fundado juridicamente em maio de 1972. Congregando professores de Linguística, Língua Portuguesa, Linguística Românica, Língua Latina, Línguas Estrangeiras e de outras disciplinas, tanto da rede de ensino superior oficial como particular do Estado de São Paulo, tem como principal objetivo promover a melhoria do ensino e desenvolver pesquisas linguísticas. O primeiro encontro do GEL ocorre em janeiro de 1969, quando alguns professores de Linguística Geral, Românica e Portuguesa se reúnem para discutir a constituição de um grupo de estudos de Linguística. Convocada pelo Prof. Drº Isaac Nicolau Salum, nesta reunião foi apresentada proposta formulada pelo Prof. Ataliba T. de Castilho de que se estudasse a possibilidade de constituição de um grupo informal de professores universitários e alunos de pós-graduação. O principal objetivo do grupo seria discutir em seminários semestrais assuntos de interesse comum, tais como problemas suscitados pelo estudo e ensino da Linguística, veiculação de informação científica, promoção conjunta de pesquisas linguísticas, organização do trabalho intelectual, etc. Após aprovação da proposta é eleita a seguinte diretoria: Prof. Ataliba T. de Castilho (presidente), Prof. Cismar Teodoro Paes (secretário) e Prof. Francisco da Silva Borba (tesoureiro). Em junho de 1969 é realizado, em Araraquara, o primeiro Seminário do GEL. Estes Seminários aconteceram semestralmente até o ano de 1991 quando, durante a 11ª Assembléia Geral, foi decidido que a partir daquela data seria realizado apenas um seminário por ano. A maior parte da produção destes Seminários encontra-se registrada nos Anais, publicados ininterruptamente desde 1978. Até o volume 23, publicaram-se todos os trabalhos apresentados nos Seminários. Em 1995, a partir do volume 24, só se publicam os trabalhos selecionados pelo Conselho Editorial. Desde 2001, tais artigos vêm sendo publicados em CD-ROM. Em 2002, durante o 50º Seminário, paralelamente aos tradicionais Estudos Linguísticos - Anais dos Seminários do GEL, é inaugurado mais um canal de divulgação periódica da produção acadêmica do Grupo de Estudos Linguísticos do Estado de São Paulo: é lançado o nº 0 da Revista do GEL, um número especial em memória do Prof. Carlos Franchi (1932-2001).

HILST, Hilda

Hilda Hilst nasce em 21 de Abril de 1930 em Jaú, interior de São Paulo. Filha do fazendeiro, ensaísta e poeta Apolônio de Almeida Prado Hilst e de Bedecilda Vaz Cardoso. O casal não chega a se matrimoniar e, em 1932, Bedecilda separa-se de Apolônio, mudando-se para Santos, litoral paulista, com Hilda e Ruy Vaz Cardoso, filho de um relacionamento anterior. Cerca de três anos depois, Apolônio é diagnosticado esquizofrênico paranoico. Daí em diante passará por inúmeras internações e tratamentos até o final de sua vida, que se dará em 24 de setembro de 1966. Após esse diagnóstico e devido aos longos períodos de tratamentos, Hilda se encontrará com o pai raríssimas vezes. Com sete anos ela é matriculada como aluna interna no colégio Santa Marcelina, na cidade de São Paulo. Em 1945 inicia o curso clássico no colégio do Instituto Presbiteriano Mackenzie, concluído em 1948, quando se matricula no curso de Direito do Largo São Francisco, da Universidade de São Paulo. Ali conhece a escritora Lygia Fagundes Telles, amiga e companheira para o resto de sua vida. Forma-se em 1952, mas exercerá a profissão apenas por apenas alguns meses entre 1953 e 1954. Durante o período de bacharelado lançou suas primeiras obras poéticas: 'Presságio' (1950) e 'Balada de Alzira' (1951). Em 1954, depois de uma viagem à Argentina e ao Chile, muda-se para um apartamento de sua mãe em São Paulo. Nos anos cinquenta publica ainda 'Balada do Festival' (1955) e 'Roteiro do silêncio' (1959). Sua produção acelera: em 1960 lança 'Trovas de Muito Amor para um Amado Senhor', em 1961 sai 'Ode Fragmentária' e em 1962 'Sete Cantos do Poeta para o Anjo', que lhe concede o Prêmio Pen Clube de São Paulo. Por volta de 1964, Hilda retorna para o interior do Estado de São Paulo, mudando-se para a Fazenda São José, propriedade de sua mãe, a 11 quilômetros de Campinas. Em 1966 muda-se para a Casa do Sol, local que construiu nas terras da fazenda e que será sua residência até o final da vida, e se casa com o escultor Dante Casarini. Em 1967 publica sua primeira coletânea: 'Poesia 1959-1967'. Nos anos seguintes, Hilda, até então reconhecida como poeta, se dedica a dois novos gêneros: prosa de ficção e dramaturgia. Em apenas três anos compõe oito peças: 'A Possessa' (1967), 'O Rato no Muro' (1967), 'O Visitante' (1968), 'Auto da Barca de Camiri' (1968), 'O Novo Sistema' (1968), 'Aves da Noite' (1968), 'O Verdugo' (1969), vencedora do Prêmio Anchieta, e, por fim, 'A Morte do Patriarca' (1969). Em 1970 publica 'Fluxo-Floema', sua primeira obra em prosa de ficção. No dia 31 de maio do ano seguinte sua mãe falece. Em 1973 lança 'Qadós' e em 1974 retorna à poesia com 'Júbilo, Memória, Noviciado da Paixão'. Não voltará a escrever dramaturgia novamente. Por sua vez, as produções de poemas e de ficção seguirão em paralelo. Em 1977 publica 'Ficções', que recebe prêmio de 'Melhor Livro do Ano' conferido pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Em 1980 lança três livros: uma nova coletânea, 'Poesia 1959-1979'; um livro de poemas inéditos, 'Da Morte/Odes Mínimas'; e um de prosa de ficção, 'Tu não te Moves de Ti'. No ano seguinte recebe o prêmio da APCA pelo conjunto da obra. Nos próximos anos, nova sequência de publicações: 'A Obscena Senhora D' (1982), 'Cantares de Perda e Predileção' (1983), 'Poemas malditos, gozosos e devotos' (1984), 'Sobre a tua Grande Face' (1986) e 'Com meus Olhos de Cão' (1986). Em 1989 sai 'Amavisse'. Em 1990 são mais três livros: 'O Caderno Rosa de Lori Lamby'; 'Contos d´Escárnio/Textos Grotescos' e 'Alcoólicas'. Depois, segue nova sequência: 'Cartas de um Sedutor' (1991); 'Do Desejo' (1992); 'Bufólicas' (1992) e 'Rútilo nada' (1993). Entre 1992 e 1995, escreve crônicas semanais para o jornal 'Correio Popular', da cidade de Campinas, SP. Suas últimas obras inéditas publicadas são 'Cantares do sem nome e de partidas' (1995) e 'Estar Sendo/Ter Sido' (1997). No dia 4 de fevereiro de 2004 Hilda Hilst falece no Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas. Fontes: DINIZ, Cristiano & DESTRI, Luisa. 'Cronologia'. In: PÉCORA, Alcir (org.). 'Por que ler Hilda Hilst'. SP: Globo, 2010; DUARTE, Edson Costa & FUENTES, José Luís Mora. 'Cronologia'. In: HISLT, Hilda. 'A obscena senhora D'. SP: Globo, 2002; CADERNOS de Literatura Brasileira. São Paulo: Instituto Moreira Salles, n. 8, out. 1999.

FRANCHI, Carlos

Carlos Franchi nasceu em Jundiaí, SP, em 15 de agosto de 1932. Teve duas formações: Bacharel e Licenciado em Letras Neolatinas pela PUC-Campinas (1954) e Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da USP (1968). Franchi abraçou as duas profissões por certo tempo. Foi professor concursado de Português e Latim em Jundiaí (1951-1955) e Itatiba (1955-1957), e professor também por concurso do Colégio de Aplicação da USP - Universidade Estadual de São Paulo (1957-1971). Entre 1960 e 1961, foi Professor instrutor de didática especial do português na Faculdade de Educação da USP. Entre 1968 e 1969, Franchi regeu aulas de literatura e teoria da literatura na Universidade Nossa Senhora da Medianeira (Jesuítica) de São Paulo. Entre 1967 e 1969, coordenou a área de Português nos Ginásios Pluricurriculares do Estado de São Paulo e fez pós-graduação em Teoria Literária na USP com Antonio Candido. Com problemas em Jundiaí, desde 1964, por advogar para presos políticos, a partir de 1968 a situação começou piorar. Aconselhado por Antonio Candido, Franchi deixou a Teoria Literária, seguindo para Besançon como bolsista ao lado de Haquira Osakabe, Rodolfo Ilari e Carlos Vogt, grupo formado para estudar na França, seguindo um projeto idealizado pelo filósofo Fausto Castilho que visava organizar a área de ciências humanas na Unicamp e que englobava um projeto de formar um Departamento de Linguística. Depois de um período na Université de Franche Comté, em Besançon, onde estudou com Jean Peytard e Yves Gentilhomme e se licenciou em linguística em 1970, Carlos Franchi, ao contrário dos outros três que foram para Paris, seguiu para a Université d´Aix Marseille em Aix-en-Provence, onde estava o amigo Michel Lahud e onde estudou com Claire Blanche Benveniste, Gilles-Gaston Granger e, através de Jean Stéfanini, entrou em contato com os trabalhos de Noam Chomsky. Em 1971, defende sua dissertação de mestrado nessa instituição, sob a orientação de Blanche Benveniste: 'Hypothèses pour une recherche em Syntaxe'. No retorno ao Brasil, teve atuação decisiva na implantação do Departamento de Linguística da Unicamp, tornando-se Assistente-Mestre e Chefe do departamento, cargos que ocupou entre 1971 e 1975. Na função, coordenou a Comissão Organizadora dos Cursos de Pós-graduação em Linguística e dirigiu a primeira expansão do corpo docente em 1973, quando foram contratados professores do Programa de Pós-graduação em Linguística da UFRJ. Em 1976, após um estágio, sob orientação de Marcelo Dascal, na Universidade de Tel-Aviv para pesquisas em Lógica e Linguagem, defende sua tese de doutorado na Unicamp, 'Teoria Funcional da Linguagem', e se torna Professor Doutor. No ano seguinte, o Departamento de Linguística desligou-se do IFCH, cria-se o Departamento de Teoria Literária e é instalado o IEL. Franchi foi Diretor Associado entre 1977 e 1978, durante o mandato do Prof. Antonio Candido. Em 1979 torna-se o Diretor do IEL, cargo que exerceu até 1982, e assume o cargo de Professor Titular até a sua aposentadoria em 1989. Nesse período, foi presidente da ABRALIN - Associação Brasileira de Linguística entre 1977 e 1979, ano em que Franchi pediu afastamento temporário de suas funções de Diretor do IEL e, contando com o apoio da FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, foi Visiting scholar junto ao departamento de línguas hispânicas da State University of New York, em Albany (EUA). Entre 1980 e 1981, fez um Estágio de Pós-doutoramento na Universidade da Califórnia, em Berkeley (EUA). Após a aposentadoria na Unicamp foi pesquisador visitante no Departamento de Linguística da FFLCH/USP entre 1989 e 2000 e Professor convidado na Unicamp a partir de 1992. Atuou também como Professor visitante em várias universidades brasileiras: UFSC, UNESP, UFRGS, UFRJ, UFRN, UFAL e USP. 'A produção científica do Prof. Franchi é altamente informal, tendo preferido a exposição em seminário ao impresso, e o 'working paper' ao livro, mas é ampla e influente. Trata de temas à primeira vista disparatados, como a sintaxe gerativa-transformacional, o ensino de língua materna e a lógica que subjaz às operações linguísticas, mas tem, a unificá-la, as características da densidade crítica e da riqueza da informação bibliográfica, assim como o retorno sempre enriquecedor a motivos que se revelaram profícuos em vários campos da investigação linguística, como a tese da indeterminação das línguas naturais, a tese de sua historicidade e a de que sua construção depende de um trabalho coletivo que compromete com a história as competências simbólicas mais fundamentais do ser humano' (ILARI, 2002, p. 85). Franchi morreu em 25 de agosto de 2001 em Campinas, SP, 22 dias após receber o título de Professor Emérito da Unicamp.