Fundo EL - Edgard Leuenroth

Área de identificação

Código de referência

BR SPAEL EL

Título

Edgard Leuenroth

Data(s)

  • 1905-1968 (Produção)

Nível de descrição

Fundo

Dimensão e suporte

2.233 livros, 1.185 folhetos, 1.231 títulos de periódicos, 1.143 documentos textuais, 211 documentos iconográficos (201 fotografias, 1 álbum, 1 caricatura, 2 cartelas de selos postais e 6 mapas), 34 documentos tridimensionais (28 flâmulas, 2 medalhas, 2 brindes e 2 crachás) e 1 documento fonográfico (1 fita cassete).

Área de contextualização

Nome do produtor

(1881-1968)

Biografia

Edgard Frederico Leuenroth nasceu em Mogi Mirim, São Paulo, no dia 31 de outubro de 1881, filho de Waldemar Eugênio Leuenroth e Amélia de Oliveira Brito. Após o falecimento do pai em 1885, mudou-se no ano seguinte para a cidade de São Paulo com a mãe e os irmãos Etelvina, Waldemar, João e Eugênio, passando a residir no bairro operário do Brás. Em decorrência de dificuldades financeiras, abandonou o estudo regular e começou a trabalhar com apenas dez anos de idade. A partir de 1895, passou a exercer o ofício de tipógrafo quando ingressou nas oficinas da Companhia Industrial de São Paulo. Dois anos mais tarde, inseriu-se no fazer jornalístico como tirador de provas e depois tipógrafo do jornal O Commercio de São Paulo, onde permaneceu por 12 anos. Ainda em 1897, fundou seu primeiro jornal, O Boi, voltado à crítica literária, o qual seria sucedido em 1898 pela Folha do Braz, órgão defensor dos direitos dos moradores daquele bairro. Por volta de 1900, interessou-se pelo socialismo e frequentou por um tempo as reuniões do Círculo Socialista Primeiro de Maio, até que em 1904 foi apresentado à filosofia anarquista e passou a envolver-se com o movimento libertário. Em 1903, participou da fundação do Centro Tipográfico de São Paulo, que logo transformou-se em União dos Trabalhadores Gráficos (UTG), e colaborou na criação do jornal O Trabalhador Gráfico, veículo oficial da nova organização. Em 1905, transferiu-se para o Rio de Janeiro e trabalhou como tipógrafo nos periódicos A Imprensa e Portugal Moderno. No fim desse mesmo ano, participou da fundação da Federação Operária de São Paulo (FOSP) e do jornal A Terra Livre, onde conheceu o anarquista português Neno Vasco. A partir de então, sob seu próprio nome ou pseudônimos – Demócrito, Frederico Brito, Palmyro Leal, Len, Leão Vermelho, Routh, Siffleur, entre outros – Edgard Leuenroth esteve ligado à imprensa operária de maneira intensa, integrando-a totalmente à sua trajetória de militância. Em 1906, tornou-se redator do jornal A Lucta Proletaria (órgão da FOSP), participou do I Congresso Operário Brasileiro (também dos que viriam acontecer em 1913 e 1920) e casou-se com Aurora da Costa Reis, com quem viveria por toda sua vida. Voltando a residir em São Paulo, fundou o jornal Folha do Povo em 1908 e, no ano seguinte, passou a dirigir o jornal anticlerical A Lanterna, fundado por Benjamin Motta em 1901. Em 1911, colaborou na fundação do jornal A Guerra Social e foi preso pela primeira vez após participar de um comício em protesto ao desaparecimento e provável assassinato da menina Idalina Stamato, caso que gerou bastante comoção na imprensa libertária da época. Em 1912, participou da criação do Comitê de Agitação Contra a Carestia de Vida e da Escola Moderna de São Paulo, cuja proposta pedagógica guiava-se por um ensino laico, racionalista e libertário. Entre 1915 e 1917, colaborou nos jornais independentes O Combate e A Capital, ambos de São Paulo. Em seguida lançou A Plebe, que se tornaria um dos mais importantes periódicos anarquistas publicados no Brasil. O jornal sofreu recorrentes perseguições e foi fechado algumas vezes, tendo sido publicado, com interrupções, até 1951. Edgard também desempenhou papel de destaque nas mobilizações da greve geral de 1917, motivo pelo qual foi injustamente acusado pelas autoridades de ter liderado a pilhagem ao Moinho Santista, e permaneceu preso durante seis meses até seu julgamento e absolvição. Durante o ano de 1919, participou da criação dos Partidos Comunistas do Rio de Janeiro e de São Paulo (ambos de tendência libertária), colaborou na redação do jornal Spartacus e publicou, em parceria com Hélio Negro (pseudônimo de Antônio Candeias Duarte), o livreto O que é marxismo ou bolchevismo: programa comunista, distribuído durante a Primeira Conferência Comunista do Brasil em junho daquele ano. Entre 1917 e 1920, o movimento operário anarquista encontrava-se em pleno auge e Edgard Leuenroth, um de seus principais líderes, participava ativamente dos movimentos grevistas através da imprensa e também nas ruas, com discursos inflamados e liderando protestos. Colaborou ainda no jornal A Voz do Povo, extinto no final de 1920. Nesse mesmo ano, passou a trabalhar na agência de publicidade A Eclectica, da qual seu irmão Eugênio Leuenroth foi um dos primeiros proprietários, onde permaneceria até 1940. Pela agência, atuou na redação de alguns de seus periódicos (Eclectica, Romance Jornal, Ecla - Serviço de Notícias e Jornal dos Jornais) e compareceu ao I Congresso Pan-Americano de Imprensa, realizado no ano de 1926 em Washington, Estados Unidos, ocasião em que organizou uma exposição sobre a imprensa brasileira. Colaborou ainda na fundação do jornal A Vanguarda, em 1921, e do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Gráficas de São Paulo (STIG), em 1923. Na década seguinte, participou da criação do Centro de Cultura Social (CCS), importante entidade cultural vinculada ao movimento anarquista que tinha entre seus objetivos estimular, apoiar e promover entre as camadas populares o estudo dos problemas relacionados à questão social. Edgard Leuenroth também participou da fundação da Associação Paulista de Imprensa (API), em 1933, e do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo e da Associação Paulista de Propaganda, em 1937. Entre as décadas de 1940 e 1950, organizou e dirigiu os arquivos de A Noite (edição paulista), Jornal de São Paulo, A Época, Jornal do Comércio (Recife) e trabalhou na renovação dos arquivos da Folha da Manhã e de O Globo (Rio de Janeiro). Também compareceu por diversas vezes ao Congresso Nacional de Jornalistas, entre as quais, a quarta edição realizada em Recife, em 1951, onde apresentou o texto A organização dos jornalistas brasileiros, o qual foi publicado em livro postumamente. Participou de vários congressos e encontros anarquistas, entre os quais, o Encontro Libertário, realizado no Rio de Janeiro em 1958, ocasião em que aceitou assumir a direção do jornal Ação Direta, após o falecimento de seu fundador José Oiticica. Em 1963, publicou o livro Anarquismo - Roteiro da Libertação Social, uma antologia de textos que abordam diversos aspectos da teoria e prática anarquista. Durante os últimos anos de sua vida, trabalhou como arquivista na sede paulista da agência Standard Propaganda, fundada por seu sobrinho Cícero Leuenroth, e colaborou no jornal O Libertário, de São Paulo. Morreu em 28 de setembro de 1968 em decorrência de um câncer hepático.

Entidade custodiadora

História do arquivo

O conjunto documental foi adquirido da família do titular pela Unicamp em junho de 1974, em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O processo contou com importante articulação de um grupo de professores do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), mediante informações de que a documentação seria transferida para o exterior. Inicialmente permaneceu no prédio da Reitoria durante alguns meses e, em seguida, foi transferido para as dependências da Biblioteca do IFCH até que se organizasse um espaço adequado para sua guarda. Por motivos de segurança, todo o conjunto foi microfilmado, sendo que uma cópia foi depositada nos cofres do Citibank e outra enviada para o Instituto Internacional de História Social de Amsterdã (sigla em inglês, IISH). Com o tempo, o material que era composto essencialmente por livros, folhetos e periódicos foi processado e catalogado nas bases de dados Acervus e Pesquisarqh. O pouco que havia de documentação textual arquivística foi acondicionado em sete pastas suspensas. Algumas reproduções de fotografias foram incorporadas posteriormente. Por ocasião das comemorações dos 40 anos do AEL que ocorreriam em junho de 2014, um novo contato foi feito com a família Leuenroth a fim de investigar a existência de documentação remanescente que pudesse complementar o acervo. Também havia a intenção de recuperar documentos de identitários e possíveis manuscritos produzidos por Edgard, o que possibilitaria a composição de seu arquivo pessoal. Sendo assim, em novembro de 2013, foi realizada a doação do acervo de Germinal Leuenroth, filho do titular, e que também trouxe considerável material de seu pai. Entre os anos de 2015 e 2016, a equipe de processamento técnico do AEL debruçou-se sobre o acervo de Edgard Leuenroth e a documentação arquivística foi organizada.

Fonte imediata de aquisição ou transferência

Adquirido por compra de Germinal Leuenroth, filho do titular, em junho de 1974.

Área de conteúdo e estrutura

Âmbito e conteúdo

O conjunto é constituído pela documentação produzida e acumulada por Edgard Leuenroth no decorrer de sua militância anarquista e no exercício de seu ofício de jornalista. Devido a sua reconhecida preocupação em preservar os registros da história de luta dos trabalhadores, Edgard foi responsável por reunir e organizar um vasto arquivo coletivo sobre as atividades de diversos movimentos sociais durante o período de formação do proletariado no Brasil. Além dos periódicos que fundou, dirigiu e/ou colaborou, recolheu grande número de publicações (jornais, folhetos, boletins) da primeira metade do século XX, ligadas a organizações políticas e associações de trabalhadores, documentos de atestada raridade. Além disso, sua biblioteca é composta por obras clássicas sobre o pensamento anarquista, filosofia, religião, política e história.

Avaliação, seleção e eliminação

Ingressos adicionais

Não são esperadas novas incorporações.

Sistema de arranjo

Área de condições de acesso e uso

Condições de acesso

Consulta livre.

Condiçoes de reprodução

É permitida a reprodução (cópia parcial ou integral) dos documentos do acervo do AEL mediante a assinatura do termo de responsabilidade. No caso de uso de direitos autorais e de imagem consulte a LDA - n. 9.610/98 e outras legislações pertinentes.

Idioma do material

  • alemão
  • espanhol
  • esperanto
  • francês
  • inglês
  • italiano
  • português do Brasil

Script do material

Notas ao idioma e script

Características físicas e requisitos técnicos

Instrumentos de descrição

Área de materiais associados

Existência e localização de originais

Acervo

Existência e localização de cópias

Cópias disponíveis para consulta no AEL Digital: https://www.ael.ifch.unicamp.br/ael-digital.

Unidades de descrição relacionadas

Para mais documentação relacionada a Edgard Leuenroth, consulte: conjunto documental Germinal Leuenroth no AEL; Prontuário n. 122 - Edgard Leuenroth, Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo (Deops-SP), disponível no Arquivo Público do Estado de São Paulo; e o acervo do Círculo Alfa de Estudos Históricos, em São Paulo. Veja ainda no AEL outros conjuntos relacionados aos temas anarquismo, industrialização e movimento operário no Brasil na primeira metade do século XX: Astrojildo Pereira, História da Industrialização e Octávio Brandão.

Descrições relacionadas

Nota de publicação

GONÇALVES, Cláudia Tolentino. A pena e a espada: projetos de Brasil em Edgard Leuenroth. 2014. 180f. Dissertação (Mestrado em Ciências Humanas) – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2014;

KHOURY, Yara Maria Aun. Edgard Leuenroth, uma voz libertária: imprensa, memória e militância anarco-sindicalistas. 1988. Tese (Doutorado em Sociologia) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1988;

LOPREATO, Christina da Silva Roquette. O espírito da revolta: a greve geral anarquista de 1917. 1996. 273f. Tese (Doutorado em História) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1996;

LYMBURNER, Matthew. Edgard Leuenroth – the formative years, 1881-1917: exploring anarchist ideology in São Paulo through critical biography. 2008. Tese de Doutorado. Carleton University.

Área de notas

Identificador(es) alternativos

Pontos de acesso

Pontos de acesso de assunto

Pontos de acesso local

Ponto de acesso nome

Pontos de acesso de gênero

Área de controle da descrição

Identificador da descrição

Identificador da entidade custodiadora

Regras ou convenções utilizadas

Descrição baseada em: CONSELHO INTERNACIONAL DE ARQUIVOS (CIA). ISAD (G): Norma Geral Internacional de Descrição Arquivística. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2001.

Estado atual

Nível de detalhamento

Datas de criação, revisão, eliminação

01/2018 (criação)

Idioma(s)

Sistema(s) de escrita(s)

Fontes

Nota do arquivista

Conjunto documental organizado por Lívia Cristina Corrêa, Maria Dutra de Lima, Marilza Aparecida da Silva e Tainá Guimarães Paschoal, sob a supervisão de Silvia Rosana Modena Martini, técnicas da Seção de Processamento Técnico e Atendimento do AEL. Descrição arquivística elaborada por Lívia Cristina Corrêa.

Zona da incorporação

Assuntos relacionados

Pessoas e organizações relacionadas

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