Área de identificação
Código de referência
Título
Data(s)
- [1979]-1981 (Produção)
Nível de descrição
Dossiê
Dimensão e suporte
21 documentos textuais e 2 documentos iconográficos (cartaz).
Área de contextualização
Nome do produtor
História administrativa
A história do Grupo Ação Lésbica Feminista (GALF) começa em fevereiro de 1979, quando mulheres lésbicas passaram a participar das reuniões do Grupo SOMOS, coletivo militante homossexual pioneiro da cidade de São Paulo. Dois meses depois, em abril, os editores do jornal carioca “Lampião da Esquina” fizeram um convite para que as mulheres do SOMOS produzissem um artigo sobre homossexualidade feminina, matéria que foi publicada na edição de maio daquele ano sob o título “Nós também estamos aí”. Logo após esse evento, algumas integrantes do grupo que se reuniu para a elaboração do texto decidiram formar um subgrupo exclusivamente de mulheres dentro do SOMOS, oficializando-o como subgrupo Lésbico-Feminista em junho de 1979. As razões para essa decisão estariam na necessidade de se dar continuidade às discussões especificamente lésbicas, episódios de machismo vivenciados nos subgrupos mistos do SOMOS e o fato de o grupo não tomar posição quanto a dupla discriminação sofrida pelas lésbicas, como mulheres e homossexuais. A partir de então, o subgrupo Lésbico-Feminista passou a desenvolver uma série de atividades autônomas, aproximando-se também do movimento feminista: elaborou um roteiro lésbico da cidade de São Paulo a partir de entrevistas sobre locais abertos às mulheres homossexuais; participou da II Semana Feminista de Campinas realizada em outubro de 1979; integrou as reuniões de organização do II Congresso da Mulher Paulista, realizado nos dias 8 e 9 de março de 1980 no Teatro da PUC-SP, onde pôde enriquecer as discussões sobre a sexualidade feminina; participou do I Encontro Brasileiro de Grupos Homossexuais Organizados (I EBHO) e do I Encontro Brasileiro de Homossexuais, realizados nos dias 4, 5 e 6 de abril de 1980, onde levantou a questão do machismo gay e da importância da formação de coletivos compostos exclusivamente por mulheres. Contudo, o acirramento das divergências com os demais integrantes do SOMOS levaram a grande maioria das mulheres do subgrupo à declarar sua autonomia em 17 de maio de 1980, dando início ao Grupo Lésbico-Feminista (LF). Por essa época, o coletivo participou das manifestações em repúdio à violência policial empreendida contra homossexuais e prostitutas no centro de São Paulo; do I Encontro dos Grupos Feministas de São Paulo (mais conhecido como encontro de Valinhos), realizado nos dias 21 e 22 de junho de 1980; e dividia uma sede localizada no bairro Vila Madalena com o grupo feminista Brasil-Mulher. Em outubro de 1980, o Grupo Lésbico-Feminista sofre um racha devido a uma série de conflitos internos, o que resulta na saída de algumas militantes. Entre as dissidentes, uma parte criaria o grupo Terra Maria – Opção Lésbica (de curta duração) e outras passariam a atuar em organizações feministas como o SOS Mulher. Mesmo reduzido e abalado por conta dessas saídas, o grupo conseguiu persistir, com altos e baixos, até meados do ano seguinte. Nos dias 8 e 9 de março de 1981, participou do III Congresso da Mulher Paulista, onde realizou o lançamento do jornal “Chanacomchana”. Em 25 e 26 de abril, participou do I Encontro Paulista de Grupos Homossexuais Organizados (I EPHO), realizado na Faculdade de Ciências Sociais da USP. Seguiu ainda com algumas atividades de menor relevância até julho de 1981, quando suas militantes se dispersaram. Em 17 de outubro de 1981, as remanescentes do LF Míriam Martinho e Rosely Roth (1959-1990) decidiram então fundar o Grupo Ação Lésbica Feminista (GALF) com novas colaboradoras. O grupo retoma a publicação do periódico “Chanacomchana” em dezembro de 1982, desta vez em formato de boletim. Dividiram uma sede por três anos com o Grupo Outra Coisa – Ação Homossexualista. Em 1984, tentaram dividir um espaço com o Centro Informação Mulher (CIM), o que acabou não funcionando. A partir de 1985, o GALF passou a reunir-se na casa de uma de suas integrantes e assim permaneceu até o seu final em 1990. Junto dos demais grupos do Movimento Homossexual Brasileiro (MHB), participou da campanha vitoriosa pela desclassificação da homossexualidade como transtorno e desvio sexual, adotada pelo INAMPS. Em 1990, em um novo ciclo de ativismo, integrantes do já extinto GALF (Luíza Granado e Míriam Martinho) fundaram a Rede de Informação Um Outro Olhar, que foca seu trabalho na coleta e veiculação de informações sobre lesbianidade, homossexualidade e feminismo como instrumentos de conscientização lésbica e de conquista de cidadania.
Entidade custodiadora
História do arquivo
Fonte imediata de aquisição ou transferência
Área de conteúdo e estrutura
Âmbito e conteúdo
O dossiê é composto por documentos dos I e II Congressos da Mulher Paulista, realizados em 1979 e 1980, respectivamente. Reúne documentos sobre a organização dos Congressos, como pautas de reuniões, cartas de apoio, regulamento e comunicados, além de prospectos e cartazes de divulgação. Contém, ainda, documentos sobre o III Congresso da Mulher Paulista, evento que se dividiu após dissenso entre a Coordenação dos I e II Congressos e o grupo chamado MR-8, representado pelo jornal “A Hora do Povo”.
Avaliação, seleção e eliminação
Ingressos adicionais
Sistema de arranjo
Ordenação cronológica.
Área de condições de acesso e uso
Condições de acesso
Condiçoes de reprodução
Idioma do material
- português do Brasil
Script do material
Notas ao idioma e script
Características físicas e requisitos técnicos
Instrumentos de descrição
O upload do instrumento de pesquisa foi concluído
Área de materiais associados
Existência e localização de originais
GALF pasta 4; Mapoteca 3
Existência e localização de cópias
galf_d_002 (Repositório digital do AEL)
Unidades de descrição relacionadas
Nota de publicação
DUARTE, Ana Rita Fonteles. “Os Congressos”. In: Sob vigilância: os movimentos feministas brasileiros na visão dos órgãos de informação durante a ditadura (1970-1980), pp. 6-12. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/8076659.pdf (Acesso em: 02/07/2024)