Área de identificação
Código de referência
Título
Data(s)
- 1968-2017 (predominante 1993-2010) (Produção)
Nível de descrição
Fundo
Dimensão e suporte
1.705 documentos: 1.649 documentos textuais (entre documentação pessoal e administrativa, 13 livros, 36 folhetos e 120 títulos de periódicos), 52 documentos iconográficos (mapa, cartazes, artes gráficas, charge, fotografias e cartões postais), 1 documento sonoro (CD), 3 audiovisuais (1 CD, 2 VHS).
Área de contextualização
Nome do produtor
Biografia
Milton Barbosa nasceu em 12/05/1948, na cidade de Ribeirão Preto (SP). Filho de Iná Barbosa e João Câncio Vieira, irmão de Maria de Lourdes Vieira. Aos três anos mudou-se com a mãe e a irmã para São Paulo, na vila Joaquim Antunes, bairro do Bixiga. Fez seus primeiros estudos na escola S. José, no mesmo bairro em que morava, depois ingressou na Escola Estadual Rodrigues Alves, na Avenida Paulista. Aos quatorze anos, em 1964, começou a trabalhar como auxiliar de escritório na empresa Publicidade Teatral Ribeiro Ltda, onde permaneceu até 1968, período em que interrompeu seus estudos. Nessa época, cursou datilografia e taquigrafia. Aos dezenove anos retomou os estudos e concluiu o ensino básico, sendo que na sequência ingressou no cursinho pré-vestibular. Nessa época trabalhou como calculista de balanços no Supermercado Pão de Açúcar, depois como auxiliar de escritório na Olivetti – Indústria de Máquinas S/A. Desde os dezesseis anos fazia parte da Escola de Samba Vai-Vai e, junto com um amigo, criou uma ala que chamaram de “Levanta que eles vêm chegando”, composta por aproximadamente 30 homens. Depois, já preocupado e refletindo sobre as questões raciais, criou a ala “Cala a Boca”, onde permaneceu até 1980. Desde o final dos anos 1960 e início dos 1970, fez parte do Grupo Decisão, que reunia alguns jovens no centro de São Paulo para discutir sobre as questões raciais. Alguns membros desse grupo se reencontraram na USP e, juntos, publicaram o jornal “Árvore das Palavras”, inspirado na revista “Bondinho” (1970-1972) e no jornal “EX” (1973-1975), que foram experiências de imprensa alternativa durante o período da ditadura militar. Os jovens desse grupo distribuíam os jornais em frente à extinta loja Mappin, no centro de São Paulo. Em 1973, Milton Barbosa foi aprovado para o curso de Economia na Universidade de São Paulo (USP), onde logo se envolveu com o movimento negro e o movimento estudantil, tornando-se diretor do Centro Acadêmico “Visconde de Cairu”, em 1974. Nesse mesmo ano começou a frequentar o Centro de Cultura e Arte Negra (CECAN), com sede na rua Maria José, 450, bairro Bela Vista, junto com Odacir de Matos, tendo sido por meio dessa entidade que Milton estabeleceu contato com outros centros culturais de São Paulo. Também em 1974, ingressou na Liga Operária, onde permaneceu até 1976. Em novembro de 1975, começou a trabalhar na Cia. do Metropolitano de São Paulo como Técnico de Métodos Operacionais, ministrando treinamento aos funcionários de operação. Foi eleito diretor da AEMESP (Associação dos Funcionários Metropolitanos de São Paulo), que mais tarde se tornaria o Sindicato dos Metroviários de São Paulo. Em 1977, foi eleito Vice-Presidente do CECAN e ali promoveu as reuniões para discutir questões raciais que culminaram na criação do Movimento Negro Contra a Discriminação Racial – MNCDR, que depois viria a ser denominado Movimento Negro Unificado. O Movimento foi deflagrado em 1979, após a morte por tortura policial, de Robson Silveira da Luz, primo de Rafael Pinto, integrante do CECAN e um dos criadores do MNU. A reunião que deu origem ao Movimento ocorreu no dia 18 de junho de 1978, e contou com a presença do Grupo Brasil Jovem, do Centro de Estudos Afro Brasileiro (irmãos Prudente e Clóvis Moura), do filho do deputado federal Adalberto Camargo, Adalberto Camargo Filho, representando a Câmara de Comércio Afro Brasileiro e do Núcleo Socialista Afro-Latino América. Foi produzida nesse encontro uma carta aberta, escrita por Milton Barbosa e Hamilton Cardoso, para ser distribuída no ato de lançamento do movimento, programado para acontecer nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo. Ainda como funcionário do Metrô, Milton criou nessa empresa o Núcleo de Negros Metroviários e, nesse mesmo ano, em 1979, foi demitido pelo governo de Paulo Maluf em função de sua atuação junto ao MNU. Entre os anos 1981 e 1982, trabalhou como autônomo na empresa Escala Pesquisa de Mercado SA e, como militante do Partido dos Trabalhadores (PT) e junto a Clóvis de Castro e Flávio Carranza, criou a 1ª. Comissão de Negros do PT. Em 1984 foi readmitido no Metrô, mas permaneceu como diretor nacional do MNU, o que lhe rendeu nova demissão do Metrô, em 1988. Em 1989, passou a atuar na Anhembi Turismo e Eventos da cidade de São Paulo como assessor da Presidência para eventos externos, permanecendo até 1990, quando então criou a Fundação da Associação dos Prestadores de Serviços. Nesse mesmo ano, foi eleito presidente do Centro de Defesa do Negro “Wanderley José Mário”. A partir de janeiro de 1991, passou a colaborar com projetos culturais e de lazer para comunidades carentes e da terceira idade no CMV – Corpo Municipal de Voluntários, onde assumiu o cargo de Assistente da Diretoria de Planejamento. Entre 2002 e 2007, aproximadamente, Milton Barbosa e Regina Lúcia dos Santos fundaram, administraram e ministraram aulas no Curso Pré Vestibular Comunitário “Tereza de Quariterê”, prestando assistência a estudantes que desejavam ingressar na universidade. Milton Barbosa acumulou importantes funções dentro do MNU, tendo sido Coordenador Nacional durante vários anos; Coordenador Estadual de São Paulo entre 1992/1993; Coordenador de Relações Internacionais entre 1994/1995; Coordenador de Formação Política e Organização entre 1995 e 2000; Coordenador Estadual de São Paulo entre 2003 e 2006; e novamente Coordenador de Relações Internacionais entre 2007 e 2010, quando fez um pedido de anistia política e reparação econômica por ter sido perseguido por atuar no Movimento Negro. Milton Barbosa foi casado pela primeira vez com Elenita, com teve uma filha chamada Kaluembi Barbosa. Casou-se pela segunda vez com Maria de Fátima Ferreira, com quem teve 5 filhos: Chindalena Ferreira Barbosa, Andalakituche F. Barbosa, Mutana F. Barbosa, Akinyele Kayode F. Barbosa e Samoury Nugabe F. Barbosa. Atualmente é casado com Regina Lúcia dos Santos, também membro do MNU, e não tiveram filhos. Milton Barbosa é hoje o presidente de honra do MNU.
Entidade custodiadora
História do arquivo
Os documentos que compõem o Fundo Milton Barbosa foram produzidos e reunidos pelo titular ao longo da sua militância no Movimento Negro Unificado (MNU) e da sua inserção no Movimento Negro no país. Com relação à documentação do MNU, esta permaneceu junto a Milton Barbosa por vários anos, desde 1998 aproximadamente. Logo nos seus primeiros anos de existência o MNU contava com duas sedes na cidade de São Paulo, no bairro do Bixiga. Quando a segunda sede foi desativada houve uma dispersão dos documentos. Após um hiato, o MNU ocupou uma sala em um local compartilhado com outras entidades. Contudo, por questões de espaço e segurança, os documentos não foram mantidos no local. Além da residência de Milton Barbosa, a documentação também ficou abrigada na casa de sua irmã, Maria de Lourdes Vieira. Este cuidado com a salvaguarda do acervo vai de encontro ao projeto “Centro Solano Trindade de Direitos Humanos”, existente no fundo, o qual abrigaria a memória do MNU e do Movimento Negro. Os documentos foram localizados pelo pesquisador Paulo Ramos do AFRO-CEBRAP em 2017, durante sua pesquisa de doutorado sobre violência policial. Foi transferido para o CEBRAP em 2019, onde permaneceu até 2020, quando foi incorporado ao acervo do AEL. A doação foi oficializada em 2021 em apenas um lote. Não estão previstas novas doações. O fundo encontra-se organizado.
Fonte imediata de aquisição ou transferência
Doação realizada por Milton Barbosa em 2021.
Área de conteúdo e estrutura
Âmbito e conteúdo
O fundo Milton Barbosa reúne documentos produzidos e acumulados pelo titular do conjunto a partir do final dos anos 1960 e início de 1970. Conta com um grupo de documentos que se relacionam com a criação do Movimento Negro Unificado (MNU), em 1978, e uns poucos documentos dos anos subseqüentes, incluindo nesse conjunto o 1º. Congresso Nacional do MNU. A documentação ganha mais representatividade a partir de 1993, período em que Milton Barbosa assumiu a Coordenadoria Estadual do MNU – São Paulo, e segue até 2010 quando ocupou o cargo de Coordenador de Relações Internacionais. Paralelamente à documentação produzida pelo MNU, Milton Barbosa acumulou documentos do Movimento Negro como um todo, sobretudo do movimento paulista, com destaque para os 140 documentos jornalísticos que tratam das questões raciais, da ocupação no Haiti, entre outros temas. Sobre sua vida privada os documentos acumulados referem-se, essencialmente, ao âmbito profissional e político-partidário, não incluindo documentos pessoais oficiais e nem de familiares.
Avaliação, seleção e eliminação
Ingressos adicionais
Não são esperadas novas incorporações.
Sistema de arranjo
O conjunto documental foi organizado em cinco grupos: 1) Trajetória Pessoal, 2) Trajetória Profissional, 3) Trajetória Político-Partidária, 4) Movimento Negro Unificado e 5) Movimento Negro, com seus respectivos subgrupos, séries e subséries. Foram também criados 11 dossiês: 7 referentes aos Congressos Nacionais do MNU, 1 do Congresso Nacional Extraordinário do MNU, 1 dossiê com a documentação de Regina Lúcia dos Santos, 1 sobre Nazismo e 1 da Comissão Municipal de Direitos Humanos.
Área de condições de acesso e uso
Condições de acesso
Consulta livre.
Condiçoes de reprodução
É permitida a reprodução (cópia parcial ou integral) dos documentos do acervo do AEL mediante a assinatura do termo de responsabilidade. No caso de uso de direitos autorais e de imagem consulte a LDA - n. 9.610/98 e outras legislações pertinentes.
Idioma do material
- alemão
- árabe
- espanhol
- filipino
- francês
- inglês
- italiano
- japonês
- português do Brasil
- romeno
Script do material
Notas ao idioma e script
Características físicas e requisitos técnicos
Instrumentos de descrição
Área de materiais associados
Existência e localização de originais
MB pastas 1-54; MB CT/00001-CT/00020; MB FT/00001-FT/00014 pasta 1; MB pastas GF 1-4; CD/00618; VD/2039-VD/2041; DVD/00734
Existência e localização de cópias
Unidades de descrição relacionadas
Nota de publicação
Brauns, E.; Santos, G. G.; Oliveira, J. A. (Org.). Movimento Negro Unificado: a resistência nas ruas. São Paulo: Edições Sesc; São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2020.
Nota de publicação
MOVIMENTO Negro Unificado: 1978-1988: 10 anos de luta contra o racismo. São Paulo: Confraria di Livro, 1988.
Área de notas
Identificador(es) alternativos
Pontos de acesso
Pontos de acesso de assunto
Pontos de acesso local
Ponto de acesso nome
Pontos de acesso de gênero
Área de controle da descrição
Identificador da descrição
Identificador da entidade custodiadora
Regras ou convenções utilizadas
Descrição baseada em: CONSELHO INTERNACIONAL DE ARQUIVOS (CIA). ISAD (G): Norma Geral Internacional de Descrição Arquivística. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2001.
Estado atual
Nível de detalhamento
Datas de criação, revisão, eliminação
09/2022 (criação)
Idioma(s)
Sistema(s) de escrita(s)
Fontes
Nota do arquivista
Conjunto documental organizado e descrito por Cássia Denise Gonçalves e Marli Marcondes.