Carta de Jessie Jane a Colombo Vieira dizendo que está muito cansada porém muito feliz. Pede para que vá visitá-la logo e diz o quanto a filha é resultado da luta e do amor de ambos. Agradece a solidariedade de todos no presídio em que ele se encontra.
Jessie Jane Vieira de SouzaRio de Janeiro (RJ)
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Carta de Jessie Jane a Colombo Vieira descrevendo sua chegada à clínica, algemada e escoltada por PMs. Anuncia que o parto está próximo e da possibilidade e vantagens de fazer cesariana. Reclama da solidão, da falta que o marido lhe faz.
Jessie Jane Vieira de SouzaCarta de Jessie Jane a Colombo Vieira falando sobre o significado do bebê na vida deles: “vitória do bem contra o mal”. Fala sobre o companheiro militante Guttemberg, sua doença e transferência para o presídio do marido. Jessie pede a Colombo que cuide dele.
Jessie Jane Vieira de SouzaCarta de Jessie Jane a Colombo Vieira falando da gravidez e da dificuldade de encontrar um médico que vá ao presídio. Diz ouvir a rádio JB-FM (programação de clássicos). Comenta sobre a atuação na Itália como “agente da História” de Gramsci. Faz associação entre a criança e a liberdade.
Jessie Jane Vieira de SouzaCarta de Jessie Jane a Colombo Vieira em que faz alusão aos eletrochoques e suas consequências. Fala de seus problemas hormonais, cita autores e livros que leu e está lendo, além de sua pesquisa sobre América Latina.
Jessie Jane Vieira de SouzaCarta de Jessie Jane a Colombo Vieira avisando sobre a saída da filha Leta do presídio. Considerações sobre a opção de vida de ambos e questionamentos sobre o futuro. Fala da existência da “célula multiplicadora”.
Jessie Jane Vieira de SouzaCarta de Jessie Jane a Colombo Vieira falando de sua atual “tensão emocional” e de seus estudos sobre fascismo a partir da obra de Poulantzas. Diz que é um tema muito atual “principalmente nesse momento de crise do capitalismo internacional”. Comenta a eleição do novo presidente da ARENA e diz que não há novidade nem no processo nem no escolhido. Diz que o modelo econômico faliu, mas que “tudo se justifica em nome do lucro”. Faz considerações sobre o interesse internacional atuante no Brasil e sobre as bases institucionais do sistema: “com todos os AI-5 possíveis”.
Jessie Jane Vieira de SouzaCarta de Jessie Jane a Colombo Vieira falando da visita de Ivan e Iná. Comenta o desgaste e solidão pelos quais passam ela e Norma. Diz que cuidar da horta é uma grande distração e que planeja criar pintinhos e aos poucos montar uma granja. Comenta sobre a agradável visita de suas tias. Jane está pessimista quanto ao julgamento na Auditoria, critica a desmobilização de Colombo. Reclama da falta de notícias devido à falta de recursos e meios para obter jornais e revistas. Jessie lamenta depender de ajuda financeira, fala do quanto fica constrangida. Comenta o passeio de camburão em que estava “sentindo um perfume gostoso de liberdade” e da chegada da TV a cores no presídio.
Jessie Jane Vieira de SouzaCarta de Jessie Jane a Colombo Vieira. Na data em questão, faz um mês que ambos se encontraram. Na carta, Jessie faz referência à proximidade entre o seu local de prisão e o de Colombo: “há pouco tava ouvindo barulho da rapaziada jogando futebol. Não sei se o som vinha daí”. Comenta visita de D. Eugênio e palestra da Rose M. Muraro sobre feminismo. Diz ter considerado a iniciativa muito boa, pois significou uma valorização das presas enquanto seres humanos. Segundo Jessie, anteriormente “o clima era de pavor e total desrespeito. O método usual eram os “espancamentos generalizados”. Fala da horta que cultivam no presídio, dos discos que Colombo mandou e de como se diverte ao ouvir as conversas dos “PMs”. Diverte-se também ao conversar com os pais das colegas, quando das visitas destes.
Jessie Jane Vieira de SouzaCarta de Colombo Vieira à Jessie Jane dizendo como foi doloroso ser transportado do presídio onde ela estava e onde tinham possibilidade de se encontrar. Diz tê-la olhado do camburão até não conseguir vê-la nitidamente. Diz que assim que chegou, receberam visita do diretor da DESIPE e do diretor da cadeia e que estes comunicaram que as obras durarão 4 meses e que a vinda dos presos de Ilha Grande será adiada por causa da vinda do “pessoal do Partido Comunista”. Pedido de audiência com o diretor para tratar dos problemas do presídio. Fala da banda de música que montaram no presídio e de como a rotina está aos poucos se acertando. A preocupação, no entanto, é com os companheiros de Ilha Grande e os que estão no PP, e que não foram transferidos. Comenta sobre a greve de fome dos presos comuns por reivindicações. Faz considerações sobre o cotidiano dos presos comuns e a situação social que os favorece a cometer delitos. Fala da insatisfação da classe média em desejar bens de consumo e viver marginalizada. Fala da vida de ambos em liberdade (9 meses) e em cárcere (5 anos). Mais adiante, fala da chegada de companheiros do presídio de Ilha Grande.
Jessie Jane Vieira de Souza