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Registro de autoridade
COELHO NETO, Henrique Maximiano
Pessoa · 21/02/1864 - 28/11/1934

Filho de Antônio da Fonseca Coelho e Ana Silvestre Coelho, Henrique Maximiano Coelho Neto nasce em Caxias, MA, em 21 de fevereiro de 1864.

Aos seis anos de idade, Coelho Neto muda-se com os pais para o Rio de Janeiro. Inicia-se nas leituras com um tio e cursa os estudos primários e secundários no Colégio São Bento e no Colégio Pedro II. Coelho Neto inicia o curso de Medicina, mas logo desiste de sua realização e, em 1883, matricula-se na Faculdade de Direito de São Paulo. Ali, envolve-se num movimento dos estudantes contra um professor e, prevendo represálias, transfere-se para Recife, onde cursa apenas o primeiro ano de Direito, curso que não chegará a concluir.

Em seguida, Coelho Neto regressa a São Paulo, filiando-se ao movimento abolicionista e republicano. De volta ao Rio de Janeiro, passa a se dedicar ao Jornalismo, trabalhando em prol das ideias às quais se vincula.

Em 1890, Coelho Neto casa-se com Maria Gabriela Brandão, com quem terá quatorze filhos, e é nomeado para o cargo de secretário do Governo do Estado do Rio de Janeiro. No ano seguinte, torna-se Diretor dos Negócios do Estado. Em 1892, é professor de História da Arte da Escola Nacional de Belas Artes e, mais tarde, professor de Literatura do Colégio Pedro II. Em 1910, é nomeado professor de História do Teatro e Literatura Dramática da Escola de Arte Dramática, sendo logo depois diretor do estabelecimento. Também exerce as atividades de professor de Literatura em Campinas/SP.

Eleito deputado federal pelo Maranhão, em 1909, Coelho Neto é reeleito no ano de 1917. Também exerce a ocupação de secretário-geral da Liga de Defesa Nacional e membro do Conselho Consultivo do Teatro Municipal.

Além de ocupar vários cargos públicos, Coelho Neto multiplica a sua atividade em revistas e jornais, no Rio de Janeiro e em outras cidades. Atua na área das Letras e frequenta rodas literárias. Forma um grupo juntamente com Olavo Bilac, Luís Murat, Guimarães Passos e Paula Ney, romanceando a história dessa geração na obra "A Conquista", de 1899.

Ao longo de suas atividades relacionadas à área da escrita, cultiva praticamente todos os gêneros literários, deixando uma obra extensa entre poesia, romances, contos, narrativas históricas e bíblicas, lendas, memórias, conferências, antologias, crônicas, livros didáticos, teatro, além de volumes inéditos. Destaca-se da sua obra os livros de contos "Sertão" (1896), "Treva" (1906) e "Banzo" (1913); os romances "Turbilhão" (1906), "Miragem" (1895), "Inverno em flor" (1897); as memórias romanceadas "A capital federal" (1893), "A conquista" (1899), "Fogo fátuo" (1929) e "Mano" (1924); as peças teatrais "Neve ao sol", "A muralha", "Quebranto" e "O dinheiro".

Em 1928, Coelho Neto é eleito "Príncipe dos Prosadores Brasileiros", através de concurso público realizado pelo periódico "O Malho". Fundador da Cadeira número 2 da Academia Brasileira de Letras, recebe os acadêmicos Osório Duque-Estrada, Mário de Alencar e Paulo Barreto.

Coelho Neto falece no dia 28 de novembro de 1934, no Rio de Janeiro.

FRANKIE, Charley Warren
Pessoa · 04/03/1894 - 02/02/1968

Karl Werner Francke nasce em Berna, Suíça, no dia quatro de março de 1894, filho de Franz Theodor Walther Francke e Adele Mathilde [?] Binber. Desembarcando no Brasil em vinte de junho de 1920, Karl Werner Francke altera o nome para Charley Warren Frankie.

Há poucas informações sobre a sua vida na Europa. Sabemos, através das cartas que enviou a sua filha Laís, que inicia os estudos em Medicina, abandonando-a na ocasião do falecimento de seu pai. Posteriormente, obtém uma bolsa de estudos do governo para estudar Geologia, ciência em que se diploma bacharel. Sabe-se, ainda, que participa da Primeira Guerra Mundial.

No Brasil, Charley Warren Frankie estabelece-se em Limeira, interior de São Paulo. Na cidade, trabalha como técnico na "Máquina São Paulo", indústria especializada em máquinas de beneficiamento de café. Casa-se com Otília Diehl, em sete de novembro de 1925, com quem tem cinco filhos: Adelaide, Laís, Córa, George e Charley.

Em 1930, logo depois do falecimento do engenheiro Trajano de Barros Camargo, dono da "Máquina São Paulo", Frankie pede demissão da indústria. A pedido da família da esposa, muda-se, em seguida, para Piracicaba, passando a trabalhar como autônomo.

Em 1931, o diploma de engenheiro geólogo é reconhecido pela Escola Livre de Engenharia do Rio de Janeiro. Em 1934, conhece Monteiro Lobato e Edson de Carvalho, sócios da Companhia de Petróleo Nacional (CPN), que o convidam para trabalhar na área de prospecção. Charley Warren Frankie segue, então, para Araquá, local em que trabalha como técnico responsável pelas perfurações da região.

Devido ao longo período de ausência de casa, desentende-se com a família, afastando-se do seu convívio por definitivo. Desde então, manteria contato apenas com sua filha Laís, com quem passa permanentemente a trocar correspondências.

Entre 1934 e 1935, apontado como especialista, Charley Warren Frankie chega a ser procurado pela imprensa para falar sobre a geologia brasileira e as prospecções de petróleo. Em 1935, é publicada, pela Companhia Editora Nacional, a tradução que faz do livro de Essad Bey, "A luta pelo petróleo", prefaciado por Monteiro Lobato.

Entre 1935 e 1936, trabalha nas pesquisas de petróleo em Riacho Doce, Alagoas, e em Picuí, Rio Grande do Norte, como auxiliar topógrafo e geofísico. Na ocasião, desenvolve suas atividades sendo o representante técnico da Elektrische Bodenforschung - ELBOF, departamento responsável pelas pesquisas sobre a geofísica brasileira da empresa alemã Piepmeyer & Co, parceira da CPN. Nesse período, publica artigos na imprensa sobre a geologia de Alagoas. Em 1937, ao lado de Monteiro Lobato, Hilário Freire e J. W. Winter (diretor da ELBOF no Brasil), participa da formação da Aliança Mineração e Petróleo (AMEP), que se tornaria o departamento de prospecção da CPN. Em seguida, segue para o Mato Grosso, com o objetivo de fazer pesquisas na região.

Em 1940, desloca-se para Aquidauana, no Mato Grosso do Sul, cidade em que, ao lado de Ubaldo Medeiros, passa a trabalhar na área de construção civil até o ano de 1943. Nesse mesmo ano, muda-se para Corumbá, dedicando-se à topografia da região e a levantamentos geológicos até 1945.

Em 1948, torna-se membro interino da 4ª subsede da Comissão Brasileira Demarcadora de Limites - CBDL (atualmente, Segunda Comissão Brasileira Demarcadora de Limites - SCDL), órgão do Ministério das Relações Exteriores. Inicialmente, trabalha na área de radiotécnica, para, no ano seguinte, ser efetivado na função de auxiliar técnico. Nessa função, atua, principalmente, na demarcação da fronteira do Brasil com a Bolívia e com o Paraguai, chegando, entretanto, a trabalhar também na região do Acre, demarcando os limites entre o Brasil e o Peru.

Em 1957, naturaliza-se brasileiro, sendo efetivado no quadro oficial do Itamaraty na ocupação de auxiliar de engenheiro, onde se aposenta.

Charley Warren Frankie falece em Corumbá, no dia dois de fevereiro de 1968.

FRANCHI, Carlos
Pessoa · 15/08/1932 - 25/08/2001

Carlos Franchi nasce em quinze de agosto de 1932, em Jundiaí, interior de São Paulo.

Ao longo da vida, diploma-se com duas formações acadêmicas: bacharel e licenciado em Letras Neolatinas pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), em 1954; e bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), em 1968. Por certo tempo, Carlos Franchi exerce as duas profissões. Entre 1951 e 1955, é professor concursado de Português e Latim em Jundiaí e, entre 1955 e 1957, em Itatiba. Entre os anos de 1957 e 1971, é professor concursado do Colégio de Aplicação da USP, e, entre 1960 e 1961, professor instrutor de didática especial do português na Faculdade de Educação da USP. Já entre 1968 e 1969, Franchi ministra aulas de Literatura e Teoria da Literatura na Universidade Nossa Senhora da Medianeira (Jesuítica) de São Paulo. Entre 1967 e 1969, coordena a área de Português nos Ginásios Pluricurriculares do Estado de São Paulo. Nos mesmos anos, cursa a pós-graduação em Teoria Literária na USP, sob orientação de Antonio Candido.

Tendo desde 1964 problemas por advogar para presos políticos em Jundiaí, a partir de 1968 a situação começa a piorar. Aconselhado por Antonio Candido, Carlos Franchi deixa a Teoria Literária e segue para Besançon como bolsista ao lado de Haquira Osakabe, Rodolfo Ilari e Carlos Vogt. Juntos, esses integrantes compõem um grupo formado para estudar na França, seguindo um projeto idealizado pelo filósofo Fausto Castilho, que visava organizar a área de Ciências Humanas na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), o que englobava também um projeto para a formação de um Departamento de Linguística na Instituição.

Depois de um período na Université de Franche Comté, em Besançon, onde estuda com Jean Peytard e Yves Gentilhomme, licencia-se em Linguística no ano de 1970. Em seguida, tomando um rumo diverso dos outros integrantes do grupo, segue para a Université d'Aix Marseille em Aix-en-Provence, onde estava o amigo Michel Lahud, e estuda com Claire Blanche Benveniste e Gilles-Gaston Granger. Nesse período, através de Jean Stéfanini, entra em contato com os trabalhos de Noam Chomsky. Em 1971, defende sua dissertação de mestrado nessa instituição, sob a orientação de Blanche Benveniste, intitulada "Hypothèses pour une recherche em Syntaxe".

No retorno ao Brasil, Carlos Franchi tem atuação decisiva na implantação do Departamento de Linguística da UNICAMP, tornando-se assistente-mestre e chefe do departamento, cargos que ocupa entre 1971 e 1975. Nessas funções, coordena a Comissão Organizadora dos Cursos de Pós-Graduação em Linguística e dirige a primeira expansão do corpo docente em 1973, momento em que são contratados professores vindos do Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Em 1976, após realizar na Universidade de Tel-Aviv um estágio para pesquisas em Lógica e Linguagem, sob orientação de Marcelo Dascal, Carlos Franchi defende sua tese de doutorado na UNICAMP, intitulada "Teoria Funcional da Linguagem". No ano seguinte, o Departamento de Linguística da UNICAMP desmembra-se do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH - UNICAMP), instalando-se no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL - UNICAMP). Franchi exerce as funções de Diretor Associado do IEL entre 1977 e 1978, durante o mandato do Prof. Antonio Candido. Em 1979, torna-se o Diretor do IEL, exercendo o cargo até 1982, e assume o cargo de Professor Titular até a sua aposentadoria, em 1989.

Nesse período, é presidente da Associação Brasileira de Linguística (ABRALIN), entre 1977 e 1979, ano em que solicita afastamento temporário de suas funções de Diretor do IEL. Com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), realiza a atividade de "visiting scholar" junto ao Departamento de Línguas Hispânicas da State University of New York, em Albany (EUA). Entre 1980 e 1981, faz um estágio de pós-doutoramento na Universidade da Califórnia, em Berkeley (EUA).

Posteriormente à aposentadoria na UNICAMP, é pesquisador visitante no Departamento de Linguística da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH - USP) entre 1989 e 2000, e professor convidado na UNICAMP, a partir de 1992. Atua também como professor visitante em várias universidades brasileiras: Universidade Estadual Paulista (UNESP), Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Universidade de São Paulo (USP).

Segundo Rodolfo Ilari (2002, p. 85), "A produção científica do Prof. Franchi é altamente informal, tendo preferido a exposição em seminário ao impresso, e o 'working paper' ao livro, mas é ampla e influente. Trata de temas à primeira vista disparatados, como a sintaxe gerativa-transformacional, o ensino de língua materna e a lógica que subjaz às operações linguísticas, mas tem, a unificá-la, as características da densidade crítica e da riqueza da informação bibliográfica, assim como o retorno sempre enriquecedor a motivos que se revelaram profícuos em vários campos da investigação linguística, como a tese da indeterminação das línguas naturais, a tese de sua historicidade e a de que sua construção depende de um trabalho coletivo que compromete com a história as competências simbólicas mais fundamentais do ser humano".

Carlos Franchi falece em 25 de agosto de 2001 na cidade de Campinas, 22 dias após receber o título de Professor Emérito da UNICAMP.

TOLENTINO, Bruno Lúcio de Carvalho
Pessoa · 12/11/1940 - 27/06/2007

Bruno Lúcio de Carvalho Tolentino nasce no Rio de Janeiro, em doze de novembro de 1940, filho de Heitor Jorge de Carvalho Tolentino e de Odila de Souza Lima Tolentino.

Bruno Tolentino cursa os estudos primários no Colégio Batista. Em 1957, trabalha como revisor do "Suplemento Literário" do "Jornal do Brasil". Em 1958, conclui o curso clássico no Colégio Anglo-americano, matriculando-se, no ano seguinte, na Escola de Teatro da Universidade da Bahia. Nesse período, inicia uma longa correspondência com o poeta francês Yves Bonnefoy.

Em 1960, com a coletânea "Seteclaves", Bruno Tolentino recebe o Prêmio "Revelação de Autor", do Sindicato de Editores e da Câmara Brasileira do Livro. Desse conjunto, sairá, três anos depois, seu livro "Anulação & Outros reparos". Em 1964, parte para a Europa, onde conhece o poeta inglês W. H. Auden e o italiano Giuseppe Ungaretti. No ano seguinte, junto com João Guimarães Rosa, Murilo Mendes e Antonio Candido integra a delegação brasileira que participará do congresso "Nuovo Mondo Colunbianum", realizado em Gênova.

Em 1966, Tolentino gradua-se como tradutor-intérprete na École Interprète de Genebra e passa a fazer parte dos quadros da "Agence Internationale des Traducteurs" (AIT). Depois de uma viagem de trabalho como intérprete estagiário (às cidades de Tóquio, Bangcoc e Hong Kong), torna-se tradutor-intérprete junto ao Mercado Comum Europeu. Nasce, em Varsóvia, Witold Andjei, seu filho com a polonesa Danuta Klossowska.

Em 1968, fixa residência em Londres e passa a lecionar na Faculdade de Artes da Universidade de Bristol. Dois anos depois, casa-se na Igreja Anglicana de Battersea com a brasileira Márcia Martins de Brito.

Em 1971, Bruno Tolentino publica em Paris "Le Vrai Le Vain" e, como "visiting professor", dá aulas na Universidade de Essex. É também lançada a tradução que fez em conjunto com Robert Quemserat da segunda edição de "Ostinato rigore" de Eugénio de Andrade, em versão bilíngue português-francês. Em 1972, aceita o convite de Auden e se torna "deputy diretor" da "Oxford Poetry Now" (OPN). No ano seguinte, com a morte do poeta inglês, assume a direção da revista e passa a residir em Oxford. Depois de renunciar ao cargo, é eleito para um mandato de cinco anos como "executive diretor".

Em 1978, participa do volume de traduções da poesia de Eugénio de Andrade para vários idiomas, publicado como "Changer de rose: poèmes". Em 1979, lança "About the hunt" pela OPN e é reeleito para o cargo que exercia ali. Por essa razão, renuncia as suas funções na Universidade de Bristol.

Em 1982, divorcia-se. Em 1984, Bruno Tolentino deixa o cargo da OPN e, no ano seguinte, retorna ao Brasil. Em 1986, nasce, em Oxford, Raphaël Phillippe Bruno, seu filho com Martine Pappalardo. No ano seguinte, acusado de tráfico de drogas, é condenado a onze anos de prisão, ficando preso por 22 meses em Dartmoor. Ao final desse período, a pena é suspensa.

Em 1991, muda-se para Marselha, França, e dois anos depois retorna ao Brasil com a família. Em 1994, Bruno Tolentino publica "As Horas de Katharina", obra com a qual recebe o Prêmio Jabuti de Poesia. Nos anos seguintes, publica "Os Deuses de hoje", "Os Sapos de ontem" e "A Balada do cárcere", que recebe o Prêmio Cruz e Souza, outorgado pela Fundação Catarinense de Cultura.

Em 1997, Bruno Tolentino recebe o Prêmio Abgar Renault, da Academia Brasileira de Letras (ABL). Em 1998, publica a "edição definitiva" de "Anulação & Outros reparos" e assume a função de editor nas revistas "Bravo!" e "República". Em 2002, publica "O mundo como ideia", obra ganhadora do Prêmio Jabuti de Poesia. Em 2006, lança "A imitação do amanhecer".

Bruno Tolentino falece em São Paulo, no dia 27 de junho de 2007.

ÉLIS, Bernardo
Pessoa · 15/11/1915 - 30/11/1997

Bernardo Elis Fleury de Campos Curado nasce em quinze de novembro de 1915, em Corumbá de Goiás, GO. Filho do poeta Érico José Curado e de Marieta Fleury Curado, inicia os estudos primários com seu pai, por quem teve despertado o gosto pela literatura. Em 1928, viaja com a família para Goiânia, local em que conclui o curso ginasial, no Liceu de Goiás (1937). Em seguida, é obrigado a parar de estudar por dois anos, vindo a concluir seus estudos em 1940, no curso clássico do Colégio Estadual de Goiânia.

Em 1944, casa-se com a poetisa Violeta Metran, com quem tem três filhos: Ivo, Silas e Simeão. No ano seguinte, forma-se em Direito, pela Faculdade de Direito de Goiânia.

Profissionalmente, Bernardo Élis inicia sua carreira pública em 1934, como tesoureiro da Prefeitura Municipal de Corumbá de Goiás. Em 1936, torna-se escrivão da Delegacia Especial de Polícia em Anápolis e, nesse mesmo ano, é nomeado Delegado de Polícia de Corumbá de Goiás, mudando, ainda em 1938, para a função de escrivão do Cartório do Crime, no mesmo município. No ano seguinte, transfere-se para Goiânia, onde é nomeado secretário da Prefeitura Municipal. Permanece no cargo até 1942, ano em que passa uma temporada na cidade do Rio de Janeiro. Em 1943, regressa para Goiânia, onde assume o cargo de técnico do Departamento Estadual de Assistência ao Cooperativismo de Goiás.

A partir de 1945, dedica-se também ao magistério como professor de História, Geografia e Língua Portuguesa, na Escola Técnica de Goiânia e no ensino público estadual e municipal. Entre 1945 e 1968, exerce a função de advogado. Entre 1970 e 1978, desempenha as funções de Assessor Cultural junto ao Escritório de Representação do Estado de Goiás, no Rio de Janeiro. No regresso à Goiás, reassume o cargo de professor na Universidade Federal de Goiás.

Entre 1978 e março de 1985, Bernardo Élis desempenha a função de Diretor Adjunto do Instituto Nacional do Livro, em Brasília. Em 1986, é nomeado para o Conselho Federal de Cultura, local em que atua até a extinção do órgão, em 1989. Em 1943, funda a revista literária "Oeste", publicando, nas páginas deste periódico, o conto "Nhola dos Anjos" e a "Cheia do Corumbá". No ano seguinte, lança seu primeiro livro de contos, "Ermos e Gerais", pela Bolsa de Publicações de Goiânia "Hugo de Carvalho Ramos". Em 1945, participa do Primeiro Congresso de Escritores de São Paulo, conhecendo vários literatos, entre os quais destacam-se Aurélio Buarque de Hollanda, Mário de Andrade e Monteiro Lobato. Voltando para Goiânia, funda a Associação Brasileira de Escritores, sendo eleito presidente por vários biênios.

Ao longo dos anos, publica o romance de folhetim "A Terra e as Carabinas" (1951), a obra de poesias "Primeira Chuva" (1953) e "O Tronco" (1968), romance pelo qual recebe o Prêmio Jabuti, oferecido pela Câmara Brasileira do Livro.

É um dos fundadores, vice-diretor e professor do Centro de Estudos Brasileiros da Universidade Federal de Goiás (1961-1964). Entre 1965 e 1967, é professor de Literatura na Universidade Católica de Goiás. Durante esse período, lança mais dois livros de contos: "Caminhos e Descaminhos" (1965) e "Veranico de Janeiro" (1966). O primeiro dos livros obtém o prêmio Affonso Arinos, da Academia Brasileira de Letras e o segundo, o Prêmio Jabuti e o Prêmio José Lins do Rego.

Em 1972, recebe o Prêmio Sesquicentenário da Independência, por um estudo realizado sobre o Marechal Xavier Curado, criador do Exército Nacional. Publica neste período outros livros de contos, ensaios e crônicas. Em 1987, publica sua "Obra Reunida" pela coleção Alma de Goiás, da Editora José Olympio, incluindo o romance inédito "Chegou o Governador".

Bernardo Élis falece em sua cidade natal, no dia trinta de novembro de 1997.

CASTILHO, Ataliba Teixeira de
Pessoa · 01/04/1937 -

Filho de Luiz Antônio de Castilho e Edith Teixeira de Castilho, Ataliba Teixeira de Castilho nasce no dia primeiro de abril de 1937, em Araçatuba, interior de São Paulo.

Sua formação acadêmica, realizada na Universidade de São Paulo (USP), compreende: Licenciatura em Letras Clássicas (1959), Especialização em Filologia Românica (1960) e Doutorado em Linguística (1966), orientado por Theodoro Henrique Maurer Junior.

Ataliba Teixeira de Castilho inicia sua carreira acadêmica em 1961, como professor titular da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Marília, integrada posteriormente à Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP), onde permanece até 1975. Em 1969, é um dos fundadores do Grupo de Estudos Linguísticos do Estado de São Paulo (GEL), sendo eleito seu primeiro presidente. Participa também da Comissão de Organização da Associação Brasileira de Linguística (ABRALIN), integrando seu Conselho Científico. Entre 1983 e 1985, é presidente da ABRALIN. Ainda em 1969, torna-se um dos delegados brasileiros junto ao Programa Interamericano de Linguística e Ensino de Idiomas (PILEI) e membro da Associação de Filologia e Linguística da América Latina (ALFAL).

Em 1970, Ataliba Teixeira de Castilho é professor visitante na University of Texas at Austin e passa a coordenar, primeiro ao lado de Isaac Nicolau Salum, depois de Dino Preti, o "Projeto de Estudo da Norma Urbana Culta da Cidade de São Paulo" (Projeto NURC-SP). Em 1975, assume o cargo de professor titular no Instituto de Estudos da Linguagem, da Universidade Estadual de Campinas (IEL - UNICAMP).

Em 1981, realiza pós-doutorado como bolsista da Comissão Fulbright, na Cornell University e na University of Texas at Austin. Em 1988, torna-se coordenador geral do "Projeto de Gramática do Português Falado", cujos resultados são publicados pela Editora da UNICAMP, a partir de 1990. Ainda em 1990, faz pós-doutorado na Université D'aix Marseille e preside, na UNICAMP, a Comissão Organizadora do IX Congresso Internacional da ALFAL.

Em 1991, aposenta-se na UNICAMP e, em 1992, vincula-se como professor doutor assistente na USP, local em que, no ano seguinte, torna-se livre-docente em Filologia e Linguística Portuguesa. Em 1995, faz pós-doutorado no Institute of Linguistics. Dois anos depois, faz pós-doutorado na Università degli Studi di Padova. No mesmo ano, cria e coordena o "Projeto de História do Português de São Paulo". Em 1998, também cria e coordena o "Projeto para a História do Português Brasileiro". Entre 2000 e 2001, realiza pós-doutorado na University of California San Diego e, entre 2004 e 2008, na Georgetown University, ambas nos EUA. Em 2006, torna-se assessor linguístico do Museu da Língua Portuguesa. No mesmo ano, coordena junto à outros pesquisadores a publicação do primeiro volume da Gramática do Português Culto Falado no Brasil, publicada pela editora da UNICAMP.

No ano seguinte, aposenta-se compulsoriamente, permanecendo, entretanto, como professor senior na USP e como professor colaborador voluntário na UNICAMP.

Ao longo de sua trajetória profissional, Ataliba Teixeira de Castilho realiza diversas atividades junto a entidades de fomento científico, como a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Escreve, até o momento, uma vasta obra, distribuída entre livros, comunicações, artigos em revistas científicas, nacionais e estrangeiras, e capítulos dispersos em obras organizadas por terceiros. Em 2010, lança a Nova Gramática do Português Brasileiro. Atualmente, é editor geral da obra coletiva "História do Português Brasileiro", em andamento. É membro do corpo editorial das seguintes revistas: Alfa (Revista de Linguística da UNESP), Linguística (Revista da Associação de Linguística e Filologia da América Latina), Revista do GEL, Cadernos de Estudos Linguísticos (UNICAMP), Filologia e Linguística Portuguesa (USP). Tem desenvolvido pesquisas na área de Linguística do Português, com ênfase nas seguintes áreas: descrição da língua falada, sintaxe funcionalista do português brasileiro, história do português brasileiro e análise multissistêmica do português brasileiro.

PEREIRA, Armando de Campos
Pessoa

Natural de Salvador, Armando de Campos Pereira exerce, durante a vida, as atividades de médico legista, jornalista, perito em medicina legal e bibliotecário.

Em 1911, também desempenha a função de auxiliar acadêmico do Instituto Nina Rodrigues, vinculado à Faculdade de Medicina da Bahia, auxiliando o Dr. Oscar Freire de Carvalho na instalação do Serviço Médico Legal da Bahia. Em 1915, passa de auxiliar médico da seção de Estatística Demográfico - Sanitária, ao cargo de médico verificador de óbitos e logo depois passa para o cargo de médico legista. Até 1918, exerce a função de preparador extraordinário da Faculdade de Medicina da Bahia. Em 1920, é exonerado do cargo.

No ano de 1925, Armando de Campos Pereira é jornalista do jornal "A Tarde". No mesmo ano, é diretor interino do Instituto Nina Rodrigues. Em 1934, é nomeado chefe da Divisão de Biblioteca e Cinema Escolares do Departamento de Educação do Distrito Federal. Em 1950, ocupa o cargo de médico legista no Departamento Federal de Segurança Pública.

BIONDI, Aloysio
Pessoa · 08/07/1936 - 21/07/2000

Aloysio Biondi nasce em oito de julho de 1936 em Caconde, interior de São Paulo. Tendo passado a maior parte de sua infância e adolescência na cidade de São José do Rio Pardo, também no estado de São Paulo, conquista aos quinze anos o segundo lugar no "Concurso Pan-Americano", concurso de redação para estudantes. Como prêmio, tem seu texto publicado pela "Folha da Noite".

Jornalista econômico, Aloysio Biondi colabora durante 44 anos com reportagens e análises para jornais e revistas. Começa sua carreira profissional na "Folha da Manhã" (que depois se tornaria "Folha de São Paulo"), em 1956 e, em poucos meses, torna-se subchefe do Departamento de Revisões.

Durante a ditadura militar iniciada em 1964, participa ativamente da resistência. Na revista "Direção", consolida sua atuação como jornalista econômico e, em 1968, assume o cargo de editor de Economia da revista "Visão", onde vence um Prêmio Esso ao denunciar os impactos econômicos do desrespeito ao Meio Ambiente. Desde o lançamento de seu primeiro número, assume a direção da revista "Fator", no Rio de Janeiro. Imprime um caráter contundente à revista, que chega apenas até a terceira edição, sendo extinta com a promulgação do Ato Institucional nº5.

Em 1969, Aloysio Biondi inicia atividade profissional na revista "Veja", desenvolvendo uma cobertura pioneira do mercado de capitais. No início de 1971, muda-se novamente para o Rio de Janeiro, onde aceita o desafio de produzir um caderno econômico diário no jornal "Correio da Manhã".

Em 1972, assume a direção de redação do "Jornal do Comércio", que sob sua direção, é o primeiro diário a apontar a concentração de renda como um dos pilares do milagre econômico, que atingia seu auge naquele ano. Nesse mesmo período, passa a escrever e editar a seção de economia do semanário alternativo de esquerda "Opinião".

Em 1973, casa-se com Ângela Leite, com quem teria três filhos, entre 1976 e 1979: Pedro, Antônio e Beatriz.

Entre 1974 e 1976, Biondi assume a chefia da sucursal do Rio de Janeiro da "Gazeta Mercantil", engajando-se em um processo de remodelação e modernização do jornal, até ser convidado para desenvolver seu próprio projeto de jornalismo econômico como editor-chefe do "Diário de Comércio e Indústria", onde atua entre 1976 e 1978.

A terceira passagem de Biondi pela "Folha de São Paulo" se dá entre 1981 e 1985, atuando inicialmente como repórter e depois como editor de Economia. Esse período é marcado por intensos debates com economistas da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), que se opunham às suas análises de que a economia dava sinais de recuperação.

Durante a década de 1990, Biondi é uma das poucas vozes a se levantar contra a abertura econômica sem freios e a condução das privatizações. Colabora, nessa época, com uma série de veículos: "Folha de São Paulo", "Diário Popular", "Caros Amigos", "Revista dos Bancários" e "Revista Bundas", entre outros. Durante esse período, também escreve o livro "O Brasil Privatizado - Um Balanço do Desmonte do Estado", em que calcula o montante gasto e obtido pelo Governo com a venda das estatais.

Aloysio Biondi atua também na área da docência, sendo professor do curso de jornalismo da Faculdade Cásper Líbero, onde, pelo trabalho como editor do "Esquinas", o jornal da faculdade, recebe o Prêmio Líbero Badaró 2000, da "Revista Imprensa", na categoria Jornalismo Universitário. Nesse mesmo ano, a faculdade lhe outorga o título de professor honoris causa, reconhecendo que a ausência de curso superior não o desautorizava a ensinar em uma universidade.

Aloysio Biondi falece em 21 de julho de 2000.

MARGARIDO, Alfredo Augusto.
Pessoa · 05/02/1928 - 12/10/2010

Ficcionista, ensaísta, poeta, crítico literário, jornalista, tradutor, artista plástico e estudioso de problemáticas africanas, Alfredo Augusto Margarido nasce em cinco de fevereiro de 1928, na freguesia de Moimenta, região de Vinhais em Portugal.

Alfredo Margarido inicia sua formação acadêmica na Escola de Belas Artes do Porto, onde realiza algumas exposições. Paralelamente, realiza exposições também em Lisboa, antes de seguir, a serviço do governo português, para o continente africano, no início dos anos 1950. Durante a estada nesse continente, viaja primeiramente para São Tomé e Príncipe e, em seguida, para Angola, onde é responsável pelo Fundo das Casas Econômicas.

Em 1953, inicia a sua obra literária com a publicação de "Poemas com Rosas". Em 1957, é expulso do território angolano devido a denúncias feitas e publicadas, no "Diário Popular" de Lisboa, sobre as situações de discriminação racial que ocorriam no país. No período em que ficou na África, colaborou com várias publicações, a exemplo do "Boletim de Cabo Verde" e do "Boletim da Guiné".

Alfredo Margarido então regressa para Portugal e se dedica ao jornalismo. Dirige o suplemento literário do "Diário Ilustrado" e desenvolve as atividades de crítica literária e crítica sobre artes plásticas. Em 1958, publica "Poema Para Uma Bailarina Negra", de inspiração surrealista. Na ficção, integra-se na tendência do "noveau roman" com as obras "No Fundo Deste Canal" (1960) e "A Centopeia" (1961). Em 1961 publica o ensaio "Teixeira de Pascoais" e, no ano seguinte, lança - em parceria com Artur Portela Filho - "O Novo Romance", livro que divulga o "nouveau roman", em Portugal. Em 1963, edita, nessa mesma linha literária, o romance "As Portas Ausentes". Em 1964, publica, em Lisboa, o ensaio "Negritude e humanismo". No mesmo ano, instala-se em Paris, onde se formará em Ciências Socias, na "École des Haute Études en Sciences Sociales".

Por combater ativamente o colonialismo durante o período da ditadura, seu regresso a Portugal lhe era vetado. Nesse período, cria e co-dirige a revista "Cadernos de Circunstância" ao lado de um grupo de exilados portugueses: Manuel Villaverde Cabral, Jorge Valadas (conhecido também pelo pseudônimo de Charles Reeve), Fernando Medeiros, Alberto Melo, João Freire e José Maria Carvalho Ferreira.

Enquanto professor, leciona em várias universidades francesas (Paris, Vincennes e Amiens) e, após 25 de abril de 1974, retorna para Portugal e leciona em Lisboa. No Brasil, passará pela Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Da vasta obra de Alfredo Margarido, muita da qual dispersa por jornais e revistas, destaque-se, além das citadas, os ensaios "Jean Paul Sartre" (1965), "A Introdução ao Marxismo em Portugal" (1975), "Ensaio Sobre a Literatura das Nações Africanas" (1980), "Fernando Pessoa/Santo Antônio, São João, São Pedro - introdução crítica e notas" (1986), "Plantas e Conhecimento do Mundo nos Séculos XV e XVI" (1989) em colaboração com Isabel Castro Henriques, "As Surpresas da Flora no Tempo dos Descobrimentos" (1994) e "A Lusofonia e os Lusófonos: novos mitos portugueses" (2000).

Alfredo Margarido também se notabiliza na área da tradução, vertendo obras de Anouilh, Faulkner, James Joyce, Steinbeck, Dylan Thomas, Nietzsche, Saint-John Perse, Kafka, entre outros.

Deixa uma vasta obra, muita da qual dispersa por obras coletivas - capítulos, introduções, prefácios, posfácios -, e por estudos espalhados em jornais e revistas culturais e científicas, nacionais e estrangeiras. Uma parte dessa obra plástica foi reunida em "33+9 Leituras Plásticas de Fernando Pessoa" (1988) e em "Obra Plástica de Alfredo Margarido" (2007).

Em 2009, o espólio de Alfredo Margarido passa a integrar o acervo da Biblioteca Nacional de Portugal, em decorrência de doação realizada pelo próprio titular.

Alfredo Augusto Margarido falece em Lisboa, no dia doze de outubro de 2010.

CUNHA, Alexandre Eulalio Pimenta da
Pessoa · 18/06/1932 - 02/06/1988

Filho de Eliziário Pimenta da Cunha e de Maria Natália Eulalio de Sousa Pimenta da Cunha, Alexandre Magitot Pimenta da Cunha nasce em dezoito de junho de 1932, no Rio de Janeiro.

Alexandre Eulalio tem seus estudos realizados na terra natal: Scuola Principe di Piemonte (1937-1941), Colégio São Bento (1942-1948) e Colégio Andrews (1949-1951). Frequenta a Faculdade Nacional de Filosofia (1952-1955), que, no entanto, não chega a concluir. Nessa mesma instituição, Eulalio participa de um curso com Augusto Meyer - com quem trabalharia, logo em seguida, no Instituto Nacional do Livro, onde se torna, ao lado de Brito Broca, redator da "Revista do Livro" (1956-1965).
A partir de 1952, Alexandre Eulalio começa a escrever para jornais de grande circulação, a exemplo do "Estado de Minas", "O Diário" (Belo Horizonte), "Jornal de Letras", "Correio da Manhã", "Diário Carioca", "O Globo", "Folha de São Paulo", entre outros. Em 1963, recebe o Prêmio Brito Broca ("Correio da Manhã") com "O ensaio literário no Brasil". De meados dos anos 1960 em diante, diminui sua contribuição para jornais diários, passando a escrever para revistas especializadas.

Em dezembro de 1961, Alexandre Magitot Pimenta da Cunha efetiva a alteração oficial de seu nome para Alexandre Eulalio Pimenta da Cunha.

Comissionado pelo Governo Federal, Alexandre Eulalio viaja para a Itália em 1966 como leitor brasileiro junto ao Instituto Universitàrio di Venezia, onde permanece até 1972. Concomitantemente a esse projeto, é conferencista-visitante na Universidade de Harvard, entre setembro de 1966 e fevereiro de 1967.
Ao longo de sua atividade profissional, Alexandre Eulalio publica uma quantidade expressiva de prefácios, introduções, apresentações e posfácios. Em formato de livro, lança em 1978 a obra "A aventura brasileira de Blaise Cendrars", que obtém o Prêmio Pen Club do Brasil. Dedica-se, em suas atividades de pesquisa, a diversos temas e perfis biográficos, a exemplo da elaboração da biografia de Dom Luís, neto de Dom Pedro II. Eulalio não chega a concluir o perfil biográfico dessa personalidade, deixando, porém, um vasto material iconográfico e documental, incluindo esboços, notas e discursos sobre membros da família imperial brasileira.

Ao longo dos anos, Alexandre Eulalio traduz diversas obras para o português. São exemplos dessa sua atividade as obras: "O Belo Antonio", de Vitaliano Brancati (1962); "Nathanael West", de Stanley Edgar Hyman (1964); "Isadora", de Alberto Savinio (1985); e textos de Jorge Luis Borges que foram publicados no "Jornal de Letras", na revista "Senhor" e na "Leitura".

No decorrer do decênio de 1980, dirige a coleção "Tempo reencontrado" (parceria da editora Nova Fronteira com a Fundação Casa de Rui Barbosa), também colocando em circulação dois textos raros: "Mattos, Malta ou Matta?", de Aluísio Azevedo; e "O Tribofe", de Arthur Azevedo. Entre 1972 e 1975, enquanto Assessor Superior do Departamento de Assuntos Culturais do Ministério da Educação (MEC), é roteirista e orientador da mostra itinerante "Tempo de Dom Pedro II", escrevendo o roteiro e dirigindo os documentários "Memória da Independência" e "Arte Tradicional da Costa do Marfim". Nesse campo, também escreve o roteiro e dirige o curta-metragem "Murilo Mendes: a poesia em pânico" e colabora com Joaquim Pedro de Andrade no roteiro do longa "O homem do pau-brasil" (1981).

Na condição de Chefe de Gabinete do Secretário Municipal de Cultura de São Paulo (1975-1979), Alexandre Eulalio monta as exposições "José de Alencar e seu Mundo" e "Dom Pedro II", também editando vários números especiais do "Boletim Bibliográfico da Biblioteca Municipal Mário de Andrade". Entre 1984 e 1985, atua como Comissário brasileiro junto ao Ministério das Relações Exteriores, dentro do programa França-Brasil. Participa do Conselho do Museu de Arte de São Paulo "Assis Chateaubriand" (MASP) e do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), estando ligado, ainda, a inúmeras atividades culturais no Rio de Janeiro e em São Paulo (palestras, cursos, exposições etc.), particularmente na Casa Rui Barbosa e no Museu Nacional de Belas Artes. É desse período a exposição sobre o autor de "Menina Morta", organizada pelo amigo Marco Paulo Alvim, cujo catálogo estampou o conhecido ensaio "Os Dois Mundos de Cornélio Pena" (1979) e o ensaio "Henrique Alvim Corrêa: Guerra & Paz" (1981), também concebido para apresentar os trabalhos do artista reunidos na Casa Rui Barbosa. Nesse universo, destaca-se ainda a exposição "Século XIX", da qual Eulalio é um dos responsáveis, dentro da mostra "Tradição e Ruptura", patrocinada pela Fundação Bienal de São Paulo, em 1984.

Em 1979, Alexandre Eulalio torna a atuar em uma universidade nacional, na qualidade de docente notório saber no Departamento de Teoria Literária, do Instituto de Estudos da Linguagem, da Universidade Estadual de Campinas (IEL-UNICAMP). Nessa Instituição, Eulalio leciona entre 1980 e 1988, tendo a oportunidade de retomar diversos pontos de interesse e atuar em diferentes projetos. Entre eles, destaca-se "Literatura e Pintura: simpatia, diferenças, interações" (1979), em que valoriza a perspectiva comparativa, outrora presente em artigos e textos. Nessa fase, também planeja a organização dos volumes da obra de Brito Broca, dos quais três são efetivamente publicados.

Alexandre Eulalio falece no dia dois de junho de 1988, na cidade de São Paulo.