Fundo LS - Lucy Seki

Área de identificação

Código de referência

BR SPCEDAE LS

Título

Lucy Seki

Data(s)

  • 1940 - 2016 (Produção)

Nível de descrição

Fundo

Dimensão e suporte

41 metros lineares.

Área de contextualização

Nome do produtor

(27/03/1939 - 23/06/2017)

Biografia

Nascida em 27 de março de 1939, em Belo Horizonte, Lucy Soares Ferreira (que após o casamento substitui esse sobrenome pelo o de Seki), é a terceira filha de Maria Odete e Aristides Soares Ferreira. Linguista, pesquisadora e professora universitária, torna-se uma das maiores referências na área da Linguística Antropológica, especializando-se nas línguas Kamaiurá (família Tupi-Guarani) e Krenak (tronco Macro-Jê), com as quais trabalhou ao longo de quatro décadas.

Sua trajetória no Ensino Superior é inaugurada em 1960, ao graduar-se em História na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Posteriormente, muda-se para Moscou (na época, pertencente à União Soviética) e realiza o Mestrado (1969) e o Doutorado (1973) em Filologia na Universidade Patrice Lumumba e o Pós-doutorado na Universidade do Texas, nos Estados Unidos (1986).

Durante a permanência em território soviético, sua família enfrenta a perseguição política da ditadura militar iniciada em 1963: nesse processo, diversos livros que possuía foram escondidos ou queimados pela família. Em 1973, Seki retorna ao Brasil, tendo dificuldades para ingressar no mercado de trabalho devido ao período que esteve em Moscou.

Em 1974, casa-se com o japonês Hiroshi Seki, com quem posteriormente tem os filhos Augusto Hiroyuki Seki e Célia Harumi Seki.

Em 1977, passa a lecionar no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no qual posteriormente se afirma como titular da área de Linguística Antropológica/Línguas Indígenas.
Seu interesse acerca das línguas indígenas inicia-se em 1968, quando auxilia a antropóloga Carmem Junqueira (professora titular e emérita da PUC-SP) em um trabalho de campo na comunidade indígena Kamaiurá. Durante os próximos vinte anos, realiza estudos encomendados pela FUNAI sobre a língua Krenak (que incluem o levantamento de dados linguísticos para o estudo da história e interferência sofrida a partir do contato com a língua portuguesa). Retoma o trabalho no Xingu a partir de 1987, iniciando pelas línguas que corriam maior risco de extinção (como Yawalapiti, Panará e Juruna).

Ao aliar sólida formação teórica a um prolongado trabalho de campo, contribui significativamente para o conhecimento de diversas línguas indígenas, seja em decorrência de seus próprios trabalhos ou das diversas orientações realizadas em nível de Mestrado e Doutorado. Suas preocupações com línguas em situação de risco refletem-se no amplo trabalho realizado com o Krenak, língua então em acelerado processo de extinção. Em 2000, publica a "Gramática da língua Kamaiurá, língua Tupi-Guarani do Alto Xingu" (Editora da Unicamp/ Imprensa Oficial do Estado de São Paulo), primeira gramática abrangente de uma língua indígena brasileira realizada por um autor brasileiro. Em 2012, publica "O que Habitava a boca de nossos ancestrais" (Museu do Índio - FUNAI), coletânea que reúne narrativas Kamaiurá registradas ao longo de quarenta anos de pesquisa com os anciãos do grupo.

Ao longo da carreira, também desenvolve e assessora projetos para a formação de professores indígenas, à exemplo do Formação de Professores Indígenas de Rondônia, Formação de Professores Indígenas do Parque do Xingu e Formação de Professores Indígenas Kayapó, Panará e Tapatuna Goronã. Ao utilizar metodologias que buscam engajar os falantes no processo educativo para romper com a assimetria de poder existente na prática escolar, essas metodologias partem do universo sociocultural dos próprios falantes para a criação de alfabetos e elaboração de materiais didáticos. Nesse sentido, também é responsável pela organização da obra "Linguística Indígena e Educação na América Latina" (1993) e uma das responsáveis pela criação do Centro de Estudos de Línguas e Culturas Ameríndias (CELCAM) e da revista acadêmica "Línguas Indígenas da América do Sul" (LIAMES), um periódico científico dedicado exclusivamente às línguas indígenas do continente. Em 2010, Lucy Seki é eleita membro honorário da Linguistic Society of America, como forma de reconhecimento às relevantes contribuições feitas na área.

Faleceu no dia 23 de junho de 2017, na cidade de Campinas, aos 78 anos de idade.

História do arquivo

No dia 26 de setembro de 2017, o CEDAE recebe uma carta de intenção de doação do acervo da Prof.ª Lucy Seki (docente do IEL entre 1977 e 2017), assinada por seus filhos, Célia Harumi Seki e Augusto Hiroyuki Seki.

Atendendo aos procedimentos de incorporação de acervos ao CEDAE, o diretor do IEL, Prof. Flávio Ribeiro de Oliveira, designa uma Comissão Acadêmica, composta pelos professores doutores Thiago Oliveira de Motta Sampaio, Angel Humberto Corbera Mori e Wilmar da Rocha D'Angelis, para, sob a presidência do primeiro, analisar e emitir parecer sobre o processo de doação do acervo ao CEDAE. Em 4 de dezembro de 2017, o Comitê recomenda a incorporação do acervo Lucy Seki ao Centro.

Fonte imediata de aquisição ou transferência

Doação dos herdeiros de Lucy Seki, Célia Harumi Seki e Augusto Hiroyuki Seki, em 3 de setembro de 2018. Segunda remessa recebida em 14 de abril de 2025.

Área de conteúdo e estrutura

Âmbito e conteúdo

A documentação é resultante das atividades desenvolvidas por Lucy Seki ao longo de sua trajetória pessoal e acadêmica, especialmente relacionadas às áreas da docência, orientação, pesquisa e escrita científica. São encontradas também anotações, transcrições e descrições realizadas em seus trabalhos de campo com comunidades indígenas, além de documentos associados à organização de projetos para a formação de professores indígenas, e sua biblioteca pessoal, composta majoritariamente por publicações da área de Linguística.

Avaliação, seleção e eliminação

Incorporações

Sistema de arranjo

Não organizado.

Área de condições de acesso e uso

Condições de acesso

Consulta livre.

Condiçoes de reprodução

Consulte as normas gerais de reprodução de documentos do CEDAE.

Idioma do material

  • espanhol
  • francês
  • inglês
  • português do Brasil
  • russo

Script do material

    Notas ao idioma e script

    Características físicas e requisitos técnicos

    Instrumentos de descrição

    Listagem preliminar do fundo Lucy Seki.

    Área de materiais associados

    Existência e localização de originais

    Existência e localização de cópias

    Unidades de descrição relacionadas

    Coleção Línguas Indígenas - CEDAE.

    Descrições relacionadas

    Área de notas

    Nota

    Fontes da Biografia:

    CRUZ, Aline da; COELHO, Olga. Lucy Seki (1939-2017) em primeira pessoa do singular. LIAMES: Línguas Indígenas Americanas, Campinas, SP, v. 18, n. 2, p. 414–428, 2018. Disponível em https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/liames/article/view/8652695 Acesso em: 13 fev. 2025.
    FELIPE, Paulo Henrique de. Homenagem à professora Lucy Seki. #Linguística Blogs de Ciência Unicamp. [S.l.], 2017. Disponível em: https://www.blogs.unicamp.br/linguistica/2017/11/22/1025/ Acesso em: 13 fev. 2025.
    GARDENAL, Isabel. Morrem o nefrologista José Francisco Figueiredo e a linguista Lucy Seki. Portal da Unicamp, Campinas, 28 jun. 2017. Disponível em: https://unicamp.br/unicamp/noticias/2017/06/28/morrem-o-nefrologista-jose-francisco-figueiredo-e-linguista-lucy-seki/ Acesso em: 12 mar. 2025.
    NEVINS, Andrew. Entrevista: Lucy Seki. Revista LinguíStica / Revista do Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Volume 13, n.1 jan de 2017, p. 11-19. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/rl/article/view/10417 Acesso em: 13 fev. de 2025.
    ROMERO-FIGUEROA, Andrés. Dedicatória: À Lucy Seki, por seu legado à linguística sul-americana. In: MORI, Angel Humberto Corbera; FERREIRA, Jackeline do Carmo; de FELIPE, Paulo Henrique. Introdução às línguas indígenas do Brasil: Agrupamentos e famílias linguísticas maiores, política e educação escolar indígena. Campinas: Mercado de Letras, 2022. pp. 13-15.
    SEKI, Célia Harumi. Dedicatória: À Lucy, à mamãe. In: MORI, Angel Humberto Corbera; FERREIRA, Jackeline do Carmo; de FELIPE, Paulo Henrique. Introdução às línguas indígenas do Brasil: Agrupamentos e famílias linguísticas maiores, política e educação escolar indígena. Campinas: Mercado de Letras, 2022. pp. 9-12.
    LUCY SEKI. Currículo do sistema currículo Lattes. [Brasília], 11 mar. 2015. Disponível em: http://lattes.cnpq.br/0446102948163026 Acesso em: 18 mar. 2025.
    QUEIXALÓS, Francesc; FERREIRA, Marília de Nazaré de Oliveira; PEREIRA, Antonia Alves. Homenagem a Lucy Seki. MOARA – Revista Eletrônica do Programa de Pós-Graduação em Letras, [S.l.], n. 58, p. 2-3, jul. 2021. Disponível em: https://periodicos.ufpa.br/index.php/moara/article/view/10888/7499 Acesso em: 13 fev. 2025.

    Identificador(es) alternativos

    Pontos de acesso

    Pontos de acesso de assunto

    Pontos de acesso local

    Ponto de acesso nome

    Pontos de acesso de gênero

    Área de controle da descrição

    Identificador da descrição

    Identificador da entidade custodiadora

    Regras ou convenções utilizadas

    Descrição baseada em: CONSELHO INTERNACIONAL DE ARQUIVOS. ISAD(G): Norma geral internacional de descrição arquivística: segunda edição, adotada pelo Comitê de Normas de Descrição, Estocolmo, Suécia, 19-22 de setembro de 1999, versão final pelo CIA - Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2000.

    Estado atual

    Revisado

    Nível de detalhamento

    Completo

    Datas de criação, revisão, eliminação

    Descrita em 2024 e revisada em abr. 2025.

    Idioma(s)

    • português do Brasil

    Sistema(s) de escrita(s)

      Fontes

      Nota do arquivista

      Descriçãoo na ISAD(G) elaborada por Ana Luísa Henrique Martuscelli. Revisada por João Guilherme Souza dos Santos e Patrícia Cano Saad.

      Área de ingresso